Autores
Oliveira, B.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – CAMPUS ANANINDEUA)  ; Valente, J.T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – CAMPUS ANANINDEUA)  ; Silva, E.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – CAMPUS ANANINDEUA)  ; Costa, G.M.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – CAMPUS BELÉM)  ; Silva, C.M.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – CAMPUS ANANINDEUA)  ; Batista, R.G.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – CAMPUS ANANINDEUA)  ; Botelho, E.V.D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – CAMPUS ANANINDEUA)  ; Chaves, J.P.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – CAMPUS ANANINDEUA)  ; Moraes, G.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – CAMPUS BRAGANÇA)
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo principal contextualizar o ensino de 
química através da leitura de rótulos/embalagens. Foi realizada uma exposição 
interativa para alunos da única escola de ensino médio da zona urbana do município 
de Bujaru-PA, na qual eles tivessem a oportunidade de atuar como protagonista 
mobilizando conhecimentos relacionados a misturas e quantificação de determinado 
componente em uma situação-problema envolvendo diabetes e hipertensão. Os 
resultados indicam que um número relevante de alunos teve a oportunidade de passar 
para um nível de maior conhecimento sobre o assunto e que a seleção de produtos 
adequados a uma dieta com restrições alimentar deve passar pelo saber fazer a 
leitura das informações contidas nos rótulos e embalagens.
Palavras chaves
Ensino de química; Rótulos/embalagens; Contextualização
Introdução
De acordo com o Ministério da Saúde, diabetes e hipertensão estão entre as 
doenças crônicas mais incidentes no Brasil (BRASIL, 2020). Identificar, analisar 
e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios 
contemporâneos aos quais as juventudes estão expostas, a fim de desenvolver e 
divulgar ações de prevenção e de promoção da saúde e do bem-estar (BRASIL, 2018) 
é habilidade que pode ser desenvolvida no ensino de química. 
Para tanto, é importante criar situações que envolvam os estudantes em problemas 
concretos que os façam perceber que os aportes teóricos e processuais da química 
podem ajudar a agir no mundo e sobre o mundo (BRASIL, 2018). Segundo Chassot 
(2003, p.94), “[...] seria desejável que os alfabetizados cientificamente não 
apenas tivessem facilitada leitura do mundo em que vivem, mas entendessem as 
necessidades de transformá-lo – e, preferencialmente, transformá-lo em algo 
melhor”.
A contextualização, no sentido de aproximar os conteúdos estudados da 
experiência sensível do educando (BRASIL, 1999), através da resolução de 
problemas reais presentes no cotidiano podem ser um importante ponto de partida 
para tornar o ensino de química mais interessante e significativo. Segundo 
Grochowsk e Peres (2013), é importante que os alunos saibam fazer a leitura dos 
rótulos, para tomada de decisões na escolha de produtos mais concordantes às 
suas necessidades. Neste contexto, foi idealizada uma exposição interativa 
envolvendo a química na leitura de rótulos/embalagens, que incentivou a 
mobilização de conceitos relacionados a misturas e a relação quantitativa de 
determinado componente de uma mistura (concentração) na resolução de um problema 
relacionado à diabetes e hipertensão. 
Material e métodos
Trata-se de um recorte de atividade prática extensionista desenvolvida no 
contexto da disciplina Práticas Pedagógicas de ensino de Química do curso de 
Licenciatura em Química do Campus de Ananindeua da UFPA. Foi realizada uma 
exposição interativa para 68 estudantes do 1°, 2° e 3° ano da única escola de 
nível médio da zona urbana do município de Bujaru-PA, EEEFM Dom Mário de Miranda 
Vilas Boas. Para contextualização e avaliação do trabalho, os estudantes foram 
recepcionados com o seguinte problema: “Um estudante de Bujaru-PA preocupado com 
seus pais pede ajuda aos amigos, pois sua mãe está com diabete e seu pai é 
hipertenso, a alimentação deles precisa ser mais saudável e por isso precisam 
consumir produtos com teor de açúcar e sódio reduzidos. Este estudante foi às 
compras em alguns supermercados da cidade e encontrou as opções de alimentos que 
estão na mesa. Ajude-o a fazer as escolhas mais adequadas dentre os itens 
disponíveis”.
