Autores
Rodrigues, B.S. (UFPA)  ; Botelho, E.V.D. (UFPA)  ; Moraes Silva, L.B. (UFPA)  ; Nascimento, R.S. (UFOPA)  ; Araujo, C.F. (UFPA)  ; Lima, G.A. (UFOPA)  ; Figueira A. M., B. (UFOPA)  ; Almeida, A.L. (UFOPA)
Resumo
Na-chabazita foi sintetizada com sucesso a 
partir de rejeitos de caulim da 
Amazonia, utilizando-se como rota 
sintética, a fusão alcalina acompanhada de 
tratamento hidrotermal. A caracterização 
mineral da sua estrutura foi feita por 
difratometria de raios-X (DRX), 
espectroscopia de infravermelho (IV) e 
microscopia 
eletrônica de varredura. Os resultados 
indicaram uma completa e fácil 
transformação dos rejeitos no material 
zeolítico aqui proposto.
Palavras chaves
Amazônia; Rejeitos; Na-chabazita
Introdução
A zeólita chabazita pertence à família de 
zeólitas do tipo CHA, família quase 
única entre as zeólitas com uma ampla 
variedade de composição (LOBO, 2003). Ela 
é um mineral tectossilicato, cristaliza no 
sistema de cristal triclínico 
(SERVATAN et al., 2020), é composta por 
razões baixas de Si/Al, possui canais 
largos interconectados, tridimensionais, 
formada por anéis de 8 membros (SANTOS, 
2018), seus poros são pequenos e 
peculiares com tamanho aproximado de 4Å, 
que 
lhe conferem excelente capacidade de troca 
catiônica (Du et al., 2016). 
Esta fase zeolítica ocorre em ambientes 
naturais e pode ser também sintetizada 
em laboratório, uma vez possui estruturas 
interessantes para o setor industrial 
(SANTOS, 2018) pois seu arranjo com 
abertura única permite que grandes 
moléculas 
e íons se alojem em seu interior, 
funcionando como uma peneira química que 
permite a passagem de alguns íons enquanto 
outros ela bloqueia (VAKHARKAR, 
2005). As zeólitas CHA são utilizadas em 
diversas aplicações, tais como: na 
remoção de gases (DU et al., 2016), e 
contaminantes da água, remoção de íons 
radioativos de usinas nucleares, como 
armazenadora e fornecedora de calor 
advindo de energia solar (LUZ, 1995).
No presente trabalho, propõe-se os 
rejeitos de caulim da Amazônia como 
material 
de partida de baixo custo para síntese por 
fusão alcalina e tratamento 
hidrotermal de Na-chabazita.  
Material e métodos
a) Rota de síntese: a obtenção de Na-
chabazita foi feita como se segue: rejeito 
de
caulim, hidróxido de sódio e silicato de 
sódio foram pulverizados, colocados em 
cadinhos e aquecidos 4 h à 300º C. Depois 
de fundido o material foi misturado a 
25ml de água deionizada e agitado a 50ºC 
por 15 minutos para homogeneização. 
Para
cristalização da Na-chabazita, elevou-se a 
temperatura de banho hidrotermal 
acima de 90º C por 24 horas. Ao final, o 
produto foi lavado com água deionizada, 
secado a 70ºC e codificado como Gi-zeo-
CHA.
b) Caracterização: a caracterização 
inicial por difratometria de raios-X foi 
feita em difratometro de raios-X D2 phaser 
(Bruker), equipado com tubo de cobre 
(CuKa = 1.5406 Å), utilizando-se geometria 
de Bragg-Brentano no modo contínuo e 
com sistema de detecção usando um detector 
rápido modelo LynxEye. A tensão foi 
de 30 kV e 10mA, respectivamente. O 
espectro de IV-FTIR foi registrado através 
de pastilhas prensadas a vácuo contendo 
0,200 g de KBr e 0,0013 g de amostra 
pulverizada. O espectrofotômetro empregado 
utilizado foi da Bruker, modelo 
Vertex 70. A morfologia de Na-chabazita 
foi analisada por microscopia eletrônica 
de varredura através da sua metalização 
com ouro. O microscópio utilizado foi da 
da marca LEO-Zeiss, 430 Vp, em condições 
de análise utilizando imagens 
secundárias obtidas a 20 KV, com distância 
de trabalho de 11 mm.
