Autores
Salarini Peixoto, B. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)  ; Brunhosa, J.P.C.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)  ; Bezerra, E.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)  ; Dias, I.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)  ; Mota, L.S.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)  ; Wegermann, C.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)  ; Romeiro, G.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)  ; Moraes, M.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)
Resumo
Foram produzidos biocarvões magnéticos a partir de rejeitos de coco verde 
(Cocos nucifera L.) pela pirólise (em 1 e 2 etapas) a 500 °C do material 
impregnado com FeCl3. Os materiais foram devidamente caracterizados 
por espectroscopia de infravermelho, difração de raios X e análise textural por 
adsorção de N2. A síntese proporcionou um aumento da porosidade do 
material (474 e 338 m2/g) além de conferir propriedades magnéticas 
aos compósitos pela presença de magnetita produzida in sito no processo 
de pirólise. Os materiais foram testados como adsorventes e catalisadores da 
oxidação do corante azul de metileno, tendo atingido a capacidade de adsorção de 
10 mg/g e um branqueamento de 96% (em 25 mg/L) na presença de peróxido de 
hidrogênio.
Palavras chaves
azul de metileno; biocarvão magnético; catálise oxidativa
Introdução
O crescente aumento populacional acarreta diretamente na demanda industrial de 
produtos manufaturados. Por exemplo, a indústria têxtil polui de forma 
significativa os ecossistemas aquáticos. Isto ocorre porque muitas vezes os 
efluentes gerados não são tratados, ou sofrem um tratamento ineficiente do ponto 
de vista ambiental. Uma característica dessa água residual é a sua intensa 
coloração devido aos corantes orgânicos com alta absortividade molar na região 
do espectro visível, como o vermelho do congo e azul de metileno (AM). Tal 
coloração na água prejudica a entrada de luz, e com isso interrompe fenômenos 
como a fotossíntese e diminui o oxigênio dissolvido em água, por fim ocasionando 
a morte da vida marinha (DUTTA et al, 2021). Desta forma, o 
desenvolvimento de novas soluções e materiais capazes de remover a pigmentação 
dos efluentes demanda constante inovação. Biocarvões obtidos a partir de 
matéria-prima lignocelulósica, mostram-se como potenciais candidatos para a 
adsorção de contaminantes devido a sua grande área superficial e baixo custo de 
obtenção SHELKE et al, 2022). Além disso, a inserção de partículas 
magnéticas de óxido de ferro ao biocarvão podem propiciar reações de catálise 
oxidativa, como o processo Fenton em solução, gerando radicais que favorecem o 
processo de descontaminação de forma sinérgica com o fenômeno da adsorção, além 
de auxiliarem na recuperação do material por separação magnética (SILVA et 
al, 2017). Logo, este trabalho propôs um estudo acerca da remoção de azul de 
metileno, em solução, por adsorção e catálise oxidativa, realizados por dois 
biocarvões magnéticos (MBC1) e (MBC2), sintetizados a partir da pirólise da 
casca do coco verde.
Material e métodos
Os biocarvões magnéticos (MBC) foram produzidos utilizando o resíduo da biomassa 
do coco verde como matéria-prima. Ambos foram obtidos pela pirólise a 500 °C, em 
atmosfera de N2, do precursor orgânico impregnado com 
FeCl3•6H2O numa razão mássica de 1:1. O biocarvão 
magnético obtido pela pirólise da biomassa impregnada de Fe(III) foi denominado 
de MBC1. Na segunda abordagem, a biomassa passou por uma pirólise prévia e o 
biocarvão obtido foi então impregnado com Fe(III) e pirolisado novamente, sendo 
denominado MBC2. Após a síntese, a amostras foram caracterizadas por 
espectroscopia de infravermelho (FTIR), difração de raios X (XRD), análise 
textural por adsorção de N2 e magnetometria SQUID. A curva analítica 
para aferir a concentração de AM em solução foi construída e validada segundo os 
parâmetros de linearidade, exatidão e precisão da RDC 166/2017 (ANVISA). O 
intervalo linear da curva foi de 5 - 25 mg/L lidas em 664 nm em um 
espectrofotômetro. Os ensaios de isoterma (298 K) de adsorção foram realizados 
com 10 mg de MBC em soluções de 10 mL contendo diferentes concentrações de AM (5  
- 500 mg/L) sob agitação de 180 rpm em um banho termostatizado com agitação 
horizontal. Os ensaios de cinética foram realizados com soluções contendo 25 
mg/L de AM variando o tempo de contato entre 5 min e 96 h. Os estudos de 
branqueamento foram realizados com soluções de 25 mg/L de AM e 10 mg de MBC1 ou 
MBC2. As soluções foram mantidas em agitação constante por 48 h a 25 °C. Após 48 
h, as soluções foram analisadas por UV-VIS seguido da adição do oxidante nas 
proporções molares de AM:H2O2 (1:500-8000) e, então, 
mantidas nas condições por mais 48 h. Cada um dos experimentos do estudo foram 
realizados em triplicata.
