TÍTULO: ESTUDO DA TABELA PERIÓDICA A PARTIR DE UM MODELO FÍSICO EM 3D

AUTORES: PIRES NETO, J.P (UEPB)

RESUMO: O presente trabalho foi realizado com alunos do primeiro ano do ensino médio de uma escola pública estadual de Campina Grande – PB com o objetivo de mostrar a relevância da tabela periódica na perspectiva histórico-social, bem como o de desconstruir a representação opressora da química, distante da realidade do estudante no processo ensino-aprendizagem. A reflexão epistemológica constituiu a égide para a compreensão dos conceitos e distribuição dos elementos químicos e de suas modelagens físico-matemáticas no espaço tridimensional. Os resultados desta pesquisa demonstraram que há necessidade de uma pedagogia que possibilite ao estudante do nível básico questionar conceitos e modelos científicos ao invés de utilizar o espaço da sala de aula para responder a perguntas que nunca foram feitas.

PALAVRAS CHAVES: tabela periódica; educação; química

INTRODUÇÃO: O ensino de química, muitas vezes, tem-se caracterizado apenas pela transmissão de conhecimentos com uma prática pedagógica descontextualizada e desvinculada da realidade do estudante, sobretudo, conteudista, o que torna as aulas cansativas, desinteressantes, portanto, sem sentido. Por outro lado, há grandes dificuldades enfrentadas no exercício dessa docência de buscar “fórmulas mágicas” que facilite suas práticas e consequentemente despertar o interesse dos estudantes. Dentre vários assuntos abordados no campo da química escolar, tem-se o estudo da tabela periódica que muitas vezes é trabalhado de forma constrangedora, exigindo sempre memorização Partindo do pressuposto de que a ciência seja algo rígido, obscuro e acabado, finalizando com argumentos de que “está comprovado e não se discute mais”, acredita-se que o uso da história da ciência no ensino de química dentro dos conteúdos abordados venha a contribuir de forma significativa na compreensão e reflexão do processo ensino-aprendizagem, possibilitando uma visão da Ciência como um produto humano e social. Nesse sentido o objeto central desse trabalho é apresentar o estudo da tabela periódica na perspectiva histórico-social a partir de um modelo físico-matemático no espaço tridimensional, através de percursos históricos e epistemológicos. Objetiva-se também apresentar sua relevância social acerca do estudo e consequentemente desconstruir a representação que o mesmo traz ao ensino de química, referenciado-as como algo distante do cotidiano.

MATERIAL E MÉTODOS: O presente trabalho foi desenvolvido com 29 alunos do 1º ano do ensino médio da E.E.E.F.M Ademar Veloso da Silveira, na cidade de Campina Grande – PB. Para a realização do trabalho foram estabelecidas as seguintes etapas: leituras sobre a História da Tabela Periódica; formação de Grupos de Trabalhos (GTs) com o objetivo de discutir a relevância social da tabela periódica nos dias atuais; escolha de um membro por GT para sistematizar as discussões e consequentemente apresentar suas considerações. Vencida essas etapas, iniciou-se o estudo sobre as características físicas e químicas de cada elemento existente na tabela periódica. Foram distribuídos aleatoriamente os 118 elementos químicos entre os GTs. Nessa fase do estudo o objetivo central foi o conhecimento científico aprimorado de cada elemento químico, bem como aproximá-los ao cotidiano. Cada GT apresentou os elementos químicos para toda a turma, com discussões entorno das aplicações. Em seguida começou a confecção da tabela periódica em três dimensões (3D). Logo em seguida começou a confecção das caixinhas individuais que iria comportar cada elemento químico, obedecendo às seguintes dimensões: 6,00H x 5,00L x 4,00C cm, conforme modelo na fig. 01. Em seguida, começou a montagem da tabela periódica, formando os grupos e períodos proposto por Moseley (1913). Após essa etapa e a partir dos conhecimentos adquiridos dos elementos químicos, os GTs trouxeram pequenas amostras dos elementos presentes no cotidiano, já outros de difícil obtenção, ou de alto grau de toxidade ou radioatividade, foram representados a partir de materiais alternativos, possibilitando dessa forma o preenchimento da tabela periódica. Ao final do trabalho foi solicitado aos alunos que relatassem por escrito as suas impressões sobre o mesmo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir das análises obtidas através das impressões apresentadas pelos alunos sobre o trabalho desenvolvido, evidenciou-se a real necessidade de um ensino focado na reflexão social a partir dos conhecimentos científicos da química, bem como a importância do ensino crítico e reflexivo. Os relatos evidenciaram também que 24% dos alunos apresentaram algum tipo de rejeição ao trabalho, a partir da seguinte fala “[...] tive muita dor de cabeça nesse trabalho. Ah! também gostaria que não repetisse mais esse tipo de trabalho, afinal de contas creio que depois desse trabalho a galera vai dar valor aos estudos normais, com provas mesmo”E1. Percebe-se que professores que “[...] adotam métodos libertadores freqüentemente se queixam de que os estudantes rejeitem o convite. Os estudantes têm expectativas tradicionais.” (FREIRE E SHOR, 1987, p.85). A escola é devedora no quesito reflexão para a compreensão, onde modelos tradicionais de “aulas normais” ainda prevalecem no meio educacional, tornando um ensino menos questionador e transformador, para tanto “[...] torna-se fundamental a contextualização do ensino, de modo que ele tenha algum significado para o estudante, pois é assim que ele se sentirá comprometido e envolvido com o processo educativo [...]” (SANTOS E SCHNETZLER, 2003, p.31). 62% dos alunos tiveram a compreensão da relevância social ao estudo, relatando que “[...] muitos elementos químicos estavam o tempo todo ao nosso lado e nem sequer notamos. Conseguimos distinguir um elemento do outro, com características, aplicações e histórias diferentes.” E2 e por fim 14% dos alunos apresentaram interesse no tipo de abordagem, porém apresentando dificuldades na elaboração dos argumentos, dando preferência a avaliações mais rígidas.



CONCLUSÕES: A necessidade da reflexão epistemológica para uma ação com mais consistência nos nossos argumentos, foram sentidos através dos resultados obtidos. Por outro lado não se tem a pretensão de formar cientistas representados através do senso comum, como algo ou alguém inalcançável e inquestionável, pretende-se fortalecer argumentos pautados em uma pedagogia aberta que possibilite argumentar e questionar os conceitos e modelos científicos, desvinculadas da representação da química fechada e esotérica, consequentemente distante da realidade dos atores do processo ensino-aprendizagem.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e Ousadia: O cotidiano do professor. Tradução Adriana Lopez, Rio de Janeiro. 11ªed. Paz e Terra: 1986.

SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos; SCHNETZLER, Roseli Pacheco. Educação em Química: compromisso com a cidadania. 3. Ed. Ijuí : Ed. Unijuí, 2003.