Autores
Silva, E.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)  ; Gomes, E.M.M.D.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)  ; Santos, T.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)  ; Leite, W.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)  ; Nascimento, J.P.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)  ; Alves, C.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)
Resumo
As indústrias cosméticas preocupam-se cada vez mais com questões relacionadas ao 
meio ambiente, visto que seus consumidores buscam produtos de origem natural,  
observa-se a substituição de ativos sintéticos por orgânicos, originados de 
plantas, ervas ou sementes, como é o caso do uso do óleo vegetal de Pracaxi. 
Dessa forma, foi elaborado um composto onde adicionou-se o óleo de pracaxi à 
manteiga de coco capilar, a fim de potencializar suas propriedades e analisou-se 
o potencial hidrogeniônico através do peagâmetro e a fita indicadora de pH, 
durante o processo foi necessário realizar a correção de acidez com solução de 
ácido cítrico. Desse modo, após os testes verificou-se que a adição do óleo de 
pracaxi à manteiga de coco tem um potencial altíssimo para uso capilar.
Palavras chaves
oléo de pracaxi; potencial hidrogeniônico; cabelo
Introdução
Os cuidados com os cabelos podem ser estéticos ou se referem a uma identificação 
social, religiosa  podendo revelar uma pessoa, seu modo de ser, sua crença e até 
sua saúde (COLENCI, 2007). Na atualidade existe uma grande variedade de 
cosméticos que prometem a reestruturação da fibra capilar, devolvendo elementos 
essenciais para os cabelos (CRUZ, et al., 2009). O  cabelo  é  um  filamento  
queratinizado oriundo   dos   folículos   pilosos,   constituídos  basicamente  
de  queratina,  proteína  estrutural presente  na  fibra capilar  que  promove,  
à esta, resistência mecânica. A fibra capilar é estruturada por cutícula, córtex 
e medula (GOMES, 2019).
O Brasil ocupa o terceiro mercado mundial em consumo de produtos de higiene, 
cosméticos e perfumaria. Nesse cenário, cosméticos capilares ocupam posição de 
destaque, sendo considerado o segundo maior mercado mundial, segundo dados do 
Euromonitor (ABIHPEC, 2014). A indústria cosmética vem diminuindo o uso de 
matérias-primas sintéticas em formulações, substituindo-as por substâncias mais 
naturais, De acordo a agência de inteligência de mercado Mintel, 29% dos usuários 
estão cada vez mais interessados em produtos de origem natural e/ou vegana para 
os cabelos. 
Os óleos vegetais, trata-se de espécies nativas da amazônia, com propriedades 
medicinais, cuja extração e utilização é comumente realizada por populações 
tradicionais (MENEZES, 2005). Os óleos vegetais têm sido utilizados há anos como 
fonte de energia, alimento, uso medicinal e para aplicações cosméticas (ZIMBA; 
WREN; STUCKI, 2005). Possuem a capacidade de revestir a superfície dos fios e tem 
importante papel na melhora das propriedades sensoriais e manutenção da camada 
cuticular, que possui como uma das principais funções a proteção da região do 
córtex capilar (GUILLAUME; CHARROUF, 2011a, 2011b; RELE; MOHILE, 1999). Diante 
disso, a utilização de óleos naturais são alternativas para o tratamento capilar 
como, por exemplo, o óleo de Pracaxi. 
O Pracaxi (Pentaclethra macroloba) pertence à família Fabacea e pode ser 
localizada em alguns países da América Central e da América do Sul (CHAZDON; 
WHITMORE, 2002; ANHALZER et al., 2010).  O óleo é extraído de suas sementes  de 
forma artesanal, por cozimento da massa seca das sementes, que é macerada em 
pilão, contém como principais bioativos ácidos graxos, behênico e oleico, que 
promovem ação hidratante e emoliente, podendo ser aplicados em pele e cabelos, é 
também empregado em produtos de maquiagem devido a sua propriedade umectante 
(JUNIOR, 2016.; MORAIS, 2012). 
O óleo de coco, extraído da planta Cocos nucifera L., tem altas concentrações de 
ácido graxo, classificando-se como saturado, tendo pequenas proporções de 
compostos insaturados (ARAGÃO, 2002). A manteiga capilar é uma máscara rica em 
óleos, ingrediente excelente na recuperação dos fios (RIBEIRO, 2022). Sendo 
assim, este trabalho tem por objetivo a adição do óleo de pracaxi à manteiga de 
coco a fim de potencializar suas propriedades e analisou-se o potencial 
hidrogeniônico do hidratante capilar produzido comparando-o aos descritos em 
literatura. 
Material e métodos
O óleo de Pracaxi foi obtido através de extração em prensa a frio no laboratório 
de planejamento e desenvolvimento de fármacos (LPDF), no Instituto de Ciências da 
Saúde na Universidade Federal do Pará. Durante o processo de extração do óleo de 
pracaxi, é necessário frisar que quanto mais seca estiver a semente, melhor será 
a extração de óleo com boa qualidade, e quanto mais castanho a sua tonalidade, 
mais forte será seu odor, pois a concentração de ácido beênico é maior, já 
manteiga capilar de coco, para sua aquisição, foi realizada uma pesquisa de 
mercado que direcionou a marca selecionada a qual foi adquirida em um 
estabelecimento comercial de cosméticos em Belém/PA.
