Autores
Lamim, A.R.S. (USP)  ; Queiroz, S.L. (USP)
Resumo
A argumentação é uma habilidade desejável para o exercício da cidadania. Seu 
desenvolvimento em ambientes de ensino de ciências e química tem sido incentivado, 
o que exige conhecimentos dos professores para fomentá-la e promovê-la em sala de 
aula. Nesse sentido, o presente trabalho tem o objetivo de analisar os artigos 
nacionais publicados entre 2000 e 2020 que versam sobre argumentação na formação 
docente e apontar suas principais contribuições. Foram encontrados 10 trabalhos e, 
por meio da análise destes, concluiu-se que as publicações sobre o assunto tiveram 
início em 2010. Ainda, a inserção da temática na formação inicial é mais 
recorrente do que na continuada, e o estudo do papel do docente na construção e 
gerenciamento de práticas argumentativas é o aspecto mais investigado.
Palavras chaves
Educação Química; Formação de Professores; Revisão Bibliográfica
Introdução
A argumentação é relevante para o desenvolvimento da sociedade e construção da 
cidadania. Desde a Grécia antiga os cidadãos expressavam seus desejos e direitos 
por meio de discursos argumentativos nas ágoras. Atualmente, em meio ao acesso 
facilitado a informações nas redes sociais, saber argumentar e identificar bons 
argumentos são habilidades requeridas para a vida na coletividade. Dentro do 
campo das ciências, a argumentação também desempenha um papel substancial, pois 
os argumentos relacionam dados a justificativas, respaldam teorias, além de 
refutarem o conhecimento já construído, o que favorece a construção de novos 
saberes. Nesse sentido, a inserção de práticas argumentativas no ensino de 
ciências e química tem crescido consideravelmente, uma vez que os estudantes 
podem entender melhor a natureza da ciência e desenvolver habilidades 
comunicativas e de raciocínio (MARTINS; JUSTI, 2017). 
Assim, surge uma demanda por professores preparados e habilitados para promover 
e construir ambientes de ensino argumentativos.  Vivências ao longo da formação 
inicial e continuada de situações que favoreçam o desenvolvimento e 
aprimoramento dos conhecimentos e habilidades auxiliares no trabalho com 
argumentação em sala de aula podem favorecer no preparo desses profissionais 
(LOURENÇO; QUEIROZ, 2020). Tendo por base o exposto, o presente trabalho 
objetiva apresentar quais são as principais características dos artigos 
nacionais que versam sobre argumentação na formação docente em química por meio 
da análise dos contextos formativos privilegiados e dos aspectos mais 
analisados. Para tal, foi realizada uma revisão bibliográfica dos artigos 
publicados, no período de 2000 a 2020, em periódicos relacionados ao ensino de 
ciências e química.
Material e métodos
A primeira etapa da pesquisa consistiu na busca e obtenção dos artigos 
publicados em periódicos brasileiros entre os anos 2000 e 2020. Para tal, 
utilizou-se a classificação do Programa QUALIS da CAPES (Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o qual efetua uma estratificação 
da produção acadêmica dos programas de pós-graduação brasileiros. Tendo por base 
o QUALIS, quadriênio 2013-2016, foram selecionadas as revistas cujos títulos 
associavam-se ao ensino de ciências ou química e que pertenciam aos estratos A1, 
A2, B1 e B2 das áreas 38 (Educação) e 46 (Ensino).  Foram encontrados 33 
periódicos a serem investigados.
Na sequência, procurou-se no repositório dessas revistas por artigos que 
continham no título, resumos e/ou palavras-chave os vocábulos “química” e 
“argumentação”, ou termos correlatos. Foram obtidos 86 trabalhos que atendiam 
aos critérios propostos. Após a leitura do material, foi constatado que 27 
tinham a argumentação como temática central e, dentre esses, apenas 10 
reportavam-se à argumentação na formação docente. Desse modo, prosseguiu-se o 
estudo dos 10 trabalhos tendo por base nos seguintes descritores: (a) ano de 
publicação, (b) contexto de formação e (c) aspecto analisado.
