Autores
Marinho, C.V.S. (UFPA)  ; Santos, A.M. (UNICAMP)  ; Araújo, J.O. (UFPA)  ; Santos, H.B.T. (UFPA)  ; Lima, A.D.N. (UFPA)  ; Lima, A.H.L. (UFPA)
Resumo
A estabilidade entre os complexos de 
proteínas Mur é essencial para se conhecer 
as possíveis conformações contínuas que os 
heterodimeros podem assumir em meio 
biológico. Foram estudadas por meio de 
Ancoragem e Dinâmica molecular as 
conformacões adotadas para cada dímero 
formado pelas Mur ligases sendo eles 
MurC:MurF e MurD:MurF. A ancoragem 
molecular foi feita com base em diferentes 
servidores e algoritmos para a formação de 
cada dimero. A dinâmica molecular analisou 
a estabilidade em 50ns de simulação, 
separando os melhores servidores e 
conformações correspondentes. Concluímos 
que o servidor AlphaFold foi o melhor para 
o dimero MurC:MurF e o servidor Gramm-X  
foi o melhor para o dimero MurD:MurF. Com 
isso separa-se que seja possível a 
determinação futura do dímero nativo das 
Mur ligases.
Palavras chaves
Dinâmica Molecular; Complexos Binários; Mur Ligases
Introdução
O Streptococcus pneumoniae é o 
principal 
organismo causador da doença  
“pneumonia” 
adquirida entre crianças e adultos 
no 
mundo, causando milhões de mortes 
por ano 
e contando com um custo financeiro 
alto 
para o controle da doença (MICHELIN 
et 
al., 2019).
As enzimas Mur são responsáveis pela 
síntese dos lipídios I e II 
presentes no 
peptidoglicano (PG) um dos 
principais 
componentes da parede celular 
responsável 
pela estrutura e estabilidade da 
célula 
(LADDOMADA et al., 2016). Neste 
trabalho 
analisamos a atividade entres as 
enzimas 
Mur do patógeno humano Streptococcus 
pneumoniae R6, com a finalidade de 
investigar a estabilidade estrutural 
entre 
os complexos  formados pelas  
enzimas 
MurC:MurF e MurD:MurF (MIYACHIRO et 
al., 
2019). A estabilidade entre as 
proteínas 
Mur é essencial para se conhecer as 
possíveis conformações contínuas que 
o 
heterodimero estudado pode assumir 
em meio 
biológico. 
Estudos utilizando métodos de 
química 
computacional como a homologia de 
estruturas, a  docagem molecular e 
simulações de Dinâmica Molecular 
(DM) têm 
se mostrado promissores na 
prospecção de 
compostos multi-alvos na biossíntese 
de PG 
(KUMARI; SUBBARAO, 2021), espera-se 
que os 
resultados possam contribuir para o 
planejamento racional de fármacos 
multi-
alvos e ratificar a importância e 
potencial da polifarmacologia, 
principalmente no tratamento de 
doenças 
bacterianas (BARREIRO et al., 1997).
Material e métodos
 A homologia das estruturas foi  
feita 
após a obtenção da sequência de 
aminoácidos (FASTA) de cada enzima 
depositadas no banco de dados  
Protein 
Data Bank e foi realizado o 
alinhamento 
entre o organismo existente a cada 
enzima 
e o organismo alvo no servidor BLAST 
que 
fez alinhamento a partir da 
comparação de 
dados selecionados resultando em 
sequências FASTA ranqueadas de 
acordo com 
a similaridade com o organismo alvo. 
A 
modelagem das proteínas foi feita no 
Swiss-Model (WATERHOUSE et al.,2018) 
que a 
partir da FASTA submetida realiza a 
modelagem comparativa gerando os 
modelos 
de cada proteína e o Alpha Fold que 
combina as informações presentes da 
sequência de aminoácido das 
proteínas  
para prever a estruturas das cadeias 
(EVANS et al. 2021).
Para a realização da docagem 
molecular 
foram utilizados diferentes 
servidores 
online: Haddock no qual agrega sete 
interfaces diferentes associada a um 
nível 
de controle sobre o protocolo de 
encaixe 
refletido (VAN ZUNDERT et al. 2016), 
FireDock que utiliza um método de 
refinamento das proteínas e as 
classifica 
de acordo com a energia livre de 
ligação 
de cada uma (MASHIACH et al. 2008), 
Gramm-
X que utiliza a melhor 
correspondência 
entre a superfície das enzimas 
usando a 
correlação pelo método de FFT 
(TOVCHIGRECHKO AND VAKSER. 2006), 
MdockPP 
que faz uso de uma previsão 
hierárquica 
estrutural das proteínas também por 
meio 
de método FFT e faz uma Avaliação 
Crítica 
de Predição de Interações (XU et al. 
2016). 
A DM foi realizada em etapas, uma na 
qual 
descartamos os complexos menos 
estáveis 
fazendo uma simulação de 20ns. Em 
seguida, 
continuou a simulação partindo dos 
20ns 
até 50ns para a análise da 
manutenção do 
número das ligações de hidrogênio 
(JANDOVA 
et al. 2021). O pacote AMBER foi 
utilizado 
para o preparo e a execução das 
simulações 
(CASE et al. 2005). O campo de força 
ff14SB foi utilizado para construir 
a 
topologia e os parâmetros dos 
sistemas 
proteicos. O módulo tLeap foi usado 
para 
solvatar o sistema em uma caixa 
cúbica com 
água explícita do tipo TIP3P. 
