• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

Breve estudo sobre o uso da compostagem como proposta de educação maker para o ensino de Ciências

Autores

Costa, J.S. (LPEQI - UFG) ; Santos, R.C. (LPEQI - UFG) ; Rodrigues, W.A. (LPEQI - UFG) ; Garcia, F.N.S.V. (LPEQI - UFG) ; Silva, G.M. (SEE - GO) ; Carvalho, S. (UFG) ; Benite, A.M.C. (LPEQI - UFG) ; Benite, C.R.M. (LPEQI - UFG)

Resumo

A compostagem é uma atividade que gera insumos para melhoria do solo, reduz a poluição ambiental, estimula o exercício da cidadania e pode ser usada como proposta de formação crítica e criativa com foco no desenvolvimento de habilidades no ensino de Ciências. Baseados na Teoria da Atividade de Leontiev e contendo elementos da pesquisa-ação, evidenciamos neste estudo o uso da educação maker enquanto estratégia para ensino de conteúdos de Ciências a partir da prototipagem de uma composteira para a fertilização de uma horta como meio de estimular os alunos à busca de soluções criativas para questões sociais, o acumulo de lixo orgânico na escola, por meio da manipulação de artefatos reais com o auxílio de tecnologias potencializadoras, tornando-os agentes ativos no processo de aprendizagem.

Palavras chaves

Ensino de Ciências; Educação Maker; Prototipagem

Introdução

O hábito excessivo do consumo de produtos tem causado o aumento exacerbado do acúmulo de lixo e, consequentemente, provocado impactos no meio ambiente. Sobre o lixo orgânico, uma forma de auxiliar na sua decomposição é com a compostagem, o reaproveitamento de restos de alimentos processados durante um período cíclico e natural permitindo a formação de adubo orgânico. A degradação da matéria orgânica ocorre pela ação de microrganismos aeróbios e a incorporação do oxigênio por meio do revolvimento em tempos específicos da leira ou mesmo do material em decomposição (TEIXEIRA, 2004). Essa prática é viável uma vez que permite a transformação desse material em um composto fertilizante nutritivo para plantações minimizando o descarte em aterros sanitários. Visando a compreensão e participação de alunos e o possível alcance à comunidade escolar em ações que contribuam com a diminuição do lixo e aumento da qualidade de vida assumimos como essencial a valorização dos temas ambientais no ensino de Ciências defendendo propostas que valorizem o pensamento crítico e criativo promovendo tanto a apropriação de conhecimentos quanto a formação cidadã (UNESCO, 1987). Posto isso, encontramos na educação maker uma estratégia para o ensino de Ciências que propõe ao aluno lidar com desafios atuais, aprendendo e despertando habilidades capazes de encontrar soluções que modifiquem a realidade (BACICH e HOLANDA, 2020; MACHADO e ZAGO, 2020). Pautados na Teoria da Atividade (LEONTIEV, 1984), este trabalho versa sobre o uso da educação maker como proposta de ensino de conceitos de Ciências a partir da prototipagem de uma composteira para a fertilização de uma horta reaproveitando lixo orgânico gerado na escola para auxiliar na produção de alimentos em tempos de crise ambiental.

Material e métodos

Empregando elementos da pesquisa-ação, neste estudo os professores agem como pesquisadores da própria prática pedagógica usando suas reflexões com o intuito de aprimora-la contribuindo para o aprendizado de seus alunos (TRIPP, 2005). Impulsionados por questões da realidade social, a educação maker promove prática reflexivas e criativas em que o aluno é agente ativo no processo de ensino- aprendizagem prototipando soluções para problemas cotidianos orientados pelo professor. A prototipagem valoriza as experiências dos alunos que convivendo com situações de erros e acertos têm a possibilidade de compreenderem as Ciências em assuntos relacionados ao cotidiano. Assim, o primeiro ciclo espiral de pesquisa- ação foi caracterizado pela construção da horta (Fig.1) por professores em formação continuada (PFC) e alunos (A) do ensino médio de uma escola pública considerando o caráter coletivo de uma proposta que pudesse contribuir para a reorganização do ensino de Ciências possibilitando o entendimento dos mais variados sentidos atribuídos à educação maker. Amostras do solo foram coletadas pelos alunos, com a orientação da professora de biologia, para análise no laboratório da universidade apresentando resultado apropriado para cultivo. A dinâmica é constituída de três momentos semanais: a manutenção da horta; aula no contraturno via google meet para discussão de conceitos de Biologia, Química e Física; e aulas de educação maker com foco na prototipagem de artefatos manuais (Fig.2) e eletrônicos (robótica) que auxiliem na manutenção da horta e na qualidade do ambiente escolar. O segundo ciclo espiral se referiu a construção das composteiras (Fig.3) feitas com lixeiras grandes dispostas por camadas de 20 cm alternando restos de capina, material orgânico da escola (Fig.4) e serragem.

