• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

PARTICULADOS, MP10 E MP2,5, EM AMBIENTES INTERNOS E EXTERNOS ÀS SALAS DE AULAS

Autores

Fernandes, J.H.S. (UNESP) ; Costa, N.M. (UNESP) ; Ribeiro, L.M.A. (USP) ; Fertonani, I.A.P. (UNESP) ; Fertonani, F.L. (UNESP)

Resumo

A qualidade do ar está ligada ao teor de material particulado (MP), além dos gases CO2, O3, etc. As frações de MP inaláveis, de impacto nas doenças respiratórias, cognitivas e cardiovasculares, estão atreladas as MP≤2,5µm (Querol et al., 2001) e MP10-2,5µm. Objetivou-se determinar os teores de MP10 e 2,5 internos e externos as salas de aula e compará-los aos da CETESB. As medidas obtidas para o MP10, de modo geral, se comparam aos da CETESB. As medidas do MP2,5, internas as salas, foram preocupantes por se aproximarem e ora ultrapassarem o limite da OMS (15µm/m3), somado a presença da MP10; e aquelas obtidas no exterior (MP2,5) se apresentaram superiores ao limite, acompanhadas pela MP10. Tais medidas corroboram à má qualidade do ar inalado e à insalubridade das atividades.

Palavras chaves

Material particulado; Qualidade do ar interno; Aerossóis atmosféricos

Introdução

A maioria das atividades humanas ocorre em ambiente interno expondo as pessoas a uma atmosfera de composição química complexa. Estima-se a permanência nesse ambiente por 90% do seu tempo diário, sendo a probabilidade de exposição aos poluentes maior em comparação com os do ar externo (Almeida et al., 2011). Os discentes das Universidades brasileiras passam a maior parte do tempo nestes ambientes confinados, porém, os estudos em relação aos efeitos dos aerossóis (MP2,5), CO2 e TVOC são limitados. Nesse ambiente, passar 8 h/dia, torna a avaliação da qualidade do ar um importante tópico de pesquisa (OCDE, 2012; Chen et al., 2019). O PM2.5 é o mais preocupante, devido aos impactos negativos na saúde dos alunos (Kulkarni e Grigg, 2008; Liang et al., 2016). Estudos apresentados na literatura focam mais em salas residenciais e analisam questões como temperatura, umidade e valores externos de PM2,5 (Guangfei et al., 2021). Os trabalhos com salas de aula são limitados e sugerem que a limpeza de rotina possa diminuir a quantidade de partículas finas (MP<2,5) (Heo et al., 2021). Por outro lado, a organização mundial da saúde (OMS) constatou a ocorrência de mais de 4,2 milhões de mortes prematuras, (7,6% de todas as mortes) foram associadas aos níveis de MP2,5 (WHO, 2021). Tal aerossol impacta em doenças respiratórias, cardiovasculares, imunológicas e cognitivas (Querol et al., 2001, Yang et al., 2009). Assim, é importante avaliar os níveis de PM2.5 nas salas de aulas. Este trabalho objetivou determinar a concentração de material particulado (MP10 e 2,5) nos ambientes internos e externos ás salas de aula e a comparação com os fornecidos pela CETESB com o intuito de avaliar as condições de trabalho Docentes e Discentes.

Material e métodos

Para a efetivação das amostragens/medições foi utilizado o medidor multiparâmetro, New Air Quality Detector para MP10 e MP2,5 (laser detector), temperatura(oC) e umidade relativa do ar (UR%). As medições foram conduzidas a 1,2 m do chão, aproximadamente a distância entre o chão e o nariz dos discentes, em dois períodos de 4 h (manhã e tarde) por 4 dias na semana (Segunda, terça, quarta e quinta-feira). A amostragem foi realizada em 6 diferentes salas de aulas em dois níveis, primeiro e segundo pavimentos. Para os dias de amostragem, foram também coletados os dados fornecidos pela estação local da CETESB, para comparação entre os parâmetros iguais. As estações encontram-se praticamente na mesma altura.

