• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

Avaliação da Influência da Adição de Farelo de Casca de Pinhão na Remoção do Corante Azul de Metileno em Hidrogéis de Goma Arábica

Autores

Reis, A.C. (UEPG) ; Lopes, F. (UEPG) ; Lima-tenório, M.K. (UEPG) ; Viana, A.G. (UEPG)

Resumo

Neste trabalho sintetizamos hidrogéis híbridos de goma arábica com farelo da casca do pinhão para estudar a sua eficiência em remover o corante azul de metileno, a partir de soluções aquosas em diferentes concentrações. Observou-se que os hidrogéis híbridos apresentaram maior eficácia na remoção do corante, em todas as concentrações testadas, em relação ao hidrogel composto apenas por goma arábica, destacando-se a formulação com 100,0 mg de casca de pinhão, que mostrou uma sorção maior que 80 % em todas as concentrações. Deste modo verificamos que a casca de pinhão potencializa a remoção do corante pelos hidrogéis e que estes apresentam potencial aplicação em sistemas de tratamento de efluentes.

Palavras chaves

Hidrogel; Casca de Pinhão; Azul de Metileno

Introdução

Nas últimas décadas a indústria têxtil tem se estabelecido como um dos grandes poluidores de águas superficiais e diversos métodos de tratamento de seus efluentes vem sendo desenvolvidos, destacando-se a remoção de corantes por meio de materiais que possuam alta capacidade de sorção (TKACZYK; MITROWSKA; POSYNIAK, 2020). Os hidrogéis (HG) são materiais poliméricos tridimensionais capazes de absorver grandes quantidades de fluídos aquosos, possuindo assim alta aplicabilidade em diversas áreas da indústria, medicina e até remediação ambiental (LIMA-TENÓRIO et al., 2015). Tais hidrogéis podem ser produzidos a partir de polímeros de origem natural, como a goma arábica (GA), um polissacarídeo reconhecidamente hidrossolúvel e de caráter aniônico, devido à presença de grupamentos carboxílicos em sua estrutura, mostrando assim elevado potencial para a sorção de compostos catiônicos, como o corante azul de metileno (DE BARROS et al., 2016). Além disso a literatura relata que diferentes biomassas, como cascas e farelos de diversas fontes vegetais, em suas formas nativas ou convertidas em biochar, são excelentes biossorventes para metais e corantes têxteis (ELGARAHY et al., 2021). No estado do Paraná a casca do pinhão (CP), a semente do Pinheiro do Paraná (Araucaria angustifolia) pode ser explorada com a mesma finalidade, como já demonstrado em diversos estudos (PERALTA et al., 2016). Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi sintetizar hidrogéis híbridos de goma arábica e farelo da casca do pinhão, visando estudar a potencial capacidade deste biomaterial em sorver o corante azul de metileno (AM) a partir de soluções aquosas e assim, futuramente, empregá-lo em sistemas de tratamento de águas residuais contaminadas.

Material e métodos

Para a síntese dos hidrogéis, 400,0 mg de GA previamente modificada com metacrilato de glicidila, 1,04 mL de N,N-dimetilacrilamida, 1,0 g de acrilato de sódio e 8,96 mL de água destilada foram homogeneizados sob agitação magnética sob a temperatura de 60 ºC, para na sequência adicionar-se 20,0 mg de K2S2O8. Após aproximadamente 15 minutos obtiveram-se os HGs. As formulações híbridas com a CP, foram obtidas com a mesma metodologia, acrescentando-se, contudo, 50,0 ou 100,0 mg do farelo de CP. Para verificar a eficiência dos HGs em absorver o corante AM, frações desidratadas de aproximadamente 200 mg das diferentes formulações foram mergulhadas em soluções de 20 a 100 mg L-1 de AM. Em tempos pré- determinados, foram retiradas alíquotas das soluções para que as porcentagens de remoção fossem medidas por espectrofotometria na região do UV-Visível utilizando um leitor de microplacas (BIOTEK, Epoch 2) no comprimento de onda de 665 nm. A porcentagem de remoção foi calculada a partir da equação 01, onde C0 é a concentração inicial do AM e Ct é a concentração do AM no tempo t. Equação 01: Remoção (%)=((C0- Ct)/C0) x 100 A capacidade total de sorção do AM (ou coeficiente q) para os HGs híbridos, foi calculada a partir da equação 02, onde V é o volume da solução de AM utilizada e m é a massa do HG seco (MAIJAN; AMORNPITOKSUK; CHANTARAK, 2020). Equação 02: Coeficiente q= [(C0- Ct)/m] x V

