Autores
Cruz, T.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - UEPG)  ; Stelle, Y. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - UEPG)  ; Granato, D. (UNIVERSITY OF LIMERICK)  ; Marques, M.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - UEPG)
Resumo
As folhas de ora-pro-nóbis (OPN) são a parte da planta mais conhecida, mas 
existem lacunas no estudo de flores e frutos. Com isso, o objetivo deste 
trabalho foi comparar o teor de fenólicos (CFT) e a atividade antioxidante (AA) 
de extratos destas matrizes. Para isto, foi quantificado o teor de CFT e AA de 
captura de radicais (DPPH e ABTS), potencial redutor (FRAP e CRT) e inibição de 
peroxidação lipídica (IPL). Os extratos são ricos em compostos fenólicos e são 
eficientes como antioxidantes, entretanto é possível destacar os extratos 
hidroalcoólicos, especialmente o hidroalcoólico de flores, que apresenta o maior 
teor de fenólicos (41 mg AGE/g) e AA (IC50, DPPH = 47 mg/L; CRT = 120 mg QE/g; 
IC50, IPL = 152 mg/L), o que indica o potencial bioativo de outras partes da OPN 
que não as folhas.
Palavras chaves
Groselha-de-Barbados; PANC; Peroxidação Lipídica
Introdução
Pereskia aculeata Mill. é uma planta popularmente conhecida como ora-pro-nóbis 
(OPN), groselha-de-Barbados, entre outros nomes, com distribuição preferencial 
desde a Bahia até o Rio Grande do Sul (SOUZA et al, 2016). Caracteriza-se como 
uma uma planta alimentícia não-convencional (PANC) e suas folhas, frutos e 
flores são comestíveis.
Suas folhas são a parte mais consumida e estudada da planta e são ricas em 
proteínas, ferro, vitaminas e fenólicos (Cruz et al, 2021; Takeiti et al, 2009), 
o que as caracteriza como um alimento nutritivo e funcional. Estas 
características corroboram seu uso culinário (de Almeida & Corrêa, 2012), 
podendo, ainda, ser uma alternativa ao consumo de proteína animal, pois seu teor 
proteico ultrapassa 20% (base seca) (Takeiti et al, 2009).
Seus frutos são ricos em carotenoides e fenólicos (da Silva et al, 2018), dentre 
os quais já foram identificados quercetina e ácido cafeico, entre outros (Moraes 
et al, 2021). Na medicina popular, são utilizados como antissifilíticos e 
expectorantes (Pinto & Scio, 2014), mas outras propriedades biológicas já foram 
demonstradas in vitro, como as atividades antioxidante, antiproliferativa e 
neuroprotetora (Massocatto et al, 2021; Moraes et al, 2021).
As flores da OPN são a parte menos estudada, sendo ricas em ácidos fenólicos, 
como os ácidos p-cumárico e vanílico, além de alcaloides como a mescalina e 
triptamina. Além disso, o extrato aquoso apresenta atividade antioxidante mais 
intensa que a verificada para os frutos, indicando o seu potencial nutracêutico 
(Moraes et al, 2021).
Entretanto, ainda existem lacunas no estudo de propriedades funcionais de flores 
e frutos de OPN. Com isso, o objetivo deste trabalho foi comparar o teor de 
compostos fenólicos e a atividade antioxidante dos frutos, folhas e flores de 
OPN.
Material e métodos
As amostras de folhas (coletadas em 18/04/22), flores (coletadas em 09/03/22) e 
frutos (coletadas em 16/07/22) foram coletadas de um mesmo espécime (Voucher nº 
22692) localizado no município de Ponta Grossa, PR (25º08’79.7’’S, 
50º09’35.8’’W). As partes foram secas em estufa de circulação de ar a 40 ºC até 
massa constante. Em seguida, foram realizadas extrações com etanol, água 
ultrapura e mistura hidroalcoólica (50% água, 50% etanol), a 50 ºC por 30 
minutos.
O teor de compostos fenólicos totais (CFT) foi quantificado segundo Margraf et 
al (2015), com curva analítica de 20-100 mg/L, R² = 0,9971 e os resultados 
expressos em mg de ácido gálico equivalente (AGE)/g. A atividade antioxidante 
(AA) dos extratos foi avaliada pela inibição dos radicais 2,2-difenil-2-
picrilhidrazil (DPPH) (BRAND-WILLIAMS et al, 1995) e 2,2’-azinobis-(3-
etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico) (ABTS+•) (RE et al, 1999), com resultados 
expressos em IC50 (mg/L). Também foram avaliadas a capacidade antioxidante de 
redução de Fe (III) (FRAP) (faixa de trabalho de 20-100 mg/L, R² = 0,9971 e os 
resultados expressos em mg de ácido ascórbico equivalente (AAE)/g, GRANATO et 
al, 2015), a capacidade redutora total (CRT) (faixa de trabalho de 20-120 mg/L, 
R² = 0,9988 e os resultados expressos em mg de quercetina equivalente (QE)/g, 
BERKER et al, 2013) e a inibição de peroxidação lipídica (IPL) (amostras a 200 
µg/mL; Margraf et al, 2016).
