Autores
Lima, J.A.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS)  ; Lima, M.P. (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA)  ; Nascimento, C.C. (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA)
Resumo
A Amazônia brasileira ocupa um total de 68% do território das florestas do 
Brasil. Através de estudos com espécies da família Lauraceae já foram 
identificadas diversas classes de substâncias como lignoides e terpenoides. 
Contudo para a espécie Licaria aritu há apenas um estudo relatado. Por isso 
considerando a escassez de estudos químicos é que submeteu-se o louro-aritu ao 
estudo fitoquímico. Utilizou-se colunas cromatográficas e placa preparativa de 
sílica gel e a identificação das substâncias isoladas foi realizada pela técnica 
de Ressonância Magnética Nuclear unidimensionais e bidimensionais. Com o 
fracionamento do extrato metanólico obteve-se o isolamento dos sesquiterpenos 
(-)-T-muurolol (1), ent-T-muurolol (2) e α-cadinol (5) e os fenilpropanoides 
apiol (3) e dilapiol (4). 
Palavras chaves
Lauraceae; RMN; Fitoquímica
Introdução
O Brasil possui a maior biodiversidade do planeta. Essa rica biodiversidade é 
fonte de oportunidades que representam sua conservação, uso sustentável e 
patrimônio genético. O país abriga uma extensa área florestal, onde se destaca a 
Amazônia brasileira, que é detentora de cerca de 334 milhões de hectares de área 
de florestas naturais, representando cerca de 68% do território florestal do 
Brasil (SNIF, 2018; MMA, 2022). 
Dentre as famílias vegetais encontrados no país está a Lauraceae contendo cerca 
de 2500 espécies com diversos estudos realizados, de onde identificaram-se 
classes de substâncias quimicamente bioativas tais como: alcaloides, 
terpenoides, flavonoides, lignoides (GRECCO et al., 2016). Da espécie Licaria 
aritu Ducke, conhecida popularmente como louro-aritu, há apenas um estudo 
químico descrito na literatura por Aiba e Gottlieb (1973) no qual isolaram do 
tronco da madeira duas neolignanas denominadas de licarina A e B. É necessárias 
mais pesquisas serem realizadas com esta espécie das diferentes partes 
vegetativas.   
Estudos fitoquímicos vem sendo realizados com resíduos madeireiros mostrando 
resultados promissores. Onde Melo e colaboradores (2019) isolaram do resíduo de 
ipê amarelo (Handroanthus serratifolius (Vahl) S. Grose) três naftoquinonas que 
apresentaram atividade antiplasmódica contra Plasmodium falciparum e atividade 
antifúngica significativa contra Cryptococcus neoformans. Portanto considerando 
a escassez de estudos fitoquímicos realizados com a parte da madeira de L. aritu 
e a disponibilidade desses resíduos madeireiros no âmbito do projeto INCT-
Madeiras da Amazônia, é que se visou o estudo fitoquímico a fim de contribuir 
para o conhecimento da composição química da espécie. 
Material e métodos
Os resíduos madeireiros tiveram suas propriedades tecnológicas avaliadas pelo 
Laboratório de Tecnologia da Madeira da Coordenação de Tecnologia e Inovação do 
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (COTI/INPA) e os resíduos 
resultantes foram fornecidos para os estudos fitoquímicos. Inicialmente os 
resíduos (1219,8 g) foram submetidos a macerações à frio com hexano, seguido por 
metanol (ver figura 1), separadamente, por um período de sete dias para cada 
solvente. Obteve-se o extrato hexânico (LAH) e metanólico (LAM) com as massas de 
3,6 g e 19,8 g respectivamente. 
O extrato metanólico foi fracionado em coluna aberta em sílica gel 70-230 mesh 
(h=35,0 cm e Ø=4,5 cm) em ordem crescente de polaridade (Hex; Hex/Acetato; 
Acetato/MeOH; MeOH), obtendo-se 25 frações. As frações foram analisadas em CCD, 
seguindo-se de fracionamentos posteriores. Da fração codificada como LAM-5 
(1133,3 mg) retirou-se 40 mg da amostra para purificação por cromatografia em 
camada delgada preparativa (20 cm X 20 cm) em sílica gel fase normal eluída em 
DCM 100%. Deste fracionamento obteve-se 4 subfrações, que resultou no isolamento 
4 substâncias em mistura: 1, 2 (subfração 2), 3 e 4 (subfração 4).
A fração LAM-7 (302,9 mg) verificou-se em CCD a presença de uma única macha roxa 
resultando no isolamento da substância 3 e em CCD a fração LAM-8 (185,4 mg) 
apresentou o mesmo Rf da substância sitosterol que é comumente encontrado nas 
plantas. Todas as substâncias isoladas foram analisadas em ressonância magnética 
nuclear (300 MHz para RMN 1H e 75 MHz para RMN 13C), aparelho Bruker, modelo 
Fourier-300. As identificações estruturais foram realizadas com base nas 
técnicas de unidimensionais RMN (1H, 13C e DEPT) e bidimensionais (HSQC e HMBC).
