Autores
Leite, W.C. (UFPA - CAMPUS DE ANANINDEUA)  ; Botelho, E.V.D. (UFPA - CAMPUS DE ANANINDEUA)  ; Santos, J.K.R. (UFPA - CAMPUS DE ANANINDEUA)
Resumo
O presente trabalho analisa elementos de uma sequência didática lúdica sobre a 
composição química do açaí e uso de plantas medicinais da Amazônia para o ensino 
de química. Ela foi realizada com estudantes residentes na Ilha do Combu, 
localizada na região insular de Belém-Pará. Tal sequência foi pautada em roda de 
conversa sobre o assunto, produções artísticas contextualizadas com as plantas, 
realização de experimentos científicos com o açaí e jogos didáticos para fixação 
dos conteúdos. Os resultados demonstraram o grande interesse dos alunos sobre a 
temática resultando na eficácia da aplicação da sequência didática para os alunos 
da região ribeirinha.
Palavras chaves
Sequência didática; Ludicidade; Educação ribeirinha
Introdução
A região insular de Belém no Estado do Pará é composta por 39 ilhas que estão 
espalhadas por este território (BELÉM; CODEM, 2020), entre elas está o Combu 
onde estima-se que a população seja de 1.500 habitantes (PROTEÇÃO, 2018). 
Seus moradores vivem em palafitas às margens do rio. A educação escolar na ilha 
é feita até o ensino fundamental, para os níveis seguintes os estudantes se 
deslocam diariamente para estudar em Belém. 
A ilha é responsável pela produção do fruto de açaí e palmito (BELÉM, 2018). 
Diante disso, as plantas têm seu papel bem diversificado para  a região, como na 
alimentação  no cultivo de plantas frutíferas  ricas em nutrientes,  plantas  
medicinais    possuem um potencial rico de pesquisa e ensino sobre a composição 
química e seu uso diverso. 
Pautado neste contexto, utilizar as vivências dos estudantes ribeirinhos pode 
possibilitar uma aprendizagem significativa, promovendo assim o ensino de 
química contextualizado e dinâmico por meio de atividades lúdicas que sejam 
envolventes, interativas e despertem a motivação pelo aprender. Segundo Knechtel  
e Brancalhão (2008, p.2354-8)   “o  lúdico pode ser utilizado como promotor da 
aprendizagem nas práticas escolares, possibilitando a aproximação dos alunos ao 
conhecimento científico”. 
O trabalho tem como objetivo analisar elementos de uma na sequência didática 
lúdica utilizada para ensinar sobre a composição química de frutos comestíveis e 
plantas medicinais encontradas na Ilha do Combu para a promoção da aprendizagem 
em química. 
Material e métodos
O presente trabalho de viés qualitativo apresenta uma síntese 
de experiências educacionais para uso didático e experimental visando o ensino 
de química. Nestes termos, tal sequência didática foi construída pautada 
nos quatro pontos sistematizados.
Tal proposição foi executada com estudantes do ensino fundamental na Sala de 
Leitura localizada na Ilha do Combu, durante uma oficina realizada em uma manhã 
de sábado com cerca de 50 participantes de faixa etária diversificada (a maioria 
eram crianças e adolescentes). A atividade foi desenvolvida pelas autoras deste 
trabalho.
Para o primeiro momento, de forma dialogada ouvindo as experiências dos 
estudantes sobre a temática abordada, utilizou-se dois materiais didáticos 
informativos em forma de livretos produzidos pelas autoras deste trabalho 
contendo ilustrações sobre o açaí, plantas medicinais e tóxicas. Posteriormente, 
os estudantes fizeram produções artísticas com desenhos para representar 
cenários de sua marca ambiental e relação com o contexto ambiental, utilizando 
para isso material orgânico de plantas coletadas ao redor da Sala de Leitura 
(serapilheira). Em seguida, foram realizadas experiências científicas com o açaí 
de forma expositiva e dialogada enfatizando os elementos químicos e componentes 
nutricionais do fruto, destacando seu caráter ácido/básico. Vale ressaltar que o 
extrato utilizado nas práticas foi trazido pelos familiares dos alunos para 
lanche coletivo no dia da oficina. Na sequência, através de jogos e 
brincadeiras, foram relacionados elementos essenciais para a composição da 
Babosa (Aloe vera) e para o processo de fotossíntese. Nesta última fase, para 
fixação de conteúdo do livreto e exposição realizada pelas pesquisadoras foram 
utilizados no jogo de boliche onde os alunos afirmavam em quais alimentos 
apresentavam, por exemplo: Cálcio, Potássio e Magnésio. Para além, foi realizado 
experimento científico para sinalizar a composição do açaí, associando a 
características ácidas e básicas. 
