Autores
Ribas, B.V. (INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ)  ; Borges, A.R. (INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ)  ; Giusti, E.D. (INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ)
Resumo
A alta necessidade de medidas que melhorem a qualidade da água tem sido buscada 
atualmente, visando essa melhoria a biossorção utilizando de erva-mate como 
biossorventes pode ser empregada na descontaminação de chumbo em águas. Entre 
seus benefícios estão, a redução de gastos com técnicas tradicionais de 
descontaminação, a sua utilização e sua eficiência em remoção de metais pesados 
em baixas concentrações, baixa geração de resíduos e possibilidade de 
reutilização do biossorventes.
Nesse sentido, a biossorção consiste na adsorção de metais pesados por meio da 
utilização de resíduos como adsorventes, ou seja, a utilização de materiais 
abundantes na natureza e que não requerem nenhum tratamento para seu uso. 
Palavras chaves
BIOSSORÇÃO ; ERVA-MATE ; CHUMBO 
Introdução
A água é um recurso natural abundante no planeta, essencial para a existência e 
sobrevivência das diferentes formas de vida. Os impactos ambientais que possam 
causar dano a esse recurso natural afetam todos os seres vivos (BRUNI, p. 53-65, 
1993). 
Os metais são encontrados na natureza e muitos são essenciais a vida humana. 
Entretanto, em elevadas concentrações são tóxicos aos seres vivos e ao meio 
aquático, pois podem bioacumular na cadeia alimentar, com persistência no meio 
ambiente, já que quando dispostos de maneira inadequada contaminam a água (LIANG 
et al., 2017; PASCALICCHIO, p. 13, 2000). 
Efluentes domésticos e industriais, substâncias químicas de pesticidas e 
fungicidas, utilizados principalmente na agricultura, e rejeitos da mineração 
são grandes fontes de metais para o sistema aquático (PYLE et al. 2005). Dentre 
os metais potencialmente tóxicos está o chumbo, o qual pode ser encontrado na 
água potável através da corrosão de encanamentos, o chumbo é um dos metais mais 
utilizados industrialmente, pois o mesmo tem uma maleabilidade e uma maior 
resistência à corrosão. O chumbo tem sido estudado intensamente devido os seus 
danos nocivos à fauna, flora, contaminação de águas superficiais e subterrâneas, 
reservatórios de abastecimento de cidades, solos e à saúde dos seres humanos 
(ANDRADE, 2001). Segundo PASSAGLI (2011, p. 318), a exposição ao chumbo pode 
causar irritação, dor de cabeça, perda de memória, entre outros sintomas graves, 
quando a uma exposição crônica sobre o sistema nervoso. Quando o efeito ocorre 
no sistema periférico, o sintoma é a deficiência dos músculos.
Para a recuperação de águas contaminadas são utilizados vários tratamentos 
convencionais como a Coagulação, Floculação, Decantação, e Filtração para a 
Clarificação da água, seguida da Correção do pH, Desinfecção e Fluoretação 
(BOTERO, 2009). Porém, ocorrem algumas desvantagens como os custos de operação 
devido as falhas que se podem ocorrer durante o processo, a manutenção da 
energia necessária e dos reagentes químicos para operar o sistema (ACHON, 2008). 
Porém, uma alternativa eficiente e economicamente viável para a remoção de 
metais potencialmente tóxicos do meio ambiente ocorre pela biossorção, a qual é 
baseada na capacidade que alguns sólidos possuem de remover substâncias 
solúveis, ou seja, a capacidade de ligação entre o metal e o adsorvente, que 
pode ser bactérias, argila bentonita, o carvão ativado, a sílica, materiais 
lignocelulósicos (DA SILVA, et al., p. 138, 2014).  
Nesse sentido, o processo de biossorção apresenta algumas vantagens como: alta 
eficiência removendo metais, baixo custo do biosorvente, possibilidade de 
recuperação do metal extraído, também flexibilidade de variáveis operacionais 
como de pH, pressão e temperatura (GUPTA e RASTOGI, 2008).
A parede celular é um importante responsável pela biossorção, uma vez que os 
grupos funcionais localizados nas paredes dos biossorventes possuem grande 
afinidade pela sorção de metais. O processo de biossorção de metais ocorre 
através de complexação, coordenação, adsorção física, formação de quelatos, 
troca iônica, precipitação inorgânica e/ou combinação destes processos (VOLESKY, 
2007; ABDEL-GHANI, 2014).
