TÍTULO: CRITÉRIOS DE ESCOLHA DO LIVRO DE QUÍMICA: UM ESTUDO COM PROFESSORES PÚBLICOS DO RIO DE JANEIRO

AUTORES: BARBOZA, M. (IFRJ) ; GONÇALVES, S.T.O. (IFRJ) ; AGUILAR, M.S. (ISERJ) ; MESSEDER, J.C. (IFRJ)

RESUMO: O objetivo dessa pesquisa é obter informações a respeito dos critérios utilizados por professores de diferentes escolas públicas para a escolha do livro didático. Foram obtidas as informações necessárias através de questionários respondidos por professores de química de escolas estaduais (RJ), dos municípios do Rio de Janeiro, de Nilópolis e São João de Meriti. Como resultados destacam-se algumas informações relevantes, como o depoimento de que não há disponibilidade de livros didáticos para todos os alunos e a inexistência de aulas experimentais pela falta de infra-estrutura e pelo grande número de alunos em sala. Sendo assim, são sérios os problemas a respeito da transmissão dos conhecimentos químicos nas escolas públicas em geral e como de fato os livros didáticos são escolhidos.

PALAVRAS CHAVES: livros didáticos; critérios de seleção; professores do ensino médio.

INTRODUÇÃO: O uso de livros didáticos, suas características e influências sobre a vida dos alunos, são assuntos constantes nas discussões entre os pesquisadores da área da educação em química (ROSA, 2008). Foram analisados os critérios que os professores de algumas escolas públicas do estado do Rio de Janeiro utilizam para a escolha do livro didático, bem como suas opiniões sobre o assunto. De acordo com Chassot (1995) a transmissão do conhecimento químico deve primar por um caminho para a Educação, sendo que a Química deve ser ensinada de maneira construtivista, permitindo que aluno seja utilizado no processo educativo. Com isso, o livro didático tem um importante papel na construção desse conhecimento, pois o que se aprende e de que maneira se aprende, são fatores primordiais para o raciocínio lógico e dinâmico. Como parâmetro de investigação, buscou-se analisar a influência da formação dos professores de química, tendo em vista que a formação acadêmica do professor de ciências exerce grande influência na educação científica de crianças, jovens e adultos. Além disso, a formação continuada é fundamental, pois há necessidade de um aprimoramento profissional e de reflexões críticas para a melhoria do ensino (SHNETZLER, 2003). O assunto da pesquisa foi escolhido como exemplo de investigação. Os resultados serviram para dar subsídios para que licenciandos em química possam refletir sobre os conteúdos com os quais trabalham, tentando reconhecer a importância dos conhecimentos prévios no processo de ensino-aprendizagem, principalmente no uso do livro didático. Houve também o discernimento de que os livros didáticos não são objetivos ou fatuais, mas produtos culturais que devem ser entendidos como o resultado complexo de interações mediadas por questões econômicas, sociais e culturais.

MATERIAL E MÉTODOS: O estudo em questão concentrou-se na obtenção de informações a respeito de como os professores escolhem o livro didático de Química a ser usado durante o ano letivo, e a maneira como são ministrados os conteúdos, a existência de aulas experimentais, além de saber se há utilização do livro paradidático como artifício para o aprendizado. Foi feito um estudo de caráter quali-quantitativo, em 4 escolas da rede pública de ensino médio nos municípios do Rio de Janeiro, São João de Meriti e Nilópolis (RJ), tendo como respondentes 14 professores de Química. Como recurso metodológico foi usado um questionário aberto as seguintes perguntas: “O Sr (a) utiliza livro de Química como material didático? Como esse livro é escolhido? São utilizadas apostilas no ensino de química? Como são escolhidos os conteúdos de Química a serem abordados em sala de aula? Em sua experiência docente, quais são as características dos livros mais bem aceitos e preferidos pelos alunos? Em sua opinião, quais são as características para que um livro seja considerado um bom livro didático? Quais são as características para que um livro didático seja considerado ruim? Quais são as características do livro de Química utilizado durante o seu ensino médio? Atualmente, os livros de Química possuem experimentos? Esses experimentos são realizados durante as aulas? Há utilização de livros paradidáticos no ensino de Química? Qual (is)?” Em anexo ao questionário, foram feitas as seguintes perguntas: Qual é a instituição em que o Sr (a) se formou? Quantos anos de magistério o Sr (a) possui? O Sr (a) fez ou faz algum tipo de pós-graduação?” Durante a coleta de dados, observou-se grande resistência à pesquisa por parte de algumas escolas e até por parte de alguns professores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Observou-se que 91,7% utilizam o livro didático como material, sendo que aqueles que não o fazem, atribuem essa condição à quantidade insuficiente de livros para os alunos. Verificou-se também que 50% não utilizam apostilas como complemento. Além disso, 91,7% escolhem os conteúdos de química a serem abordados de acordo com os parâmetros da escola. Quanto à preferência dos alunos em relação ao livro, 58,3% consideram que os alunos preferem livros mais ilustrados, 16,7% consideram a linguagem mais simples e de fácil entendimento a preferida pelos alunos, e 25% consideram que nenhum tipo de livro é preferido pelos alunos. Para que um livro seja considerado bom, 66,7% disseram que a contextualização necessita estar presente, de maneira que o aluno consiga relacionar o conteúdo de química a seu cotidiano. Dentre os entrevistados, 75% não utilizam os experimentos sugeridos pelos livros em sala de aula, atribuindo esse fato a quantidade de alunos em excesso, bem como a falta de tempo para a teoria e prática juntas, e também a falta de estrutura da escola. Apenas no colégio situado na Tijuca, bairro de classe média do Rio de Janeiro, os professores alegaram não realizar os experimentos dos livros, por possuírem aulas de laboratório em todos os níveis do ensino médio. Com relação aos livros paradidáticos, 100% dos professores não os utilizam. A diferença entre regiões de classes sociais distintas não influencia na formação continuada dos professores, pois 91,7% deles realizaram ou realiza algum tipo de pós-graduação, sendo que 83,3% dos professores entrevistados no município do Rio de Janeiro possuem mestrado ou doutorado, e 84% dos professores que lecionam nos municípios de São João e Nilópolis possuem algum tipo de pós-graduação, e fazem ou concluíram alguma especialização.

CONCLUSÕES: Conclui-se que, os resultados obtidos estão diretamente relacionados com o contexto em que cada professor atua. Nota-se que a formação continuada está diretamente relacionada ao valor que a instituição demonstra pelo professor, e ao ambiente em que ele trabalha. Tal fato influencia na liberdade que os professores possuem para escolher o livro didático e para realizarem aulas experimentais. Assim, recai sobre os licenciandos em Química, a responsabilidade de re-pensar em estratégias para que os conhecimentos didáticos- pedagógicos não fiquem apenas na teoria.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CHASSOT, A., Para que(m) é útil o ensino? Canoas, RS, Editora da ULBRA. 1995.
SHNETZLER, R. P., A investigação-ação na formação continuada de professores de ciência. Ciência e Educação, V.9.n.1, p.27-39,2003.
ROSA, M. I. P. , ROSSI, A. V. (coord.). Educação química no Brasil: Memórias, políticas e tendências, Campinas, SP, Editora Átomo, 2008, p. 63.