Autores
Stelle, Y. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA (UEPG))  ; Cruz, T.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA (UEPG))  ; Gonçalves, L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA (UEPG))  ; Granato, D. (UNIVERSITY OF LIMERICK)  ; Marques, M.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA (UEPG))
Resumo
O objetivo desse estudo foi avaliar o potencial antioxidante e anti-hemolítico 
do extrato hidroalcoólico de folhas de Paubrasilia echinata e identificar 
parcialmente a composição química, quantificando teores de compostos fenólicos 
totais (CFT), flavonoides totais (FT) e clorofila total (CT). Avaliou-se a 
inibição do radical DPPH, a capacidade de redução de ferro (FRAP), capacidade 
redutora total (CRT) e quelação de metais de transição (Fe2+ e Cu2+) 
caracterizando atividades antioxidantes. O extrato apresentou elevado teor de 
compostos fenólicos totais, os quais foram significativamente correlatos aos 
ensaios de DPPH e FRAP, reafirmando a capacidade antioxidante dessa classe de 
compostos. Os resultados também indicaram atividade anti-hemolítica do extrato 
frente a eritrócitos fragilizados.
Palavras chaves
Paubrasilia echinata; Antixodante; Hemólise
Introdução
O Pau-Brasil, árvore símbolo do país que carrega parte de seu nome, foi 
renomeado de Caesalpinia echinata para Paubrasilia echinata devido a diferenças 
morfológicas e genéticas (GAGNON et al., 2016). Foi muito explorado durante a 
colonização portuguesa, correndo o risco de ser extinto se não forem efetivadas 
e intensificadas as propostas de preservação (MARQUES; BORGES, 2020). 
Sua intensiva exploração se deveu, principalmente, à resistência da madeira e à 
coloração vermelha da resina. A madeira foi utilizada na produção de 
instrumentos musicais e fabricação de móveis, ao passo que a resina foi 
empregada como corante na indústria têxtil. A cor avermelhada decorre da 
presença do produto da oxidação da brasilin, a brasileína, ambos fenólicos e 
exercem atividade antioxidante (AGUIAR; PINHO,1986; REZENDE et al., 2004; GOMES 
et al., 2014; MARQUES; BORGES, 2020). 
Suas aplicações mais usuais na medicina popular incluem ação cicatrizante e 
tratamento de diarreias e disenteria. Há relatos versando sobre atividades anti-
inflamatórias, antifúngicas, antitumorais, antimicrobianas e antioxidantes 
(GOMES et al., 2014; GRANJEIRO, 2009; SHEN et al., 2007). 
Na literatura, existem poucos relatos sobre extratos de folha de Paubrasilia 
echinata, menos ainda os que avaliam a atividade antioxidante e composição 
química. Por isso, esse trabalho teve como objetivo estudar e avaliar o 
potencial antioxidante, composição química e atividade anti-hemolítica de 
extrato hidroalcoólico de folhas de Pau-Brasil.
Material e métodos
As folhas de Pau-Brasil foram coletadas em julho/2021 de um espécime em Ponta 
Grossa – Paraná (25º04’39.3’’S 50º11’15.4’’W), a amostra foi seca à temperatura 
ambiente e triturada. Os extratos foram obtidos por infusão, em uma mistura de 
50% etanol e 50% água ultrapura.
Para a composição química, foram quantificados: flavonoides totais (FT) (HERALD 
et al., 2012), compostos fenólicos totais (CFT) (MARGRAF et al., 2015) e teor de 
clorofila total (CT) (PARNIAKOV et al., 2015).
A capacidade antioxidante foi avaliada através dos ensaios de: sequestro do 
radical DPPH (2,2-difenil-2-picrilhidrazil) (BRAND-WILLIAMS et al., 1995), FRAP 
(Capacidade de redução do Ferro) (GRANATO et al., 2015), quelação de Fe2+ e Cu2+ 
(SANTOS et al., 2017), e Capacidade Redutora Total (CRT) (BERKER et al., 2013).
Para determinação da atividade anti-hemolítica, eritrócitos de amostras 
sanguíneas do tipo O+, fornecidas pelo HUCG-UEPG, foram isolados por lavagens 
consecutivas em tampão (PBS 5 mmol/L, NaCl 154 mmol/L, pH 7,4), centrifugados a 
700xg por 10 minutos até obtenção de sobrenadante límpido, o hematócrito foi 
posteriormente ressuspenso e diluído até 12,5%. Os eritrócitos isolados foram 
submetidos a condições isotônicas e hipotônicas, na presença e ausência do 
extrato hidroalcoólico, com a absorbância acompanhada em 540 nm (ZHANG et al., 
2019). 
Todos as análises foram realizadas em triplicata, com os resultados expressos em 
média ± desvio padrão. Os testes de Brown-Forsythe, ANOVA e matrizes de 
correlação de Pearson foram conduzidos para relacionar estatisticamente 
composição química, atividade antioxidante e bioatividades dos extratos 
(software Statistica® v. 13.3).
Resultado e discussão
Os resultados obtidos foram expressos em massa de padrão equivalente por grama 
de extrato, podendo ser observados na Tabela 1, abaixo. O extrato hidroalcoólico 
obteve um rendimento de 8,27%. Quanto à composição química, CFT foi de 238,12 
mgAGE/g, sendo maior que o teor obtido para um extrato etanólico 80% de folhas 
de Bauhinia forficata L. (217,29 mg AGE/g), da mesma família da Paubrasilia 
echinata (MICELI et al., 2016). O valor de FT obtido foi de 78,48 mg CE/g e CT 
de 4,83 mg/g.  A clorofila pode atuar antagonicamente aos compostos 
antioxidantes pois pode se comportar como pró-oxidante e, por ser um cromóforo, 
pode interferir nas análises espectroscópicas. 
Quanto às análises de atividade antioxidante por redução, o extrato 
hidroalcoólico apresentou 480 mg AAE/g para DPPH, 380,61 mg AAE/g para FRAP e 
149,5 mg QE/g para CRT. Para quelações de metais de transição, os resultados 
foram 8,84 mg EDTAE/g para quelação de Fe2+ e 190,46 mg EDTAE/g para quelação de 
Cu2+. O teor de CFT foi significativamente correlato (p ≤ 0,05) às análises de 
DPPH e de FRAP, corroborando com o fato dessa classe de compostos apresentar 
atividade antioxidante.
O extrato demonstrou potencial ação anti-hemolítica em condições hipotônicas. O 
H50, onde há 50% da hemólise, foi menor e estatisticamente diferente do 
controle, na ausência do extrato, sendo equivalente a 0,428% de NaCl para o 
extrato e 0,490% para o controle.

Conclusões
Com esse trabalho foi possível concluir que as folha de Paubrasilia echinata, mais 
especificamente o extrato delas obtido, possui elevado potencial antioxidante 
agregada à atividade de proteção à hemólise. Também foi possível correlacionar 
estatisticamente a atividade antioxidante à presença dos compostos fenólicos. Por 
fim, como são escassos os relatos de bioatividade das folhas do Pau-Brasil, há 
demanda de uma ampla pesquisa de grande importância farmacológica e ecológica para 
a preservação dessa espécie. 
Agradecimentos
Aos órgãos de fomento, CAPES e CNPq, à Universidade Estadual de Ponta Grossa, ao 
Hospital Universitário Regional Wallace Thadeu de Mello e Silva, ao Programa de 
Pós-Graduação em Química da UEPG e à equipe do LAQUA.
Referências
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