Foram realizadas 4 etapas de 
minimização: 
a primeira minimizando a água e os 
contra 
íons em um total de 8000 ciclos, a 
segunda 
minimizando o complexo proteico em 
um 
total de 5000 ciclos, a terceira 
minimizando o complexo proteico e a 
água 
em um total de 4000 ciclos e a 
quarta 
minimiza todos os componentes em um 
total 
de 10000 ciclos. Em seguida, foi 
realizada 
a etapa de aquecimento dos sistemas 
gradualmente de 0 a 298 K utilizando 
o 
termostato de Langevin para o 
controle de 
temperatura com um tempo de 
simulação a 
200 ps, continuando com a 
equilibração  
mantendo a temperatura constante em 
298 K 
utilizando o barostato Berendsen.
Resultado e discussão
	A Construção dos modelos foi feita a  partir do Swiss-model que gerou estruturas 
tridimensionais de cada proteína modelada, essas estruturas foram validadas a partir 
da análise do gráfico Ramachandran que mostrou a porcentagem de configurações prováveis de 94,01% para MurF, 92,38% para MurC e 97,38% para MurD. O Alpha Fold foi usado para a construção dos complexos  direto pela  sequência obtida no BLAST sem a necessidade de uma docagem posterior, e a sua validação mostrou 96.80% de configurações prováveis para os dois 
complexos.
 	 Para os complexos MurC:MurF e MurD:MurF,  a melhor docagem em questão de alinhamento 
em comparação foi à do servidor Haddock. Os complexos resultante da docagem molecular foram comparados com a ferramenta "Matchmaker" que alinha as poses carregadas no programa UCSF Chimera  e foi obtido um resultado inesperado pois o alinhamento de todos os servidores juntos cada pose localizou-se em um local diferente da proteína, mostrando que mesmo com parâmetros diferentes não houve poses em domínios iguais, assim análise seguiu para classificar qual servidor gerou o complexo que seria o mais estável, através de uma análise da estabilidade de cada um a partir da DM.  
	A produção de 20 ns de DM foi analisada com o cálculo de RMSD (do inglês: Root Mean Square Deviation) para cada sistema, que calcula o desvio dos átomos dos complexos com base em uma estrutura de referência, a partir desse cálculo  foram  gerados gráficos que  auxiliaram a avaliação da estabilidade de cada complexo proveniente da docagem molecular depois da DM.  
Desde a primeira fase da DM percebeu-se que os complexos com o maior número de ligações de hidrogênio (LH) entre elas as proteínas eram aqueles com maior estabilidade. O servidor FireDock 
obteve uma instabilidade muito grande para os dois complexos: MurC:MurF e MurD:MurF, assim ele foi descartado devido a sua elevada movimentação durante as simulações e não obter LH entre o complexo significativa.  
	Para o complexo MurC:MurF a primeira fase  nos mostrou que  os servidores MDock, AlphaFold e Gramm-X eram os mais estáveis. O servidor Haddock se mostrou instável no início da simulação, no entanto obteve com uma  pequena estabilidade no final, para avaliar de fato essa possível estabilidade foi  necessário a continuação da simulação, passando-o  assim para segunda fase de DM. Na segunda simulação os servidores Alpha Fold, Haddock e MDock foram os melhores complexos pois mantiveram e aumentaram as LH entre as proteínas assim aumentando sua estabilidade.  
	Para um melhor refinamento do melhor servidor, foi comparado entre três melhores resultados o desvio padrão das distâncias dos átomos obtido a partir do gráfico RMSD, assim o melhor resultado seria aquele com o menor valor do desvio padrão. O complexo de MDock obteve 1,01 σ de desvio padrão e foi o mais elevado em comparação aos outros dois que obtiveram um valor de desvio padrão semelhantes para o Haddock um valor de 0,69 σ e para o AlphaFold um valor de 0,51 σ. Nos servidores Haddock e AlphaFold foram  os mais estáveis após a finalização da produção de DM. 
	Para o complexo MurD:MurF a primeira simulação de DM mostrou que dois servidores obtiveram uma instabilidade muito grande: Alpha Fold e FireDock. O resultado do Alpha Fold foi surpreendente, pois foi o servidor mais instável da DM, sem nenhuma LH entre as proteínas ao fim da simulação. Os servidores Mdock, Gramm-x e Haddock foram os melhores respectivamente nesta fase da DM. Na segunda fase de simulação obtivemos o MDockPP como melhor resultado justamente por ser o servidor mais estável e com um desvio de 0,28 σ seguido apenas pelo Gramm-X que  resultou em um desvio de 0,41 σ iniciando a simulação com uma estabilidade aceitável e terminando com um pico de instabilidade relativamente grande.

a estabilidade dos servidores a partir da dinâmica molecular para o complexo MurD e MurF.

A estabilidade dos servidores a partir da dinâmica molecular para o complexo MurC e MurF.
Conclusões
Os resultados refinaram a busca pela 
conformação mais estável dos heterodimeros 
formados pelas Mur ligases. A ancoragem 
molecular nos mostrou  as possíveis 
conformações estruturais que cada dímero 
poderia assumir, resultando em várias  
poses com certa semelhança para cada 
dimero, vale ressalta que para o complexo 
MurC e MurF  as poses ficaram uma em cada 
domínio da proteína diferente do 
heterodimero MurD e MurF que somente um 
complexo se posicionou em um domínio 
proteico diferente. A dinâmica molecular 
avaliou o início  da estabilidade de cada 
dímero resultando em 2 conformações 
possivelmente estáveis para cada sistema
Agradecimentos
Agradeço a toda a equipe do LPDF ( 
laboratório de planejamento e 
desenvolvimento de fármacos) pela ajuda e 
ensinamentos, ao programa de iniciação 
científica da UFPA pela bolsa de pesquisa e os meus amigos e família pelo apoio.
Referências
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