Autores
Silva, S. (IFMT - CAMPUS CONFRESA)  ; Caetano, V. (IFMT - CAMPUS CONFRESA)  ; Fernandes, G. (IFMT - CAMPUS CONFRESA)  ; Leão, M. (IFMT - CAMPUS CONFRESA)
Resumo
O currículo escolar compreende tudo o que 
acontece no processo educativo. Devido a 
sua importância, o presente estudo teve como 
objetivo analisar como os professores 
de Química de uma cidade mato-grossense 
compreende a relação entre o ensino de 
Química e o currículo escolar. Trata-se de uma 
pesquisa exploratória, de abordagem 
qualitativa, realizada em 2020, que envolveu 7 
professores de Química, que atuam 
no Ensino Médio de uma cidade mato-grossense. 
Para coletar dados, foram realizadas 
entrevistas online, cujo roteiro continha 10 
questões abertas. Além da compreensão 
de currículo, os professores informaram quais 
documentos se baseiam para planejar 
suas aulas. Logo, compreender que o currículo 
é amplo e requer planejamento 
estratégico é fundamental para os professores 
de Química.
Palavras chaves
Currículo escolar; Ensino de Química; Percepção dos professores
Introdução
Compreende-se por currículo escolar, um 
documento norteador em conceitos e 
práticas propostas para serem desenvolvidas em 
cada nível de ensino. Para Lopes 
(2016), o currículo escolar representa uma 
ligação entre matérias, disciplinas 
com estrutura familiar que projetam uma 
sequência lógica, com o respectivo tempo 
de cada matriz e grade curricular.
Atualmente, o currículo escolar é um tema de 
grande importância para os gestores 
escolares, professores, estudantes e até mesmo 
para os pais. Os esforços para o 
preparo de propostas curriculares, que 
favoreçam a construção de um ambiente 
escolar de qualidade é um desafio da 
atualidade que vem apresentando resultados 
positivos, proporcionando aos estudantes 
sucesso em sua trajetória escolar, 
cumprindo o seu objetivo de contribuir para a 
construção e consolidação de uma 
educação de qualidade.
No entanto, para entender como é o currículo 
escolar na área das ciências da 
atualidade, precisa-se conhecer o processo 
histórico. De acordo com a 
Orientações Curriculares do Estado Mato Grosso 
2010 (ORIENTAÇÕES, 2010), até o 
início do século XX, houve um precário 
desenvolvimento científico e tecnológico 
no Brasil, o que, possivelmente, foi 
influenciado pelo não desenvolvimento do 
ensino de Ciências. 
Com as dificuldades da época e o ensino 
voltado para a Elite, que priorizava o 
ensino superior somente para ocupação dos 
cargos de responsabilidades, outro 
aspecto a ser observado é que o desprestígio 
da disciplina Química no currículo 
também pode ser identificado pela quantidade 
de aulas, relacionado ao fato de 
historicamente, as Ciências estarem associadas 
ao fazer e não ao pensar.
Desse modo, seguindo as Orientações 
Curriculares do Estado Mato Grosso 2010 
(ORIENTAÇÕES, 2010), esse dilema entre o 
científico e o cotidiano foi se 
desfazendo no contexto da legislação, na 
década de 1970, com a promulgação da 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
(5.692/71) e com a criação do ensino 
profissionalizante em nível de 2º grau, que 
conferiu ao ensino de Química um 
caráter acentuadamente técnico-científico. De 
acordo com Scheffer (1997), com a 
redemocratização do Brasil, em 1945, reavivam-
se os anseios para uma Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação, que é 
consolidada em 1961, com uma liberdade na 
elaboração curricular, que permitiu o 
surgimento de projetos diferenciados no 
ensino de Ciências. 
Atualmente, o Ministério da Educação, que no 
século passado, através de 
publicações documentais propondo os Parâmetros 
Curriculares Nacionais para o 
Ensino Médio, a Química começa a ocupar um 
papel importante. De acordo, com 
Brasil (1999), ela está presente e deve ser 
reconhecida nos alimentos e 
medicamentos, nas fibras têxteis e nos 
corantes, nos materiais de construção e 
nos papéis, nos combustíveis e nos 
lubrificantes, nas embalagens e nos 
recipientes. Por isso, o currículo escolar de 
química é tão importante.
Portanto, todo o caminho percorrido pelo 
estudante durante sua vida escolar é 
todo ordenado pelo currículo escolar, onde são 
estruturados todos os conteúdos 
que o estudante deve aprender em que cada ano 
letivo. Atualmente, este currículo 
passou a ser norteado pela BNCC, com o 
objetivo de promover equidade na 
educação, sejam em escolas privadas ou 
públicas.
Diante do exposto, este estudo tem por 
objetivo analisar como os professores de 
Química de uma cidade mato-grossense 
compreende a relação entre o ensino de 
Química e o currículo escolar.
