Autores
Arcos, A.N. (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA)  ; Vital, A.R.T. (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA)  ; Rebelo, M.A. (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA)  ; Silva, L.E.S. (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA)  ; Oliveira, C.C.R. (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA)  ; Lopes, A. (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA)  ; Ferreira, S.J.F. (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA)  ; da Silva, M.L. (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA)
Resumo
A água é uma das substâncias mais importantes existentes na natureza, e a 
precipitação exerce papel fundamental no ciclo hidrológico global. Portanto, o 
objetivo da pesquisa foi determinar a precipitação total e interna da área 
urbana em Manaus, e quantificar a concentração de nutrientes presentes nas águas 
das chuvas. O estudo foi desenvolvido entre o segundo semestre de 2021 e o 
primeiro semestre de 2022 (estiagem e chuvoso). Os pluviômetros para coleta da 
precipitação foram instalados em cinco áreas espalhadas por Manaus, e as 
amostras de água foram encaminhadas pala análise dos parâmetros físico-químicos 
em laboratório. A precipitação apresentou diferença significativa entre os 
períodos (p=0.002), onde os maiores volumes de chuva foram observados no segundo 
semestre de 2022 nos coletor
Palavras chaves
chuva; poluição; química da chuva
Introdução
A interceptação florestal é importante por ser uma das principais atividades do 
ramo meteorológico, ajudando a caracterizar o clima regional, além de ajudar na 
previsão de eventos atmosféricos, e prevenção de eventuais problemas como 
enchentes. A relevância do assunto aumenta quando nós voltamos para a região 
Amazônica, cuja influência da floresta bem como os corredores ecológicos urbanos 
no clima local é indiscutível (PACHECO & MAFRA, 2012).
A chuva no Amazonas apresenta característica própria e única, por se localizar 
no tropico, próximo ao equador, apresenta grande fluxo de radiação solar, alta 
temperatura e consequentemente vapor d’agua. Além disso a Amazônia tem a maior 
extensão de floresta úmida tropical do mundo e a mais ampla rede fluvial do 
planeta (BENICIA, 2007).
Com o advento da industrialização e urbanização houve um aumento significativo 
das emissões de poluentes atmosféricos responsáveis por eventos de poluição 
ambiental, como por exemplo chuvas ácidas, que provocam desequilíbrio nos 
ecossistemas (MIGLIAVACCA et al, 2005). Ao precipitar, a chuva leva consigo 
elementos presentes na atmosfera, os quais podem interferir na qualidade da água 
da chuva (TOMAZ, 2003), alguns fatores modificam a característica da água da 
chuva, tais, como localização geográfica, presença de vegetação, presença de 
carga poluidora, condições meteorológicas, entre outros.
A composição química das chuvas, sua alteração após o contato com a vegetação e 
demais aspectos da dinâmica de nutrientes na água, vem sendo pesquisados em 
diversos países, em diferentes tipos florestais, na Amazônia pode-se citar 
(FRANKEN et al, 1985; LEOPOLDO et al, 1995; LUIZÃO, 2007). O estudo sobre a 
precipitação interna na região Amazônica ainda é muito escasso, principalmente 
em fragmentos florestais urbanos. Portanto, o objetivo geral do estudo foi 
determinar a precipitação total e interna de áreas distintas na região urbana de 
Manaus, e quantificar a concentração de nutrientes presentes nas águas das 
chuvas.
Material e métodos
O estudo foi desenvolvido em cinco áreas da cidade de Manaus, entre agosto e 
dezembro de 2021 (período de estiagem), e entre janeiro e maio de 2022 (período 
chuvoso). Segundo a classificação de Köeppen, o clima é do tipo Am, que 
corresponde ao clima predominantemente quente e úmido. A temperatura em média 
varia entre 22°C e 33°C. A região possui uma precipitação média anual de 2286,2 
mm/ano, e possui períodos sazonais bem definidos (verão/estiagem e 
inverno/chuvoso). As áreas de estudo foram denominadas como: (1) CGCBMAM 
(-3.118322,-59.999650), (2) IFAM-CMZL (-3.081942,-59.933539), (3) INPA 1 
(-3.098122,-59.987006), (4) INPA 2 (-3.095096,-59.989665) e (5) Bosque da 
Ciência (-3.099475,-59.985248).
