TÍTULO: AULAS EXPERIMENTAIS DE QUÍMICA: INVESTIGANDO SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA

AUTORES: MATOS, K. F. O. (UNIBAN) ; ROMÃO, F. D. (UNIBAN) ; CORREIA, G. D. (UNIBAN) ; NEZIO, K. P. F. (UNIBAN) ; GALVÃO, A. M. P. (FATEC)

RESUMO: O Ensino de Química a partir de experimentação tem sido considerado uma ótima estratégia para promover a aprendizagem em ciências. Para Amaral (1997) e Moura & Chaves (2006), professores ainda apresentam uma visão muito simplificada da experimentação, imaginando ser possível provar a teoria partindo da prática experimental. Este trabalho visa investigar como a experimentação, pode contribuir para a contextualização do ensino de Química. Dentro destes aspectos, esta pesquisa é de grande importância para o desenvolvimento de aulas experimentais, não apenas demonstrativas, mas aulas que proporcione ao aluno uma visão mais clara do papel da Química dentro da sociedade atual.

PALAVRAS CHAVES: ensino de química, experimentação, contextualização

INTRODUÇÃO: A Química com sua natureza experimental muitas vezes desperta curiosidade e interesse dos alunos. Os experimentos de modo geral chamam a atenção dos alunos em sala de aula, porém, em muitos casos é algo vazio e que não imprime significado. As aulas experimentais de química produzem, sem dúvida alguma, um encantamento por parte dos alunos, mas estas não podem e não devem ficar apenas no campo da demonstração. Elas podem contribuir em muito para a assimilação dos conteúdos dados em sala de aula.
Estas atividades dependem essencialmente de um processo em que os significados e a linguagem do professor vão sendo apropriados na construção de um conhecimento mais contextualizado. Para os PCN, contextualizar um conhecimento é “[...] a existência de um referencial que permita aos alunos identificar e se identificar com as questões propostas. Essa postura não significa permanecer no nível de conhecimento que é dado pelo contexto mais imediato, nem muito menos para o senso comum, mas visa gerar a capacidade de compreender e intervir na realidade, numa perspectiva autônoma [...].” Desta forma acreditamos que a organização das aulas experimentais deva contribuir para que o aluno se aproprie do ambiente que o cerca e tenha uma vivência mais concreta com esta realidade.
Partindo de experimentos já encontrados na literatura, a proposta desta pesquisa é a elaboração de atividade experimental, que possibilite ao aluno um envolvimento ativo com o experimento e não apenas seguir um roteiro já pronto, partindo de uma problematização inicial levando-o a refletir sobre as possibilidades para resolução de um determinado problema.


MATERIAL E MÉTODOS: Para o desenvolvimento desta pesquisa foi realizado um levantamento de experimentos em livros didáticos de química utilizados por professores da rede pública de ensino. Estes experimentos foram readaptados de modo ser possível aplicá-los em sala de aula, visto que a escola onde foi desenvolvida esta atividade não possuía um laboratório de química.
Contextualizar não é apenas citar exemplos como ilustração de um determinado conteúdo, mas como afirma o PCN é propor “situações problemáticas reais e buscar o conhecimento necessário para entendê-las e procurar solucioná-las.” Partindo desta idéia propusemos uma atividade experimental,em que o aluno inicialmente deveria buscar respostas para o desenvolvimento de determinado problema.
Aplicamos esta atividade em uma escola da rede municipal do Estado de São Paulo em uma turma do 9º ano que estava participando de um projeto pedagógico “Meio Ambiente X Sociedade”. Partindo da seguinte questão “É possível fazer sabão ecológico?” Os alunos deveriam investigar formas de solucionar este problema, com a participação e auxílio do professor deveriam discutir a melhor maneira de solucionar o mesmo.
Esta estrutura levou em consideração as seguintes idéias: 1. Definição do tema – questionamentos iniciais; 2. Exploração do conhecimento prévio; 3. Colocação da questão problema; 4. Levantamento de hipóteses para solução do problema; 5. Realização das atividades concreta – verificação das hipóteses; 6. Exploração dos resultados – reflexão e discussão; 7. Complementação – consulta a livros e especialistas; 8. Relato e apresentação dos resultados.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ao ser lançada a questão problema os alunos viram a situação como um bom enigma a ser resolvido, no qual se encontravam em condições de investir. Durante a apresentação da situação problema (“É possível fazer sabão ecológico?”) o professor permitiu que seus alunos se expressassem e argumentassem, acessando seus conhecimentos prévios, identificando quais as explicações que eles apresentam para tal situação.
No momento da discussão coletiva dos resultados, observações e pesquisas constituíram-se em um momento de fundamental importância no confronto com as hipóteses feitas inicialmente e os resultados obtidos após o desenvolvimento do planejamento. Os alunos apontaram para a importância da reciclagem do óleo de cozinha e para a importância da presença de substâncias químicas dentro deste processo. O procedimento para se obter o sabão foi construído pelos alunos/professor e sendo investigado na literatura para comprovação das hipóteses levantadas inicialmente. É neste momento que os alunos refletem sobre a atividade de forma global, socializam suas idéias, argumentam sobre elas e buscam o entendimento do processo.
Para Gilbert & Bouoter(2000) uma discussão coletiva que se inicia com a retomada das hipóteses levantadas, garante a exigência que a pergunta tenha o mesmo significado para quem pergunta e quem responde. Nestes aspectos os alunos conseguiram desenvolver a atividade experimental trazendo soluções para a questão proposta, bem como ampliaram seus conhecimentos, permitindo-nos perceber a relevância de uma boa organização para a aula experimental de química. Este trabalho aponta para a necessidade de aulas experimentais mais bem estruturadas, pois permitem ilustrar e ampliar os conteúdos das aulas de química.


CONCLUSÕES: A experimentação no Ensino de Química é um elemento eficaz quando adequado a realidade de cada escola, pois desenvolvem habilidades e competências que proporcionam um ambiente em que se é possível pesquisar, questionar, refletir e argumentar.
Nosso trabalho nos possibilitou observar que, quando bem estruturada, a aula de laboratório é essencial ao desenvolvimento do conhecimento. Os passos utilizados para a execução da atividade experimental permitiram aos alunos envolvidos não só ampliaram seus conhecimentos sobre o processo de saponificação, como das questões ambientais acerca deste tema.

AGRADECIMENTOS: A Academia Paulista Anchieta pelo apóio a pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AMARAL, I. A. Conhecimento Formal: Experimentação e estudo ambiental. Ciência & Ensino, p.10–15, dez.1997.

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CARDOSO, J. M.; SILVA, A. ; DELMONDES, V. F. ; MATOS, K. F. O. . Ensino de Química: Uma proposta para a aplicação de experimentos em sala de aula utilizando material de baixo custo e do cotidiano. In: 7º Simpósio Brasileiro de Educação Química - SIMPEQUI, 2009, Salvador. A pesquisa na formação do professor, 2009.

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