Autores
Rocha, L.P. (IFPB - CAMPINA GRANDE)  ; Sousa, D.A. (IFPB - CAMPINA GRANDE)  ; Cunha, B.V. (IFPB - CAMPINA GRANDE)  ; Rocha, C.O. (IFPB - CAMPINA GRANDE)  ; Gadelha, A.J.F. (IFPB - CAMPINA GRANDE)
Resumo
Este trabalho teve como objetivo avaliar a capacidade de adsorção do corante 
verde malaquita utilizando como adsorvente o resíduo da semente da acerola 
(Malpighia emarginata). Para isso, foram realizados ensaios em banho finito, a 
fim de se investigar a cinética e o equilíbrio de adsorção. Verificou-se que, no 
estudo cinético, ao se utilizar pH = 7,0, massa de adsorvente = 1,5 g e 
velocidade de agitação = 40 rpm obteve-se uma remoção superior a 90,00% da 
concentração inicial do corante após 180 s de contato. Quanto ao equilíbrio 
de adsorção a 25°C, os dados experimentais apresentaram um ótimo ajuste ao 
modelo linearizado de Freundlich, obtendo-se um R^2 = 0,9930, quando se utilizou 
0,2 g de adsorvente. Dos dados apresentados verifica-se um elevado potencial 
adsortivo do material.
Palavras chaves
semente de acerola; adsorção; efluentes
Introdução
Muitos processos industriais utilizam diferentes corantes químicos sintéticos 
para agregar cor ao seu produto final. A maioria das soluções contendo corantes 
usadas para esse fim são descartadas como efluentes.
Corantes sintéticos usados no tingimento de couro e de tecidos, nas indústrias 
de papel, impressão, farmacêutica e cosméticos são contaminantes significativos 
de corpos hídricos. Estima-se que 17-20% da poluição industrial da água seja 
devida à presença de corantes têxteis (KANT, 2012).
Conforme Honorato et al. (2015) “estima-se que aproximadamente 20 ton/ano de 
corantes são consumidos pela indústria têxtil, dos quais cerca de 20% são 
descartados como efluentes”.
Atualmente, mais de 10.000 corantes comerciais estão disponíveis com uma 
produção estimada de 106 toneladas por ano (Bulgariu et al., 2019). No entanto, 
uma quantidade considerável (> 15%) se perde devido ao processo de tingimento 
que posteriormente é despejado como efluente, representando uma grande ameaça 
aos seres vivos e ao meio ambiente (Dutta et al., 2014).
Conforme relatam Murthy et al. (2019), esses produtos coloridos são apontados 
como causadores de muitos problemas de saúde, como dermatite, eczema e alguns 
distúrbios vaso-circulatórios. Sendo, alguns deles, reconhecidamente 
genotóxicos, carcinogênicos e mutagênicos.
Quando esses efluentes são descartados inadequadamente em corpos hídricos, a cor 
desses compostos impede a penetração da luz, retarda a atividade fotossintética, 
inibe o crescimento da biota do meio e também têm uma tendência a formar 
quelatos com íons metálicos, os quais promovem microtoxicidade a peixes e outros 
organismos (ZHANG, et al., 2015). 
Segundo Lima (2017), dentre os corantes catiônicos mais utilizados, destaca-se o 
Verde Malaquita (MG – do inglês – Malaquite Green), também conhecido como verde 
de anilina ou verde básico 4, nome IUPAC 4-[(4-dimethylaminophenyl)-phenyl-
methyl]-N,N-dimethyl-aniline, cuja fórmula molecular na forma de oxalato é 
C46H50N4 · 2 C2HO4· C2H2O4. O MG se apresenta em estado sólido à temperatura 
ambiente, em forma cristalina e, além de sua aplicação no setor têxtil, ele 
também é utilizado na medicina veterinária como fungicida e bactericida.
É difícil remover esses corantes de efluentes aquosos usando métodos 
convencionais de tratamentos devido a sua estabilidade química e a sua estrutura 
aromática complexa, os quais são resistentes à degradação química, física e/ou 
biológica.
Por tratar-se de um resíduo de frutas, a semente de acerola (Malpighia 
emarginata) apresenta-se como potencial adsorvente a ser utilizado na remoção da 
cor de corpos hídricos. Assim este trabalho visa avaliar a eficiência da remoção 
do verde malaquita de efluente aquoso através do processo de adsorção em banho 
finito utilizando-se como adsorvente o resíduo da semente de acerola, 
investigando os aspectos cinéticos e de equilíbrio do processo, já que o uso de 
adsorventes naturais vem mostrando-se uma boa maneira de descontaminação.
