TÍTULO: O CICLO DA AREIA NA PERSPECTIVA DA COMUNIDADE: OUTRA FASE DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE UMA INOVAÇÃO CURRICULAR APOIADA NAS CIÊNCIAS DO SISTEMA TERRA

AUTORES: ANA ROSA (SEE/SP) ; GLAUCO (SEE/SP)

RESUMO: Nesta pesquisa investigou-se como a comunidade de uma escola da Rede Estadual de Ensino concebe o tema “Ciclo da Areia”, etapa inicial de uma inovação curricular fruto do trabalho coletivo de um subgrupo do grupo de pesquisa colaborativa “Ciências do Sistema Terra e Formação Continuada de Professores”. Numa etapa posterior pretende-se implementar a intervenção da inovação curricular através da coleta e análise de dados obtidos. Tal inovação que tem como tema gerador “Ciclo da Areia” aborda tópicos voltados para: modelos científicos quanto à composição e características dos materiais e o seu transporte pela natureza, ciclo geológico da areia, teorias de sistemas, fluxos, transporte e energia. A proposta educacional é baseada em atividade de campo e inter-relação entre as disciplinas de Física e Química.

PALAVRAS CHAVES: ciclo da areia, inovação curricular, ciências do sistema terra.

INTRODUÇÃO: Este trabalho apresenta o planejamento de uma inovação curricular, numa perspectiva interdisciplinar, voltada para o ensino médio. É elaborada no contexto do desenvolvimento dos trabalhos do grupo “Ciências do Sistema Terra e formação continuada ” , grupo que tem sua origem em 2003 e é constituído dentro de uma perspectiva de pesquisa colaborativa entre professores de distintas disciplinas (física, química, biologia, matemática, geografia, história), assistentes técnicos da Diretoria de Ensino e pesquisadores da UNICAMP e CUML/RP.
A pesquisa destacará os resultados da implementação da primeira fase da inovação curricular planejada pelo subgrupo constituido por 2 professores: sendo uma professora de Química e um professor de Física. Os professores são de uma escola pública da rede estadual de ensino situada na periferia da cidade de Ribeirão Preto, com sérios problemas de violência.
Fundamentaçào teórica
A concepção de inovação curricular que se persegue é apoiada em Arroyo (2000):
“Inovar é, antes de tudo, redefinir os critérios de seleção e de organização dos saberes escolares, mudar concepções, desenvolver nos professores consciência crítica, para que possam questionar o conhecimento tido como oficialmente válido e recriar criticamente os conteúdos que transmitem” (p.143).
Essa proposta adota o conceito de integração curricular conforme exposto por Beane (2003). Apesar de mantida a marca disciplinar da escola, procura-se construir espaços em que haja um tratamento integrado de disciplinas.
Isso é parte da construção de escolas democráticas como é defendido por Beane & Apple (1997). É uma experiência que precisa envolver distintas dimensões do processo educacional.


MATERIAL E MÉTODOS: As fases de implementação:
1ª Fase (2º Semestre de 2009)
Na primeira fase os alunos aplicaram um questionário tendo em vista identificar como a comunidade da escola envolvida compreendia o ciclo da areia.
O questionário foi composto das seguintes perguntas:
I.De onde vem a areia utilizada nas construções de prédios e casas?
II.De que forma a natureza transporta a areia?
III.Quais os locais onde podemos observar acúmulos de areia?
IV.Quais objetos e/ou materiais que são feitos de areia?
2ª Fase (1º e 2º semestre de 2010)
A segunda fase da intervenção teve início em 2010 com a análise e discussão dos dados da primeira fase com os alunos.
A apresentação dos resultados da primeira fase da intervenção aos alunos foi realizada por meio de uma aula expositiva, realizada, simultaneamente, pelos professores de física e química. O registro da aula foi feito através de filme (1º bimestre de 2010).
Em seguida, esclarecemos, de maneira expositiva, que a areia é constituída de uma fração de rochas que é transportada pela natureza de diversas formas. Para tal exposição utilizamos de textos, filmes, livros didáticos e científicos bem como painéis, fotos e vídeos de um porto de areia (2º e 3º bimestres de 2010).
Passamos pelo planejamento de Inovação Curricular fazendo a transposição do senso-comum, conhecimento científico e realidade.
A atividade prática - observação e percepção do local – desenvolve-se com trabalho de campo no porto de extração de areia que possibilita ao aluno um melhor entendimento da exposição e o levantamento de dados para outras problematizações.
Para isso as intervenções dos professores em sala de aula foram filmadas e posteriormente discutidas entre eles.
3ª Fase (4º bimestre de 2010) Visita ao Porto de Areia pelos alunos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A questão que orientou esta pesquisa foi: como a comunidade das escolas concebe o ciclo da areia? Quais seus saberes sobre os reservatórios e fluxos da areia na natureza?
Após a análise dos 118 questionários respondidos por pessoas escolhidas pelos alunos (familiares, visinhos e desconhecidos), o resultado obtido indicou que grande parte dos entrevistados desconhece as verdadeiras concepções a respeito da areia e o seu ciclo na natureza.


CONCLUSÕES: Até o momento foi desenvolvido a primeira fase da inovação curricular que envolveu a coleta de questionários respondidos pela comunidade escolar e apresentaram-se, após a análise os resultados a seguir.
Após o desenvolvimento da primeira fase da inovação, com análise de 118 questionários aplicados pelos alunos na comunidade, concluímos que apenas 35% dos sujeitos da pesquisa sabem que a areia utilizada na construção civil, na cidade de Ribeirão Preto, é extraída totalmente dos rios da região. A maioria dos sujeitos da pesquisa desconhece a sua origem.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ARROYO, M. G. Experiências de inovação educativa: o currículo na prática da escola. In: MOREIRA, A. B. (Org.). Currículo: políticas e práticas. Campinas: Papirus, 1999. p.131-164.
BAUER, M.W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. p. 137-155, 7ªed. Vozes, 2008.
BEANE, J.A. Integração curricular: a essência de uma escola democrática. Currículo sem Fronteiras, v.3, n.2, p.91-110, jul./dez. 2003.
BEANE, J. A.; APPLE, M. W. O argumento por escolas democráticas. In: APPLE, M.W.; BEANE, J.A. (Orgs.). Escolas democráticas. São Paulo: Cortez, 1997. p.9-43.
DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 9ª. ed. São Paulo:
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GONÇALVES, P.W.; SICCA, N.A.L. O que foi pesquisado para construir uma
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