TÍTULO: PLANTAS MEDICINAIS E SABEDORIA POPULAR: A ESCOLA RESGATANDO VALORES

AUTORES: SOUTO, M.V.M (UFCG) ; MELO, M.J.M (UFCG) ; LIMA, M.J.S (UFCG) ; CONCEIÇÃO,M.M (UFCG) ; SILVA,M.M. (UFCG)

RESUMO: O presente trabalho objetivou trazer para a comunidade escolar o resgate cultural e conhecimento popular através do uso de plantas medicinais, o qual foi desenvolvido com alunos da terceira série do ensino médio da Escola Estadual Orlando Venâncio dos Santos. A coleta de dados foi realizada na feira livre do município de Cuité - PB, por meio de um questionário, sendo entrevistados dez feirantes, os dados obtidos foram apresentados em forma de cartazes com fotos das plantas e descrições de suas utilizações. Destacando também a importância de se identificar a planta corretamente, como também sua dosagem máxima e possíveis efeitos tóxicos.

PALAVRAS CHAVES: plantas medicinais, sabedoria popular, resgate cultural

INTRODUÇÃO: Durante algum tempo, a educação na escola centrou suas ações na individualidade, sem levar em consideração as influências provenientes da realidade socioeconômica, política e cultural em que seus educandos estavam inseridos, mas hoje essa realidade vem sendo mudada e aos poucos a escola preocupa-se cada vez mais em promover o conhecimento crítico por meio de ações pedagógicas que envolvam todo um contexto desde o econômico ao cultural. Neste sentido na busca do resgate dessa cultura as feiras livres constituem-se verdadeiros mananciais, pois encontram as mais variadas espécies de plantas regionais utilizadas para fins terapêuticos tornando fácil o acesso de informação sobre o uso dessas plantas com potencial medicinal.
No Brasil, que apresenta uma grande diversidade genética vegetal, a utilização de plantas medicinais é uma prática comum resultante da forte influência cultural dos indígenas locais miscigenadas as tradições africanas, oriundas de três séculos de tráfico escravo, e da cultura européia trazida pelos colonizadores, esta prática criou raízes e essa sabedoria vem sendo passada de pai para filho (ALMEIDA, 2003). Desta forma é de fundamental importância que os alunos venham conhecer esta cultura mais detalhadamente, uma vez que é através da educação que ocorre a integração do conhecimento.
Este artigo apresenta um estudo desenvolvido com alunos da 3° ano do ensino médio, sendo realizado na feira livre da cidade de cuité, com o objetivo de mostrar aos alunos a aquisição de saberes populares com relação às plantas através de levantamentos de informações sobre o uso medicinal de plantas, sua importância, utilização pela população, as propriedades terapêuticas atribuídas pelos vendedores, bem como estudar a variação de aplicação no conhecimento desses recursos.



MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi desenvolvido juntamente com 15 alunos da terceira série do ensino médio da Escola Estadual Orlando Venâncio dos Santos. Inicialmente foram elaborados questionários compostos pelos seguintes elementos: informações sobre o entrevistado, abordando aspectos socioeconômicos como nome, naturalidade, profissão e tempo de trabalho na feira; informações sobre usos das plantas, enfocando as espécies conhecidas com seus respectivos usos, preparos e partes utilizadas. As questões básicas formuladas aos entrevistados foram: Quais plantas você vende para tratar ou curar doenças? Com quem você aprendeu a utilizá-las? Esse conhecimento é passado de pai para filho? Que partes das plantas são utilizadas para fins medicinais?Como é utilizada as plantas para fins terapêuticos? A turma foi dividida em três grupos para realizar a entrevista, sendo entrevistados os dez feirantes de plantas medicinais da feira livre do município de Cuité. Todas as entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. Em um segundo momento, foi feito a análise dos dados e em seguida o professor realizou debates sobre a importância de se resgatar e conhecer a cultura e o saber de um povo, os alunos confeccionaram cartazes com fotos das plantas, descrevendo suas utilizações e importância na cultura popular, sendo apresentado em um dos eventos da escola.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com as análises dos dados foi possível observar que há uma grande utilização de plantas medicinais para tratamento de doenças e que essa utilização é mais freqüente na população de maior idade. Também foi possível perceber que o conhecimento adquirido pelos vendedores foi repassado por um membro mais velho da família. As partes das plantas mais utilizadas para o tratamento de doenças são as folhas, as flores as cascas e as raízes e as formas de uso recomendadas pelos vendedores no preparo de chás são: Por decocção, utilizando raízes, e sementes; por infusão, esse processo é indicado para flores e folhas e por maceração que é indicado para alguns tipos de folhas, flores, raízes, caules e sementes. Segundo os entrevistados essas plantas são procuradas pela população mais carente tanto a população rural como a urbana, sendo utilizadas apenas pela a população acima de quarenta anos, não ocorrendo à procura pelos mais jovens.
Neste cenário a escola apresenta-se como mediadora no resgate desse conhecimento despertando nos jovens alunos um sentimento de valorização e reflexão sobre essa cultura popular que acompanha gerações. Sendo assim os resultados obtidos nesta pesquisa foram debatidos pelos professores apresentados pelos alunos em um dos eventos da escola em forma de cartazes com nomes, foto, utilizações para fins terapêuticos e sua importância no resgate da cultura popular. Em meio a isso e considerando o papel que a escola desempenha na aprendizagem, a mesma apresentou-se como um espaço propício para que esse resgate ocorresse, uma vez que esta é um universo de aprendizado, sendo capaz de despertar e transformar atitudes e valores do indivíduo transformando-os em cidadãos críticos.



CONCLUSÕES: Verificou-se que o uso de plantas medicinais é conhecido e utilizado pela população de idosos, não tendo um interesse entre os jovens na obtenção desse conhecimento, porém o estudo proporcionou aos professores e alunos uma maior reflexão sobre esse conhecimento, destacando também a importância de se identificar a planta corretamente, como também sua dosagem máxima e possíveis efeitos tóxicos. Após a pesquisa notou-se um maior interesse e envolvimento com esta cultura, pois cabe a escola a responsabilidade de despertar em seus educandos uma postura de reflexão e valorização da cultura na qual estão inseridos.

AGRADECIMENTOS: FNDE/UFCG/CES

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AGRA,M.F, Plantas da Medicina Popular dos Cariris Velho. Editora União. João Pessoa, 1996
ALMEIDA, M. Z. Plantas medicinais. 2 ed. Salvador: EDUFBA. 2003. 150 p