• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

ORGANIZAÇÃO DE UM MANUAL DE ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE ÁGUA COMO ESTRATÉGIA DE REALIZAÇÃO DE AULAS PRÁTICAS EM UM CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM PETROQUÍMICA

Autores

Filgueiras, J.S. (IFCE) ; Vasconcelos, A.K.P. (IFCE) ; Barroso, M.C.S. (IFCE) ; Sampaio, C.G. (IFCE)

Resumo

O presente trabalho teve como ideia principal desenvolver um manual de análises Físico-Químicas da água de bebedouros, que foi elaborado a partir de um manual prático de análises de água, disponibilizado pela Fundação Nacional da Saúde, buscando tornar as práticas laboratoriais mais frequentes em um curso técnico integrado em petroquímica e, consequentemente, promover a articulação entre teoria e prática no processo de ensino-aprendizagem de Química, a partir da análise de diferentes parâmetros Físico-Químicos. Como método, elaborou-se e aplicou-se um questionário, o qual foi encaminhado para discentes, docentes e técnicos de laboratório. Em geral, os resultados analisados foram satisfatório e evidenciaram a relevância do material para o público alvo.

Palavras chaves

Ensino-aprendizagem; Aulas práticas; Química

Introdução

A Química, também conhecida como a ciência central, é uma disciplina de grande importância para a sociedade, pois facilita a compreensão dos fenômenos que nos cercam diariamente. Atualmente, é notória uma falta de interesse por parte dos alunos com relação a essa disciplina, pois dizem ser abstrata, de difícil compreensão e decorativa. Com base nisso, surgem vários questionamentos: o problema é a disciplina? O professor? O ensino? A escola? Ou o aluno? Segundo Queiroz & Almeida (2004) e Saviani (2011), o problema está no ensino tradicional, onde o aluno é direcionado a decorar inúmeras fórmulas, reações e propriedades, sem a possibilidade de relacionar o conteúdo com alguma vivência. Para Saraiva et al., (2017), a aula prática é considerada uma ferramenta imprescindível para o ensino e uma espécie de catalisador para os conhecimentos embasados pelos alunos nas aulas teóricas, devido ao fato da postura experimental permitir um contato direto com o que foi estudado, tornando-se um instrumento facilitador para a fixação das informações. No contexto atual observa-se que, em grande parte das escolas, as aulas práticas representam uma pequena parcela das aulas ministradas. Deste modo, propôs-se com este trabalho a execução de aulas práticas otimizadoras e de fácil realização. Com base nessa proposta, desenvolveu-se um manual prático de análises Físico- Químicas, com a finalidade de auxiliar técnicos de laboratório, discentes e docentes do curso Técnico Integrado em Petroquímica na realização de atividades práticas frequentes, buscando facilitar a compreensão dos conteúdos de química, estimular a criatividade e o pensamento crítico e reflexivo dos estudantes, de forma a contribuir na construção de uma aprendizagem significativa.

Material e métodos

O presente trabalho surgiu a partir de um projeto de iniciação científica e caracteriza-se como uma pesquisa quali-quantitativa, pois busca verificar e mensurar a importância do manual para o processo de ensino e aprendizagem dos discentes, docentes e técnicos de laboratório de Química de um curso técnico. O manual foi organizado com base no manual prático de análises de água da FUNASA, e com auxílio da ferramenta Word, sendo composto por instruções de boas práticas de laboratório, considerações iniciais para auxiliar nos cálculos e métodos de análises de alguns dos parâmetros físico-químicos, os quais: turbidez, cor, pH, alcalinidade, gás carbônico livre, cloretos, dureza total e temperatura. Além disso, nos anexos do material foi disponibilizado um link e um QR code que dá acesso a roteiros laboratoriais, onde as pessoas poderão realizar download. Com o intuito de obter uma avaliação quali-quantitativa do material, criou-se um questionário, com auxílio da ferramenta Google forms, composto por 8 questões (7 objetivas e 1 subjetiva). Em seguida, o questionário foi validado por cinco pessoas (2 docentes da área de química, 1 técnico de laboratório e dois discentes do curso técnico integrado), a fim de aprimorar o instrumento de coleta de dados e posteriormente enviado pelas redes sociais (e-mail e WhatsApp) para o público alvo: 5 professores da área de química, 2 técnicos de laboratório e 84 alunos regularmente matriculados no curso técnico integrado em petroquímica no período letivo 2019.2. Por fim, foi feita a sistematização dos resultados apresentados a seguir.

