Autores
Fernandes, A.M.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)  ; Araújo, F.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)  ; Aona, L.Y.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA)  ; Cerqueira, M.D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)  ; Ribeiro, P.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)  ; Lira, V.S.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)  ; Watanabe, Y.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA)
Resumo
A espécie Mentha pulegium é utilizada para o tratamento de gripes, resfriados e 
desconfortos intestinais por moradores da comunidade de Três Lagoas, no 
município de Amargosa - Bahia. Realizou-se o estudo da composição química por 
métodos espectrofotométricos de quantificação de fenóis totais, flavonóides e 
taninos, e a determinação da atividade antioxidante. Os extratos metanólicos das 
partes aéreas apresentaram maiores teores de fenóis totais, 110,23 ± 1,40 mg 
EAG/g de extrato; e flavonóides, 12,84 ± 0,31 mg EQ/g; e maior atividade 
antioxidante, sendo a concentração necessária para inibir 50% do radical DPPH 
igual a 22,96 µg/mL. O extrato hexânico obteve a maior concentração de taninos, 
0,66 ± 0,004 mg EC/g. Os resultados indicam o potencial uso da espécie como um 
fitoterápico preventivo.
Palavras chaves
Mentha pulegium; Metabólitos secundários; Atividade antioxidante
Introdução
Desde as civilizações mais antigas, ocorre o emprego de espécies vegetais como 
medicamentos para auxiliar no tratamento e cura de diversas enfermidades. A 
folha, a casca, o caule, a raíz e as flores são utilizadas de muitos modos para 
diversas situações. 
O interesse e conhecimento sobre plantas medicinais empregadas em medicinas 
populares para o tratamento de enfermidades, vem contribuindo de forma eficaz 
com a comunidade científica, auxiliando-a na descoberta de potenciais fármacos e 
fitoterápicos. 
A flora brasileira abriga uma enorme diversidade de plantas, e com as 
abrangentes contribuições culturais que formaram e formam as sociedades no país, 
algumas comunidades ainda preservam e propagam conhecimentos adquiridos com seus 
antepassados. Um exemplo é a comunidade quilombola de Três Lagoas, Amargosa- BA, 
na qual existe a cultura do uso de plantas medicinais e esses conhecimentos são 
propagados entre as  gerações. 
Numa perspectiva de contribuir para a valorização do conhecimento popular e 
preservação da biodiversidade local, a partir das informações cedidas pelos 
moradores da comunidade, a espécie Mentha pulegium foi escolhida para ser 
estudada quanto a suas ações biológicas e composição.
Alguns moradores da comunidade relataram o uso das partes aéreas da planta, 
preparadas na forma de chás, para auxiliar no tratamento de gripes, resfriados, 
sinusite, problemas intestinais, cansaço e higienização.
A espécie, denominada popularmente como “Poejo”, pertence à família Lamiaceae, e 
ao gênero Mentha, que conta com aproximadamente 60 espécies (JEBALI, 2022), 
sendo M. pulegium originária do continente americano, mas tendo uma ótima 
disseminação na região do mediterrâneo. 
Grande parte do gênero é amplamente utilizado como matéria-prima pela indústria 
farmacêutica e empregada no auxílio ao tratamento de gripes e resfriados.  
Muitas propriedades atribuídas ao gênero são responsáveis pela grande relevância 
no estudo na área médica, farmacológica e química, como óleos essenciais ricos 
em compostos germicidas, expectorantes e anestésicos.
As propriedades relatadas em alguns artigos para a espécie são os efeitos 
carminativo e antiespasmódico, mas o seu óleo essencial e partes aéreas secas 
são frequentemente relacionadas ao auxílio no tratamento contra distúrbios 
digestivos, hepáticos e biliar; resfriados, tendo efeitos anti-inflamatórios; 
diuréticos; anti-alérgicos (dermatoses) e possível efeito de descamação uterina, 
e seu óleo essencial possui efeitos antibacterianos contra bactérias alimentares 
(TEXEIRA, 2012).
Compostos que possuem atividade antioxidante são de extrema importância visto 
que atrasam a ocorrência de reações de degradação oxidativa, visto que a 
presença de radicais livres podem causar danos ao organismo humano, como câncer, 
doenças cardiovasculares e neurológicas, diabetes mellitus, entre outros. Desta 
forma, avaliar a atividade antioxidante de extratos de espécies vegetais pode 
resultar na descoberta de um medicamento fitoterápico preventivo.