Resultado e discussão
O espectro de RMN 1H das substâncias 1 e 2 mostrou sinais em regiões 
características de hidrogênios olefínicos em δ 5,58 (d; J= 1,41 Hz) com 
intensidade menor ( 2) e δ 5,56 (d; J=1, 41 Hz) com intensidade maior (1). A 
presença de 8 metilas foi observada sendo quatro pertencentes a dois grupos 
isopropílicos em δ 0,93 e 0,91 (d, J=7,0 Hz)  0,81 e 0,85 (d, J=7,0 Hz), duas 
geminais ao grupo hidroxi (δ 1,23 s e 1,21 s) e duas metilas vinílicas δ 1,67 sl 
e 1,65 sl, para as substâncias 1 e 2 respectivamente. Com base nos resultados a 
substância 1 foi identificada como (-)-T-muurolol (majoritária) e a substância 2 
como ent-T-muurolol.
As substâncias 3 e 4 mostrou no espectro de RMN 1H sinais de hidrogênios 
aromáticos em δ 6,31 s com intensidade maior (3) e δ 6,36 s com intensidade 
menor (4), grupo metileno dióxido (δ 5,96 s e 5,89 s), metoxilas (δ 3,86; 3,88; 
3,76 e 4,02). Além de sinais de dupla terminal (δ 5,94 e 5,03). No espectro de 
RMN de 13C observou-se sinais de carbonos metoxílicos (δ 56,86; 60,02; 59,78 e 
61,30) dupla terminal (δ 137,36; 115,39 e 115,57), e do metileno dióxido (δ 
101,55 e 101,11). Após análise dos espectros e em comparação com a literatura 
(MOHAMAD et al., 2015) a substância 3 foi identificada como apiol (majoritária) 
e a substância 4 como dilapiol.
A substância 5 apresentou no espectro de RMN de 1H sinais característicos das 
metilas do grupo isopropila em δ 0,78 (d; J=6,93 Hz) e 0,93 (J=6,93 Hz), sinais 
de singletos em δ 1,68 (H-14) e 1,11 (H-15) e sinal de hidrogênio olefínico (δ 
5,50 sl). No espectro de RMN de 13C observaram-se sinais de carbonos olefínicos 
(δ 122,30 e 134,99) e carbinólico (δ 72,46). Com base nesses resultados em 
comparações com a literatura (HOAI et al., 2021) a substância 5 foi identificada 
como o sesquiterpeno α-cadinol.

Conclusões
O estudo colaborou com o conhecimento do perfil químico da madeira de Licaria 
aritu Ducke. E proporcionou o isolamento e identificação dos sesquiterpenos T-
muurolol (1), ent-T-muurolol (2) e α-cadinol (5) e dos fenilpropanóides apiol (3) 
e dilapiol (4), assim como do sitosterol que é frequentemente encontrado nas 
plantas. Todas as substâncias estão sendo relatadas pela primeira vez na espécie 
de Licaria aritu Ducke, evidenciando a importância de estudar os resíduos 
madeireiros. 
Agradecimentos
Ao Laboratório de Química de Produtos Naturais (LQPN), a Central Analítica do 
Laboratório Temático de Química de Produtos Naturais (CALTPQN) pela análise em RMN 
e a FAPEAM pelo apoio financeiro. 
Referências
AIBA, C.J.; CORREA, R.G.C.; GOTTLIEB, O.R. Natural occurrence of erdtman’s dehydrodiisoeugenol, Phytochemistry, vol. 12, n.5, 1163-1164, 1973.
GRECCO, S. S.; LORENZI, H.; TEMPONE, A. G.; LAGO, J. H. G. biological and chemical aspects of Nectandra genus (Lauraceae), Tetrahedron: Asymmetry, v. 27, n. 17, 793-810, 2016.
HOAI, L.T.T.; ANH, T.N.; LUU, N.T.; HIEU, N.V.; NINH, P.T.; LOC, T.V.; CHI, N.L.; NAM, N.X.; THAO, T.T.P. Sesquiterpenoidsfrom the barksand rootsof Michelia alba collected in Xuan Maitown, HanoiCity, Viet Nam. Vietnam Journal of Chemistry, vol. 59, n.1, 120-126, 2021.
MELO, L.E.S.; CRUZ, K.S.; SOARES, P.I.L.; NASCIMENTO, C.C.; SOUZA, J.V.B.; MARCELINO, B.M.M.; ANDRADE NETO, V.F.; FERREIRA, A.G.; LIMA, M.P. Antifungal and antiplasmodial activity of isolated compounds from Handroanthus serratifolius (Vahl) S. Grose Sawdusts. International Journal of Advanced Engineering Research and Science, Vol.6, n.9, 270-275, 2019.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA. Biodiversidade Brasileira. Disponível em: <http://www.mma.gov.br>. Acesso em: 16 de setembro de 2022.
MOHAMAD, H.; ANDRIANI, Y.; BAKAR, K.; SIANG, C.C.; SYAMSUMIR, D.F.; ALIAS, A.; RADZI, SAM. Effect of drying method on antimicrobial, antioxidant activities and isolation of bioactive compounds from Peperomia pellucida (L) HBK. Journal of Chemical and Pharmaceutical Research, Vol. 7, n.8, 578–584, 2015. 
SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES FLORESTAIS – SNIF. Brasília, 2018. Disponível em:< https://snif.florestal.gov.br/pt-br/os-biomas-e-suas-florestas>. Acesso em: 16 de setembro de 2022. 








