Autores
Silva Lima, A. (IEMA)  ; Souza de Sá, E. (IEMA)  ; Brito Rodrigues1, E.K. (IEMA)  ; Araújo Costa, T.N. (IEMA)  ; Marques de Araújo Neto, J. (IEMA)  ; Marques de Sousa, E.M. (IEMA)  ; Mano Mesquita, E.C. (IEMA)  ; de Oliveira Lima, L. (IEMA)
Resumo
Metodologias ultrapassadas e sem preocupação com o feedback dos alunos, torna o 
ensino de qualquer disciplina um processo maçante e de resultados negativos, tanto 
para os alunos, quanto para os professores. Deve-se mudar a tática letiva no 
ensino de Química, buscando sempre promover uma ludicidade no ambiente 
educacional. Pensando nesta vertente, o presente trabalho trata-se de uma proposta 
de aula cujo objeto didático utilizado para debate e discussão dos conceitos de 
química é o episódio n° 1 do anime Dr. Stone para um ensino e aprendizado mais 
leve e dinâmico. Através deste trabalho, produziu-se aulas que buscam desmitificar 
que a Química precisa ser ensinada de maneira tradicional e deve renovar-se a cada 
dia, inteirando-se na realidade dos alunos.
Palavras chaves
Lúdico; Ensino de Química; Recursos audiovisuais
Introdução
A educação vem passando por mudanças drásticas ao longo dos anos, deixando cada 
vez mais de seguir uma política autoritária e centrada apenas no professor e 
dando ao aluno o direito de exercer o seu papel como o sujeito ativo que no 
processo de ensino-aprendizagem. Todavia, mesmo com estas alterações no modelo 
educacional de um modo geral, as aulas de área de Ciências da Natureza, como 
Química, ainda seguem modelos tradicionais, tendo o livro didático e o quadro 
branco como únicos recursos utilizáveis, fazendo uso sempre dos mesmos padrões 
avaliativos e desconsiderando qualquer tipo de inovação que seja apresentada 
(RONCA; ESCOBAR, 1984).
Metodologias ultrapassadas e sem preocupação com o feedback dos alunos, torna o 
ensino de qualquer disciplina um processo maçante e de resultados negativos, 
tanto para os alunos, quanto para os professores (NICOLA & PANIZ, 2016). Fator 
comprovativo para tal ineficiência, refere-se ao resultado significativamente 
baixo da avaliação de letramento cientifico, obtido pelo Brasil na avaliação do 
PISA, que não se progride desde 2006, quando em comparação com outros países 
(PISA, 2015).
Deve-se mudar a tática letiva no ensino de Química, buscando sempre promover uma 
ludicidade no ambiente educacional, levando em conta que práticas lúdicas se 
referem a metodologias que proporcionem interação ativa entre os estudantes e o 
objeto de estudo, que busca propiciar significados no que está sendo aprendido e 
que deixa de lado os processos mecânicos e tradicionais utilizados antigamente 
(KNECHTEL & BRANCALHÃO, 2021). Ou seja, prioriza o desenvolvimento cognitivo e 
pessoal dos alunos ao invés do cumprimento de tabelas e carga horária impostos 
pela escola.
Dentre as ferramentas para se abordar assuntos de forma lúdica, podemos citar: 
jogos, práticas, aulas de campo, materiais diversos, vídeos, músicas, etc. 
Dentre esses, os que já vêm sendo abordado por alguns e há um bom tempo são os 
recursos audiovisuais, considerando estes como:
[...] um recurso de comunicação que engloba imagens e áudio, trabalhando de 
forma conjunta na difusão de informações, entretenimento e conhecimento etc. 
Tem-se como exemplo de audiovisual: a televisão, o cinema e o vídeo. Todos estes 
podendo desempenhar, de algum modo, função educacional, já que abarcam em si 
enorme potencial de ensino (LISBOA, 2014, p. 1).