A presença de compostos fenólicos em uma determinada amostra pode ser 
responsável pela atividade antioxidante da mesma. Isso porque a estrutura de 
compostos fenólicos conta com um núcleo aromático no qual os elétrons estão 
deslocalizados, que ao reagir com radicais livres presentes no meio, podem gerar 
outros radicais mais estáveis por serem estabilizados por efeito de ressonância 
(CUVELIER, 1992). Sendo assim, identificar e/ou quantificar a presença de 
compostos fenólicos, como flavonóides e taninos, podem complementar as 
informações referentes às ações biológicas causadas pela ação antioxidante.
Porém, a presença de compostos fenólicos, assim como outros metabólitos 
secundários, em um vegetal de uma determinada espécie é relativa, visto que as 
concentrações destes são dependentes de vários fatores, incluindo os 
ambientais/locais, na qual a planta cresceu, como a composição do solo, o clima, 
a exposição a luz solar e umidade, entre outros. Desta forma, os metabólitos 
secundários são marcadores quimiotaxonômicos, fornecendo informações sobre o 
ambiente do cultivo.
Assim, este trabalho foi realizado com a finalidade de agregar informações 
referentes à espécie Mentha pulegium L., com enfoque nas informações para 
posteriores possíveis aplicações biológicas.
Material e métodos
Realizou-se pesquisas com moradores da comunidade de Três Lagoas, para obter 
informações sobre a utilização da espécie. A mesma foi herborizada, depositada e 
identificada pelo Herbário da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - HURB.
Foram feitas buscas bibliográficas em bases de dados, como o periódicos (CAPES) 
e artigos disponíveis na PubMed, para obter informações gerais necessárias sobre 
a espécie.
Foram utilizadas as partes aéreas (folha e caule) para a preparação do extrato, 
trituradas em um moinho de facas tipo Willey elétrico. Procedeu-se às extrações 
do material com hexano, acetato de etila e metanol, respectivamente. Realizando 
3 macerações para cada solvente, com intervalos de 3 dias entre elas. Os 
extratos líquidos foram concentrados por destilação a vácuo, em evaporador 
rotativo.
As análises a seguir foram realizadas por métodos espectrofotométricos, em 
triplicata, em placas de 90 poços, usando um espectrofotômetro Versamax 
Molecular Devices para obter as absorbâncias. 
Para o ensaio antioxidante, utilizou-se o método de redução do radical 2,2-
difenil-1-picrilhidrazil (DEGÁSPARI, 2004). Partindo de uma solução estoque de 
0,048mg/ml de DPPH em metanol, deixada ao abrigo da luz por 30 minutos antes de 
ser utilizada, e soluções estoque dos extratos na concentração de 2 mg/ml em 
solvente. Misturas na proporção de 1:1 de DPPH e diferentes soluções dos 
extratos foram preparadas. A leitura espectrofotométrica foi realizada a 515 nm. 
O valor do IC50, para cada amostra foi obtido por interpolação da curva obtida 
para amostras e o valor da absorbância do DPPH. 
A determinação de compostos fenólicos totais foi realizada de acordo com 
metodologia descrita por BONOLI (2004). A partir da solução estoque de 2mg/mL de 
extrato em etanol, alíquotas de 10ul e 50ul foram misturadas a 50 µL do reagente 
de Folin-Ciocalteu, 100 µL da solução de carbonato de sódio 7,5% e avolumados 
para o volume de 1200uL com água destilada, homogeneizadas e após 2 horas lidas 
em espectrofotômetro a 725 nm, contra curva padrão de ácido gálico nas 
concentrações de 0 a 40 uL  em etanol. 
A concentração de flavonóides foi determinada pelo método descrito em MEDA 
(2005). Adicionou-se alíquotas de 500 µL das soluções dos extratos (0,05 mg/mL), 
500 µL da solução de AlCl3 2%. As amostras foram homogeneizadas e após 40 
minutos, foram lidas em espectrofotômetro (415 nm), contra curva padrão de 
Quercetina nas concentrações de 0 a 100 uL/mL em metanol.