Os resultados foram expressos em média ± desvio-padrão. A homocedasticidade dos 
resultados foi avaliada pelo teste de Brown-Forsythe. As respostas foram 
comparadas com análise de variância unidimensional. Os testes foram realizados 
no Software Statistica v. 13.2 e o nível de significância aplicado foi de 0,05.
Resultado e discussão
O teor de CFT dos extratos variou entre 12-41 mg AGE/g (Tabela 1), sendo o 
extrato hidroalcoólico de flores o mais rico nesta classe de compostos. Este é o 
primeiro relato do teor de CFT para extratos de flores e frutos de OPN. Na 
literatura, o teor de CFT dos extratos aquoso, etanólico e hidroalcoólico de 
folhas varia entre 13-65 mg AGE/g (CRUZ et al, 2021; MACIEL et al, 2021), que 
valores similares aos encontrados neste trabalho.
Os resultados de AA estão mostrados na Tabela 2. Na inibição de radicais, os 
extratos apresentaram IC50 de 47-570 mg/L (DPPH) e 42-440 mg/L (ABTS). O extrato 
hidroalcoólico de flores apresentou o menor IC50 para ambos os radicais (DPPH = 
47 mg/L; ABTS = 42 mg/L), o que pode ser atribuído ao seu teor de CFT. Estes 
resultados são melhores que os encontrados para ácido ascórbico (IC50,DPPH = 4 
mg/L; IC50,ABTS = 3 mg/L) e BHT (IC50,DPPH = 66 mg/L; IC50,ABTS = 13 mg/L) e os 
da literatura para o extrato hidroalcoólico de folhas (IC50,DPPH = 72,9 mg/L; 
IC50,ABTS = 72,9 mg/L; GARCIA et al, 2019).
Nas análises de poder redutor, a eficiência dos extratos variou entre 26-76 mg 
AAE/g (FRAP) e 26-120 mg QE/g (CRT). Novamente, o extrato hidroalcoólico de 
flores demonstrou a maior eficiência dentre as amostras, apresentando AA mais 
expressiva que a verificada por Cruz et al (2021) para extrato hidroalcoólico de 
folhas de OPN (61 mg AAE/g para FRAP; 80 mg QE/g para CRT).
Para IPL, os extratos aquosos de frutos e folhas e o etanólico de frutos 
apresentaram IC50 maior que 500 mg/L. A amostra mais eficiente foi o extrato 
hidroalcoólico de flores (IC50 = 152 mg/L), apesar de não tão eficiente quanto a 
quercetina (IC50 = 69 mg/L) e o BHT (IC50 = 70 mg/L). Na literatura, o IC50 
reportado para o extrato hidroalcoólico de folhas é de 39 mg/L (GARCIA et al, 
2019).

Rendimento e teor de compostos fenólicos totais (CFT) dos extratos de folhas, frutos e flores de ora-pro-nóbis.

Atividade antioxidante dos extratos de folhas, frutos e flores de ora-pro-nóbis.
Conclusões
Extratos de flores, folhas e frutos de OPN são ricos em fenólicos, especialmente o 
extrato hidroalcoólico de flores, que apresentou o maior teor de CFT entre as 
amostras. Quanto à AA, o melhor solvente para extração de compostos antioxidantes 
é o hidroalcoólico e extratos de flores são mais eficientes que os de frutos que, 
por sua vez, são mais eficientes que os de folhas. Este trabalho mostra que, 
apesar das folhas serem a parte mais consumida da OPN, seus extratos apresentam 
menores teores de CFT e AA in vitro que os de flores e frutos, sugerindo o 
potencial bioativo destas matrizes.
Agradecimentos
Às agências de fomento de pesquisa (CAPES e CNPq), à UEPG, c-LABMU pela estrutura, 
equipamentos e análises. À equipe do LAQUA e do grupo de Química de Alimentos da 
UEPG pelo auxílio e apoio.
Referências
BERKER, K. I.; OLGUN, F. A. O.; OZYURT, D.; DEMIRATA, B.; APAK, R. Modified Folin-Ciocalteu antioxidant capacity assay for measuring lipophilic antioxidants. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 61, n. 20, p. 4783–4791, 2013.
BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M.E.; BERSET, C.L.W.T. Use of free radical method to evaluate antioxidant activity. Food Science Technology Letters, v. 28, n. 1, p. 25-30, 1995.