Material e métodos
Durante as aulas de Metodologia do Ensino de 
Química, do curso de Licenciatura 
em Ciências da Natureza com habilitação em 
Química, do Instituto Federal de 
Educação Ciências e Tecnologia de Mato Grosso 
(IFMT) Campus Confresa, foi 
proposta a realização de uma pesquisa com 
professores de Química da região, com 
o intuito de posterior ao questionário fazer 
uma análise da entrevista para 
compreender a relação entre o ensino de 
Química e o currículo escolar. 
É importante ressaltar que o professor 
disponibilizou um roteiro (questionário) 
para a entrevista, dessa forma a entrevista 
seria padronizada. A atividade foi 
desenvolvida no ano de 2020, levando em 
consideração o fato de estarmos passando 
pelo primeiro ano da pandemia da Covid – 19, a 
pesquisa foi realizada por meio 
de entrevistas semi-estruturadas por meio de 
recursos tecnológicos de 
comunicação, geralmente via Google Meet. 
Ao todo, sete professores participaram da 
pesquisa e responderam aos seguintes 
questionamentos: 1) Há quanto tempo já atua 
ministrando aulas de química? 2) Já 
ministrou aulas de outras disciplinas? 3) O 
que você compreende por currículo 
escolas? 4) Existe um currículo norteador para 
o ensino de química em sua 
escola? Em caso afirmativo, esse currículo 
está de acordo com a BNCC e as 
Orientações Curriculares de Mato Grosso? 5) 
Como você seleciona os conteúdos a 
serem abordados em aula e escolhe as 
estratégias que utilizara para ensinar? 6) 
Em que você se apoia para planejar suas 
atividades docente? 7) Em suas aulas já 
ocorreu de ser necessário mudar as atividades 
planejadas? Relate o motivo. 8) 
Existem conceitos químicos que você considera 
mais importante de ser ensinados? 
9) Qual a importância de ensinar química aos 
estudantes? 10) Considerando suas 
experiencia em anos anteriores, conseguiu 
desenvolver o currículo previsto para 
cada etapa escolar?
No intuito de garantir o anonimato dos 
sujeitos dessa investigação, os nomes 
foram substituídos por algarismos 
alfanuméricos da seguinte forma: P1 (Professor 
1), P2 (Professor 2), P3 (Professor 3) e assim 
sucessivamente.
Resultado e discussão
Como já mencionado, a entrevista foi realizada 
com sete professores de química 
de uma cidade mato-grossense. Os dados 
coletados permitiram observar que os 
professores envolvidos possuem entre dois 
meses e vinte e um anos atuando em 
aulas de química. Quando questionados se já 
ministraram aulas de outras 
disciplinas, quatro responderam que não, 
enquanto outros três responderam que 
sim, o P1 ministrou aulas de física e 
matemática, o P2 de ciências e o P3 de 
matemática.
Em relação ao entendimento dos professores por 
currículo escolar, todos 
relataram a mesma linha de pensamento, que se 
trata de um meio norteador com 
apanho de conceitos e práticas que devem ser 
trabalhados em cada nível de 
ensino, ou seja, todos compreendem como um 
caminho que direciona o processo 
educacional. O P1 ainda complementa este 
questionamento afirmando que “o 
currículo é flexível, deve ser sempre 
discutido e o professor deve sempre 
selecionar conteúdos que serão importantes na 
formação do estudante, além disso 
cada escola deve pensar o seu currículo de 
acordo com o contexto que está 
localizada”.
Referente ao questionamento sobre a existência 
do currículo escolar para o 
ensino de química na escola onde os 
entrevistados ministram aula, todos 
informaram que existe, o P1, P2, P3, P4, P5 e 
P6 mencionaram o Projeto Político 
Pedagógico do Curso (PPC), enquanto o P7 
mencionou apenas o livro didático.
Quando indagados sobre como realizam a seleção 
de conteúdos a serem abordados em 
aula e como escolhem as estratégias para 
ensinar, o P1 respondeu “A seleção dos 
conteúdos é de acordo com a ementa prevista no 
curso. O conteúdo está previsto, 
o que faço é selecionar a forma de abordar 
cada um deles, e o nível de 
aprofundamento de acordo com a turma. As 
estratégias dependem do conteúdo e do 
número de estudantes. Como sempre fico com 
muitas disciplinas que envolvem 
cálculos, tenho o cuidado de não fazer 
atividades que demorem muito e atrapalhe 
o rendimento da turma. Geralmente as aulas com 
experimentos podem ajudar a 
compreender os conceitos, que é muito 
importante para entender como fazer os 
cálculos.” O professor P2 respondeu que 
seleciona “de acordo com as competências 
que devem ser trabalhadas em cada ano, em 
consonância com a BNCC e o currículo 
da escola.” Os professores P3, P4, P5 e P6 
mencionaram o tradicional e a 
atualidade, onde tentam unir desde os livros 
aos meios digitais. Enquanto o P7 
relatou que “sempre que possível tento 
relacionar a teoria com a prática, para 
complementar o que foi estudado em sala 
realizo a demonstração de algumas 
experiências”.