 
Dessa forma, além de vídeos desenvolvidos para a finalidade educacional (vídeo 
aulas), outros tipos de produções também podem desempenhar esse papel em sala de 
aula, desde que abordem corretamente assuntos correlatos com a ementa e não 
prejudiquem o desenvolvimento intelectual ou moral dos estudantes e do 
professor. Sendo assim, animes são opções viáveis para tal aprimoramento dos 
modelos de aulas.
Pensando nesta vertente, o presente trabalho trata-se de uma proposta de aula 
cujo objeto didático utilizado para debate e discussão dos conceitos de química 
é o episódio n° 1 do anime Dr. Stone visando tornar o processo de ensino 
aprendizado mais leve e dinâmico.
Material e métodos
Para o desenvolvimento do trabalho, utilizou-se o episódio introdutório de Dr. 
Stone (Figura 1) nos quais são utilizadas palavras pertencentes ao cotidiano de 
assuntos voltados para o ensino de disciplinas da área de Ciências da Natureza 
de um modo geral, mas principalmente alguns processos laboratoriais, como 
Destilação, Fermentação, produção de condimentos e conservação alimentar, etc.
Inicialmente foram transcritas todas as falas que possuíam conceitos 
potencialmente discutíveis. Este momento é denominado como etapa de decomposição 
do material audiovisual; e posteriormente analisou-se através da literatura se 
os conceitos haviam sido aplicados corretamente no contexto do anime; a esta 
etapa dar-se o nome de interpretação, ainda de acordo com o referido autor. 
Em seguida uma associação entre as palavras ou tópicos com os assuntos 
pertencentes a grade curricular da disciplina de Química no Ensino Médio foi 
realizada afim de se preparar formas de discuti-las em sala de aula. Para 
auxilio e aplicação do mesmo nas aulas foi utilizado além do episódio em si, 
ferramentas de gamificação sobre o episódio para dar início aos debates 
pertinentes, como por exemplo Kahoot.
Após assistir o episódio, participar do quiz no site de gamificação, os alunos 
foram indagados a respeito de algumas questões abordadas durante o vídeo, tal 
como o significado de falas de cunho científicos apresentadas por alguns 
personagens. Falas que são cruciais para a utilização do anime como ferramenta 
didática não tradicional, haja vista que as informações contidas na mesma são 
corretas e podem sim auxiliar no processo de ensino e aprendizagem do conteúdo 
pragmático de Química no Ensino Médio.
Resultado e discussão
FUNDAMENTAÇÃO DO EPISÓDIO
O avanço tecnológico, acelerou o desenvolvimento e divulgação da pesquisa 
científica. O acesso à informação tem sido uma barreira cada vez menor para a 
popularização do conhecimento científico, entretanto, é necessário que o 
sujeito/telespectador seja capaz de interpretar corretamente e ressignificar 
essas informações no contexto da sua realidade (ZATZ, 2011).
É de grande importância que através da educação os estudantes estejam aprendendo 
não somente o conteúdo pragmático das ementas, mas também adquirindo capacidade 
de aplicar tais conhecimentos em tomadas de decisões, tornando-se assim pessoas 
responsáveis e aptas a viverem de forma individual e coletiva (KRASILCHIK, 
2004). As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (BRASIL, 
2013) determinam que é dever da escola, e, consecutivamente do professor, 
propiciar suporte para que os alunos se tornem cidadãos capazes de discutir 
temas de sua atualidade.
As mídias digitais, filmes, novelas, animes e/ou desenhos animados, a exemplo 
dos animes e mangás, são amplamente difundidas e representam um instrumento 
promissor na mediação do processo de ensino e aprendizado. A palavra “mangá”, de 
origem japonesa é utilizada para se referir a histórias em quadrinho de modo 
geral, é designada por dois ideogramas: man (漫) que pode ser compreendido como 
“o que não é sério” ou “conteúdo humorístico”; e o ga (画) que significa 
“desenho” ou “imagem”, tendo sua tradução literal como “desenhos engraçados”. Já 
o termo “anime” pode ser interpretado como a “forma animada dos quadrinhos”, no 
Brasil, chamado por alguns como “desenhos animados” (ROCHA, 2008).
