Autores
Carvalho, J.L. (IFF)  ; Nunes, R.C. (IFF)
Resumo
Com o intuito de desenvolver mudanças nas práticas didáticas atuais, estratégias 
metodológicas vêm sendo colocadas em prática. As metodologias ativas surgem como 
uma dessas estratégias inovadoras. O presente trabalho apresenta a ciência forense 
vinculada à uma metodologia ativa como tema transversal para o ensino de química 
de coordenação.  Partindo das metodologias que envolvem a Aprendizagem Baseada em 
Problemas (ABP) e uma técnica comumente utilizada nas Ciências Forenses, 
desenvolveu-se uma proposta didática envolvendo o chumbo proveniente do disparo de 
arma de fogo. A metodologia utilizada admite a elaboração de um produto 
educacional baseando-se nos procedimentos de pesquisa-ação, pressupondo ações que 
tragam elementos da pesquisa científica.
Palavras chaves
Compostos de coordenação; Metodologias Ativas; Química Forense 
Introdução
Um dos desafios de ensinar Ciências está na construção de princípios que 
possibilitem a interação dos alunos, que torne a aprendizagem mais ampla e que 
proporcione a tomada de decisões fundamentadas e críticas. Para que as 
necessidades possam ser supridas o ensino e na educação científica, surgem as 
Metodologias Ativas de Aprendizagem (NASCIMENTO e COUTINHO, 2016). De acordo com 
Berbel (2011), as metodologias ativas são formas de desenvolver o processo de 
ensino e aprendizagem utilizando de experiências reais ou simuladas. Neste caso, 
visam-se as condições de resolução de problemas de modo satisfatório, onde os 
desafios propostos são oriundos das atividades essenciais da prática social em 
diferentes contextos.
No ensino de química fala-se muito a respeito da contextualização como 
estratégia de ensino para aumentar o interesse dos alunos pelos conteúdos 
ensinados (NUNES; ADORNI, 2010). Quando as metodologias ativas são associadas a 
recursos e temáticas que são atraentes para os estudantes, elas revelam-se ainda 
mais significativas no processo de ensino-aprendizagem, neste sentido, alguns 
autores revelam possibilidades de promoção do ensino de ciências utilizando a 
química forense por meio de metodologias e estratégias de ensino (VENTURA; 
MARTINS JUNIOR, 2021). Martins et al. (2016) apontam a química forense como 
ferramenta de contextualização do conhecimento de disciplinas, utilizando do 
aprendizado para resolução de problemas aplicados à sociedade de modo geral, 
visto que, nos últimos anos o interesse pela ciência forense tem crescido devido 
às séries televisivas que retratam a rotina de profissionais forenses. Esse tipo 
de programa televisivo auxilia na construção de situações que possibilitam o 
desenvolvimento da cognição, além de despertar o interesse do aluno (SOUZA; 
LEITE, 2018)
Especificamente, quando falamos no ensino de química inorgânica destinado à 
educação superior, poucos são os trabalhos encontrados na literatura que 
utilizam de metodologias distintas para o ensino deste componente curricular, 
logo, os alunos que cursam essa disciplina tendem a apresentar certa dificuldade 
na aprendizagem e na assimilação do conteúdo. A orientadora desse trabalho vem 
observando as altas taxas de reprovação e as dificuldades na disciplina de 
Química Inorgânica 2 ministradas por ela ao longo dos anos. Nessa perspectiva, 
este trabalho objetiva elaborar uma sequência didática para o ensino de 
compostos de coordenação utilizando aspectos da química forense aplicados a 
partir da Aprendizagem Baseada em Problemas.
A Aprendizagem Baseada em Problemas é entendida como uma proposta pedagógica que 
visa posicionar o aluno frente a problemas para os quais deverá achar a solução. 
Neste tipo de metodologia, o aprendizado ocorre na medida em que o professor 
traz para o ambiente educacional, problemas reais ou fictícios, fazendo com que 
os alunos se reúnam em grupos a fim de discutirem, estudarem e adquirirem novos 
conhecimentos (NASCIMENTO e COUTINHO, 2016).
Esta pesquisa justifica-se pela possibilidade de inserção do produto educacional 
no plano de aula da disciplina de química inorgânica. Ao aproximar o 
conhecimento da realidade do aluno, objetiva-se alcançar resultados 
significativos no processo de ensino e aprendizagem, promovendo o protagonismo 
do educando na busca da resolução de problemas. A pesquisa se torna de extrema 
relevância, pois há poucas propostas para o ensino de Química Inorgânica e 
nenhuma na literatura, no que diz respeito à química forense relacionada à 
química inorgânica dos compostos de coordenação.
Material e métodos
A metodologia adotada para esta pesquisa configurou-se como pesquisa aplicada, 
visto que, entre os objetivos almeja-se a elaboração de um produto educacional. 
De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 51) “a pesquisa aplicada: objetiva 
gerar conhecimentos para aplicação prática dirigida à solução de problemas 
específicos”, neste caso, esta pesquisa buscou a intervenção por meio da 
proposta de um produto educacional. Vale ressaltar que os produtos educacionais 
são ferramentas de ensino e aprendizagem, assim como livros, manuais, 
simulações, protótipos, jogos, software, sequência didática, entre outros. Eles 
permitem uma maior aproximação entre teoria e prática para uma aprendizagem mais 
crítica e significativa.
A sequência didática elaborada baseou-se em metodologias já existentes para 
desenvolvimento de produtos educacionais, como por exemplo, a criada por Silva, 
Souza e Mepe (2018). As etapas utilizadas foram: compreensão do problema, 
projeção de 
soluções e construção do Produto Educacional. 
