• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA

Autores

Oliveira, G.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Silva, R.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Ribeiro, E.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Adorni, D. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Gonzaga, F.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA)

Resumo

O primeiro contato que o aluno-futuroprofessor tem com a sala de aula como campo de atuação é através do Estágio Supervisionado. Dessa forma fica evidente a importância do estágio supervisionado e da observação, e de como influencia positivamente na carreira do licenciando. Sendo assim, esse trabalho tem como objetivo identificar nas observações habilidades desenvolvidas dentro da sala de aula, no período do ensino remoto, e posteriormente discutir cada ponto observado. Em virtude da pandemia do COVID-19, as observações das aulas foram feitas através da plataforma do Google Meet.

Palavras chaves

Estágio Supervisionado; Estágio em Química; Ensino Remoto

Introdução

O Estágio Supervisionado é o primeiro contato que o aluno-futuroprofessor tem com seu campo de atuação profissional. Onde, por meio da observação, da participação e da regência, o licenciando poderá refletir sobre e vislumbrar futuras ações pedagógicas. Assim, sua formação tornar-se-á mais significativa quando essas experiências forem socializadas em sua sala de aula com seus colegas, produzindo discussão, possibilitando uma reflexão crítica, construindo a sua identidade docente e criando suas próprias perspectivas sobre o ensino e o exercício do magistério. Pessoas que não atuam no interior da escola possuem conhecimentos diferentes e superficiais da realidade escolar. Sendo que, o estágio aliado/concomitante a uma fundamentação teórica, propiciará aos futuros professores um entendimento mais claro das situações ocorridas no interior das escolas e, consequentemente, possibilitará uma adequada intervenção na realidade Assim sendo, o estágio é um meio que pode levar o acadêmico a identificar novas e variadas estratégias para solucionar problemas que muitas vezes ele nem imaginava encontrar na sua área profissional. Ele passa a desenvolver mais o raciocínio, a capacidade e o espírito crítico, além da liberdade do uso da criatividade (LINHARES, 2014) Como destaca Pimenta (1997 apud POSSEBON; PUCHOLOBEK; FARIAS, 2016, p.3). O estágio supervisionado torna-se imprescindível no processo de formação docente, pois oferece condições aos futuros educadores, em específico aos estudantes da graduação, uma relação próxima com o ambiente que envolve o cotidiano de um professor e, a partir desta experiência os acadêmicos começarão a se compreenderem como futuros professores, pela primeira vez encarando o desafio de conviver, falar e ouvir, com linguagens e saberes distintos do seu meio, mais acessível à criança. A reflexão prática que para Brito (2021), está relacionada ao significado da reflexão docente como ponto de partida para que o/a professor/a se constitua investigador de sua própria prática. Dessa forma a reflexão prática se inicia no momento do estágio será de grande relevância para a formação do futuro professor, uma vez que é neste momento que de fato se ocorre um contato direto com o meio escolar na qual desempenha futuramente sua função enquanto profissional. Podemos assim compreender o estágio como oportunidade de inserção numa realidade, no caso, nas escolas de educação básica, que permite comparar o saber acadêmico com o saber da escola, possibilitando aos estudantes aprender como se dão as relações de trabalho. (OLIVEIRA, 2019). A prática da observação está relacionada a processos de aprendizagem humana, e desde a infância, a observação cumpre um papel importante em nossa aprendizagem e na descoberta do mundo. Em termos profissionais, os professores aprendem seu ofício também por meio do que cunhou de “apprenticeship of observation”, abrindo caminho para o reconhecimento de que ser professor envolve um processo de socialização iniciado nos primeiros contatos com a escola (BIAZI, 2011). Sabe-se a importância do estágio supervisionado e da observação, e de como influencia positivamente na carreira do licenciando. Comumente os estágios da licenciatura são realizados de forma presencial. No entanto, entre o final do ano de 2019 e o início de 2020 o mundo foi surpreendido por um vírus altamente perigoso e contagioso, chamado de SARS-CoV-2. O surto foi declarado como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional em 30 de janeiro de 2020. A Organização Mundial de Saúde declarou, em 11 de março do mesmo ano, que a disseminação comunitária da COVID-19, doença causada pelo vírus, em todos os continentes a caracteriza como pandemia. A COVID-19 matou milhões de pessoas ao redor mundo todo. Medidas de isolamento social para reduzir a contaminação foram implementadas em todo o mundo, com maior ou menor rigidez. Quase sempre, as primeiras instituições alcançadas por essas medidas são as educacionais, ambientes que mantêm muitos indivíduos confinados juntos por longos períodos (SARAIVA et al., 2020). Desta forma, sendo impossível continuar as aulas presenciais nas escolas e outras instituições de ensino, por conta da crise sanitária mundial provocada pela COVI-19, as alternativas que as autoridades encontraram foram o ensino remoto e a educação a distância.

