• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

Análise do desempenho de sistemas bioeletoquímicos (BES): MFC versus MEC

Autores

Castro, A.S. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) ; Franco, J.H. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) ; Reginatto, V. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) ; Andrade, A.R. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)

Resumo

Sistemas bioeletroquímicos (BES) vêm se mostrando uma excelente opção na geração de energia de forma verde e sustentável. Entre os BES estão as MFCs (célula a combustível microbiana) e as MECs (célula eletrolíticas microbianas) que têm sido estudadas na investigação de novos meios para a tratar águas residuais, outra vantagem é o fato das MECs serem empregadas na produção de novos combustíveis como H2 e CH4, concomitante à produção de produtos químicos de valor agregado. Assim, o objetivo desde trabalho é apresentar os resultados de técnicas eletroquímicas afim de analisar e comparar esses dois sistemas (MFC e MEC).

Palavras chaves

eletrólise; energia; bioeletroquímica

Introdução

Nos últimos anos, os processos bioeletroquímicos se tornaram uma tecnologia emergente na produção de energia elétrica e/ou produtos químicos de forma sustentável. Nesses processos encontram-se as células à combustível microbiana (MFCs) e as células de eletrólise microbiana (MECs). Com layout semelhante, esses reatores contém um ânodo no qual o biofilme é formado por bactérias exoeletrogênicas que oxidam a matéria orgânica e geram CO2, elétrons e prótons e; um cátodo no qual ocorre a redução de oxigênio formando água (em MFCs) e redução de H+ formando hidrogênio (em MECs). A diferença entre eles é que, uma MFC converte energia química em energia elétrica, sendo uma excelente alternativa pode eliminar parte dos efluentes e resíduos lançados ao meio ambiente, e, em uma MEC, aplica-se uma voltagem ou corrente extra para a produção dos produtos desejados – sendo que o potencial a ser aplicado está ligado ao potencial de oxidação dos substratos investigados. Assim, o objetivo do presente trabalho é avaliar a eficiência de um mesmo reator em dois modus operandi em oxidar o substrato glicerol na câmara anódica, para posterior aplicação na geração de bio-hidrogênio (bio-H2).

Material e métodos

1. Crescimento do biofilme e aclimatização ao substrato Foi usado um reator composto por uma câmara anódica e a câmara catódica separada por uma membrana de Nafion. Como ânodo foi utilizado foi uma bucha de fibra de carbono e, como cátodo um tecido de carbono com 40% de platina (C/Pt) , prensado junto com a membrana de Nafion117®. O ânodo e o cátodo foram conectados por uma R=1000 Ω. Para o crescimento do biofilme no ânodo foi usado inóculo proveniente de mineradora da região de Araxá/MG juntamente com o meio de cultura (Lovley) [1]. A aclimatação do microbiota formadora do biofilme no ânodo foi feita como descrito na literatura [2] com o reator operando como MFC, na qual foi iniciada com acetato de sódio e aumento da concentração de glicerol até que o biofilme apresenta-se estabilidade à concentração de 1,5 g/L. Após o crescimento do biofilme e aclimatação da microbiota ao substrato glicerol, testamos a eficiência de reatores modus operandi (i) MFC e (ii) MEC. 2. Experimentos eletroquímicos Todos os experimentos eletroquímicos foram realizados em um potenciostato/galvanostato AUTOLAB (software NOVA 1.11). Os experimentos de eletrólise foram realizados através da técnica de amperometria o potencial constante (0,5 V vs. Ag/AgCl) a 25,0 °C. As eletrólises na presença e ausência de glicerol foram realizadas por 6 h (21600 s). Todos os experimentos foram realizados em triplicata e o meio de cultura (Lovley) usado como eletrólito suporte. 3. Identificação do produto após eletrólise Os produtos gerados após a eletrólise em massa para oxidação do glicerol por 6 h foram identificados por HPLC acoplado a um detector UV e RID. Uma coluna Aminex® HPX-87H foi empregada a 30°C. A coluna Aminex foi composta por uma fase móvel H2SO4 a uma vazão de 0,6 mL/min.

Resultado e discussão

O teste de potencia mostra que no modo MFC o reator produziu uma potência de 70 mW/m2 e ao operar no modo MEC, o reator chegou a potencia de 80 mW/m2, mostrando assim uma melhoria na potência do bioanâodo ao aplicarmos uma voltagem extra de 500 mV no sistema. Em termos quantitativos, a oxidação de glicerol com o reator operando como MEC se tornou 5x mais eficiente ao apresentar a oxidação de 40% da massa inicial de glicerol (1,5 g/L) contra 8% no modo MFC no mesmo intervalo de tempo (6h). Análises cromatográficas (HPLC) mostram que possibilidade dos reatores em formar subprodutos de valor agregado, como o 1,3–propanodiol, entre outros. Portanto, o reator MEC desenvolvido apresentou boa eficiência ao oxidar glicerol, deste modo, a próxima etapa será análise do rendimento da produção de bio-H2, e avaliação do reator MEC desenvolvido neste trabalho como forma sustentável/renovável para produção de bio-H2.

Conclusões

Portanto, o reator MEC desenvolvido apresentou boa eficiência ao oxidar glicerol, deste modo, a próxima etapa será análise do rendimento da produção de bio-H2, e avaliação do reator MEC desenvolvido neste trabalho como forma sustentável/renovável para produção de bio-H2.

Agradecimentos

Os autores agradecem à FAPESP (Processos: 2014/50945-4, 2019/24916-0 e 2021/010134-7), CAPES (Processo: 88887136426/2017/00) e ao CNPq (INCT 465571/2014- 0)

Referências

1] LLOYD JR, LOVLEY DR, MACASKIE LE. Biotechnological application of metal-reducing microorganisms. Advances in Applied Microbiology. v.53, p.85-128, 2003.
[2] HALFELD, G.G, ALMEIDA, E.J.R, REGINATTO, V., ANDRADE, A.R. Acclimatization of a microbial consortium into a stable biofilm to produce energy and 1,3-propanediol from glycerol in a microbial fuel cell. International Journal of Hydrogen Energy V. 47, Issue 49, P. 21241-21252 (2022)

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