Resultado e discussão

A Gráfico 1 mostra as medidas mensais para as amostragens/medições dos MP10 e MP2,5, no interior/exterior das salas de aulas, comparadas aos dados da CETESB. Em geral, os valores são concordantes, porém, o: 1-MP10, interno e externo, permanece abaixo de 45μg m-³(OMS) exceto em 20/06 (corte da área verde) sem reflexo nos interiores; 2-MP2,5, em 28/06, os valores interno/externo foram superiores a 15μg m-³(OMS), devido a limpeza externa com sopradores, e na média o MP2,5 permaneceu em 9μg m-³. Na Gráfico 2, a coleta foi de 60/60min (dia 31/05) foram feitas para avaliar o MP10 e MP2,5 ao longo de 1 dia, mostrando que o acesso às salas/movimentação das cortinas e ventiladores o MP2,5 tende ao limite, diminuindo com a condição estática dos discentes no decorrer da aula para mínimo as 10h (intervalo); igual comportamento é observado à tarde. Os valores do MP2,5 internos acompanham aos da CETESB, exceto as 14h, devido a movimentação de alunos/motos/carros. Os valores de máximo atingem 13μg m-³ as 9, 12, 14 e 16h e estão próximos ao limite da OMS, corroborados pelos MP10 que seguem igual tendência, não oportuno às atividades didáticas. As medidas externas do MP2,5 são superiores aos da CETESB, reflexo do trânsito local e das atividades dos serviços gerais.

Gráfico 1

Concentrações médias dos particulados no mês de junho, externos e interno ao ambiente acadêmico comparado aos dados da CETESB de MP 10 e MP 2.5.

Gráfico 2

Valores das medidas dos MP 10 e MP 2,5 (Interno/Externo) obtidos de 60 em 60 min, comparados aos valores da CETESB em 31/05/2022.

Conclusões

De modo geral, as medidas obtidas para o MP10 e MP2,5 acompanharam os valores disponibilizados pela CETESB, tanto para as avaliações diárias quanto para a semanal e mensal. No entanto, as medidas internas as salas de aula para o MP2,5 são preocupantes, por estarem próximas ao limite da OMS e devido a presenças das MP10. A constatação de medidas elevadas, para o MP2,5, externos, e as vezes superiores ao limite OMS, corrobora para a má qualidade do ar durante o período de aulas, contribuindo para a insalubridade das atividades diárias de docentes e discentes.

Agradecimentos

Agradecemos a empresa parceira SPR Soluções Metrológicas pelo aporte de equipamentos calibrados e treinamentos.

Referências

Almeida, S.M., Canha, N., Silva, A., et al., 2011. Children exposure to atmospheric particles in indoor of Lisbon primary schools. Atmos. Environ. 45 (40), 7594–7599. Acesso em: 21 ago. 2022.
Chen, G., Xiang, H., Mao, Z., et al., 2019. Is long-term exposure to air pollution associated with poor sleep quality in rural China? Environ. Int. 133 (B), 105205. Acesso em: 21 ago. 2022.
GUANGFEI, Yang; YUHE, Zhou; XIANNENG, Li. Indoor PM2.5 concentrations and students’ behavior in primary school classrooms. Journal of Cleaner Production, Institute of Systems Engineering, Dalian University of Technology, Dalian, China, n. 318, p. 1-14, 2 ago. 2021. DOI https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2021.128460. Acesso em: 21 ago. 2022.
Heo, S., Kwoun, Y., Lee, T.J., Jo, Y.M., 2021. Characterization and source identification of fine dust in Seoul elementary school classrooms. J. Hazard Mater. 414, 125531. Acesso em: 21 ago. 2022.
KULKARNI, Neeta; GRIGG, Jonathan. Effect of air pollution on children. Paediatrics and Child Health, [S. l.], v. 18, n. 5, p. 238-243, maio 2008. Acesso em: 21 ago. 2022.
Liang, C.S., Duan, F.K., He, K.B., et al., 2016. Review on recent progress in observations, source identifications and countermeasures of PM2.5. Environ. Int. 86 (JAN.), 150–170. Acesso em: 21 ago. 2022.
OECD, 2012. How long do students spend in the classroom? http://www.oecd. org/education/EAG2014-IndicatorD1(eng).pdf. Acesso em: 21 ago. 2022.
Querol, X., Alastuey, H., Rodriguez, S., Mantilla, E., Ruiz, C.R., 2001b. Monitoring of MP10 and MP2.5 around primary particulate anthropogenic emission sources. Atmos. Environment. 35, 845–858. Acesso em: 21 ago. 2022.
WHO (World Health Organization). Ambient (outdoor) air pollution. 2021. Acesso em: 21 ago. 2022.
Yang, W., Sohn, J., Kim, J., et al., 2009. Indoor air quality investigation according to age of the school buildings in Korea. J. Environ. Manag. 90 (1), 348–354. Acesso em: 21 ago. 2022.

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