Material e métodos

O presente estudo foi desenvolvido no final do segundo semestre letivo de 2020. Foram realizadas 12 horas/aula de observação direta no Ensino Médio (aulas de Química) em um colégio da rede pública de ensino no município de Itapetinga-Ba. Foi utilizado um protocolo de observação que continha seis categorias: organizar o contexto, relação professor/aluno, intervenção criativa, propor feedback, contextualização do conteúdo e avaliação da aprendizagem. Os dados coletados foram analisados à luz das teorias estudadas e discutido por cada categoria. Em virtude da pandemia do COVID-19, as observações das aulas foram feitas através da plataforma do Google Meet. No total 4 (quatro) turmas do Ensino Médio foram observadas no período de 30 de abril de 2021 à 18 de maio de 2021. Essa experiência teve como objetivo identificar nas observações habilidades desenvolvidas dentro da sala de aula, do Google Meet, e posteriormente discutir cada ponto observado.

Resultado e discussão

Na habilidade, organização do conteúdo, foi observado algumas dinâmicas na sala de aula, como por exemplo, se a aula teve início, meio e fim, objetivo, qual foi o processo de estímulos e a organização do conteúdo. Foi notado que todas as aulas observadas nas 4 (quatro) turmas tiveram início, meio e fim. Também foi observado que 100% das aulas em todas as 4 turmas apresentaram organização do conteúdo e algum tipo de processo de estímulo. Entre esses processos de estímulos foi observado materiais didáticos como por exemplo slides e apostilas. Nas turmas 1, 2 e 3 o objetivo da aula foi apresentar aos alunos, porém isso não ocorreu na turma 4. Fonsêca e Adorni (2017), diz que “o simples fato de planejar e organizar o conteúdo que se pretende ensinar interfere no resultado da aula”. Para Castro (2008), os profissionais da área da educação deve estar atento à importância de se elaborar planos de aula, principalmente os de início de carreira, pois, esses profissionais iniciando sua carreira no magistério adquirem confiança para dar aula, uma vez que, no plano de aula, é possível esclarecer os objetivos da mesma, sistematizar as atividades e facilitar seu acompanhamento. Souza, Vilaça e Villaça (2020), destaca que os desafios e perspectivas dos professores em tempos de pandemia, referente às aulas remotas, precisam adentrar ao universo educacional, e isso não ocorre de um dia para o outro, é necessário investimento, planejamento e tempo. Das 4 turmas observadas apenas 50% das aulas de uma única turma tiveram intervenção criativa. O distanciamento social em tempos de pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), ultrapassou o período de mais de um ano, desencadeando uma série de modificações e ajustes no âmbito educacional. Muitos professores tiveram que reinventar e ressignificar suas práticas didático-metodológicas. Entende-se que o uso exclusivo das aulas remotas não é suficiente para promover uma aprendizagem significativa. A relação professor-aluno é muito importante, a ponto de estabelecer posicionamentos pessoais em relação à metodologia, à avaliação e aos conteúdos. Se a relação entre ambos for positiva, a probabilidade de um maior aprendizado aumenta. A força da relação professor-aluno é significativa e acaba produzindo resultados variados nos indivíduos (BELOTTI, 2010). Nas turmas observadas, todas as aulas tiveram interação do tipo professor/aluno. No entanto, foi observado interação do tipo aluno/aluno em apenas 50% das aulas da turma 2. A interação aluno-aluno entre membros de uma classe ou outro grupo por vezes é um recurso extremamente valioso para o aprendizado, e é por vezes inclusive essencial (MOORE, 1986). A formação dos professores e o seu relacionamento com os alunos tem sido largamente discutida, estudada, pesquisada e exposta à luz de teorias das mais diversas. Entende-se que educar ou ensinar com entusiasmo é fator determinante no processo de aprendizagem. No entanto, Belotti (2010) diz que, muitos professores relatam que têm dificuldades para interagir com o aluno. Segundo a autora, existem diferentes ritmos de aprendizagem e os educadores devem incorporar as necessidades de grupos específicos de educandos. Falta diálogo entre educadores e educandos. Pode-se considerar que o diálogo é fundamental para qualquer tipo de relacionamento. No caso do ensino e aprendizagem é fundamental que o educador se volte