E relação aos meios que se apoiam para 
planejar as atividades docentes, o P1, 
P3, P4, P5 e P6 frisaram que se apoiam no 
currículo descrito no PPC e em livros, 
artigos e textos cientificados publicados.  O 
P2 mencionou a BNCC, internet e 
livros didáticos. Já o professor P7 mencionou 
o livro didático, sites da 
internet e vídeos aulas.
Referente ao questionamento sobre se já 
ocorreu de ser necessário mudar as 
atividades planejadas, todos mencionaram que 
sim, até mesmo o professor P7 que 
possui apenas dois meses de atuação. O motivo 
relatado pelos P1 e P7 se 
relacionam a quantidade de alunos 
insuficientes para determinada atividade.  O 
P2 relatou que “diversas situações levam a 
mudança no planejamento, desde a 
dificuldade demostrada pelos estudantes até 
mesmo a chegada de novos estudantes. 
Rever o planejamento tem que ser uma postura 
adotado por todos docentes quando 
perceber que os objetivos não foram 
alcançados. Sem mencionar os imprevistos que 
acabam ocorrendo nas escolas, como falta de 
água e outros similares.” Os P3, P4, 
P5 e P6 mencionaram que muitas vezes as 
atividades práticas planejadas não podem 
ser realizadas por falta de equipamentos, 
reagentes ou vidrarias.
Quando indagados se consideram conceitos 
químicos mais importantes de ser 
ensinados, todos os professores com exceção do 
P2 responderam que sim, 
justificando que há conceitos mais importantes 
por se relacionarem com o 
cotidiano dos estudantes. O P2 justificou que 
concorda “com a sequência didática 
e neste contexto partimos de conceitos mais 
simples e vai evoluindo para 
conceitos mais complexos. Na química e 
ciências os conceitos são uma sequência. 
Nesta linha não existe algo mais ou menos 
importante, o estudante precisa pensar 
criticamente sobre todo o assunto abordado 
para auxiliar no processo de tomada 
de decisão e construção do conhecimento 
científico. Sem deixar de mencionar que 
as realidades dos estudantes devem ser 
inseridas no contexto estudado, e o 
assunto que cada professor considera mais 
importante pode não ter impacto direto 
na vida do estudante. Agora as pautas 
ambientais devem ter destaques em todo os 
conceitos trabalhados, mas de forma 
interdisciplinar por todos os demais 
professores.”
Em relação ao questionamento sobre a 
importância de ensinar química aos 
estudantes, todos os professores argumentaram 
o fato desta disciplina estar 
presente diversas atividades e produtos 
utilizados cotidianamente.
Relativo a última pergunta da entrevista, que 
questionava se os professores 
conseguiam desenvolver o currículo previsto em 
cada etapa de escolarização. 
Todos com exceção do P7 que tem pouco tempo de 
atuação, responderam que algumas 
vezes sim, outras não. Dado que existem muitas 
interferências que podem 
prejudicar o andamento e o planejamento do 
currículo, como o desenvolvimento da 
turma e a bagagem de conhecimento de anos 
anteriores.
Conclusões
Com a realização deste estudo, tornou-se visível a importância do currículo no 
contexto escolar e, por isso, mostrou-se uma ferramenta indispensável no processo 
educacional. Por meio do currículo escolar, a escola se torna uma instituição 
capaz de contribuir para que a realidade social da escola seja refletida e 
conscientizada pelos estudantes.
Também permitiu entender o funcionamento do currículo escolar de química de acordo 
com os professores deste componente curricular, muitos com mais de dez anos de 
atuação na educação. Com a entrevista, percebe-se que o currículo escolar é de 
suma importância, no entanto, o mesmo deve ser flexível e levar em consideração as 
necessidades de cada instituição de ensino, em razão de que nem todas possuem a 
mesma realidade. Como mencionado pelos professores, muitas vezes o currículo 
proposto não pode ser desenvolvido, por isso essa flexibilidade é importante. 
Agradecimentos
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais Ensino Médio. Brasília, DF: Ministério de Educação, 1999.
LOPES, G. K. F. Currículos e programas. 1 ed.  Sobral: Inta, 2016.
ORIENTAÇÕES Curriculares: Área de Ciências da Natureza e Matemática: Educação Básica. / Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso. Cuiabá: SEDUC-MT, p. 83-102, 2010.
SCHEFFER, E. W. O. Química: ciência curricular, uma abordagem histórica. Dissertação de mestrado do curso de Pós-graduação em educação da Universidade Federal do Paraná. Curitiba – PR, 1997.