Para a captação do volume da precipitação total e interna foram utilizados 
pluviômetros instalados dentro e fora de áreas com cobertura florestal, além 
disso, amostras de água foram encaminhadas para o Laboratório de Química 
Ambiental – LQA/INPA para realização das análises físico-químicas e químicas: 
pH, condutividade elétrica, silicatos, nitrito, nitrato, amônia, cloreto e 
fosfato (APHA, 2017). Para verificar a diferença da precipitação entre os 
períodos sazonais, foi realizado a análise de variância com auxílio do software 
estatístico PAST versão 4.0 (HAMMER et al, 2001).
Resultado e discussão
Quando comparamos as cinco áreas, identificamos maior volume de chuva nos 
coletores de precipitação total (IFAM-CMZL, INPA 1, INPA 2), principalmente no 
CGCBMAM. Nessas áreas a precipitação total variou de 44 a 350mm no período de 
estiagem, e de 142 a 528mm no período chuvoso. A precipitação interna no Bosque 
variou de 19 a 322 milímetros, com maiores volumes de chuva no primeiro semestre 
de 2022 que corresponde ao período chuvoso na região. Quando comparamos a 
precipitação total com a interna, a diminuição do volume da precipitação interna 
é esperada, pois parte da chuva incidente retorna para a atmosfera em forma de 
vapor, muitas vezes, antes mesmo do contato com a copa das árvores e, além 
disso, é perdida para o ambiente até chegar aos coletores dentro da floresta e 
ao solo. O volume da precipitação apresentou diferença significativa entre os 
períodos sazonais (p=0.002) (Figura 1).
Figura 1. Variação sazonal da precipitação total (PT) e interna (PI) nas cinco 
áreas de estudo distribuídas no perímetro urbano de Manaus, Amazonas.
Segundo D´avila Junior e Vieira (2019), os meses mais chuvosos na cidade de 
Manaus permanecem entre novembro a junho (abril mês mais chuvoso), e os menos 
chuvosos são os meses de julho, agosto (menos chuvoso), setembro e outubro.  
Este padrão também é observado no presente estudo, onde a região possui esse 
período sazonal bem distinto.
Os valores de pH durante os meses de coleta variaram de 5,3 a 6,2 no período de 
estiagem, e entre 5,5 a 6,3 no período chuvoso, portanto, de levemente ácido à 
neutro. Os maiores valores de condutividade elétrica na água da chuva foram 
observados nos coletores de precipitação interna no Bosque da Ciência (5), 
apresentando sua condutividade em 35,2μS/cm durante a estiagem e de 17,2μS/cm no 
período chuvoso. Esse aumento da condutividade nesse ponto é devido aos íons 
presentes na água que escorrem da vegetação que é rica em nutrientes (Tabela 1).
A condutividade elétrica mostra uma relação com a quantidade e distribuição da 
precipitação. A baixa condutividade elétrica é observada em quantidade de chuvas 
elevadas, distribuídas em curto intervalo de tempo, enquanto valores altos de 
condutividade elétrica são observados em menores quantidades de chuva, num 
intervalo de tempo maior (SANTOS & GASTMANS, 2016). Nesse sentido, identificamos 
também esse comportamento do aumento da quantidade no período de estiagem, 
quando ocorre uma diminuição no volume de chuvas na região (Tabela 1). 
Tabela 1. Média das variáveis físico-químicas e químicas da precipitação total e 
interna nas áreas da região urbana de Manaus, Amazonas.
	Os silicatos apresentaram variação média de 0,019mg/L a 0,104mg/L na 
precipitação total, e entre 0,134mg/L e 0,139mg/L na precipitação interna. 