O Brasil é um ávido consumidor de animações japonesas através de diferentes 
vínculos tais como TV, internet, revistas, jornais ou eventos relacionados a 
cultura japonesa. A inserção do público brasileiro no universo dos 
mangás/animes, de acordo com Scoville e Alves (2018), ocorreu em meados de 1990, 
com a publicação do mangá japonês “Lobo Solitário”. Atualmente muitos outros 
mangás e animes são apreciados diariamente por um amplo público brasileiro, 
dentre eles, Dr. Stone.
No episódio n° 1, cuja história do anime é introduzida, todas as pessoas do 
planeta Terra são petrificadas por uma misteriosa luz verde. Após 3.700 anos 
passados da petrificação, dois humanos consegue ser despetrificados: Senku 
Ishigame e Taiju Oki. Um deles (Senku), um jovem prodígio que mesmo estando 
apenas no colegial é bastante inteligente e um cientista. Vendo que foi o 
primeiro a acordar, começa a desenvolver estudos e realizar práticas e 
equipamentos que já não mais existem.
Taiju Oki: Que delicia, que tempero você colocou nisso?
Senku Ishigame: É só sal que eu tirei da água do mar, com uma pitada de sal o 
ser humano consegue comer qualquer coisa, também é importante para fazer 
conservas. Pode-se dizer que é a maior descoberta do homem primitivo.
A informação disponibilizada na fala do personagem Sanku é verídica e comprovada 
por estudos como o de Perrone (2011), que aponta que no Brasil, a maior parte do 
Cloreto de Sódio (NaCl) consumido nas cozinhas dos habitantes, é obtido da água 
do mar, todavia, existem dois tipos de sal na natureza, o “sal marinho” obtido 
através da evaporação de água do mar e o “sal da rocha” (sal-gema) que é 
extraído de rochas subterrâneas resultantes de lagos e mares que secaram.
O sal é um nome genérico para um grupo de substâncias com características 
químicas semelhantes, sendo que a mais importante, para o ser humano, é o 
cloreto de sódio popularmente conhecido como "sal de cozinha" que é constituído 
basicamente por 40 % de sódio e 60 % de cloro (GIUSTINA, 2010).
Além desse diálogo onde pode ser desenvolvida uma discussão a respeito da 
formação de substâncias comuns ao nosso cotidiano, porém ainda sim, químicas, 
outros diálogos são estabelecidos pelos dois personagens acordados na Terra:
Taiju Oki: Será que a pedra apodreceu?
Senku Ishigame: Apodreceu! Supondo que esse estranho mineral foi corroído.
Senku Ishigame: Não é suspeito que nós dois tenhamos saídos quase ao mesmo tempo 
[...] tem uma explicação bem lógica por trás de toda coincidência [...] ambos 
fomos atraídos para perto dessa caverna [...] veja só esse liquido pingando do 
teto da caverna [...] é um líquido milagroso feito de guano de morcego... ácido 
nítrico.
Estudos presentes na literatura confirmam a afirmação levantada por Senku, onde 
o mesmo diz que o fato de ambos os seres despetrificados terem assim o feito por 
conta da capacidade de destruição que o Ácido Nítrico tem sobre as rochas. 
Byczok (1964) apud Steiger (2015) aponta que esse poder de destruição se dá pelo 
fato do ácido nítrico transformar o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) do concreto, 
em nitrato de cálcio (Ca(NO3)2), um sal altamente solúvel. 
