Autores
Andrade, A.J.W. (CEFET - RJ)  ; Almeida, M.E.P.R. (CEFET - RJ)  ; Sobral, W.S. (CEFET - RJ)
Resumo
O projeto teve como objetivo realizar análises físicas e físico-químicas da 
salmoura de hortaliças em conserva para determinar se os resultados estão de 
acordo com o recomendado por legislações. Foram realizadas as análises físicas 
com a balança de bancada e o paquímetro, determinação de sólidos solúveis com o 
refratômetro, determinação de pH com o pHmetro, acidez com o método 
titulométrico e determinação de cloreto de sódio pela volumetria de Mohr em 
quatro amostras diferentes de palmito, azeitona e champignon. Na análise de sal 
tanto o palmito quanto o champignon apresentaram valores abaixo do esperado e na 
azeitona todas apresentaram um valor acima do esperado. Destaca-se também 
problemas na amostra de palmito obtido na feira, com valor de pH acima do 
permitido e problemas na rotulação.
Palavras chaves
pH; Sal; Hortaliça
Introdução
Para se garantir um produto final de hortaliça em conserva de qualidade, além de 
precisar seguir as boas práticas de fabricação (BPF) e de ter uma matéria-prima 
de qualidade, é necessário seguir corretamente as etapas do seu processamento, 
indo desde a colheita até seu transporte (KROLOW, 2006). Considera-se a 
qualidade da salmoura algo essencial para as hortaliças em conserva, pois tem 
como função manter os parâmetros físico-químicos da conserva em si. Sendo a 
adição de um ou mais acidulantes o responsável por manter o pH dentro das 
legislações, RDC n° 17 de 19/11/1999, específica para o palmito, e a RDC nº 352 
de 23/10/2002 para as demais hortaliças, em que ambas têm valor máximo de 4,50. 
Tal valor de pH é considerado de extrema importância para a segurança alimentar, 
pois será o responsável por garantir que não há desenvolvimento e crescimento de 
microrganismos anaeróbios, como o Clostridium butollinum, que ainda é 
patogênico, causador do botulismo, e formador de esporos termo resistentes 
(OLIVEIRA; SANTOS, 2015). A adição de cloreto de sódio no líquido de cobertura, 
apesar de agir como um conservante e realçador de sabor, assim melhorando as 
qualidades sensoriais do produto final, não deve ser adicionado em excesso. É 
preconizado pela literatura um valor de 2 a 3% de sal para que mantenha suas 
funções desejadas e não traga riscos à saúde pelo seu excesso (SANTANA et al., 
2018). A acidez total tem como objetivo a manutenção do pH, mas, devido à 
procura de uma aceitação sensorial, o resultado esperado não é muito alto; 
segundo a RDC nº 8, de 6 de março de 2013, hortaliças em conserva que receberam 
tratamento térmico ou não, tem como limite máximo de ácido cítrico e acético 
“quantum satis”, que seria a quantidade suficiente. A análise física e de 
sólidos solúveis são usadas como um método de comparação entre as amostras, 
logo, espera-se que as amostras apresentem certa padronização entre si. No 
espaço livre, considera-se sua importância devido sua função de evitar a perda 
de material durante a exaustão, reduzir a pressão interna no tratamento térmico, 
se houver, e possibilitar a formação do vácuo, é esperado um valor de acordo com 
literaturas nacionais de 0,8 a 1 cm (SANTANA et al., 2018). Portanto, o objetivo 
do trabalho foi realizar análises físicas e físico-químicas da salmoura de 
hortaliças em conservas, além de determinar se esses resultados estão de acordo 
com os padrões de qualidade desejados de acordo com as legislações vigentes e 
literaturas nacionais.
