TÍTULO: Alquimia: Crenças de licenciandos sobre História da Química e formação docente

AUTORES: PINHEIRO, MAURÍCIO FAÇANHA (IFRN) ; CAMPELO, JÂNIO KELIO (IFRN) ; BARROS, TÁSSIA N. (IFRN) ; FREITAS, WILLIANE S. (IFRN) ; SANTOS, ROBERT P. (IFRN)

RESUMO: Com o intuito de fazer um diagnóstico sobre o conhecimento inicial dos estudantes de licenciatura, objetivou-se explicitar as crenças sobre Alquimia, além da opinião dos futuros professores sobre a importância da História da Química (HQ)para a aprendizagem e conseqüentemente sua formação docente. Como instrumento de pesquisa, foi escolhido um questionário, com 4 questões que envolviam também a importância do assunto para a relação Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). Aplicado às duas turmas de primeiro semestre no campus de Ipanguaçu, em 2009 e 2010, 29 e 36 estudantes, respectivamente, os resultados confirmaram a existência de conhecimentos prévios sobre Alquimia e o grande interesse na HQ, sendo que 97% da segunda turma considerou muito ou extremamente importante para a aprendizagem.

PALAVRAS CHAVES: história da química, formação docente, crenças

INTRODUÇÃO: O ensino tradicional de Química, conteudista e acrítico, tem se limitado a transmitir fórmulas, teorias ou conceitos, sem explicações sobre sua evolução ou sua origem, desprezando a História, o que implica em uma fragmentação maior do conhecimento. É imprescindível a integração entre o conhecimento químico e o seu conhecimento histórico para formar profissionais mais sensíveis às causas sociais, sejam eles professores ou não, por isso, desde o Ensino Médio, o MEC ressalta que: "A História da Química, como parte do conhecimento socialmente produzido, deve também permear todo o ensino de Química, possibilitando ao estudante a compreensão do processo de elaboração desse conhecimento, com seus avanços, erros e conflitos". (PCNEM, 1997, p. 240). Dentre as características da Alquimia, as que mais têm se destacado são a prática experimental com descrições envoltas em mistério e o caráter místico, típico de uma religião. Até bem pouco tempo tudo o que se sabia dos antigos alquimistas era o que está escrito em inúmeras obras cuja autoria quase sempre é duvidosa. Felizmente, nos últimos anos, o próprio decurso da História tem ajudado, como a recente descoberta dos escritos de Isaac Newton sobre a Grande Obra. "Uma longa e tortuosa jornada iria afastar Newton dessas reflexões bastante indefinidas sobre a matéria. “[...] ele começou a modificar sua filosofia mecânica com a filosofia da alquimia, e, por volta de 1660, preparou um pequeno trabalho contendo uma série de proposições alquímicas”.(DOBBS, 1987, p. 4-5). Para educadores comprometidos com uma educação científica humanística, a História torna-se um instrumento didático importantíssimo, pois revela aos estudantes a origem de muitos conceitos da Ciência contemporânea, além de abordar os aspectos políticos e sociais envolvidos.

MATERIAL E MÉTODOS: Foi realizada uma pesquisa de opinião com duas turmas do primeiro semestre do curso Superior de Licenciatura Plena em Química, do IFRN, no Campus Ipanguaçu. A participação nas pesquisas ocorreu de forma voluntária, durante os horários das aulas das disciplinas de Química Geral e Experimental I e Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação, gentilmente cedidos pelos professores, em aproximadamente dez minutos ocorreu o preenchimento dos questionários, depois dos esclarecimentos iniciais. Na ocasião encontravam-se presentes na sala de aula vinte e nove estudantes da primeira turma, em 2009 e trinta e seis da segunda turma, matriculados no semestre 2010.1, que se propuseram prontamente a colaborar, respondendo às questões apresentadas. Antes da aplicação do questionário foi realizado um pré-teste, isto é, na primeira pesquisa o questionário foi mostrado a um dos estudantes do curso de licenciatura, que após a leitura, fez algumas indagações sobre as questões, imediatamente esclarecidas e observou um erro na numeração das questões, corrigido antes da aplicação ao restante da turma. Na segunda turma o questionário foi apresentado a dois alunos, que o leram, analisando suas perguntas e atestaram a clareza das questões mediante seus conhecimentos. Isto foi constatado pela aceitação voluntária e poucas dúvidas a serem esclarecidas a respeito do que abordavam as questões e seus itens de resposta. O questionário não continha espaço para a identificação, com a finalidade de proporcionar total sigilo de informações e preservação do anonimato dos participantes, enfatizados no início do texto como sujeitos da pesquisa e não apenas como objeto de estudo. Constituído de quatro perguntas, as duas primeiras eram questões mistas, com espaço para considerações.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Questionados sobre a existência de algum conhecimento prévio sobre Alquimia pouco mais da metade dos estudantes da primeira turma (55,2%) responderam afirmativamente, percentual um pouco maior em relação às respostas da segunda turma (44,4%) e quanto às fontes de onde haviam adquirido tal conhecimento, estas foram as mais variadas. As fontes indicadas na primeira turma envolviam livros didáticos, aulas da disciplina de Química, Internet e filmes (3 indicações). Na segunda turma: Internet, livros de literatura, programas de TV, desenhos, conversas e aulas, com um número de indicações de livros (9) muito superior. Indagados se já haviam lido alguma publicação impressa sobre o assunto, e se lembravam de algum detalhe da leitura, apenas 37,9% dos primeiros questionados contra 22,2% dos segundos, responderam positivamente. Quanto ao tipo de publicação, algumas pessoas, quando foram solicitados detalhes sobre as publicações impressas, não compreenderam a pergunta e indicaram como fonte a internet ou detalhes sobre a Alquimia. As fontes corretamente indicadas foram livros e revistas em ambas as turmas, incluindo o jornal na segunda pesquisa. Na segunda turma, sobre a suposta relação entre Alquimia e Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), em relação à turma investigada em 2009, houve uma inversão entre a porcentagem dos que concordaram parcialmente, 44,4%, muito superior aos 27,5% da turma anterior e os que concordaram plenamente, que totalizaram 41,6%. Em relação à importância dos conhecimentos históricos da Química para a aprendizagem de Química, em 2009 a maioria demonstrou julgar importante, 24% considerou extremamente e 48% muito importante. A mesma pergunta obteve resultados mais positivos na segunda turma, 52% indicou importância extrema e 45% muito importante.





CONCLUSÕES: As respostas apresentadas nos questionários evidenciam a ausência da HQ no início do curso de formação, uma vez que, as crenças dos estudantes iniciantes do curso de Licenciatura em Química sobre a Alquimia, em sua maioria não foram adquiridas em sala de aula e sim por pura curiosidade, principalmente através de filmes, em geral envoltos em certo misticismo. Outro aspecto observado foi com relação à concordância da existência de uma relação entre Alquimia e Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), como também a importância dada a conhecimentos históricos no processo de aprendizagem em Química.

AGRADECIMENTOS: Aos estudantes que prontamente concordaram em ser os sujeitos dessa pesquisa, assim como aos professores Pio e Neuraci, por cederem as aulas para a pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Parte III, Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CHASSOT, Attico I. A Ciência através dos Tempos. São Paulo: Moderna, 1994 (Impressão 200).
DOBBS, B. J. T. A alquimia de Newton e sua teoria da matéria. Tradução Heleny Uccello Gama. São Paulo: Instituto de Física da Universidade de São Paulo, 1987.
GILCHRIST, Cherry. A alquimia e seus mistérios. Tradução Aydano Arruda. 2. Ed. São Paulo: IBRASA, 1988.