CRUZ, T. M.; SANTOS, S. S.; DO CARMO, M. A. V.; HELLSTRÖM J.; PIHLAVA, J.; AZEVEDO, L.; GRANATO, D.; MARQUES, M. B. Extraction optimization of bioactive compounds from ora-pro-nobis (Pereskia aculeata Miller) leaves and their in vitro antioxidant and antihemolytic activities. Food Chemistry, v. 361, p. 130078, 2021.
DE ALMEIDA, M. E. F.; CORRÊA, A. D. Utilization of cacti of the genus Pereskia in the human diet in a municipality of Minas Gerais. Ciencia Rural, v. 42, n. 4, p. 751–756, 2012.
DA SILVA, A. P. G.; SPRICIGO, P. C.; DE FREITAS, T. P.; ACIOLY, T. M. S.; DE ALENCAR, S. M.; JACOMINO, A. P. Ripe Ora-pro-nobis (Pereskia aculeata miller) fruits express high contents of bioactive compounds and antioxidant capacity. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 40, n. 3, p. 1–6, 2018.
GARCIA, J.A.A.; CORRÊA, R.C.G.; BARROS, L.; PEREIRA, C.; ABREU, R.M.V.; ALVES, M.J.; CALHELHA, R.C.; BRACHT, A.; PERALTA, R.M.; FERREIRA, I.C.F.R. Phytochemical profile and biological activities of ‘Ora-pro-nobis’ leaves (Pereskia aculeata Miller), an underexploited superfood from the Brazilian Atlantic Forest. Food Chemistry, v. 294, n. 1, p. 302-308, 2019.
GRANATO, D.; KARNOPP, A. R.; VAN RUTH, S. M. Characterization and comparison of phenolic composition, antioxidant capacity and instrumental taste profile of juices from different botanical origins. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 95, n. 10, p. 1997–2006, 2015.
MACIEL, V. B. V.; YOSHIDA, C. M. P.; BOESCH, C. B.; GOYCOOLEA, F. M.; CARVALHO, R. A. Iron-rich chitosan-pectin colloidal microparticles laden with ora-pro-nobis (Pereskia aculeata Miller) extract. Food Hydrocolloids, v. 98, n. January 2019, p. 105313, 2020.
MARGRAF, T.; KARNOPP, A.R.; ROSSO, N.D.; GRANATO, D. Comparison between Folin-Ciocalteu and Prussian Blue assays to estimate the total phenolic content of juices and teas using 96-well microplates. Journal of Food Science, v. 80, n. 1, p. 2397-2403, 2015.
MARGRAF, T.; SANTOS, E.N.T.; ANDRADE E.F.; VAN RUTH, S.M.; GRANATO, D. Effects of geographical origin, variety and farming system on the chemical markers and in vitro antioxidant capacity of Brazilian purple grape juices. Food Research International, v. 82, n. 1, p. 145-155, 2016.
MASSOCATTO, A. M.; SILVA, N. F. S.; KAZAMA, C. C.; PIRES, M. D. B.; TAKEMURA, O. S.; JACOMASSI, E. Biological activity survey of Pereskia aculeata Mill. and Pereskia grandifolia Haw. (Cactaceae). Pharmaceutical Sciences, v. 55, n. 43, 2021.
MORAES, T. V.; MONTENEGRO, J.; MARQUES, T. S.; EVANGELISTA, L. M.; ROCHA, C. B.; TEODORO, A. J.; KATO, L.; MOREIRA, R. F. A. Phytochemical profile and antioxidant activity of flowers and fruits of Pereskia aculeata Miller. Scientia Plena, v. 17, n. 5, p. 1–17, 2021.
PINTO, N. C. C.; SCIO, E. The Biological Activities and Chemical Composition of Pereskia Species (Cactaceae)-A Review. Plant Foods for Human Nutrition, v. 69, n. 3, p. 189–195, 2014.
RE, R.; PELLEGRINI, N.; PROTEGGENTE, A.; PANNALA, A.; YANG, M.; RICE-EVANS, C. Antioxidant activity applying an improved ABTS radical cation decolorization assay. Free Radical Biology & Medicine, v. 26, n. 9/10, p. 1231–1237, 1999.
SOUZA, L.F.; CAPUTO, L.; BARROS, I.B.I.; FRATIANNI, F.; NAZZARO, F.; FEO, V. Pereskia aculeata Muller (Cactaceae) leaves: chemical composition and biological activities. International Journal of Molecular Sciences, v. 17, n. 1, p. 1478-1490, 2016.
TAKEITI, C.Y.; ANTONIO, G.C.; MOTTA, E.M.P.; COLLARES-QUEIROZ, F.P.; PARK, K.J. Nutritive evaluation of a non-conventional leafy vegetable (Pereskia aculeata Miller). International Journal of Food Sciences and Nutrition, v. 60, n. 1, p. 148–160, 2009.