Material e métodos
As 4 amostras/marcas diferentes de cada hortaliça, palmito, champignon e 
azeitona, que foram adquiridas em mercados e feiras rurais de Valença foram 
analisadas em triplicata no laboratório de Físico-Química de Alimentos do CEFET 
campus Valença, onde seguiu-se com as normas do “Métodos Físico-químicos para 
Análise de Alimentos” de Adolfo Lutz. •	Análises físicas: Para as análises 
físicas foi pesado, com a balança de bancada, o seu peso líquido, que seria a 
hortaliça e salmoura e o peso drenado, que seria somente a hortaliça. Para as 
amostras que foram comercializadas em frascos, foi medido o espaço livre entre a 
hortaliça e a tampa com um paquímetro. •	Determinação de pH: Para a 
determinação do pH foi pipetado certa quantidade de amostra de salmoura em um 
béquer, e então realizado a leitura no pHmetro digital da marca Lab1000, modelo 
mPA 210 previamente calibrado com soluções tampões de pH 4 e 7. • Determinação 
de sólidos solúveis: A determinação dos sólidos solúveis foi realizada pelo 
índice de refração com o refratômetro analógico RHB32, onde o material 
homogeneizado é depositado na superfície do prisma para a leitura, após devida 
calibração com água destilada. •	Determinação da acidez: A determinação 
acidez foi medida pelo método titulométrico, onde é pipetado 5,00 mL da amostra 
em um Erlenmeyer, em seguida adicionado 50 mL de água destilada, 3 gotas do 
indicador e titulado com solução de hidróxido de sódio (NaOH) 0,1M previamente 
padronizado. •	Determinação de cloreto de sódio: A determinação de cloreto foi 
realizada seguindo o método de Mohr, foi pipetado 10,00 mL da amostra, 
transferido para um balão volumétrico de 50,00 mL e então completado o volume 
com água deionizada. Logo,10,00 mL dessa solução diluída foi pipetada para 
Erlenmeyer, e então adicionado 50 mL de água deionizada e 2 gotas de solução de 
cromato de potássio a 10% para ser titulado com solução de Nitrato de prata 
(AgNO3) 0,1 M previamente padronizado.
Resultado e discussão
Para a discussão dos resultados, as amostras de palmito foram denominadas de P1 
até P4, sendo todas comercializadas em frascos de vidros e P1 a amostra obtida 
na feira rural; as amostras de champignon foram denominadas de C1 até C4 e, por 
fim, as amostras de azeitona foram determinadas de A1 até A4, com as amostras de 
champignon e azeitonas comercializadas em embalagem plásticas e de P2 até A4 
obtidas em mercados. Realizando uma observação visual, constata-se que todos os 
rótulos continham a informação nutricional, seguindo a recomendação estabelecida 
pela Resolução RDC n° 360, de 23/12/2003. E seguindo a recomendação de 
informações obrigatórias da Resolução RDC nº 259, de 20/09/2002, também 
continham no rótulo a designação de venda do alimento, sua lista de 
ingredientes, o valor do conteúdo líquido, endereço do fabricante, prazo de 
validade e, com exceção da amostra P1, apresentavam também o número de lote. 
Logo, percebe-se que há um erro de rotulação na amostra P1, além disso, ela foi 
a única amostra a não informar o valor do peso drenado, como é visto na Tabela 
1, apesar desse valor ser uma informação que deve estar obrigatoriamente 
indicada na embalagem para produtos com duas fases (uma sólida e outra líquida) 
segundo a Portaria INMETRO nº 157, de 19/08/2002. Em relação a comparação entre 
os pesos descritos no rótulo e os pesos medidos na balança, a amostra P1 
apresenta uma discrepância muito elevada, e quanto ao resto das amostras, o peso 
drenado medido tendeu a um valor próximo ao informado no rótulo e o peso líquido 
tendeu a um valor mais alto ao informado no rótulo; isso indica que grande parte 
das amostras continham uma quantidade de salmoura maior do que o informado em 
sua embalagem. Já no espaço livre, como era esperado um valor de 0,8 até 1,0 cm 
pela literatura, todas as amostras de palmito provenientes de frascos de vidro 
apresentaram um valor acima do recomendado, indicando também que há uma falha de 
processamento nessas amostras. Os resultados das análises físico-químicas estão 
expostos na Tabela 2, quando analisado o pH das conservas, observou-se que, 
novamente com exceção da amostra P1, todas atenderam ao critério que estabelece 
um valor de abaixo de 4,5, garantindo assim que a hortaliça em conserva não 
ofereça risco de ordem sanitária. Tal valor de pH da amostra P1 de 5,13 é 
considerado bastante preocupante, levando em consideração o risco da 
contaminação microbiológica de Clostridium botulinum, que têm a produção de 
toxinas em alimentos envasados a vácuo com pH acima de 4,5. A análise de sólidos 
solúveis tinha o objetivo de verificar se há uma certa padronização nas 
amostras, e percebeu-se que os resultados entre cada hortaliça foram 
semelhantes. Para os resultados da acidez, vale-se ressaltar que algumas 
amostras continham acidulantes diferentes entre si, a amostra P1 foi utilizado o 
ácido acético, as amostras P2, P3, P4, C2, C3, C4, A1, A3 e A4 utilizaram o 
ácido cítrico e as amostras C1 e A2 utilizaram o ácido lático. Algumas ainda 
continham mais de um acidulante, porém, foi considerado o que foi adicionado em 
maior quantidade. Como na legislação não há um valor limite e mínimo para adição 
de acidulantes, seus resultados foram utilizados para uma comparação com o pH, 
visto que os acidulantes têm a função de manter o pH igual ou abaixo de 4,5. 