Outro fator que também não pode ser desconsiderado, que é afirmado no episódio 
um de Dr. Stone, é o fato de o guano produzido pelos morcegos apresentarem 
compostos com capacidade de destruição de rochas. Branco e Chaves (2006) afirma 
que o guano formado pelos morcegos, só se dar por conta do acúmulo de seus 
excrementos e a oxidação deste material orgânico, além do mais, confirma que a 
água que lixivia esta matéria orgânica, geralmente é muito ácida, o que permite 
considerar a presença do ácido nítrico entre eles.
Outro fator também discutível em aulas de Química do Ensino Médio a partir do 
episódio é o fato da citação de processos de destilação e formação de etanol, e 
de como o mesmo pode contribuir para a formação de um produto novo ao ser 
misturado com ácido nítrico:
Senki Ishigame: Se eu tivesse uma bebida alcoólica. Com o álcool na bebida eu 
poderia combinar Ácido Nítrico e etanol para criar Nital, é um agente decapante 
de força industrial. 
Taiju Oki: Não daria para fazer vinho com essas frutinhas que eu peguei?
[...]
Senki Ishigame: Destilação de vinhos para iniciantes [...] aqueça, esfrie, e 
deixe pingar, isso concentra o álcool. Não se preocupe, as pessoas na 
Mesopotâmia faziam isso utilizando potes de barro. [...]. Não há nada que a 
ciência não consiga explicar.
Destilação é um processo onde ocorre a separação física baseada na diferença de 
volatilidade entre as substâncias a serem separadas. Os processos de destilação 
alcoólica contínua, tanto para a produção dos diferentes tipos de álcoois quanto 
para a produção de cachaça, são realizados, no Brasil, em colunas de pratos ou 
15 bandejas, contendo válvulas ou borbulhadores (BATISTA, 2008).
No episódio em questão, a destilação realizada se dá a partir de um vinho recém 
fermentado, a literatura aponta como se dá esse processo. Lima et al. (2001) 
aponta que após a fermentação, os meios açucarados passam a denominar-se vinhos, 
com uma constituição variável, mas encerrando sempre substâncias gasosas, 
sólidas e líquidas. As primeiras representam-se principalmente pelo dióxido de 
carbono, que se dissolve em pequena proporção. Os sólidos se fazem presentes 
pelas células das leveduras alcoólicas, de bactérias contaminantes, sais 
minerais, açúcares não fermentados e impurezas sólidas em suspensão.
APLICAÇÃO EM SALA DE AULA
O presente trabalho é na verdade uma proposta a ser desenvolvida, através da 
mesma obter-se-á a realização de uma aula com discussão de temáticas pertinentes 
e pertencentes a ementa de Química no Ensino Médio, de forma lúdica, dinâmica e 
inovadora.
Além de contar com o artefato do episódio, utilizar-se-á também ferramentas de 
gamificação Kahoot para verificação de entendimento e compressão do debate 
realizado a partir do anime. Aulas como esta buscam desmitificar que a Química 
precisa ser ensinada de maneira tradicional e deve renovar-se a cada dia, 
inteirando-se na realidade dos alunos.

Capa do Anime Dr. Stone - 1° temporada. LInk: https://www.infoanime.com.br/poster/2019/drstone.jpg
Conclusões
Levando em consideração linhas da educação que defendem que para haver uma 
aprendizagem significativa os alunos precisam ter conhecimentos antecessores aos 
abordados em sala de aula para lhe servirem de âncoras, acreditamos que utilizar 
animes como ferramentas não convencionais para o contexto de sala de aula é trazer 
à tona âncoras que os alunos sequer sabiam que tinha. Além de ser uma ferramenta 
lúdica, dinâmica e atual, apresenta muito potencial para ser uma muito eficiente.
Agradecimentos
Agradecemos ao Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia pelo incentivo a 
prática da pesquisa e pela contribuição com ambiente educacional de qualidade.
Referências
BATISTA, F. R. M. Estudo do processo de destilação alcoólica contínua: Simulação de Plantas Industriais de Produção de Álcool Hidratado, Ácido Neutro e Cachaça. Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas, 2008.
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