Resultado e discussão

Com relação a contribuições do manual para formação ou prática profissional, apontaram que o manual traz de maneira bem elaborada as metodologias para análises Físico-Químicas de água. Segundo Smith & Atrick (2001), um material bem elaborado é de grande importância para o processo de ensino e aprendizagem. Sobre o gosto pela disciplina de Química, 100% dos discentes responderam gostar, o que segundo Piaget (1999), é um fator indispensável no processo de desenvolvimento cognitivo, visto que a afinidade pela disciplina influencia significativamente no processo de ensino e aprendizagem. Acerca da escrita do material, 100% considerou de fácil compreensão. Nesse sentido, Charaudeau (2013, p. 7), afirma: “É a linguagem que permite pensar e agir, pois não há ação sem pensamento, nem pensamento sem linguagem”. Sobre a obtenção de uma aprendizagem significativa com a prática, 100% dos técnicos, 80% dos docentes e 100% dos alunos concordaram. Em relação as formas de mensurar a aprendizagem dos alunos, 80% dos docentes alegaram prova e relatório, enquanto 20% relatório. Quanto aos principais desafios ao auxiliar os discentes em laboratório, os técnicos citaram a quantidade de alunos presentes. Com relação aos desafios no ensino de Química, 80% dos professores citaram a falta da alfabetização científica. Sobre os principais desafios que os alunos encontram em Química, 52,4%, citaram falta de práticas aliadas à teoria; 14,3% disseram possuir dificuldades em cálculos; e os 19,05% disseram ter dificuldades de associar os conteúdos. Por fim, acerca da possibilidade de melhoria do manual, 80% dos professores disseram que será necessário fazer ajustes baseados nas experiências e 81% dos discentes apontaram a inserção de mais ilustrações. Os técnicos não apontaram nenhuma melhoria.

Conclusões

Os resultados obtidos denotam que o manual possui uma linguagem de fácil compreensão, com métodos e conteúdos que contribuirão para a formação e prática profissional dos entrevistados e auxiliarão na construção de uma aprendizagem significativa. Assim, conclui-se que os entrevistados consideraram o material como uma ferramenta de grande importância para o processo de ensino e aprendizagem de Química, visto que o recurso engloba vários conceitos técnicos e é um instrumento essencial para colocar em prática boa parte das teorias retratadas em sala de aula.

Agradecimentos

Agradecemos ao CNPq, pela bolsa ofertada para a realização deste projeto de iniciação científica e ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) por todo suporte nos dados.

Referências

CHARAUDEAU, P. Linguagem e discurso: modos de organização. São Paulo: Contexto. FUNASA - FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE. Manual Prático de Análise de Água. Brasília, 4º edição, 2013.
FUNASA - FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE. Manual Prático de Análise de Água. Brasília, 4º edição, 2013
PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999.
QUEIROZ, S. L., & ALMEIDA, M. J. P. M. de. Do fazer ao compreender ciências: reflexões sobre o aprendizado de alunos de iniciação científica em química. Ciência & Educação (Bauru), 10(1), 41-53, 2004.
SARAIVA, F. A.; VASCONCELOS, A. K. P.; LIMA, J. A. & SAMPAIO, C. G. Atividade Experimental como Proposta de Formação de Aprendizagem significativa no Tópico de Estudo de Soluções no Ensino Médio. Revista Thema, 14(2), 194-208, 2017.
SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. Revista Campinas: Autores Associados, 8(1), 2011.
SMITH, C. & STRICK, L. Dificuldades de aprendizagem de A a Z: um guia completo para pais e educadores. Tradução de Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed, 2001.

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