Resultado e discussão

Após a síntese dos HGs, obteve-se um material em formato cilíndrico com coloração amarelada no caso do HG de GA, ou sem adição da CP (P0), e uma coloração avermelhada nos HGs híbridos com 50,0 (P50) e 100,0 mg de CP (P100). Com os resultados de porcentagem de remoção obtidos (Figura 01) observou-se que, em 48 horas, independente da concentração do corante, os HGs híbridos apresentaram maior eficiência na remoção do corante do que o hidrogel P0. Além disso, o HG P0 apresentou uma rápida saturação de seus sítios, uma vez que sua porcentagem de remoção do corante foi de 77,79 ± 5,07 % na solução de AM de 20,0 mg L-1 e de 62,44 ± 6,40 % na solução de 40,0 mg L-1, mantendo-se nesta porcentagem para as demais concentrações. Já o HG P50 foi eficiente em remover 87,83 ± 1,71 % do corante na solução de 20,0 mg L-1, observando-se uma redução desta porcentagem apenas na solução de 60,0 mg L-1 onde removeu 73,67 ± 10,52 % do corante em solução. O HG P100 apresentou, contudo, as maiores taxas de remoção, sendo superiores a 80,00 % em todos as concentrações de AM estudadas. Corroborando com os resultados de remoção, temos que o HG P100 apresentou os maiores valores de coeficiente q, com valores variando de 31,00 ± 0,74 a 112,20 ± 6,37 mg de AM sorvidos por grama de hidrogel, enquanto o hidrogel P0 apresentou valores inferiores de coeficiente de remoção, variando de 27,49 ± 1,53 a 89,39 ± 11,70 mg g-1 (Tabela 01). Estes valores encontrados demonstram um aumento de até 26 % na eficácia do HG híbrido com 100 mg de CP (P100) com relação ao HG composto unicamente com GA (P0).

Figura 01



Tabela 01



Conclusões

Com os resultados encontrados foi possível notar que os HGs a base de GA possuem uma boa taxa de remoção do corante AM, em todas as concentrações testadas. Além disso, nos HGs híbridos com farelo da CP, observou-se ainda um ganho de aproximadamente 26 % na capacidade de sorção, com destaque para a formulação P100. Deste modo os HGs híbridos de GA com farelo da CP possuem potencial na aplicação em sistemas de tratamento de águas residuais contaminadas com o corante AM.

Agradecimentos

À CAPES pela bolsa/fomento. Ao C-LABMU/UEPG pelas análises realizadas. Ao grupo de pesquisa LesCaM.

Referências

DE BARROS, H. R. et al. Surface interactions of gold nanorods and polysaccharides: From clusters to individual nanoparticles. Carbohydrate Polymers, v. 152, p. 479–486, nov. 2016.

ELGARAHY, A.M. et al. A critical review of biosorption of dyes, heavy metals and metalloids from wastewater as an efficient and green process. Cleaner Engineering and Technology, v. 04, out. 2021.

LIMA-TENÓRIO, M. K. et al. Water transport properties through starch-based hydrogel nanocomposites responding to both pH and a remote magnetic field. Chemical Engineering Journal, v. 259, p. 620–629, 2015.

MAIJAN, P.; AMORNPITOKSUK, P.; CHANTARAK, S. Synthesis and characterization of poly(vinyl alcohol-g-acrylamide)/SiO2@ZnO photocatalytic hydrogel composite for removal and degradation of methylene blue. Polymer, v. 203, p. 122771, 2020.

PERALTA, R. M. et al. Biological activities and chemical constituents of Araucaria angustifolia : An effort to recover a species threatened by extinction. Trends in Food Science & Technology, v. 54, p. 85–93, ago. 2016

TKACZYK, A.; MITROWSKA, K.; POSYNIAK, A. Synthetic organic dyes as contaminants of the aquatic environment and their implications for ecosystems: A review. Science of The Total Environment, v. 717, p. 1–57, maio 2020.

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