Material e métodos
O adsorvente usado neste trabalho foi o resíduo da semente da acerola (Malpighia 
emarginata), obtido diretamente a partir de frutos cultivados na cidade de Lagoa 
Seca-PB. O material foi separado da polpa, lavado em água destilada e seco para, 
em seguida, ser triturado em moinho de facas. O corante utilizado nos ensaios de 
adsorção foi o verde malaquita (Marca Neon), do qual foi preparada uma solução 
estoque com concentração de 500 mg/L, a fim de simular um efluente contendo o 
adsorvato, sendo que, as demais soluções de trabalho foram obtidas a partir da 
diluição da solução estoque. A eficiência de adsorção foi avaliada pelo 
percentual de remoção, dado pela Equação: % Remoção = (C0 – Ct)/Ct x 100. Em que 
C0 e Ct (mg/L) são as concentrações iniciais do corante (t = 0) e no tempo t, 
respectivamente. A cinética do processo de adsorção descreve a taxa de adsorção 
do adsorvente por tempo que, por sua vez, determina o tempo de residência da 
adsorção. O experimento cinético foi realizado em um agitador magnético sob as 
condições de temperatura (25°C) e pressão ambientes, utilizando-se 100 mL de 
solução de corante a uma concentração inicial de 100 mg/L e 1,5 g de adsorvente 
(semente de acerola), a uma velocidade de agitação constante de 200 rpm, por 10 
minutos e pH natural da solução que foi de 5,5.
Em diferentes intervalos de tempo pré-estabelecidos foram retiradas alíquotas da 
solução sobrenadante com o auxílio de pipetas plásticas e, em seguida, filtradas 
em papel filtro qualitativo. A quantificação da concentração de corante 
residual, foi medida por espectrofotometria em 617 nm.
Nos ensaios de equilíbrio de adsorção busca-se avaliar em concentrações 
diferentes a quantidade do adsorbato retido no adsorvente. O teste para 
determinação do equilíbrio de adsorção, foi realizado em erlenmeyers contendo um 
volume de 50 mL de solução de corante em diferentes concentrações (mg/L), estas 
sendo: 25, 50, 100, 150, 200 e 300. Utilizando uma massa de adsorvente de 0,2 g 
para cada erlenmeyer, sob condições de temperatura ambiente (25°C) e pH natural 
da solução de verde malaquita (5,5). As amostras foram posicionados em uma mesa 
agitadora orbital sob agitação constante de 100 rpm por 30 minutos. Em seguida, 
foram retiradas, filtradas uma por vez em papéis de filtro, sendo tomadas 
alíquotas de aproximadamente 10 mL para a leitura da absorbância no 
espectrofotômetro a fim de se determinar a concentração residual do corante.
A análise de regressão não-linear do modelo utilizado foi realizada utilizando o 
Microsoft Excel (Microsoft Office 2016, USA), por meio do Método dos Mínimos 
Quadrados Não-Linear da ferramenta Solver baseado no método de iteração 
Gradiente Generalizado Reduzido (GRG), disponível no Excel, sendo os dados 
experimentais ajustados ao modelo matemático linearizado de Freundlich, cuja 
qualidade dos ajustes dos dados experimentais ao modelo em análise foi feita 
pelo Coeficiente de Determinação (R^2).
Resultado e discussão
Com relação à cinética de adsorção, apresentada na Figura 1, pode-se observar 
que a adsorção ocorre rapidamente, e que a partir de 180 segundos não se observa 
mais variação na concentração do corante ao longo do tempo, o que atesta que foi 
atingido o equilíbrio de adsorção, ou seja, ocorreu a saturação dos poros do 
adsorvente. Esse comportamento pode ser atribuído ao fato de haver uma forte 
interação entre o adsorvente e o adsorbato. Em contraste, Marques e Dotto (2018) 
ao utilizarem a fibra de piaçava na adsorção do azul de metileno verificaram um 
aumento apreciável da capacidade de adsorção até 30 minutos, após o período 
referido, a capacidade deixa de variar significativamente.
No que se refere ao equilíbrio de adsorção, foram avaliadas as diferentes 
capacidades adsortivas do adsorvente em soluções de corante contendo 
concentrações diferentes do corante. As isotermas desempenham um papel 
importante na descrição da interação entre adsorvente de adsorbato. Como citado 
para a determinação do equilíbrio, foram realizados 6 ensaios com volumes de 50 
mL de solução e 0,2 g de adsorvente, a uma agitação de 100 rpm por 30 minutos. 
