TÍTULO: ENSINO DE GEOMETRIA MOLECULAR SOB A PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

AUTORES: RESENDE FILHO, J. B. M. (IFPB) ; BARRETO, I. S. (IFPB) ; NASCIMENTO, Y. I. F. (IFPB)

RESUMO: O presente trabalho denota a confecção e aplicação de modelos confeccionados referentes às geometrias moleculares mais comuns estudadas no Ensino Médio. As geometrias moleculares foram construídas a partir de materiais de baixo custo e fácil acesso, viabilizando a sua construção pelos professores de Química do Ensino Médio e até mesmo dos alunos. Juntamente com estes recursos didáticos, foi elaborado um caderno elucidativo em braille, com a finalidade de facilitar o entendimento do material para alunos deficientes visuais. Tais materiais didáticos foram aplicados em uma aula contendo alunos normovisuais e deficientes visuais, no IFPB. Os modelos das geometrias denotaram uma grande aceitação por parte dos alunos e auxiliou na compreensão do determinado assunto.

PALAVRAS CHAVES: geometria molecular; recursos didáticos; educação inclusiva.

INTRODUÇÃO: Durante o processo de aprendizagem, os alunos do Ensino Médio geralmente apresentam dificuldades em compreender alguns conceitos concernentes à geometria molecular devido ao seu nível de abstração (SEBATA, 2006). Quando nos reportamos a alunos com deficiência visual, essas dificuldades se agravam, visto que os mesmos não possuem nenhum recurso auxiliar que facilite a compreensão do determinado conteúdo.
É consenso geral que o principal recurso didático utilizado no Ensino Médio é o livro didático que, mesmo com todas as suas elucidações, especialmente no que diz respeito ao crescente uso da linguagem visual (imagens, gráficos, tabelas, etc.), não atendem todas as necessidades do público-alvo, no que tange ao conteúdo de geometria molecular (SEBATA, 2006). Isso é válido tanto para alunos normovisuais que possuem dificuldades em transpor o mundo abstrato da Química para o concreto, bem como, principalmente, para alunos deficientes visuais (D.V.), onde o uso da linguagem visual não se apresenta como instrumento facilitador da aprendizagem.
O presente projetou confeccionou modelos de geometrias moleculares que facilitassem a compreensão do respectivo assunto, possibilitando um aperfeiçoamento na aprendizagem de alunos, tanto normovisuais como deficientes visuais.

MATERIAL E MÉTODOS: Visando facilitar o ensino de Geometria Molecular no Ensino Médio, foram confeccionadas estruturas moleculares do tipo ABx com bolas de isopor (que representam os átomos), palitos de churrasco (representam a ligação entre os átomos) e alfinetes coloridos (que simbolizam os elétrons não-ligantes). As geometrias moleculares confeccionadas foram: (a) Linear, (b) Angular, (c) Trigonal Plana, (d) Piramidal e (e) Tetraédrica. Além desses modelos foi escrito um caderno elucidativo em Braille, onde é explicado a Teoria da Repulsão dos Pares Eletrônicos, onde as Geometrias Moleculares estão pautadas. Vale a pena frisar que o caderno confeccionado detalha as partes constituintes do modelo, facilitando a compreensão do aluno D.V. e, por conseguinte, possibilitando que todos os alunos possam estudar autonomamente com os respectivos materiais: os normovisuais com o auxílio do livro didático e os alunos D.V. com o auxílio do caderno elucidativo em braille.
Estes recursos foram aplicados em uma aula, cujo tema era Geometria Molecular. A aula foi realizada no IFPB e a turma era constituinte de alunos videntes (normovisuais) e não videntes (deficientes visuais). A metodologia utilizada foi a de aulas expositivas com interação entre professor-aluno.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os modelos de geometria moleculares construídos (figura 1) se apresentaram de fácil elaboração e manuseio, abarcando os critérios estabelecidos pelo Desenho Universal, tais como flexibilidade no uso, captação da informação, tolerância ao erro, mínimo esforço físico, entre outros, permitindo a acessibilidade dos recursos didáticos ao maior número possível de alunos (CERQUEIRA & FERREIRA, 2000).
Os materiais didáticos possibilitaram a compreensão do respectivo conteúdo e tiveram grande aceitação por parte dos alunos, normovisuais e deficientes visuais. Vale a pena ressaltar que esse material possibilita ao aluno com deficiência visual estudar autonomamente, pois, com o auxílio do caderno elucidativo em Braille, ele tem a possibilidade de estudar sozinho, compreendendo, espacialmente, as geometrias moleculares através da percepção tátil e analisando o conteúdo elucidativo escrito em Braille no caderno, que se encontra anexado ao kit contendo os modelos.
Nas aulas ministradas para aplicação dos determinados materiais didáticos houve a preocupação para não priorizar a aprendizagem de um grupo em detrimento de outro, o que acarretaria uma fuga dos princípios da Educação Inclusiva.



CONCLUSÕES: Ao término da aula ministrada, os alunos avaliaram os modelos através de uma discussão em sala de aula. Os alunos normovisuais afirmaram que fica muito mais claro compreender a geometria molecular através de modelos em 3D do que em desenhos feitos no quadro ou nos livros, o que foi corroborado pelos alunos D.V., que não possuem nenhum recurso auxiliar para compreender esse assunto.
A utilização de materiais didáticos inclusivos possibilita uma melhor aprendizagem para os alunos normovisuais e deficientes visuais, possibilitando a inclusão destes últimos no sistema educacional regular.

AGRADECIMENTOS: Ao DEPEM/SESu/MEC, ao IFPB e ao professor Dr. Umberto Gomes da Silva Júnior.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CERQUEIRA, J.B.; FERREIRA, M. A. Os recursos didáticos na educação especial. Rio de Janeiro: Revista Benjamin Constant, 15. ed., Abril de 2000.
LDB - Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI No. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D.O. U. de 23 de dezembro de 1996.
SEBATA, C. E.. Aprendendo a imaginar moléculas: uma proposta de ensino de geometria molecular. 2006.165f. Dissertação (mestrado profissionalizante em ensino de ciências)- Universidade de Brasília, DF, 2006.