Autores
Araujo Junior, C.R. (INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE)  ; Nunes, R.C. (INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE)
Resumo
A promoção da educação midiática e da alfabetização científica no contexto 
educacional atual torna-se importante, em função do aumento da crença em 
informações sem embasamento científica e que estão em contextos midiáticos 
dentro do mundo digital, fato que ficou notório após a pandemia do novo 
coronavírus. Essa pesquisa tem como objetivo analisar se os vídeos vêm sendo 
usados na promoção da educação midiática no ensino de química, utilizando como 
instrumento a pesquisa bibliográfica. Com os critérios de busca que foram 
utilizados, apenas três trabalhos foram obtidos. A análise desses trabalhos, 
assim como de outros que foram excluídos, revela que não há uma grande 
preocupação em promover a alfabetiza científica e educação midiática mesmo 
quando é favorável seu fomento.
Palavras chaves
Ensino de Química; Educação Midiática; Alfabetização Científica
Introdução
A carência da alfabetização científica ficou evidente com o aumento da 
credibilidade em notícias sem quaisquer fundamentações científicas que foi 
notório após a ascensão da pandemia do novo coronavírus. Essas notícias tem se 
disseminado com muita facilidade por meio das redes sociais, esse tipo de 
informação é chamado de Fake News (FN).
Paulo Freire defendia a ideia de alfabetização como o processo de fomento da 
capacidade de quaisquer indivíduos na organização de seu pensamento de forma 
lógica além de ajudá-los na apreensão de um pensamento crítico relacionado ao 
mundo que ao seu redor, conforme Sousa, Cavalcante e Pino  (2021). A 
alfabetização científica (AC) pode ser entendida como a apreensão das ciências 
sabendo que ela é uma linguagem (ARAUJO JUNIOR, 2022; CHASSOT, 2003). O termo 
vem da expressão inglesa scientific literacy e, conforme Silva e Sasseron 
(2021), pode ser ramificado em três vocábulos quando traduzido para a língua 
portuguesa, são elas: Enculturação Científica (EC), Letramento Científico (LC) e 
Alfabetização Científica (AC). Araujo Junior (2022) reitera que é possível 
favorecer o processo com a devida intencionalidade docente, sendo previamente 
programada. O letramento científico pode ser entendido como um processo dentro 
da AC, que chegou no Brasil nos anos 1980 diante de um cenário de crise na 
educação científica. Há uma visão da AC chamada de externalista, segundo Silva e 
Sasseron (2021), aqui a ciência é entendida como um empreendimento social que 
possui uma importância de ser ensinada para a tomada de decisões no dia-a-dia, 
em adição ao enfoque de relações que a ciência está impondo, expressando e 
recebendo da sociedade. Um ensino onde se procura alfabetizar um estudante 
cientificamente é aquele que o estudante é o centro do processo e que durante a 
prática pedagógica se desenvolva a capacidade de resolução de problemas e tomada 
de decisões (GAUDÊNCIO, 2021).
A educação midiática (EM) é entendida como o conjunto de habilidades e 
competências que possibilitam os alunos a interpretarem informações no meio 
digital (GROSSI; LEAL; SILVA, 2021). Os vídeos são um recurso de multimídia que 
podem tornar o ambiente de ensino-aprendizagem mais atrativo e uma ferramenta 
valiosa para retroalimentar esse processo. Mesmo assim, deve-se ter o 
planejamento adequado para o seu uso fazendo com que não seja total garantia do 
sucesso na aprendizagem do aluno (QUINTANILHA, 2017).
A Lei Nº 9.394/96, conhecida como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDB), que os estudantes do ensino médio ao concluir essa etapa da 
educação básica possam demonstrar conhecer as “[...] formas contemporâneas de 
linguagem” e dominar os “[...] princípios científicos e tecnológicos que 
presidem a produção moderna” e visto que os vídeos podem ser definidos como uma 
expressão multilinguística onde códigos e sinais estão sendo significados e 
superpostos o seu uso pode ser um recurso pedagógico com potencialidades 
(BRASIL, 1996; SILVA et al., 2012). A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) 
também incentiva a educação midiática e a alfabetização científica ao incentivar 
o fortalecimento de habilidades e competências que contribuam com a apropriação 
da cultura digital, ao ponto de haver exploração e produção de conteúdos em 
muitas mídias distinta o que reforça a promoção da alfabetização científica e da 
educação midiática (BRASIL, 2018).
Sob essa perspectiva, pondera-se: Os vídeos estão sendo utilizados como 
promotores da educação midiática e da alfabetização científica, mesmo sendo um 
recurso digital tão comum no cotidiano?
Material e métodos
A pesquisa com o objetivo exploratório foi o caminho escolhido por esse estudo 
por possibilitar uma compreensão dos fenômenos de forma mais ampla (GIL, 2022). 
Quanto aos procedimentos técnicos optou-se pela pesquisa bibliográfica. A partir 
disso, utilizaram-se abordagens qualitativa para a análise dos artigos.
Pesquisou-se no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de 
Pessoal de Nível Superior (CAPES), através dos mecanismos de pesquisas 
avançadas, a ocorrência simultânea dos termos: Química e Vídeo, disponíveis em 
quaisquer campos da publicação. Ademais, o período temporal selecionado foi de 
janeiro a agosto de 2022. Obras que não utilizem o vídeo como recurso didático; 
dentro do período selecionado; sem restrições no banco de dados; e relatos 
correspondentes aos anos finais do ensino fundamental, ensino médio e superior 
foram incluídas no corpus de análise. Foram retornados 25 artigos, sendo que 
somente três deles atenderam aos critérios de inclusão dessa pesquisa.
