Autores
Cruz, T.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA (UEPG))  ; Granato, D. (UNIVERSITY OF LIMERICK)  ; Marques, M.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA (UEPG))
Resumo
O objetivo do trabalho foi avaliar a influência da sazonalidade sobre a 
composição química e bioatividades de folhas de ora-pro-nóbis (OPN). Foram 
medidos os teores de proteínas e de compostos fenólicos (CFT) e as atividades 
antioxidante e anti-hemolítica. Os teores de CFT (25-46 mg AGE/g) e de proteínas 
(438-843 mg/g) e atividade antioxidante (inibição DPPH 11-31%, inibição 
peroxidação lipídica 6-63%, quelação Fe2+ 22-54%) variaram sazonalmente, com 
ápice nos meses de maio, junho, setembro e outubro. Todavia, a sazonalidade não 
interfere na atividade anti-hemolítica. Logo, para obtenção otimizada de teores 
de CFT e proteínas e atividade antioxidante, os melhores meses para coleta de 
folhas de OPN são maio, junho, setembro e outubro, apesar de não haver diferença 
no efeito anti-hemolítico.
Palavras chaves
Teor de Compostos Fenólic; Inibição de Peroxidação L; Hemólise
Introdução
A ora-pro-nóbis (OPN), Pereskia aculeata Miller, é uma planta alimentícia não 
convencional cujas folhas apresentam grande valor nutricional (Takeiti et al, 
2009). Atividade anti-inflamatória (Pinto, Machado et al, 2015), antioxidante, 
antimicrobiana, antifúngica (Souza et al, 2016), antinociceptiva (Pinto, Duque 
et al, 2015) e anti-hemolítica (Garcia et al, 2019) são propriedades já 
atribuídas a extratos de folhas de OPN.
Uma série de compostos fenólicos já foram identificados em folhas de OPN: 
quercetina, petunidina, hordenina (Pinto, Duque et al, 2015), rutina, ácido 
cafeico, ácido caftárico, kaempferol, isorhamnetina (Garcia et al, 2019), ácido 
chicórico, ácido cafeoil-hexárico e ácido cumaroil-hexárico (Cruz et al, 2021). 
Vários fatores podem influenciar a biossíntese destes fenólicos e de outros 
metabólitos secundários e primários pela planta, como luminosidade (Bravo et al, 
2012), umidade do ar (Zhang et al, 2016), temperatura do ar (Ramakrishna & 
Ravishankar, 2011), localização geográfica do espécime (Ben Ghorbal et al, 2018) 
e sazonalidade (Xie et al, 2015), entre outros. 
Há lacunas no estudo da variação sazonal da composição fenólica do folhas de OPN 
e da consequente influência nas bioatividades de seus extratos. Sendo assim, o 
objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da sazonalidade sobre os teores 
de proteínas e compostos fenólicos e atividades antioxidante e anti-hemolítica 
de folhas de OPN.
Material e métodos
As folhas foram coletadas de um espécime localizado em Francisco Beltrão, PR, 
Brasil (26º04'51.9''S 53º03'59.5''W) no primeiro dia de cada mês, entre out/2019 
e set/2020 (exsicata nº 22.500). O material foi seco à temperatura ambiente e ao 
abrigo da luz até massa constante. Foram realizadas extrações a 45 ºC, por 30 
min sob agitação constante. O solvente utilizado foi uma mistura de água e 
etanol (60:40), sendo selecionado por ser o produto da otimização extração de 
compostos bioativos de folhas de OPN previamente realizado (Cruz et al, 2021).
Foi utilizada o método do Biureto (Cruz et al, 2021) para quantificação de 
proteínas (curva analítica com BSA, 500-5500 mg/L, R² = 0,9990, resultados em 
mg/g) e o método de Folin-Ciocalteu (Margraf et al, 2015) para quantificar o 
teor de compostos fenólicos totais (CFT) (curva com ácido gálico, 20-120 mg/L, 
R² = 0,9987, resultados em mg de ácido gálico equivalente (AGE) por g).