Após buscas na literatura a respeito de testes utilizados na ciência forense que 
envolviam compostos de coordenação, chegou-se ao teste colorimétrico de 
rodizonato de sódio para detecção de chumbo na identificação de disparos com 
armas de fogo. Na sequência, definiu-se a metodologia ativa da ABP para o 
desenvolvimento da sequência didática. 
No produto educacional, portanto, foi desenvolvido um material didático para o 
aluno partindo de um conto de mistério, onde ao identificar o problema, propõe-
seque os estudantes solucionem o mistério utilizando a Aprendizagem Baseada em 
Problemas. Além do material desenvolvido para o aluno, elaborou-se também um 
material de apoio ao professor objetivando orientá-lo quanto às informações 
necessárias para auxiliar os alunos. Neste material, está contido: as 
explicações sobre o procedimento do teste, a relação deste com as cores 
observadas, os conhecimentos prévios que os estudantes necessitam, proposta de 
tempo de execução e etapas para aplicação da metodologia.
Resultado e discussão
PRODUTO EDUCACIONAL
                      QUEM DISPAROU A ARMA DE FOGO?
Dois irmãos, Daisy e Andinho, estão voltando para casa quando encontram uma arma 
de fogo no chão. Sem saber o quê fazer, levam-na para casa para tomar uma 
decisão. Curiosos, começam a brincar com a arma e a brigar por ela até que um 
disparo ocorre. A mãe, Dona Cidinha, aparece assustada na sala e pergunta o que 
estão aprontando. Um começa a acusar o outro de ter dado o tiro e ninguém quer 
assumir a culpa, sabendo do castigo que viria na sequência. Dona Cidinha se 
pronuncia:
- Vamos chamar sua irmã, a Joice. Ela não estudou tanto para fazer Química à 
toa! Ela vai encontrar um jeito de dizer quem é o culpado de vocês dois. E quem 
for, vai se ver comigo!
Joice, ao ser chamada pela mãe, chegou na sala com esparadrapo, papel de filtro 
e um spray contendo um líquido amarelo. Colou o esparadrapo nas mãos de cada um 
dos irmãos, em sequência transferiu para o papel de filtro. Borrifou algumas 
vezes o papel com o spray
- O quê é isso que está nesse frasco, Joice? Perguntou Andinho
- É uma solução de rodizonato de sódio? Respondeu Joice
- Rô o quê?!?! Espantou-se Daisy
A Figura 1 (EXAME,2019) mostra o quê ocorreu no papel de filtro. As manchas 
avermelhadas são da mão de Daisy e as amarelas da mão de Andinho.
PROBLEMA A SER INVESTIGADO
Após leitura da descrição investigativa, agora é com você e sua equipe de 
detetives. Qual versão dessa história é verdadeira? Qual teste a Joice precisará 
utilizar para comprovar a análise e o que ele revela?
MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR
Antes de partir para a investigação, fica como sugestão ao docente realizar as 
etapas abaixo:
1° passo: Junte os alunos em grupos de 4 a 5 pessoas, disponibilize cerca de 
1h30min para o levantamento das hipóteses. Neste momento, não permita pesquisas 
na internet, o ideal é que as informações sejam reunidas a partir dos 
conhecimentos prévios.
2° passo: Após reunidas as informações, as pesquisas deverão ser iniciadas tanto 
de forma individual quanto coletiva. Oriente que os alunos reúnam-se fora do 
horário de aula para pesquisas, utilizando as fontes de consulta que desejarem, 
a fim de que encontrem para a resolução das hipóteses apresentadas. 
3°passo: Na aula seguinte, os resultados das pesquisas devem ser apresentados. 
Neste momento, far-se-á necessária a elaboração de uma síntese das reflexões, 
onde as respostas encontradas sejam socializadas e debatidas e entregues ao 
professor. 
Os testes colorimétricos são mais utilizados para detecção rápida do suspeito e 
trajetória de disparo, necessita-se de confirmação posterior através de métodos 
mais sensíveis para que se possa descartar a idéia de um falso positivo (FREITAS 
et al., 2017).
A presença de Pb nesse teste dá-se com o aparecimento de manchas vermelha-rosa 
após a reação com o rodizonato de sódio. Vale ressaltar que o teste 
colorimétrico também pode identificar a presença de Ba por meio do aparecimento 
de manchas alaranjadas. A reação química, conhecida como Reação de Feigl-Suter, 
é mostrada na Figura 2 (COSTA, 2016). 

Resultado obtido por Joice após analisar as mãos dos irmãos

Reação química entre íons metálicos divalentes e rodizonato de sódio
Conclusões
Nesse trabalho descrevemos uma proposta educacional utilizando uma metodologia 
ativa associada a química forense para aproximar os compostos de coordenação do 
contexto de interesse dos estudantes. Para atingir esse propósito utilizamos o 
teste colorimétrico para identificação de disparos de arma de fogo introduzindo a 
temática com um conto.
Não há muitos trabalhos na literatura que tragam propostas ativas de ensino para a 
abordagem de conceitos de Química Inorgânica. Até onde sabemos, para o ensino de 
compostos de coordenação com tópicos da ciência forense, esse é o único. 
Para as próximas etapas, esperamos que essa proposta seja utilizada na disciplina 
de Química Inorgânica 2 no campus Cabo Frio no segundo semestre de 2022 para que 
possa passar por uma avaliação e readequação, se necessário. Com a redação de um 
artigo, acreditamos também que outros professores possam trazer contribuições para 
o aprimoramento desse trabalho.
Agradecimentos
IFF
Referências
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