Deu-se início a produção do hidratante capilar adicionou-se o quantitativo de 
400g de manteiga de coco em um becker de 600 mL e posteriormente, foi medida a 
quantidade de 25mL de óleo de pracaxi em uma proveta de vidro de capacidade par 
25 mL, despejou-se o óleo na manteiga e homogeneizou-se com bastão de vidro até a 
mistura alcançar a consistência e coloração uniforme e por fim foi adicionada uma 
solução contendo ácido cítrico em uma concentração 1:1, a fim de atingir o pH 
ideal para utilização capilar, conforme os parâmetros estabelecidos pela ANVISA, 
após aferiu-se o pH com a fita indicadora e o peagâmetro ajustando a quantidade 
da solução conforme a necessidade. 
Resultado e discussão
Após ter feito a mistura da manteiga capilar de coco e o óleo de pracaxi, a 
substância obteve consistência densa, coloração branca e odor característico 
referente ao aroma do óleo de pracaxi, a substância passou por testes de pH para 
avaliar a qualidade e segurança do consumidor. 
Para obter os valores foram utilizadas fitas de pH durante o processo e p 
peagâmetro, no primeiro teste o pH obtido foi 6 o que não assegurava o uso nos 
cabelos, segundo a ANVISA o uso para produtos capilares o ph deve ser de 4 – 5,5. 
Dessa forma, para corrigi-lo foi adicionado 0,5 mL de ácido cítrico, na indústria 
cosmética, o ácido cítrico pode ser utilizado para o ajuste do pH de cosméticos e 
produtos de higiene facial e corporal (AUR, 2018). Após isso, o pH diminuiu para 
4, e tornou-se próprio para consumo seguindo as normas da ANVISA. 
Além disso, o produto foi armazenado em frasco de plástico e em local ausente de 
luminosidade natural para não acarretar alterações em seu aspecto físico e até 
mesmo químicos. 
Uma das principais utilidades do óleo de pracaxi na cosmética é nos produtos 
capilares devido aos diversos benefícios dele para o cabelo, o óleo contém 
excelente ação no tratamento capilar, já que as características físico- químicos 
de seus ácidos graxos de cadeia longa, contribuem para disciplina e alinhamento 
dos fios, denominado popularmente como “desmaia fios”, atuando como “silicone 
natural”. Diminui o frizz, auxilia no fechamento das cutículas, promovendo a 
diminuição das pontas duplas, fornece brilho aos fios e melhora na 
penteabilidade. Além do mais, tem ação antibacteriana e auxilia no controle da 
queda dos fios (ROCHA, CANDIDO, BASTITELA, 2018) 
O óleo de Pracaxi apresenta, entretanto, a mais alta concentração de ácido 
behênico já conhecida, sendo seis vezes maior que a concentração encontrada no 
óleo de amendoim, que segundo (BEZERRA, SANTOS, COSTA, 2003) possui de 1% a 5% 
desta. Este ácido possui cadeia longa, cuja função é promover ação condicionante 
ao cabelo úmido e seco, toque suave, facilidade ao pentear e aumento de brilho do 
cabelo desidratado o óleo também é rico em outros ácidos graxos poli-insaturados, 
incluindo oleico (ômega 9) e linoleico (ômega 6). Segundo a ANVISA (2020), óleos 
vegetais são os produtos constituídos principalmente    de	 glicerídeos de 
ácidos graxos de espécies vegetais. Podem conter pequenas quantidades de outros 
lipídeos como fosfolipídeos constituintes insaponificáveis e ácidos graxos livres 
naturalmente presentes no óleo ou na gordura.
 	As altas concentrações de ácidos graxos nos óleos de coco presente na 
manteiga capilar e de pracaxi resultam na hidratação, nutrição e proteção, mantém 
a maciez e brilho dos fios e auxilia no crescimento. Para que a haste capilar 
permaneça com flexibilidade e resistência adequadas, é necessária a manutenção de 
sua hidratação, que pode ser realizada de várias maneiras, incluindo a utilização 
de óleos de origem vegetal como princípios ativo em produtos cosméticos, como as 
máscaras e condicionadores (SBD, 2017).
O valor ideal de pH para produtos de hidratação e alisamento sem causar danos aos 
fios de cabelo deve ser entre 4,5 e 6,5 (DELFINI, 2011). O resultado obtido na 
formulação da máscara foi de 6, o que mostra que está dentro da faixa que não 
proporciona danos aos fios. Dessa forma, com a produção do mix hidratante capilar 
composto pelos ativos óleos de pracaxi e coco presente na manteiga, resultou na 
potencialização das substâncias misturadas, o óleo de pracaxi e a manteiga de 
coco, demonstrando através da literatura e testes físico-químicos que está 
próprio para uso capilar.

FONTE DA IMAGEM: AUTORES

FONTE DA IMAGEM: AHMAD WARRA, 2014.
Conclusões
Pode-se defender que o óleo de pracaxi tem um potencial altíssimo para uso em 
produtos capilares e é uma alternativa sustentável e eficaz, bem como a introdução 
da manteiga feita a partir do óleo de coco, pode sim, comprovadamente através da 
literatura e testes, potencializar seus efeitos devido às suas propriedades de 
umectação e emoliência. Também foi possível analisar aspecto físico do produto a 
partir do óleo de pracaxi e da manteiga de coco utilizados, bem como suas 
influências diretas no teste de pH, o que leva à constatação de que o produto pode 
ser utilizado sem prejuízos pelos consumidores. logo, o mix entre óleo de pracaxi e 
manteiga de coco é uma excelente alternativa para os consumidores que desejam 
atingir a hidratação capilar eficaz.
Agradecimentos
A Universidade Federal do Pará, ao Instituto de Ciências e Saúde (ICS), a 
orientadora e supervisora Juliana Pires que nos auxiliou em todos os processos, 
nosso muito obrigado.
Referências
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