A erva-mate é composta de lignina e celulose como constituintes principais. 
Esses componentes são avaliados em diversos estudos por apresentarem grupos 
funcionais com propriedades para atuarem nos mecanismos presentes na 
biossorção(DAHLEM, et al, 2019).
A erva-mate é uma árvore nativa da América do Sul, encontrada no Sudoeste do 
Paraguai, Norte da Argentina e nos estados do Sul do Brasil (Mato Grosso do Sul, 
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) (GERHARDT, 2006, p. 17). Em 1820 o 
naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, coletou exemplares da planta nas 
proximidades de Curitiba e classificou o mate, como Ilex paraguariensis St. Hill 
da família Aquifoliaceae (KOOP, 2014, p. 18).  
 O Brasil é o principal produtor de erva-mate do mundo, com 880 mil toneladas 
produzidas no ano de 2019, seguido pela Argentina com 837 mil toneladas e o 
Paraguai com uma produção de 171 mil toneladas (DERAL, 2020 p. 01). 
Aproximadamente, 80% da produção brasileira de erva-mate destinam-se ao mercado 
interno, em que 96% são consumidas como chimarrão e 4% na forma de chás e outros 
usos (EMBRAPA, 2017).
Tendo em vista tais fatos, este trabalho tem como objetivo, avaliar o potencial 
da erva-mate de chimarrão comercializada e da erva-mate após o uso para uso como 
biossorvente de chumbo em águas, visando assim a economia de recursos com a 
utilização de material renovável e contribuindo assim com uma metodologia mais 
sustentável.
Material e métodos
PREPARAÇÃO DA BIOMASSA E DA SOLUÇÃO DE CHUMBO
A erva-mate como biossorvente foi investigada de duas maneiras: comercial e após 
o preparo do chimarrão. A erva-mate comercial foi seca em estufa a 90 °C por 1 
hora, enquanto a erva-mate após o uso foi seca por 2 horas a 100 °C em estufa. 
Os materiais foram triturados em moinho de facas e peneirados em peneiras de 
poliéster de 354 µm.
PONTO DE CARGA ZERO
A fim de determinar o pH o ponto de carga zero (PCZ) é o valor em que a adsorção 
de íons (H+ e OH-) é igual, onde ocorre o cruzamento entre as diferentes curvas 
eletrolíticas (PÉREZ, et al, p. 249, 2017). O ponto de carga zero é importante 
porque permite prever a carga na superfície do adsorvente em função do seu pH e, 
desta forma, avaliar porque dependendo do pH da solução a adsorção ocorre de 
maneira mais eficiente do que em outro (DA SILVA, et al, 2010).
A determinação do ponto de carga zero do biossorvente é um índice conveniente da 
tendência de uma superfície se tornar positiva ou negativamente carregada em 
função do pH. Para esta determinação, foram utilizadas 11 soluções com os 
seguintes pH: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 10, 11 e 12 preparadas com solução de NaOH 
ou HCl 0,1 mol L-1.
Foram adicionados 50 mg de biossorvente em 50mL de cada solução, o sistema foi 
mantido sob agitação a temperatura ambiente durante 24 horas. Após este período, 
os valores do pH final foram novamente verificados. 
ESTUDO DO TEMPO DE CONTATO
A fim de investigar o melhor tempo para o processo de biossorção, 50 mg de cada 
biomassa foi adicionada à 50 mL de solução de 2 mg L-1 de zinco. Os sistemas 
permaneceram sob agitação a pH 8 nos tempos de: 30 min, 1 hora, 3 horas, 6 
horas, 9 horas, 12 horas e 24 horas. Após cada tempo, a solução foi filtrada a 
vácuo e a determinação de zinco foi realizada na Central de Análises da 
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Pato Branco por Espectrometria 
de Absorção Atômica de Chama (PinAAcle 900T, Perkin Elmer). 
Para a eficiência de remoção do íon metálico da solução aquosa, foi utilizado a 
seguinte Equação: Remoção (%)=(C_o-C_e)/(C_o  ) em que: C0: concentração inicial 
(mg L-1); Ce: concentração no equilíbrio (mg L-1).
Resultado e discussão
PONTO DE CARGA ZERO (PZC) 
A determinação do ponto de carga zero do biossorvente é um índice que uma 
superfície tem de se tornar positiva ou negativamente carregada em função do seu 
pH. Para os valores de pH inferiores ao pH do PZC, a carga superficial é 
positiva o que favorece a adsorção e para valores de pH superiores ao pH do PZC, 
a carga superficial é negativa e a adsorção de cátions é favorecida (ELLIOTT; 
HUANG, 1981). O ponto de carga zero corresponde que o pH se mantém constante, 
depois do sistema ter atingido o equilíbrio.