Nitrito e nitrato apresentaram maiores concentrações no período de estiagem, 
principalmente na precipitação interna. A amônia não apresentou altas variações 
entre os períodos, porém, apresentou também maior concentração na precipitação 
interna. De modo geral, as variáveis fosfato, cloreto e ferro apresentaram 
maiores concentrações durante a estiagem e em especial nos coletores de 
precipitação interna (Tabela 1). 
Observamos que os nutrientes presentes nas águas das chuvas são fortemente 
influenciados pela área que os coletores estão instalados, por exemplo, áreas 
urbanas e naturais, assim como nas amostras provenientes da precipitação interna 
no Bosque da Ciência. Essas amostras apresentaram maiores teores de nutrientes 
quando comparamos com as áreas 1, 2, 3 e 4 (precipitação total). Este resultado 
foi fortemente influenciado pela lavagem da água da chuva nas árvores, folhas e 
troncos, que são ricos em nutrientes, e que acabam caindo nos coletores dentro 
da mata, e assim aumentando a quantidade de nutrientes que chega ao solo. 
Portanto, a quantidade e qualidade da chuva dependem de diversos fatores que 
influenciam na captação final dessa água no solo (Tabela 1).
Segundo Lima et al. (2006), a precipitação total lava o dossel da floresta e 
consequentemente, aumentando a concentração de macronutrientes que será 
interceptado pela precipitação interna. Este padrão também foi observado no 
presente estudo, em especial na área do Bosque da Ciência que é localizado no 
fragmento florestal urbano. Neste ponto foram encontradas as maiores 
concentrações de nutrientes da precipitação interna.
O processo de urbanização acaba acarretando problemas que impactam diversos 
setores, dentre eles o meio ambiente. Quando tratamos de chuva, segundo 
Fernandes (2013), altas concentrações de nutrientes presentes na atmosfera são 
indícios de forte influência antropogênica (Exemplo: Zinco e Nitrato). Embora 
algumas variáveis apresentaram valores mais elevados na estiagem, ainda assim, 
estas concentrações estão dentro da aceitabilidade para estes ambientes, não 
indicando alto grau de poluição e depreciação na qualidade da água da chuva.

Variação sazonal da precipitação total (PT) e interna (PI) nas cinco áreas de estudo distribuídas no perímetro urbano de Manaus, Amazonas.
Média das variáveis físico-químicas e químicas da precipitação total e interna nas áreas da região urbana de Manaus, Amazonas.
Conclusões
O volume de chuvas foi maior no período chuvoso, e esta característica da região 
influencia diversos processos no meio ambiente, como a cheia dos rios, a diluição 
de poluentes e a eficiência na interceptação de chuvas. Além disso, no período 
seco a água da chuva apresentou maiores concentrações de nutrientes tanto na 
precipitação interna, quanto na precipitação total. Entretanto, a água da 
precipitação interna apresenta uma característica de agregar maiores concentrações 
de nutrientes, principalmente no período seco, devido a lavagem das folhas e 
troncos que acabam sendo captadas pelos pluviômetros, que por sua vez, serão 
absorvidos pelo solo em um processo natural.
Agradecimentos
Agradecemos a equipe IETÉ/LBA pelo suporte e logística. Este trabalho é resultado 
de projeto de PD&I realizado a partir da parceria INPA/SAMSUNG, com recursos 
previstos na Lei nº8.387 de acordo com o artigo 39 do decreto 10.521/20
Referências
APHA. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 23 Ed. Editora American Public Health Association, EUA, 2017.
BENICIA, A. D. H. Água da chuva na Amazonia ocidental: química e composição isotópica. (Dissertação de Mestrado), Universidade Federal do Amazonas, Instituto de Ciências Exatas/ Programa de Pós-Graduação em Geociências. 2007.
D´AVILA JUNIOR, J. C. M.; VIEIRA, A. F. S. G. Padrões pluviométricos da Cidade de Manaus-AM: 1986 a 2015. Boletim Paulista de Geografia, 102, 1-31, 2019.
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