Após a apresentação do problema, foram apresentado aos estudantes produtos nas 
versões integral, light, diet e zero açúcar (Figura 1), solicitou-se que eles 
indicassem quais produtos seriam mais adequados para o consumo do pai 
hipertenso, da mãe diabética e as respostas foram coletadas por meio de um 
questionário. Em seguida, os estudantes foram orientados a respeito do emprego 
dos termos light, diet e zero nos alimentos em como identificar os componentes 
que têm composição alterada a partir da leitura de informações contidas nos 
rótulos/embalagem. Por fim, o questionário foi reaplicado a fim de oportunizar 
novas leituras e reflexões para um consumo consciente e saudável.
Para coleta de dados foi usado um questionário, testado, com perguntas de 
múltipla escolha e seleção da amostra por acessibilidade (LAKATOS; MARCONI, 
2008; GIL, 2008).
Resultado e discussão
A contextualização ajuda no processo de ensino e aprendizagem, já que relaciona 
os conteúdos estudados em sala de aula com situações do dia a dia do aluno, 
assim os estudantes conseguem compreender melhor o assunto abordado pelo 
professor. Segundo Santos et al. (2020), além de contribuir para uma 
aprendizagem significativa, também é instrumento para o consumo consciente de 
produtos com composição alterada em relação às versões tradicionais.
A contextualização problematizada foi importante para obter indícios do que os 
estudantes já sabiam sobre o assunto. A análise dos dados indica que a maioria 
(68%) dos estudantes consideravam ter condições de mobilizar os conhecimentos 
necessários para tomar uma decisão de consumo adequado. Apenas 23 (34%) 
estudantes indicaram não saber qual seria a melhor opção a ser consumida pelo 
pai ou pela mãe em algum momento. 
Contudo, duas observações são curiosas. A primeira está relacionada ao 
percentual de estudantes que não sabiam ou selecionaram os produtos menos 
adequados para o consumo do pai hipertenso, principalmente entre as opções de 
torrada (Figura 2). Outra diz respeito ao alto percentual de acerto entre os 23 
estudantes que inicialmente indicaram não saber alguma resposta e ao final 
conseguiram indicar o produto mais adequado de forma correta (91%).
De forma geral, é possível perceber que inicialmente os percentuais de erro são 
maiores do que ao final da exposição, pelo que se entende que a estratégia de 
compartilhamento de conhecimentos teve resultado positivo (Figura 2). Nossos 
resultados são condizentes com Grochowsk e Peres (2013) e apontam para a 
importância de se saber fazer a leitura dos rótulos, para tomada de decisões na 
escolha de produtos mais adequados a cada necessidade.

Itens usados na exposição: a)granola zero açúcar, b)granola integral, c)torrada tradicional, d)gelatina diet, e)gelatina tradicional, f)torrada light.

Tabela de dados coletados dos questionários.
Conclusões
A contextualização a partir da leitura de rótulo mostrou-se significativa para o 
uso prático de conceitos relacionados a misturas e quantificação de determinado 
componente. Um número significativo de estudantes teve a oportunidade de passar 
para um nível de maior conhecimento sobre o assunto. Apesar de a maioria dos 
estudantes, inicialmente, considerarem saber a diferença entre os conceitos light, 
diet e zero e ter condições de selecionar os produtos mais adequados às restrições 
de consumo indicadas, a experiência mostrou que a escolha certa deve passar pelo 
saber fazer a leitura de rótulos.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Faculdade de Química do Campus de Ananindeua da 
Universidade Federal do Pará e a escola EEEFM Dom Mário de Miranda Vilas Boas que 
permitiu a realização desta experiência.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018.
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999.
CHASSOT, Attico. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Rev. Bras. Educ. [online],  n.22, 2003.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de pesquisa social. 6º Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
GROCHOWSKI, C. L. K.; PERES. O. M. R. Os rótulos nutricionais com recurso didático no ensino de ciências. 1 ed. Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE. Paraná, 2013.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, E. V. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
SANTOS, A. G. et al. Alimentos diet e light: uma abordagem no ensino fundamental. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 6, n. 11, p. 87246-87250, nov. 2020.