Para a quantificação de taninos utilizou-se o método descrito por PRICE e BUTLER 
(1978). Alíquotas de 1,25 mL de uma solução 1:1 de Vanilina(1%) e Ácido 
Clorídrico (8%), foram adicionados a 250ul das amostras (2mg/mL) e colocadas em 
banho maria a 30°C, por 20 minutos. Procedeu-se a leitura em espectrofotômetro 
(500 nm) e comparados contra a curva de calibração da Catequina, nas 
concentrações de 0 a 2 mg/mL em metanol. 
O teor de cada metabólito quantificado foi expresso em mg equivalentes ao padrão 
utilizado em 1,0 g de extrato.
Resultado e discussão
Conhecida popularmente como Poejo, a espécie Mentha Pulegium é utilizada pela 
comunidade para o tratamento de gripes e resfriados, sinusite, pressão alta, 
incômodos intestinais e até mesmo para higienização após o parto, não sendo 
informado sobre contra indicações. 
O gênero Mentha é amplamente utilizado na indústria farmacêutica, dentre as 
aplicações estão o uso para o auxílio no tratamento de gripes, resfriados, ou 
doenças que afetam os receptores nasais, como também no alívio de dores 
musculares devido a bancadas e machucados. Essa aplicação deve-se, 
possivelmente, à presença de mentol (2-isopropil-5-metilciclohexanol) na 
composição das espécies.  
O mentol é um álcool secundário e monoterpenos, ele está presente em óleos 
essenciais ou vegetais voláteis, e atua sobre neurônios sensoriais denominados 
canais de potencial receptor transitório (TRPM8), promovendo uma sensação 
refrescante, sendo também utilizado em diversos medicamentos e cosméticos devido 
às suas diversas propriedades, incluindo a expectorante, antisséptica, 
anestésica  local, carminativa, germicida (dados disponibilizados no PubChem). 
Corroborando com as informações dadas pela comunidade, que utiliza a planta com 
a finalidade de se obter algumas dessas ações no organismo.
Os resultados da atividade antioxidante mostraram que o extrato em hexano 
apresentou a concentração necessária para inibir 50% do radical DPPH igual a 
468,54 µg/mL; o extrato em acetato de etila apresentou 48,63 µg/mL; e o extrato 
em metanol apresentou a concentração de 22,96 µg/mL.
Referente a quantificação de metabólitos secundários, o teor de compostos 
fenólicos totais para o extrato em hexano foi de 75,76 ± 0,55 mg EAG/g; enquanto 
que para acetato de etila obteve-se 84,33 ± 1,46 mg EAG/g; e para o extrato em 
metanol a concentração foi de 110,23 ± 1,40 mg EAG/g. O teor de flavonoides foi 
de 8,829 ± 0,14 mg EQ/g para o extrato em hexano; 7,04 ± 0,71 mg EQ/g para o 
extrato em acetato de etila; e 12,84 ± 0,31 para o extrato em metanol. Já a 
concentração de taninos para o extrato em hexano foi de 0,66 ± 0,004 mg EC/g; já 
para o acetato de etila obteve-se 0,436 ± 0,0038 mg EC/g; enquanto que para o 
extrato em metanol, a concentração foi de 0,26 ± 0,005 mg EC/g de extrato.
A análise da atividade antioxidante, demonstrou que os extratos metanólicos 
(IC50 de 22,96 µg/mL e em acetato de etila (IC50 de 48,63 µg/mL) apresentaram 
uma boa atividade quando comparado com o extrato hexânico (IC50 de 468,54 
µg/mL).  A atividade antioxidante está diretamente relacionada com os compostos 
fenólicos presentes e de acordo com a quantificação dos fenóis totais e dos 
flavonoides nos extratos das partes aéreas de Mentha pulegium tem-se o extrato 
metanólico foi o que apresentou um maior percentual de compostos fenólicos e 
flavonoides. Já na quantificação dos taninos, a baixa concentração encontrada 
para a planta de uma forma geral, demonstrou que a capacidade antioxidante 
atribuída à espécie não está vinculada à presença dos mesmos, como apresentado 
no parágrafo acima. Dentre os extratos analisados tem-se que o metanol é o 
melhor solvente para extrair os compostos fenólicos presentes na espécie, 
incluindo os compostos que são flavonóides e em relação aos taninos, observa-se 
que o extrato hexânico é o que apresentou maior quantidade e por ser um extrato 
de baixa polaridade, pode-se atribuir que os possíveis taninos pertençam à 
classes dos condensados pouco hidroxilados. 
