TÍTULO: O experimento interativo no ensino da Química.

AUTORES: MACHADO, A. L. (UNEB - IFBA) ; BEJARANO, N. (UFBA) ; SILVÃO, C. F. S (IFBA) ; RIBEIRO, N. M. (IFBA) ; TAVARES, J. M. (IFBA)

RESUMO: Este trabalho relata uma experiência de construção de objetos de aprendizagem interativos num curso de licenciatura em Química. Utilizou-se a metodologia de projetos tendo como foco a criação de experimentos interativos. Foram produzidos e testados um destilador portátil, uma pilha investigativa, um sistema gasoso e de filtração automático. Os desafios superados foram falta de habilidades investigativas, no manuseio de ferramentas teórico-práticas e na elaboração de transposições didáticas adequadas a diferentes níveis de escolaridade além do desconhecimento do uso de dispositivos tecnológicos na montagem dos experimentos. Os objetos produzidos foram testados em situações de ensino de Química em cursos de nível médio, com impacto positivo sobre o processo de ensino-aprendizagem.

PALAVRAS CHAVES: experimentos interativos;prática didática;interatividade

INTRODUÇÃO: A experimentação em Química ainda se encontra distante do uso de dispositivos tecnológicos que propiciem a interatividade necessária ao ensino, apesar dos avanços ocorridos nas últimas décadas (Galiazzi & Gonçalves, 2004; Silva & Machado, 2008). Muitos destes dispositivos, decorrentes do avanço científico e tecnológico, permitem que sejam agregados ao experimento de Química, elementos de segurança, automação, visualização, acompanhamento, controle e mensuração do fenômeno, conferindo-lhe uma interatividade para uso na escola, tanto na sala de aula como fora dela. Estes objetos de aprendizagem não excluem o uso de laboratórios e têm sido comumente encontrados no ensino de Física (Araújo & Abib, 2003; Rocha & Fraquelli, 2004) que, pela própria natureza desta ciência, estuda fenômenos cuja reprodutibilidade ou reversibilidade possibilitam construir, de forma mais eficaz, experimentos que podem ser manuseados e repetidos inúmeras vezes pelos indivíduos.
Buscando metodologias mais adequadas à atual sociedade do conhecimento e às necessidades da educação na formação científica de um cidadão para uma realidade dinâmica, complexa, caracterizada também por constantes transformações e incertezas, optou-se por aplicar a metodologia de projetos (Gandimn, 2004; Behrens, 2006) no desenvolvimento do trabalho aqui proposto.
O desafio que motivou este trabalho foi a elaboração de objetos de aprendizagem portáteis, funcionáveis, didáticos, transparentes e interativos, que subsidiem o trabalho experimental e a difícil tarefa de ensino, divulgação e popularização desta ciência. Assim, neste trabalho procura-se relatar a experiência de desenvolvimento de objetos de aprendizagem interativos, num curso de licenciatura em Química, e sua aplicação.