Os dados experimentais obtidos do equilíbrio foram ajustados para o modelo 
lineariado de Freundlich, os quais estão expressos graficamente na Figura 2 
relacionando o logartimo natural da quantidade de corante adsorvido (ln q) 
versus logaritmo natural da concentração do corante no equilíbrio (ln Ce). 
Os dados experimentais mostraram boa concordância com o modelo de isoterma de 
Freundlich em termos de valores de coeficiente de determinação apresentando R^2 
= 0,9930.  Verificou-se uma capacidade máxima de adsorção igual a 65,68 mg de 
corante por grama de adsorvente.

Cinética de Adsorção do verde malaquita em semente de acerola.

Isoterma de Freundlich para a Adsorção de verde malaquita em semente de acerola
Conclusões
Verificou-se que resíduo da semente de acerola apresenta grande potencial para 
remoção de corantes através do processo de adsorção, mostrando uma eficiência de 
remoção superior a 95%. A partir da realização de ensaios de cinética e de 
equilíbrio de adsorção é possível descrever melhor o mecanismo do processo 
adsortivo. Na cinética de adsorção, verificou-se que o equilíbrio é atingido 
rapidamente, a partir de 180 s de contato entre os materiais, isso atesta a forte 
interação entre eles. No que se refere ao estudo do equilíbrio de adsorção 
verificou-se que o modelo lineariado de Freundlich descreve satisfatoriamente os 
dados experimentais, o que implica que a adsorção ocorre em sítios heteregêneos, 
podendo ou não formar múltiplas camadas do adsorbato sobre o adsorvente. Assim, 
assume-se que os sítios de adsorção são diferentes energeticamente.
Agradecimentos
Ao Campus Campina grande e à PRPIPG do IFPB.
Referências
KANT, R. Textile dyeing industry an environmental hazard. Natural Science, v. 4. n. 1, p. 22–26. 2012.
MURTHY, T. P. K.; GOWRISHANKAR, B. S.; PRABHA, M. N. C.; KRUTHI, M.; KRISHNA, R. H. Studies on batch adsorptive removal of malachite green from synthetic wastewater using acid treated coffee husk: Equilibrium, kinetics and thermodynamic studies. Microchemical Journal. v. 146. p. 192-201. 2019.
SRIDHAR, A.; PONNUCHAMY, M.; KAPOOR, A.; PRABHAKAR, S. Valorization of food waste as adsorbents for toxic dye removal from contaminated waters: A review. Journal of Hazardous Materials. v. 424 (127432). p. 1-27. 2022.
ZHANG, J.; ZHOU, Y.; JIANG, M.; LI, J.; SHENG, J. Removal of methylene blue from aqueous solution by adsorption on pyrophyllite. Journal of Molecular Liquids. v. 209. p. 267-271. 2015.
LIMA, D. R. Adsorção do corante verde malaquita utilizando palha de milho modificada por ultrassom. 2017. 120 p.  Dissertação (Mestrado em Engenharia Química). Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química. Santa Maria. 2017.
BULGARIU, L.; ESCUDERO, L. B.; BELLO, O. S.; IQBAL, M.; NISAR, J.; ADEGOKE, K. A.; ALAKHRAS, F.; KORNAROS, M.; ANASTOPOULOS, I. The utilization of leaf-based adsorbents for dyes removal: a review. Journal of Molecular Liquids. v. 276, p. 728–747. 2019. 
DUTTA, R.; NAGARJUNA, T. V.; MANDAVGANE, S. A.; EKHE, J. D. Ultrafast removal of cationic dye using agrowaste-derived mesoporous adsorbent. Industrial & Engineering Chemistry Research. v. 53, n. 48.  p. 18558–18567. 2014.
MARQUES, B. S.; DOTTO, G. L. Adsorção do corante azul de metileno utilizando fibra de piaçava. 12° Encontro Brasileiro sobre Adsorção. Gramado-RS. 2015. 
HONORATO, A. C.; MACHADO, J. M.; CELANTE, G.; BORGES, W. G. P.; DRAGUNSKI, D. C.; CAETANO, J. Biossorção de azul de metileno utilizando resíduos agroindustriais. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande - PB, v. 19, n. 7, p.705-710, jun. 2015. 