As informações obtidas foram discutidas entre dois pesquisadores independentes 
para que um consenso sobre os dados fosse alcançado. Os resultados finais foram 
organizados em tabelas e gráficos, interpretados e correlacionados com a 
literatura.
Resultado e discussão
A Figura 1 apresenta o ano de publicação dos artigos sobre argumentação na 
formação de professores química. É notória que a publicação em periódicos 
nacionais sobre a temática teve início em 2010. Entretanto, de 2010 a 2015, a 
produção foi irregular e pouco expressiva, alcançando seu ápice em 2016, com 3 
trabalhos. A partir de então, observa-se uma regularidade de produções em todos 
os anos, demonstrando sua expansão no país (FERREIRA et. al, 2021). A Tabela 1 
exibe as características dos artigos analisados. Quanto aos contextos de 
formação docente, a Tabela 1 mostra que 6 dentre 10 trabalhos privilegiaram a 
formação inicial, o que é incentivado pela literatura. Lourenço e Queiroz (2020) 
mencionam que tal iniciativa auxilia os futuros profissionais a implementar a 
argumentação em sala de aula, uma vez que podem vivenciar práticas 
argumentativas e ter contato com fundamentos teóricos sobre o assunto antes de 
seu ensino. Todavia, a argumentação na formação continuada é importante, pois 
levanta discussões que possibilitam aos docentes conhecer referenciais mais 
atuais, refletir sobre o assunto e superar resistências (IBRAM; JUSTI, 2017).
No que concerne ao aspecto focalizado pelos estudos, a análise do papel do 
professor na construção e gerenciamento de ambientes argumentativos e suas ações 
favorecedoras da argumentação é o mais recorrente. Adicionalmente, 3 trabalhos 
analisaram os argumentos elaborados por docentes, 1 investigou as concepções 
destes sobre o debate na promoção da argumentação, e outro estudou os saberes da 
argumentativos mobilizados por futuros professores.

Figura 1 - Ano de publicação dos artigos sobre argumentação na formação de professores de química

Tabela 1 – Características dos artigos sobre argumentação na formação de professores de química
Conclusões
Em suma, os resultados obtidos permitem concluir que os artigos nacionais sobre 
argumentação na docência em química são recentes, tendo início em 2010. 
Adicionalmente, o fomento à argumentação na formação inicial tem sido o foco dos 
pesquisadores, os quais averiguam, principalmente, o papel e as ações dos 
professores que favorecem a ocorrência da argumentação em ambientes de ensino. 
Esses resultados demonstram que tem havido uma preocupação com o preparo dos 
docentes para promover a argumentação na educação básica e, nesse sentido, 
diferentes aspectos têm sido abordados.
Agradecimentos
Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (Proc. 
nº: 2020/02757-5) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico (CNPq/ Proc. 304974/2020-0).
Referências
FERREIRA, J. Q.; LOURENÇO, A. B.; FERREIRA, L. N. A.; QUEIROZ, S. L. Ações pró-argumentação no ensino de Química. Tecné, Episteme y Didaxis: TED, n. extra, p. 2928-2933, 2021.
IBRAIM, S. S.; JUSTI, R. Influências de um ensino explícito de argumentação no desenvolvimento dos conhecimentos docentes de licenciandos em Química. Ciência & Educação (Bauru), v. 23, n. 4, p. 995-1015, 2017.
LOURENÇO, A. B.; QUEIROZ, S. L. Argumentação em aulas de química: estratégias de ensino em destaque. Química Nova, v. 43, p. 1333-1343, 2020.
MARTINS, M.; JUSTI, R. Uma nova metodologia para analisar raciocínios argumentativos. Ciência & Educação (Bauru), v. 23, n. 1, 2017.