MATERIAL E MÉTODOS: Buscando metodologias mais adequadas à atual sociedade do conhecimento e às necessidades da educação na formação científica de um cidadão para uma realidade dinâmica, complexa, caracterizada também por constantes transformações e incertezas, optou-se por aplicar a metodologia de projetos (Gandimn, 2004; Behrens, 2006) no desenvolvimento do trabalho aqui proposto, tendo como problema central a criação de objetos de aprendizagem interativos. Tais objetos foram desenvolvidos na disciplina Instrumentalização para o Ensino de Química no curso de Licenciatura, envolvendo estudantes e professores, com finalidade de estimular a criatividade e o caráter lúdico; o espírito inovador e investigativo; a resolução de situações-problemas e o uso da transposição didática e de ferramentas teóricas- práticas na construção de materiais didáticos.
Para apropriação de conhecimentos teórico-práticos sobre o uso de dispositivos tecnológicos em montagens experimentais, foram mantidos contatos e interações junto a alunos e professores do Instituto Federal da Bahia (IFBA). Os objetos de aprendizagem foram selecionados de acordo com os seguintes critérios: serem interativos, portáteis, funcionais, reprodutíveis e transparentes.
Já foram produzidos e testados um destilador portátil, uma pilha investigativa, um sistema gasoso interativo e um sistema de filtração automático e encontram-se em construção e/ou teste: experimentos sobre as leis dos gases, efeito químico e fotoelétrico, a natureza elétrica da matéria, dentre outros.
Os materiais didáticos produzidos foram testados em aulas expositivas realizadas no Colégio 2 de Julho, Escola Pan Americana (particulares) e no IFBA (pública). No entanto, ainda não foram testados em situações de exposição científica ou em escolas de ensino fundamental.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: No que se refere à etapa de realização do projeto através da construção dos objetos de aprendizagem, pode-se observar que os estudantes do curso de licenciatura tiveram dificuldades no planejamento e construção dos experimentos. Não demonstraram habilidades para o manuseio teórico-prático de ferramentas, tais como a transposição didática e muito menos do conhecimento de dispositivos tecnológicos e como utiliza-los no ensino de Química. Inicialmente, a ênfase da produção deu-se mais na reprodução de objetos de aprendizagem descritos em livros didáticos de ensino médio ou em artigos de revistas científicas. Um dos caminhos para superar essas dificuldades foi o da interação, dentro do componente curricular, com profissionais de diferentes instituições e áreas de conhecimento. Outro caminho foi o de retomar, a cada semestre, a construção dos objetos propostos a fim de aperfeiçoá-lo à luz de novos referenciais e requisitos. Superadas essas dificuldades, foram produzidos um destilador portátil (figura 1), uma pilha investigativa, um sistema gasoso interativo (figura 2) e um sistema de filtração automático.
Durante a aplicação nas realidades concretas de ensino, pode-se constatar que os materiais didáticos interativos produzidos contribuíram para alicerçar e motivar discentes e docentes para o trabalho experimental à medida que conferiram ao experimento uma interatividade necessária para uma nova dinâmica na sala de aula. Assim, pode-se observar um impacto positivo sobre o processo de ensino-aprendizagem no tocante à otimização e racionalização de procedimentos na sala de aula, melhoria das condições do trabalho docente e de aprendizagem discente.






CONCLUSÕES: As dificuldades verificadas no curso de Licenciatura levam à necessidade de se repensar a formação docente, também numa perspectiva instrumental. Os ensaios in loco revelaram que essas práticas são muito bem aceitas e podem atuar como ferramentas facilitadoras do processo de ensino-aprendizagem, conferindo ao experimento de química a interatividade que, até então, tem sido uma característica de experimentos da Física. O trabalho aponta ainda para a necessidade de se estender a produção e teste dos experimentos ao ensino fundamental e exposições científicas.

AGRADECIMENTOS: Aos docentes e alunos da UNEB e da Coordenação de Química do IFBA pelo estimulo e desempenho na construção deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ARAÚJO, M. S. T.; ABIB, M. L. V. S. Atividades experimentais no ensino de física: diferentes enfoques, diferentes finalidades. Rev. Bras. Ensino Fís., 2003.25,2:176-194.

BEHRENS, M. A. Paradigmas da complexidade: metodologia de projetos, contratos didáticos e portifólios. 2006. Petrópolis: Vozes, 128p.

GALIAZZI, M. C.; GONÇALVES, F. P. A natureza pedagógica da experimentação: uma pesquisa na licenciatura em química. Quím. Nova, 2004.27,2:326-331.

GANDIMN, A.B. Metodologia de projetos em sala de aula. 2004. São Paulo: Edições Loyola, 62p.

ROCHA, F. S.; FRAQUELLI, H. A. Roteiro para a experiência de levitação de um imã repelido por um supercondutor no ensino de Física. 2004. Rev. Bras. Ensino Fís., 26,1:11-18.

SILVA, R. R.; MACHADO, P. F. L. Experimentação no ensino médio de química: a necessária busca da consciência ético-ambiental no uso e descarte de produtos químicos - um estudo de caso. 2008.Ciênc. Educ. (Bauru), 14,2:233-249.