ao educando, de forma que o enxergue como um sujeito que vem já com muitos saberes, mas no seu contexto de vida. A avaliação da aprendizagem é um processo sistematizado de registro e apreciação dos resultados obtidos em relação a metas educativas estabelecidas previamente, nesse sentido é constituída por meio de teste, provas escritas e trabalho orais. Alguns autores avaliam o método da avaliação através de teste e provas interpessoal e artificial, ou seja, nem sempre esses métodos têm como definir ou avaliar a capacidade do aluno por meio desses tipos de avaliação. A quantidade de aulas observada em algumas turmas foi insuficiente para determinar quais estratégias foram utilizadas na avaliação da aprendizagem. O conceito de feedback, na área educacional, refere-se à informação dada ao aluno que descreve e/ou discute seu desempenho em determinada situação ou atividade, como por exemplo nas avaliações escritas. Esse processo de retorno fornece ao aluno uma orientação clara e objetiva de como melhorar sua aprendizagem e desempenho. Com isso, o estudante se permite evoluir constantemente em todo o processo de ensino (DAROS; PRADO, 2015). Foi notado que 100% das aulas observadas nas 4 turmas foi utilizado feedback por meio de perguntas, como mostra a imagem 1. Essa atitude do professor que pratica o feedback deve ter início com o planejamento e organização das aulas e avaliações. Em um estudo de Castro, Tucunduva e Arns (2008, p. 60) as autoras concluem em seu artigo a importância do planejamento das aulas e o fato de que “o planejamento não deve ser usado como um regulador das ações humanas e sim um norteador na busca da autonomia e nas escolhas dos caminhos a serem percorridos”. Esse planejamento interfere diretamente no contexto de ensino e aprendizagem, afinal o professor só irá conseguir transmitir um feedback eficaz e efetivo se suas aulas e avaliações forem organizadas e planejadas. Vale ressaltar que não existe um único jeito ou maneira de se transmitir um feedback, mas sim vários esquemas e/ou modelos. O importante é que o professor deve estar sempre atento de que o aluno se torne muito mais motivado e participe desse processo quando ele realmente entende seus erros, acertos, falhas e desempenho (DAROS; PRADO, 2015). Contextualizar é construir significados, incorporando valores que citem o cotidiano, com uma abordagem social e cultural, que promovam o processo da descoberta. É levar o aluno a entender a importância do conhecimento e aplicá-lo na compreensão dos fatos que o cercam. Para contextualizar um conteúdo, deve-se relacionar o mesmo com questões sociais, políticas e econômicas, uma vez que, esteja de acordo com os conhecimentos dos alunos diante das situações encontradas no cotidiano, e assim trabalhar o conteúdo em foco. (LEVORATO,2014). As aulas observadas nas turmas 1 e 2, foi notado que 50% das aulas possibilita ao aluno estabelecer relações entre o conteúdo e o cotidiano e 50% das aulas permitia que fizessem reflexão crítica sobre a realidade na qual está inserido. Na turma 3, em 100% das aulas os alunos conseguiam estabelecer relação com o conteúdo e o cotidiano e reflexão crítica sobre a realidade. Já na turma 4, não foi observado nenhuma contextualização do conteúdo. Contudo, essas relações de contextualização devem ser oportunizadas, pois “[...] a contextualização é um recurso que deve ser utilizado como forma de possibilitar a apreensão dos conceitos científicos construídos ao longo da história e que permite a compreensão de fatos naturais, sociais, políticos, econômicos que fazem parte do cotidiano do aluno” (PELLEGRIN; DAMAZIO; 2015, p. 491). Dessa forma a contextualização possibilita dar significado às temáticas estudadas e, consequentemente, promove uma aprendizagem mais efetiva (MAFF, 2019).

Propor Feedback

grafico

Conclusões

Este trabalho apresentou os resultados de uma observação feita nas aulas de 4 turma do Ensino Médio. Destacou-se nas habilidades encontradas em cada categoria proposta no roteiro de observação. Evidenciou-se a importância da organização do conteúdo, assim como o planejamento é fundamental para um bom desempenho na aprendizagem, indo de encontro com o objetivo do trabalho.

Agradecimentos

Ao Grupo de Pesquisa em Inovação Química (GPEIQ) e a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

Referências

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