O valor do pH da solução é um dos fatores que mais afeta a sorção de metais 
pesados. A sorção aumenta com o aumento do valor de pH, devido ao aumento da 
densidade de carga negativa na solução, gerando sítios ativos para interação 
como metal pesado. Além de mudar o estado dos sítios da ligação metálica, 
valores extremos de pH, como os usados na regeneração (dessorção), podem 
danificar a estrutura do material biossorvente (KUYUCAK et al, p. 809-814, 
1989).  
O ponto de carga zero relativo à erva-mate comercial e a erva-mate após o uso 
encontra-se no gráfico 1. 
A partir desses dados foi possível calcular o ponto de carga zero, nesse caso 
foi 7,1 para a erva-mate comercial e 6,2 para a erva-mate após o uso dp 
chimarrão. Quando um material sólido entrar em contato com uma solução líquida 
com pH abaixo do PCZ, a superfície é carregada positivamente e muitos ânions são 
adsorvidos para balancear as cargas positivas. Assim, os adsorventes são mais 
eficazes para a remoção, por exemplo, de materiais aniônicos (RIBEIRO et al., 
2011). Portanto, para este estudo foi escolhido o pH 8 para o seguimento dos 
estudos. O valor de pH foi elevado para 8 a fim de possibilitar uma melhor 
desprotonação, deixando a superfície negativamente carregada, o que favorece a 
interação eletrostática.
TEMPO DE CONTATO 
Para avaliar a capacidade de remoção de chumbo quando em contato com as 
biomassas de erva-mate, foram realizados testes em cinco diferentes tempos com a 
solução padrão de Pb (NO3)2. 
O gráfico 2 mostra os resultados obtidos nas análises de chumbo das soluções 
iniciais, tratadas com as biomassas de erva-mate. 
Assim, observou-se a ótima eficiência na remoção de chumbo pela biomassa de 
erva-mate comercial, chegando a uma média de 83%. A média de remoção para a 
biomassa da erva-mate após o uso foi de 84%. Observa-se que à medida que a 
solução vai ficando mais tempo em contato com a biomassa a quantidade de chumbo 
adsorvido diminui isso acontece porque indicam a saturação dos poros o que 
independem de os mesmos removerem os íons de cobre na solução. Além disso, um 
tempo menor visa a diminuição do custo energético referentes ao processo de 
agitação da mistura. 
Os valores obtidos foram próximos ao de MEUER e VARGAS (2019) que obteve remoção 
de 88,6% e 85,1% de chumbo ao se utilizar a biomassa de erva-mate. Nesse estudo 
foram feitas duas biomassas de erva-mate, uma ativada com ZnCl2 e outra não, 
assim segundo MEUER e VARGAS a biossorção feita com a erva-mate sem ser ativada 
obteve-se melhor desempenho. Também foram muito próximos ao MONTEIRO et al, 
(2012), que chegaram a uma remoção de 90% de chumbo ao testarem adsorção com 
palha de côco.

Gráfico 1- Ponto de carga zero dos biossorventes de erva mate comercial e após o uso no chimarrão

Gráfico 2- Concentrações de remoção do chumbo Figura 1- Percentuais de remoção do chumbo
Conclusões
Este artigo apresentou os dados relativos à remoção de metais da água a partir do 
método de adsorção com biomassa, que foi obtido do resíduo de erva-mate 
proveniente de chimarrão consumido e de erva-mate comercial. Verificou-se ser este 
um método eficiente e alternativo para a remoção de chumbo da água.
Em relação aos ensaios de absorção, pode-se concluir que a capacidade de adsorção 
depende do pH inicial da solução e do tempo de contato, onde pode-se observar que 
a erva-mate é capaz de realizar a biossorção de metais, com uma porcentagem de 83% 
para a erva-mate comercial e 84% para a erva-mate após o uso no chimarrão. Os 
resultados apresentados nesse estudo demonstraram que a biomassa de erva-mate pode 
ser utilizada para a adsorção de íons chumbo como uma alternativa eficiente a fim 
de, evitar a contaminação dos corpos d’água, o qual consiste em um método barato 
diante de outras técnicas empregadas.
Agradecimentos
Auxílio PIAP IFPR 2021
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