Seus valores variaram de 0,14% m/v até 0,64% m/v; e destaca-se que a única 
amostra (P1) com pH acima de 4,5, também foi a amostra que teve o menor valor de 
acidez e a única a utilizar o acidulante de ácido acético, indicando que talvez 
seja necessário a utilização de outro acidulante, como o cítrico, ou adicioná-lo 
em quantidades maiores. Por fim, foi analisado os valores de cloreto de sódio 
nas amostras em comparação com os valores da literatura de 2 a 3% de sal, onde 
nota-se que nas amostras de P1, C1, C3 e C4 apresentaram um valor abaixo do 
recomendado e todas as amostras de azeitona apresentaram valores acima do 
recomendado, com destaque na amostra A4 que teve o maior valor dentre todas.


Conclusões
Desse trabalho pode-se concluir que a amostra que mais apresentou resultados com 
problemas significativos, baseando-se em legislações e com a literatura, foi a 
amostra de palmito adquirida na feira rural (P1), onde é importante destacar como 
maior problema o seu pH bem acima do exigido pela legislação de 4,5, demonstrando 
um sério risco de uma contaminação de Clostridium butollinum, bactéria patogênica 
causadora do botulismo com risco elevado de morte. Indicando assim uma necessidade 
de treinamento técnico para pequenos produtores, além de um levantamento maior de 
pesquisas focando nesse segmento com diferentes tipos de amostras, visto que 
alimentos com parâmetros fora da legislação podem trazer sérios perigos à saúde. 
Também conclui-se que o processamento do espaço livre não foi realizado 
corretamente em nenhuma das amostras comercializadas em frascos de vidro, porém, 
os efeitos que essa falha de processamento podem causar, como no vácuo, não foram 
estudados no presente trabalho, logo, sugere-se estudos acerca deste parâmetro e 
suas consequências. Conclui-se ainda outro problema nos resultados de cloreto de 
sódio com valores abaixo e acima do esperado na literatura, visando os problemas 
que isso pode causar a saúde e na qualidade das hortaliças em conserva, mostra-se 
necessário que haja especificações na legislação sobre seu teor de sal.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao CEFET-RJ pela bolsa do programa Jovens talentos pra a 
graduação 2021 para o desenvolvimento desta pesquisa.
Referências
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BRASIL. Ministério da Saúde, ANVISA. Resolução RDC n° 360, de 23 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a rotulagem nutricional de alimentos embalados. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 26 dez 2003. Seção 1 (251):33-4. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/legislacao-1/biblioteca-de-normas-vinhos-e-bebidas/resolucao-rdc-no-360-de-23-de-dezembro-de-2003.pdf
BRASIL. Ministério da Saúde, ANVISA. Resolução RDC nº 8, de 6 de março de 2013. Dispõe sobre a aprovação de uso de aditivos alimentares para produtos de frutas e de vegetais e geleia de mocotó. 
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