Conclusões
Os resultados dos testes de quantificação de metabólitos e ações antioxidantes 
mostraram que o extrato metanólico da espécie é o que apresenta uma melhor 
atividade, além de ser o solvente que melhor consegue extrair os compostos 
fenólicos, incluindo os flavonóides, que possivelmente são os responsáveis pela 
atividade antioxidade e a baixa presença dos taninos na espécie corrobora com a 
proposta de que os flavonóides e outros compostos fenólicos originários da via 
metabólica do ácido chiquímico, que não foram quantificados neste trabalho, são os 
responsáveis pela atividade observada.
A espécie Mentha pulegium vem sendo utilizada na comunidade de Três Lagoas para 
tratar algumas enfermidades, e os resultados encontrados neste trabalho corroboram 
com a indicação da comunidade, uma vez que a substância antioxidantes presentes 
contribuem no tratamento  dos sintomas inflamatórios. 
Assim, estudos fitoquímicos para isolar e testar atividades microbiológica nas 
substâncias presentes espécie devem ser incentivados, e estudos mais avançados na 
área médica e farmacêutica podem auxiliar com a indicação do uso em comunidades 
tradicionais, além de prospectar a espécie como fitoterápico, de forma semelhante 
como ocorre com outras do gênero.
Agradecimentos
Ao Programa de Iniciação Científica da Universidade Federal da Bahia (PIBIC/UFBA) 
pela bolsa concedida, à FAPESB pelo financiamento da pesquisa e à comunidade de 
Três Lagoas, Amargosa-BA pela receptividade. 
Referências
- BONOLI, M; VERARDO, V; MARCONI, E; CABONI, M. F. Antioxidant Phenols in Barley (Hordeum vulgare L.) Flour: Comparative Spectrophotometric Study among Extraction Methods of Free and Bound Phenolic Compounds. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Vol. 52, nº 16, 2004.
- CUVELIER, M. E; RICHARD, H; BERSET, C. Comparison of the antioxidant activity of some acid phenols: structure-activity relationship. Bioscience Biotechnology and Biochemistry, Benkyoku, Vol. 59, pág.324-325, 1992.
- DEGÁSPARI, C. H; WASZCZYNSKYJ, N. Propriedades antioxidantes de compostos fenólicos. Visão Acadêmica. Curitiba; Vol. 5, nº 1, pág. 33-40, 2004.
- JEBALI, J; GHAZGHAZI, H; AOUADHI, C; EL BINI-DHOUIB, I; BEN SALEM, R; SRAIRI-ABID, N; MARRAKCHI, N; RIGANE, G. Tunisian Native Mentha pulegium L. Extracts: Phytochemical Composition and Biological Activities. Molecules, 27, 314. 2022.
- MEDA, A; LAMIEN, C.E; ROMITO, M; MILLOGO, J.F; NACOULMA, O.G. Determinação dos teores de fenólicos totais, flavonóides e prolina no mel de Burkina Fasan, bem como sua atividade de eliminação de radicais. Food Chemistry, 91, 571-577, 2005.
- PRICE, M.L; SCOYOC, S.W; BUTLER, L.G. Uma avaliação crítica da reação de vanilina como um ensaio para tanino em grão de sorgo. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 26 , 1214-1218, 1978.
- PUBCHEM - PESQUISA AOS DADOS SOBRE O COMPOSTO MENTOL. - (https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/source/hsdb/593#section=Mechanism-of-Action-(Complete)). Acesso em 03 de abril de 2022.
- TEIXEIRA, B; MARQUES, A; RAMOS, C; BATISTA, I; SERRANO, C; MATOS, O; NENG, N.R; NOGUEIRA, J.M.F; SARAIVA, J.A; NUNES, M.L. European pennyroyal (Mentha pulegium) from Portugal: chemical composition of essential oil and antioxidant and antimicrobial properties of extracts and essential oil. Ind. Crop. Prod. 36, 81–87, 2012. 








