Autores
Barros, J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)  ; Kelber, N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)  ; Carvalho, L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)  ; Barbio, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)  ; Peguin, R. (BRASKEM)  ; Cardoso, C. (BRASKEM)  ; Pinto, J.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)
Resumo
Os resíduos sólidos, na maioria das vezes, acabam sendo descartados em aterros 
sanitários, lixões e até mesmo nos mares, causando graves problemas ambientais. 
Por esta razão, o processo de pirólise constitui uma alternativa promissora para a 
reciclagem e a circularidade dos materiais plásticos, pois pode possibilitar a 
reinserção dos resíduos na cadeia produtiva do setor petroquímico. Diante disso, o 
objetivo principal deste trabalho foi desenvolver um estudo experimental para a 
caracterização da qualidade dos produtos oriundos da pirólise de resíduos 
plásticos pós-consumo obtidos em unidades de tratamento de resíduos sólidos 
urbanos.Os resultados do balanço de massa mostraram o alto teor de condensáveis 
(~75%), seguido dos voláteis (~13%) e sólidos (~12%).
Palavras chaves
Reciclagem Química Avança; Pirólise; Compostos Químicos
Introdução
Atualmente, a destinação final dos resíduos sólidos constitui um importante 
problema com que a sociedade moderna se depara. Aliado ao constante crescimento 
do consumo dos materiais plásticos e à grande diversidade de produtos 
descartados, é notória a necessidade de desenvolver técnicas de reciclagem 
viáveis e ambientalmente adequadas (MONTEIRO, 2022). Embora a 
distribuição ordenada de rejeitos em aterros seja considerada uma forma de 
disposição final ambientalmente adequada, é sabido que os resíduos plásticos 
possuem elevado poder calorífico e sua disposição inadequada constitui 
desperdício de energia e de matéria-prima (PINTO, 2012). 
A reciclagem química consiste no uso de processos tecnológicos avançados para 
converter materiais plásticos em moléculas menores, geralmente líquidos ou 
gases, que podem ser usadas como matérias-primas para a produção de novos 
produtos petroquímicos e plásticos. Estes processos podem incluir transformações 
termoquímicas, químicas ou biológicas e levar a uma mudança na estrutura química 
da molécula do polímero (AL-SALEM, 2009). Dependendo do tipo de plástico 
a ser reciclado, a composição e massa molar do produto, diferentes métodos de 
reciclagem química podem ser implementados, tais como degradação térmica 
(pirólise, gaseificação e hidrogenação) e degradação catalítica (MONTEIRO, 2022; 
FINK, 2018). Nesse contexto, a reciclagem química poderia 
constituir uma tecnologia alternativa à reciclagem mecânica e à energética, por 
ser capaz de atingir as metas da economia circular e fornecer aos fabricantes de 
plástico um material reciclado de maior qualidade. 
Material e métodos
Os resíduos oriundos do processo de triagem do lixo urbano sólido, fornecidos 
pela empresa Tecipar como fração poliolefínica reciclável, foram secos em estufa 
a 120 °C durante 4 horas para remoção da água. Após secagem, as amostras foram 
pirolisadas. Para cada experimento, foram utilizados 7 g de amostra, fluxo de 
gás N2 de 100 mLmin-1 e temperatura de 500 °C. Para a determinação dos 
rendimentos dos produtos gerados (frações sólida, líquida e gasosa), foram 
realizados cálculos de balanço de massa, de modo a determinar o acúmulo de 
material gerado. Para isto, realizou-se a subtração das massas final e inicial 
das vidrarias envolvidas no processo. Para as análises qualitativa e 
quantitativa dos compostos presentes nas amostras gasosas, foram utilizados três 
cromatógrafos da Agilent (6890N) e quatro métodos distintos, utilizando uma 
coluna de metil-silicone de 100 metros, 0,25 mm de diâmetro interno e 0,50 
micrometro de espessura de filme para a obtenção da especiação de todos os 
hidrocarbonetos 
presentes nas amostras. Para a análise das amostras líquidas, foi utilizada uma 
coluna com a mesma especificação descrita, mas, devido ao elevado número de 
analitos (superior a 400), a identificação de cada um deles foi feita com 
auxílio da técnica de Identificação por Índices de Retenção (LPTRI) proposto por 
van den Dool e Kratz (1963). Como gás de arraste, foi utilizado o fluxo de 1,8 
mLmin-1 de hidrogênio (H2) com 99,999% de pureza fornecido pela empresa Air 
Liquid. A temperatura inicial do forno foi de 32 °C, com um aquecimento de 1 
°Cmin-1 até atingir a temperatura de 60 °C, aumentando em seguida a taxa de 
aquecimento para 8 °Cmin-1 até atingir a temperatura de 310 °C, a qual foi 
mantida por 46 min. 