Resultado e discussão
Uma caracterização químico-mineral dos rejeitos (RCJar) foi realizada por FRX e 
DRX. Sua composição química é formada por elevados teores de SiO2 (44,5 % em 
peso) e Al2O3 (36,91 % em peso), enquanto a mineral é basicamente formada por 
caulinita, quartzo, muscovita e anatásio (Fig. 1). Em relação ao produto 
sintetizado, verifica-se a presença de picos característicos de chabazita em 9, 
20 e 30º (2 theta), que correspondem aos planos (101), (211) e (401) desta fase 
(PDF 019-1178). Para complementar a caracterização de Gi-zeo-Cha, uma 
caracterização espectroscópica no IV foi realizada e mostrada na Fig. 1. Foram 
observadas bandas de vibrações na amostra localizadas em torno de 3415 e 1600 
cm-1 bem correlacionadas aos estiramentos O--H em moléculas de água dentro dos 
poros zeoliticos e adsorvidas na superfície da estrutura. As bandas em 1540, 
1410, 1380 e 975 cm-1 são dos estiramentos TO4 (T = Si ou Al) das unidades 
básicas de construção. Bandas próximas a 610, 570 e 480 cm-1 estão relacionadas 
às vibrações dos anéis de 6 membros que compõem a estrutura zeolitica (AYSAN et 
al., 2016). As fotomicrografias dos rejeitos e de Gi-zeo-CHA são mostradas na 
Fig. 2, que mostra uma morfologia em folhas empilhadas para a RCJar, que 
confirmam os resultados de difração de raios-X, composto majoritariamente por 
caulinita, ela por sua vez possui estrutura em forma de placas pseudo-hexagonais 
que podem ocorrer de forma empilhada ou não, como nas estruturas de caulim 
amazônico, descritas por Santos et al. (2013). Para Gi-zeo-chab, observa-se a 
formação de aglomerados de glóbulos bem formados e com tamanho médio 7 
micrometros. 

Padrões DRX do material de partida (RCJAr) e Na- chabazita (Gi-zeo-CHA) e espectro de IV-FTIR de Gi- zeo-CHA.

Fotomicrografias de microscopia eletronica de varredura RCJAr e Gi-zeo-CHA.
Conclusões
Os rejeitos de caulim da Amazonia compostos predominantemente por caulinita foram 
convertidos com êxito em material zeolítico com estrutura Na-chabazita. Os 
resultados de caracterização confirmaram a obtenção de uma estrutura cristalina, 
com bandas IV-FTIR diagnosticas e morfologia em glóbulos, evidenciando assim, que 
um produto indesejado pode ser usado para a síntese de material de valor agregado.
Agradecimentos
Os autores agradecem a CAPES, CNPQ, UFOPA, LCM (IFPA), LAMIGA (UFPA) e CETENE pelo 
apoio financeiro e analítico que permitiram a execução deste trabalho
Referências
DU, Tao; SHUAI, Che; LIU, Liying; FANG, Xin; Preparation of zinc chabazite (ZnCHA) for CO2 capture. Res Chem Intermed, v. 43. p.1783–1792, 2017.
AYSAN, Hamza; EDEBALI, Serpil; OZDEMIR, Celalettin; KARAKAYA, Muazzez Celi̇k; KARAKAYA, Necati; Use of chabazite, a naturally abundant zeolite, for the investigation of the adsorption kinetics and mechanism of methylene blue dye. Microporous and Mesoporous Materials, v. 235. p. 78-86, 2016.
AUERBACH, Scott M.; CARRADO, Katheleen A.; DUTTA, Prabir K.; Handbook of zeolite science and technology. Nova York: Marcel Dekker, 2003.
SERVATAN, Morteza; ZARRINTAJ, Payam; MAHMODI, Ghader; KIM, Seok Jin; GANJALI, Mohammad Reza; SAEB, Mohammad Reza; MOZAFARI, Masoud; Zeolites in drug delivery: progress, challenges and opportunities. Drug Discovery Today. v. 25. p 642-656, 2020. 
SANTOS, S. C. A.; ROCHA JUNIOR, C. A. F.; SILVA, L. N.; ANGÉLICA, R. S.; NEVES, R. F. Caulins amazônicos: possíveis materiais de referência. Cerâmica. v. 59. p. 431-441, 2013.
VAKHARKAR, Ashutosh S; Adsorption studies for arsenic removal using modified chabazite. Thesis (Master’s in Environmental Engineering) - College of Engineering, University of South Florida. p. 87. 2005.