Resultado e discussão
O total de três artigos foram analisados. As pesquisas analisadas se encontram 
detalhadas abaixo:
- Ambiente Virtual de Ensino em Laboratórios de Química (AQuí): Expandindo o 
Ensino no YouTube	(FEIJÓ et al., 2022).
- Potencialidades Da Ação Docente Com O Uso De Audiovisuais No Ensino De Química 
(SANTOS; COIMBRA; REZENDE FILHO, 2022)
- Análise da produção científica nacional sobre sequências didáticas 
investigativas utilizadas para ensinar Química (2016-2021)	(ZANETONI; LEÃO, 
2022).
Vale destacar que o trabalho de Feijó et. al. (2022) foi a pesquisa reincidente, 
aparecendo nas três pesquisas mencionadas na seção anterior desse trabalho.  
Esses estudos não possuem um único instrumento de pesquisa. Por exemplo, Feijó 
et al. (2022) e Santos, Coimbra e Rezende Filho (2022) utilizaram relatos de 
experiência. Distintamente, Zanetoni e Leão (2022) utilizaram a revisão 
bibliográfica, onde destacou os vídeos como um dos recursos pedagógicos mais 
utilizados em sequências didáticas publicadas do período de 2016 a 2021.
O trabalho de Feijó et al. (2022) contribui para a promoção da EM no que se 
refere ao planejamento e construção de conteúdos para o mundo digital. A forma 
como o estudo foi construído reforça o que foi dito em Araujo Junior (2022) 
sobre essa premeditação da ação docente. O protagonismo discente coopera para o 
desenvolvimento de “atitudes perceptivas” em relação ao conhecimento exposto que 
pode coincidir com a definição de EM de Grossi, Leal; Silva (2021) ao tornar o 
estudante apto para interpretar a informação disposta no meio midiático. 
A ideia que foi construída por Feijó et al. (2022) pode funcionar se aplicar em 
distintos contextos onde assuntos com mais proximidade ao grande público seja 
abordado, já que foi abordado na pesquisa sobre a confecção de vídeos sobre o 
uso de vidrarias de laboratórios. Conforme Chassot (2003), esse conhecimento 
pode ser visto como “hermético ou esotérico” (95p.), visto que pode ser que só a 
comunidade científica entenda o que foi proposto. Obviamente, o nível de ensino 
onde o estudo foi desenvolvido não era na educação básica, mas no ensino 
superior.
Os autores Santos; Coimbra e Rezende Filho (2022) trouxeram em seu relato uma 
sequência didática que teve como público uma turma do segundo ano do ensino 
médio de uma escola pública localizada no Rio de Janeiro. No que diz respeito ao 
processo geral, pode-se notar a presença da promoção da EM e da AC ao expor a 
temática drogas quando foram trabalhadas as funções orgânicas. A aula utilizou o 
vídeo como suporte, mas antes de utilizar os vídeos houve uma exposição geral 
das funções orgânicas. Araujo Junior (2022) destaca que a promoção da educação 
midiática não é somente um treinamento para a interpretação de uma informação em 
meio midiático, no entanto, é uma análise e avaliação que estimula o pensamento 
crítico e envolve diversas mídias. Essa leitura e interpretação de informações 
dispostas em meio digital foi exposta de forma multidisciplinar e colocando 
problemas sociais como acidente de trânsito devido ao consumo excessivo de 
drogas. 
Zanetoni e Leão (2022) realizaram uma revisão bibliográfica. Entretanto, a 
visibilidade não ficou tão clara. Porém, o que se pode dizer dessa obra é que os 
vídeos possuem um grande potencial pedagógico na apropriação do conhecimento 
químico e que pode romper com o modelo de ensino tradicional e que estão sendo 
muito utilizados em sequências didáticas nas pesquisas. Mesmo estando entre os 
recursos didáticos mais utilizados, não ficou evidente a forma que esse recurso 
estava sendo utilizada.  
 Os trabalhos reafirmam a proeminência do planejamento docente nas suas ações 
pedagógicas no ambiente de ensino-aprendizagem. Os vídeos também são potenciais 
promotores da EM e da AC, conforme Araujo Junior (2022) o professor possui um 
papel fundamental nesse processo como condutor e mediador e não como um detentor 
do conhecimento.
Conclusões
A promoção da alfabetização científica e da educação midiática utilizando o vídeo 
como recurso didático pode ser feita através de planejamento docente. O papel do 
professor como um mediador deve ser levado em consideração durante o 
desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitem os alunos terem 
autonomia na interpretação de informações dispostas no vasto mundo digital. 
Defronte do contexto de pandemia e infodemia, os educadores precisam procurar 
recursos didáticos que possam fortalecer o conhecimento científico de forma 
significativa na vida do estudante. 
O estudo concluiu que o vídeo está sendo utilizado para a promoção da EM, contudo 
carece de publicações já que apenas uma delas foi percebido de forma satisfatória 
o desenvolvimento da leitura e aquisição do conhecimento disposto em recursos 
midiáticos. Fica a sugestão para que outros estudos sejam realizados buscando-se 
trabalhos publicados em períodos futuros e também incluindo resultados publicados 
em anais de eventos. 
Agradecimentos
IFFluminense
Referências
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