Resultado e discussão
No primeiro momento da sequência didática (Figura 1), sendo 
uma exposição dialogada, observou-se grande interação dos alunos com a 
temática. Por se tratar de assuntos com abordagem relacionada ao cotidiano dos 
alunos, demonstrou-se de suma importância para o despertar do aluno com a 
ciência. Moreira (2011) ressalta sobre a importância da utilização de materiais 
diversificados como método de fortalecimento do ensino-aprendizagem, no qual 
facilite a aprendizagem do alunando.
Os procedimentos experimentais (Figura 2) foram cruciais para 
que os alunos compreendessem que para além do consumo, o açaí pode ser um 
indicador de ácidos e bases. Tal procedimento despertou vasta curiosidade 
mediante o assunto e a variação de pigmentos das soluções utilizadas (limão, 
vinagre, água sanitária e detergente), essa variação se dá pela variação no pH 
dessas soluções. Couto et. al. (1990) afirmam que a principal características 
dessa variação de cores é a principal características para o uso didático, 
principalmente relacionada ao ensino-aprendizagem de química. 
As atividades lúdicas desenvolvidas nessa sequência didática foram relacionadas 
a vivência e experiência do alunando. Tal eixo pode contar com a participação de 
toda a comunidade presente no local na qual despertou curiosidade sobre o método 
de fixação de conteúdo e o desenvolvimento do raciocínio lógico. Foi observado, 
também, que as atividades proporcionaram uma troca de experiências entre os 
estudantes, o que proporcionou uma ajuda mútua em relação ao conteúdo 
relacionado aos elementos presentes na composição química do açaí. Para além, 
tal ludicidade proporcionou conhecimento para além das plantas e do fruto 
comestível. Os alunos identificaram em quais outros alimentos estavam presentes 
o Cálcio, Potássio e Magnésio, por exemplo. 
Para Fialho (2007) o alunando precisa de muito mais do que o simples ouvir. 
Neste contexto, é de suma importância a realização de práticas pedagógicas para 
o ensino-aprendizagem de química, principalmente relacionada ao cotidiano como é 
a relação deles com a floresta e o consumo diário do açaí. Observando o 
conhecimento limitado relacionado à química, pode-se dizer que a sequência 
didática apresentada aos alunos da comunidade ribeirinha da Ilha do Combu, foi 
essencial para a compreensão da temática aplicada. 

Fonte: as autoras (2022)

Fonte: as autoras (2022)
Conclusões
Dessa forma, através do ensino lúdico e diversificado da ciência química 
potencializado pelo uso de livretos de produção autoral, brincadeiras/jogos e 
experimentos todos pautados no contexto da vida ribeirinha da região amazônica, 
foi possível notar que a atividade despertou nos estudantes interesse e afeição 
com os assuntos abordados, por meio da inovação metodológica com a associação com 
a vivência deles. Portanto, a sequência de ensino realizada o demonstrou que o 
aprendizado vai além da sala de aula e que a Universidade tem o papel social 
fundamental visando a formação dos futuros docentes com a realidade escolar 
promovendo cidadania através de ações sociais de valorização cultural e informação 
científica com estratégias que atinjam a diversidade e especificidades da 
clientela estudantil da Amazônia.
Agradecimentos
A Universidade Federal do Pará, ao Projeto de Extensão LudQuí, a PROEX, a 
orientadora Drª. Janes Kened, a comunidade da Ilha do Combu, e aos coordenadores 
da Sala de Leitura Canto do Rio, muito obrigada.
Referências
BELÉM. CODEM. Anuário Estatístico do Município de Belém – 2010, 2020. Belém 2020.
BELÉM. PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM. Ver-Belém, 2018.
COUTO, A.B. et. al. Aplicação de Pigmentos de Flores do Ensino de Química. Química Nova, vol. 21, nº 2, p. 221-227, 1998.
FIALHO, N. N. Jogos no Ensino de Química e Biologia – Curitiba: Ibpex. 2007.
PROTEÇÃO Ambiental da Ilha do Combu, 2018. Disponível em https://ideflorbio.pa.gov.br/unidades-de-conservacao/regiao-administrativa-de-belem/area-de-protecao-ambiental-da-ilha-do-combu/. Acesso em: 14 out. 2022.
KNECHTEL, C. M.; BRANCALHÃO, R. M. C. Estratégias lúdicas no ensino de ciências. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense, p. 2354-8, 2008.
MOREIRA, M.A, Teorias de Aprendizagens, São Paulo, EPU, 2011.