Resultado e discussão

O sujeito não pode apenas estar no mundo transformado pela ação de gerações anteriores, precisa atuar sobre ele com o auxílio de ferramentas e linguagens em busca de desenvolvimento de aptidões e patrimônio cultural (LEONTIEV, 1984). Baseados na Teoria da atividade professores em formação continuada do nosso laboratório fazem uso da cultura maker no ensino de Ciências desenvolvendo atividades escolares em função da prototipagem visando refletir/solucionar problemas sociais simples, sendo esse o cerne para a compreensão do que motiva os alunos a realizarem algo. Numa aula sobre os impactos ambientais causados pelo descarte de lixo, a construção da composteira foi proposta por A1, baseado em vídeo disponível no youtube, como forma de reaproveitamento dos materiais orgânicos na forma de insumos para fertilização da horta. Integrando elementos da cultura maker no ensino de Ciências, PFC usa a horta como espaço de experimentação atrelado a prática ‘Do it yourself’ que com o suporte de computadores, dispositivos móveis e acesso a internet os alunos atuam de forma ativa buscando/sugerindo contribuições para o desenvolvimento do projeto, como feito por A1 e A2 (Fig.5: Extrato 1). A compostagem é um processo de decomposição aeróbia controlada e de estabilização da matéria orgânica em condições que permitam a obtenção de um produto final estável, sanitizado, rico em compostos húmicos, cujo uso no solo não oferece riscos ao meio ambiente (FAN et al., 2018). Sua eficiência também está relacionada à presença de compostos que promovem condições ideais para os microrganismos aeróbios se multiplicarem e atuarem na transformação da matéria orgânica, assunto abordado na aula por PFC (Fig.6: Extrato 2), com o intuito de promover reflexão sobre a ação para tomada de consciência.

Figura 1

Fig.1: Horta; Fig.2: Atividade maker; Fig3: Composteiras; Fig.4: Material orgânico

Figura 2

Fig.5: EXTRATO 1; Fig.6: EXTRATO 2

Conclusões

Para que a escola forme sujeitos capazes de tomar decisões coerentes na sociedade e no ambiente é necessário que as práticas educativas estejam em consonância com propostas que estimulem a formação crítica e criativa dos alunos promovendo participações ativas na relação entre conteúdos escolares e a transformação do ambiente com suas habilidades. Assim, a educação maker se mostrou uma proposta relevante para o desenvolvimento de atitudes conscientes nos alunos quanto ao uso dos saber escolares e tecnológicos e suas implicações no meio ambiente tornando as aulas de Ciências mais interessantes.

Agradecimentos

Ao CNPq

Referências

BACICH, L. e HOLANDA, L. STEAM em sala de aula: aprendizagem baseada em projetos integrando conhecimentos na educação básica. Porto Alegre: Penso, 2020.
FAN, Y.V.; LEE, C.T.; KLEMES, J.J.; CHUA, L.S.; SARMIDI, M.R.; LEOW, C.W. Evaluation of effective microorganisms on home scale organic waste composting. Journal of Environmental Management, v.216, p.41-48, 2018.
LEONTIEV, A.N. Actividad, consciencia y personalidad. México: Editorial Cartago de México, 1984.
MACHADO, A.A. e ZAGO, M.R.R.S. Articulações entre práticas de educação ambiental, robótica e cultura maker no contexto das aulas de laboratório de Ciências. Tecnologia, Sociedade e conhecimento, v.7, n.2, p.143-168, 2020.
TEIXEIRA, L.B.; GERMANO, V.L.C.; OLIVEIRA, R.F.; FURLAN JUNIOR, J. Circular técnica 33: Embrapa Processo de Compostagem, a Partir de Lixo Orgânico Urbano, em Leira Estática com Ventilação Natural. Belém, Embrapa Amazônia Oriental, 2004.
TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, v.31, n.3, p.443-466, 2005.
UNESCO. Congresso Internacional UNESCO/PNUMA sobre La educacion y la Formacion Ambientales, Moscou, in: Educação Ambiental, Situação Espanhola e Estratégia Internacional. DGMA-MOPU, Madrid, 1987.

Patrocinador Ouro

Conselho Federal de Química
ACS

Patrocinador Prata

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Patrocinador Bronze

LF Editorial
Elsevier
Royal Society of Chemistry
Elite Rio de Janeiro

Apoio

Federación Latinoamericana de Asociaciones Químicas Conselho Regional de Química 3ª Região (RJ) Instituto Federal Rio de Janeiro Colégio Pedro II Sociedade Brasileira de Química Olimpíada Nacional de Ciências Olimpíada Brasileira de Química Rio Convention & Visitors Bureau