Resultado e discussão
A pirólise térmica foi efetiva para produção de óleo, possibilitando a obtenção 
de até 75% de fração líquida condensada. Já era esperado um baixo rendimento de 
resíduos sólidos porque as análises térmicas apresentaram degradação completa na 
temperatura de 500 °C (MONTEIRO, 2022). Além disso, o processo de 
pirólise apresentou baixo teor de voláteis, ao redor de 13%. A produção de 
voláteis está associada à presença de contaminação por biomassa e à decomposição 
de aditivos de baixa massa molar (como plastificantes). Estes resultados 
indicaram que a pirólise térmica constitui uma técnica efetiva para a reciclagem 
química dessas frações residuárias. 
As frações gasosas foram coletadas em bags e analisadas por GC-MS (cromatografia 
gasosa acoplada a espectrômetro de massas). A composição química encontrada nos 
gases não condensáveis provenientes da pirólise de amostras de resíduos é 
formada por uma mistura de oxigênio (0,41%), nitrogênio (79,50%), monóxido de 
carbono (0,93%), dióxido de carbono (17,18%) e hidrocarbonetos (81,15%). 
Observando os dados da Figura 1, os resultados encontrados são compostos 
essencialmente por uma mistura de metano, eteno, etano, propeno, propano, 
isobutano, butano, pentano, hexano, heptano, octano e nonano, destacando-se a 
classe de carbono (C3) que apresentou maior percentagem(cerca de 26,15%; 21,58% 
e 21,07%, para as amostras de PEAD, com laminado e sem laminado, 
respectivamente). A Figura 2 apresenta os compostos identificados nas amostras 
líquidas, permitindo uma visão geral da distribuição destes em cada fração. As 
classes dos hidrocarbonetos distribuem-se em parafinas, isoparafinas, olefinas, 
naftênicos e aromáticos, destacando o teor elevado de carbonos C12 a C20 
correspondendo majoritariamente pela classe das parafinas

Distribuição do número de carbonos das amostras gasosas de PEAD, com laminado e sem laminado (Tecipar).

Distribuição da classe de carbonos das amostras líquidas (ceras) nas amostras de PEAD, com laminado e sem laminado (Tecipar).
Conclusões
O presente trabalho fez a caracterização experimental da qualidade dos produtos 
oriundos da pirólise de resíduos plásticos pós-consumo obtidos em unidades de 
tratamento de resíduos sólidos urbanos. Os dados obtidos mostraram que a classe de 
hidrocarbonetos (C12 a C20) corresponderam a mais de 40% nas amostras líquidas 
analisadas, destacando-se os hidrocarbonetos (C3) para as amostras gasosas. Em 
particular, mostrou-se que a presença de laminados afeta pouco os rendimentos e 
composições das correntes obtidas, o que pode constituir informação muito 
relevante para a proposição da reciclagem. 
Agradecimentos
Os autores agradecem o apoio técnico e financeiro concedido pelo CNPq, FAPERJ e 
Braskem.
Referências
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