	A atividade antioxidante foi avaliada por 3 métodos: (A) inibição do 
radical DPPH (curva com ácido ascórbico, 5-25 mg/L, R² = 0,9988, resultados em 
mg de ácido ascórbico equivalente (AAE) por g; Brand-Williams et al, 1995), (B) 
quelação de Fe2+ (curva com EDTA, 10-50 mg/L, R² = 0,9916 e resultados expressos 
em mg de EDTA equivalente (EDTAE) por g; Santos et al, 2017) e (C) capacidade de 
inibição de peroxidação lipídica (IPL) (amostras a 200 µg/mL; Margraf et al, 
2016). A avaliação da atividade anti-hemolítica em condições hipotônicas (Zhang 
et al, 2019) foi realizada com extratos a 100 µg/mL (procedimento aprovado pelo 
Comitê de Ética da UEPG, CAAE 94830318.1.0000.0105). 
A homocedasticidade dos resultados foi avaliada pelo teste de Brown-Forsythe e 
as médias comparadas por ANOVA, com testes realizados no Statistica v.13.2 e 
nível de significância de 0,05.
Resultado e discussão
O teor de proteínas dos extratos variou de 438 mg/g (março) a 842 mg/g (junho). 
Estes resultados se assemelham aos de Silva et al (2018), que reportaram o teor 
mínimo em fevereiro e máximo em junho e dezembro. O teor de CFT variou de 25 a 
46 mg AGE/g, também similares aos encontrados por Garcia et al (2019) para 
extrato hidroalcoólico das folhas de OPN. O ápice do teor de CFT ocorreu em 
outubro, dezembro e janeiro, enquanto o menor patamar foi alcançado em março, 
maio e julho. Estes resultados não corroboram o encontrado por Silva et al 
(2018), que indicam o maior teor em abril e o menor em fevereiro.
Os extratos inibiram o radical DPPH, com eficiência que variou entre 11% (maio) 
e 31% (outubro), que é inferior à verificada para o ácido ascórbico 25 mg/L 
(44%). Estes resultados discordam dos encontrados por Silva et al (2018), que 
mostraram o ápice de eficiência em abril e o mínimo em dezembro. Os extratos 
foram eficientes para quelar de 22% (outubro) a 54% (março) do Fe2+ disponível, 
apesar de serem menos eficientes que EDTA 25 mg/L (60% de quelação). Além disso, 
as amostras inibiram peroxidação lipídica entre 6% (agosto) e 63% (maio), apesar 
de nenhuma delas apresentar eficiência similar à quercetina 25 µg/mL.
Quanto à hemólise hipotônica, os extratos apresentaram valores de H50, 
concentração de NaCl onde ocorre 50% de hemólise, não diferentes entre si e, com 
exceção de fevereiro e abril, todos os extratos reduziram o valor de H50 
(valores próximos a 0,410%), o que evidencia que a variação sazonal não impacta 
sua atividade anti-hemolítica. Quando em concentração de NaCl de 0,4%, os 
extratos reduziram a hemólise com eficiência similar à verificada para 
quercetina 25 μg/mL, comprovando sua eficiência na proteção de eritrócitos 
contra estresse osmótico.

Conclusões
É possível concluir que a composição química das folhas de OPN sofrem variação 
sazonal, com ápice de produção de proteínas em junho e de fenólicos em outubro. 
Consequentemente, sua atividade antioxidante também varia sazonalmente, 
apresentando os melhores resultados nos meses de maio, setembro e outubro. Além 
disso, a capacidade anti-hemolítica não sofre alteração sazonal, ou seja, é 
invariável ao longo dos 12 meses em questão. Portanto, os melhores meses para 
coleta deste material vegetal são maio, junho, setembro e outubro, apesar de não 
haver diferença no efeito anti-hemolítico in vitro.
Agradecimentos
Às agências de fomento de pesquisa (CAPES e CNPq) e à UEPG, c-LABMU pela 
estrutura, equipamentos e análises. À equipe do LAQUA e do grupo de Química de 
Alimentos da UEPG pelo auxílio e apoio.
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