Resultado e discussão
Ambos os materiais obtidos apresentaram comportamento magnético, sendo 
facilmente decantados na presença do ímã permanente de neodímio. A análise de 
XRD demonstrou que em ambos os biocarvões existem picos associados às fases 
cristalinas de hematita e magnetita. A capacidade de magnetização dos materiais 
foi comprovada pela análise de SQUID o que demonstrou uma magnetização de 12 e 5 
A∙m2/kg para o MBC1 e MBC2, respectivamente, em um campo de 3979 
kA/m.  Além disso, a caracterização por FTIR indicou a presença do esqueleto 
aromático do biocarvão (C=C, 1596 cm-1) e da ligação Fe-O (650-540 
cm-1). A análise textural mostrou que ambos MBC1 e MBC2 possuem uma 
característica predominantemente microporosa em suas estruturas. A superfície 
específica BET para os biocarvões foi de 474 e 338 m2/g para MBC1 e 
MBC2, respectivamente. Os resultados dos ensaios de adsorção revelaram que o 
equilíbrio é atingido em 17 h para MBC1 e 66 h para MBC2, e ambos apresentaram 
capacidade adsortiva máxima de aproximadamente 10 mg/g. Mas após a adição de 
peróxido a reação de oxidação aumenta significativamente o branqueamento das 
soluções. Usando a concentração de 25 mg/L de AM como base, foram atingidas 
taxas de branqueamento de 96% utilizando a proporção molar 
(H2O2 : AM) de 2000 para o MBC1 e 4000 para o MBC2, contra 
22% sem a presença dos catalisadores e 30% sem a presença do agente oxidante. 
Também foi investigado o mecanismo da reação de oxidação ao adicionar 
isopropanol (um sequestrante de radicais) ao meio da catálise na condição ótima 
dos carvões e foi observado um branqueamento de apenas 20% indicando que a 
oxidação do AM ocorre por meio radicalar.
Conclusões
Dois biocarvões magnéticos foram produzidos e caracterizados por diferentes 
técnicas de caracterização estrutural. Os materiais têm grande área superficial e 
magnetismo atrelado às suas estruturas. Experimentalmente, foram eficientes na 
separação magnética nos ensaios envolvendo adsorção e catálise. Os ensaios de 
adsorção demonstraram que o equilíbrio de remoção de AM nos materiais é de, 
aproximadamente, 10 mg/g. Contudo, foi observado que os biocarvões quando 
empregados na catálise oxidativa removeram 96% do AM em solução, por um mecanismo 
radicalar, em condições otimizadas.
Agradecimentos
Os autores agradecem as agências de fomento FAPERJ CAPES e CNPq. Esse estudo foi 
financiado em parte pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior – Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
Referências
DUTTA, S.; GUPTA, B.; SRIVASTAVA, S.K.; GUPTA, A.K. Recent advances on the removal of dyes from wastewater using various adsorbents: a critical review. [b]Materials Advances[/b], nº 14, 4497-4531, 2021. | SHELKE, B.N.; JOPALE, M.K.; KATEGAONKAR, A.H. Exploration of biomass waste as low cost adsorbents for removal of methylene blue dye: A review. [b]Journal of the Indian Chemical Society[/b], nº 7, 100530, 2022. | SILVA, L.A.; BORGES, S.M.S.; PAULINO, P.N.; FRAGA, M.A.; OLIVA, S.T.; MARCHETTI, S.G.; RANGEL, M.C. Methylene blue oxidation over iron oxide supported on activated carbon derived from peanut hulls. [b]Catalysis Today[/b], nº 289, 237-248, 2017.








