Autores
Pereira, C.F.L. (UFOPA/CAMPUS JURUTI)  ; da Silva, L.P. (UFOPA/JURUTI)  ; Nascimento, R.S. (UFPA)  ; dos Santos, R.S. (UFOPA/JURUTI)  ; Fernandez, O.J.C. (IFPA/PPGMAT)  ; Figueira, B.A.M. (IFPA/PPGMAT)  ; da Luz, P.T.S. (IFPA/PPGMAT)
Resumo
O propósito do presente trabalho foi realizar uma investigação da composição 
química por ICP-MS de amostras de rejeitos de oxido de Mn de duas barragens da 
Amazônia, com foco aos elementos terra raras (ETR). Uma caracterização 
mineralógica prévia por difratometria de raios-X e espectroscopia de infravermelho 
mostrou que os rejeitos são formados pelos minerais de oxi-hidróxidos de Mn, Fe, 
Al e Ti, assim como de aluminosilicatos.  Quanto a presença de ETR, identificou-se 
um maior teor de Cério (140 ppm) como ETR leve, Saramádio (8,56 ppm) como ETR 
médio e Ítrio (36,55 ppm) e Escândio (26,5 ppm) como ETR pesados, sugerindo desta 
forma que rejeitos de óxidos de Mn da Amazonia podem ser potenciais fontes de 
ETRs.
Palavras chaves
Amazonia; Rejeitos de Mn; Terras raras
Introdução
Rejeitos de Mn da Amazonia fazem parte de um sub-produto gerado durante o 
beneficiamento de minério de oxido de Mn, que são caracterizados por seu baixo 
teor de MnO (< 35 % em peso), granulometria fina (400 mesh) e formados por 
argilominerais, óxidos de Ferro e de oxi-hidróxido de Mn, fases minerais 
conhecidas por apresentar elementos terras raras em sua estrutura (Figueira et. 
al., 2013; Abaka-Wood e Mensah, 2018; Mendes et al., 2019). Com o crescente 
interesse em aplicar o conceito de economia circular e sustentabilidade na 
Amazônia, observa-se um esforço em caracterizar e desenvolver processos e 
produtos para agregar valor a estes produtos, que podem atualmente serem 
transformados em catalisadores, adsorventes, geopolimeros, material cerâmicos, 
etc. (Hildebrando et al, 2013; Oliveira et al., 2020; Figueira et al, 2013; 
Barreto e Costa, 2021). Em relação aos elementos terras raras, a busca por 
fontes e formas de extraí-los é constante em virtude de sua crescente demanda 
tecnológica tais como: circuitos para aumento de memória de computador, DVDs, 
baterias, conversores autocatalíticos, superímãs, dispositivos para celulares, 
iluminação LED,  supercondutores, aditivos de vidro, materiais fluorescentes, 
energia solar e agentes de imagem em ressonância magnética (Balaram, 2019). 
Neste trabalho, apresentam-se os resultados de caracterização químico mineral de 
rejeitos de oxidos de Mn da Amazonia, com foco na quantificação por ICP-MS de 
amostras coletadas em duas barragens na região.
Material e métodos
a) Caracterizações: As analises por difratometria de raios-X foram feitas em 
difratômetro de raios-x modelo X´PERT PRO MPD (PW 3040/60), da PANalytical, com 
Goniômetro PW3050/60 (Theta/Theta) e tubo de raios-x cerâmico de anodo de Cu 
(Kα1 1,540598 Å). O detector  utilizado foi do tipo RTMS, X'Celerator. Os 
espectros de infravermelho foram 
obtidos utilizando-se pastilhas prensadas a vácuo contendo 0,200 g de KBr e 
0,0013 g de amostra pulverizada e um espectrômetro de absorção molecular na 
região IV com transformada de Fourier, Perkin Elmer modelo FT-IR1760 X. A 
quantificação dos elementos terras raras foi feita em laboratório comercial da 
ACME. As análises foram realizadas através de 4 procedimentos/metodologias 
distintas. Alguns elementos foram analisados através de espectrometria de 
emissão por ICP, após abertura por fusão com metaborato/tetraborato de lítio e 
digestão em ácido nítrico diluído. Enquanto outros que apresentam 
refratariedade, utilizou-se ICP-MS, com o mesmo procedimento de decomposição da 
amostra descrito anteriormente. A perda ao fogo foi determinada por diferença de 
massas após calcinação. 
b) Coleta e preparo de amostras: os sub-produtos empregados neste trabalho foram 
coletados manualmente em trabalhos de campo de duas barragens de óxidos de Mn da 
Região. Após a coleta, em torno de 3 Kg das amostras representativas de 3 pontos 
da barragem foram lavadas para remoção de matéria orgânica, secadas a 
temperatura ambiente por um dia, cuidadosamente quarteadas e pulverizadas. Os 
rejeitos da barragem mais antiga foram denominados de RBK-1, RBK-2, RBK-3 e os 
rejeitos da barragem mais atual foram chamados de RBA-1; RBA-2 e RBC-3.
Resultado e discussão
A caracterização por DRX das amostras RBK-1, RBK-2, RBK-3, RBA-1; RBA-2 e RBC-3 
foi realizada e mostrada na Fig. 1a, no qual se identificou nas amostras os 
minerais de manganês (birnessita - 7,14 Å; todorokita ou asbolana-9,51 Å), 
alumínio (gibbsita-4,84 Å), ferro (goethita-3,36 Å) e titânio (anatásio-3,5 Å), 
quartzo (3,34 Å) e caulinita (7,14 Å). Uma caracterização complementar por 
espectroscopia de IV foi feita e mostrada na Fig 1b. As amostras mostraram 
bandas em 3690, 3650 e 3620 cm-1, bem correlacionadas aos estiramentos Al-O-H de 
caulinita. As bandas em 3440 cm-1 são de estiramento Al-O-H de gibbsita ou de 
estiramento O-H dentro dos canais de todorokita (CUI et al., 2009), que também 
possui outra banda de vibração em 3379 cm-1 (VILENO et al., 1998). As bandas de 
1100 - 400 cm-1 são de vibração Fe-O de goethita em 539, 471 e 413 cm-1, em 471 
e 413 cm-1 pode-se correlacionar as vibrações Mn-O de birnessita, 
todorokita/asbolana a 752, 471, 431 cm-1, Si-O em 1102, 1033, 796, 471 e 431 cm-
1 do quartzo e de caulinita. As concentrações dos elementos terras raras sao 
mostradas na Tab. 1. Para os ETR leves, destacam-se os conteúdos de La (49 ppm), 
Ce(140 ppm), enquanto para os ETRs médios verificou-se um teor maior  de Sm 
(8,56 ppm) e Gd  (7,35). Para os ETrs pesados, os elementos Y 36,55 ppm) e Sc 
(26,5 ppm) mostram um maior teor de concentração. Considerando-se a mineralogia 
anteriormente descrita, pode-se dizer que estes ETRs estão principalmente 
localizados nos minerais birnessita, todorokita, caulinita e goethita.

Padrões DRX (a) e espectros IV-FTIR (b) das amostras RBK-1, RBK-2, RBK-3, RBA-1; RBA-2 e RBC-3

Distribuição dos ETRs (ppm) leves, médios e pesados nas amostras RBK-1, RBK-2, RBK-3, RBA-1; RBA-2 e RBC-3.
Conclusões
Os rejeitos de Mn da Amazonia podem ser uma fonte barata de elementos terras raras 
com potencial aplicação tecnologica
Agradecimentos
Os autores agradecem o apoio técnico cientifico da Capes, CNPQ, CETENE e Lamiga 
(UFPA).
Referências
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