TÍTULO: ANÁLISE QUÍMICA QUALITATIVA DE ÍONS EM MEDICAMENTOS: UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA CURSOS DE FARMÁCIA

AUTORES: BARROS, P.T.S (UFMA) ; NUNES, S.P.H (UFMA) ; NUNES, P.M. (IFMA) ; ABREU, A.P.A (UFMA)

RESUMO: As aulas práticas de Química Analítica Qualitativa costumam ser meras repetições de experimentos sugeridos em alguns livros clássicos. Levar o aluno a compreender que a disciplina está intimamente relacionada às suas atividades do dia a dia torna-se um desafio a ser superado. Nesse contexto, a utilização de medicamentos nas aulas práticas desta disciplina permite trabalhar os conceitos a serem transmitidos, explorando-se o cotidiano dos alunos e os elementos do futuro profissional de farmácia. No presente trabalho foram feitos testes químicos em escala de semimicroanálise, para a identificação de íons em medicamentos de dispensação livre.

PALAVRAS CHAVES: análise química qualitativa, medicamentos, farmácia

INTRODUÇÃO: Cativar o interesse dos alunos em determinados assuntos teóricos, sempre é um desafio. E uma bela forma de conseguir isso, é o envolvimento da teoria com algo que lhe seja concreto e plausível.Diante dessa estreita necessidade de se demonstrar nas práticas os conhecimnetos teóricos, vê-se um grande interesse do alunado principalmente se ocorrer relação entre as páginas do livro e a vida. Verifico-se esta realidade, no curso de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão na disciplina de Química Analítica I, que em tese é o primeiro contato destes alunos com experimentos mais elaborados. Normalmente, ocorreriam aulas práticas seguindo estritamente procedimentos clássicos de livros como Vogel, Bacan, Alexeev entre outros, onde gotas de soluções reagem com gotas de outras soluções e isso acarreta o resultado: precipitado e/ou mudança de cor e/ou liberação de gás. No intuito de desmistificar os conteúdos da química analítica qualitativa foram propostos experimentos para o curso de Farmácia utilizando-se medicamentos com vias a aproximar o aluno da disciplina.

MATERIAL E MÉTODOS: Nesta proposta, foram escolhidos 11 medicamentos que apresentassem em sua formulação quantidades estequiométricas significativas de íons. Os medicamentos, íons e ensaios qualitativos realizados foram:
-Pasta d’água (Zn+2 = precipitação, Ca+2=teste de chama e CO3-2= desprendimneto de CO2):
-Ferromax® (Fe+3= formação de sulfeto insolúvel e SO4-2=formação de precipitado),
-Leite de Magnésia Phillips® (Mg+2=teste de chama e OH-=uso de indicador fenolftaleína),
-Água oxigenada (PO4-3= formação de precipitado de prata),
-Sais de Reidratação Oral (Na+= teste de chama, K+= formação de precipitado Cl-= formação de precipitado),
-Biotônico® (Fe+3=formação de hidróxido insolúvel e PO4-3= formação de fosfato insolúvel),
-Atrovent ® (Br--= formação de precipitado ),
-Álcool Iodado (I-= reação com amido),
-Permanganato de Potássio (K+= teste de chama e MnO4= liberação de cloro gasoso),
-Solução Dermatológica de Nitrato de Prata (Ag+= exposição a luz ultra violeta e reação de precipitação,
-Pastilha Benalet(NH3=liberação de amônia gasosa e teste com fenolftaleína)
Todos os testes foram na escala de semimicroanálise e em cada medicamento foi executada uma reação específica para identificar o cátion e/ou o ânion por mudança de coloração ou formação de precipitado.
Outros materiais: bequeres, tubos de ensaio, solução hidroalcóolica de fenolftaleína a 0,5%, Solução de NaOH 4 mol/L, alça de platina, ácido clorídrico concentrado, solução de tiocetamida 1mol/L,solução de nitrato de prata 1 mol/L,ácido nitrico concentrado, amido de milho, sulfato de amônio 2,5 mol/L, ácido acético 6 mol/L, lâmpada ultra violeta comum.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A maioria dos testes exigiu que fossem realizados testes prévios para que as reações ocorressem satisfatoriamente.Basicamente a lógica foi seguir as reações químicas dos livros textos clássicos(BACAN,1979;ALEXEEV,1983;JEFFERY,1992) para os íons testados e a medida que era necessário, em virtude das características físicas e químicas de cada medicamento era realizado um estudo para o desenvolvimento da melhor marcha analítica a ser seguida. A escala de semimicroanálise usada possibilitou pequeno gasto de reagente e pouca geração de resíduos.Reações consolidadas dos livros texto forma realizadas, porém com um foco diferenciado o uso em amostras de medicamentos.Uma outra perspectiva foi o despertar dos alunos para testes que visassem reconhecer se um medicamento realmente está apresentando determinado princípio ativo Com o uso desta estratégia é possível perceber um maior interesse pela disciplina e um despertar para a pesquisa científica.

CONCLUSÕES: Foi possível observar que medicamentos são amostras úteis em aulas práticas de Química Analítica Qualitativa, em cursos de Farmácia ou de Química.O melhor resultado não surgiu na bancada e sim nos alunos, que tiveram um melhor entendimento de como usar os conteúdos estudados em situações profissionais. Portanto, a utilização de medicamentos para a identificação de íons em aulas práticas se mostra relevante por ser inovadora, caracterizando-se como uma forma criativa de ensinar tendo função social, uma vez que desperta para a necessidade de um maior rigor no controle de qualidade.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALEXÉEV, V. Análise quantitativa. Tradução: Albano Pinheiro e Melo. 3. ed. Porto: Livraria Lopes da Silva Editora, 1983.
BACCAN, Nivaldo et. al. Química Analítica Quantitativa Elementar, Edgard Blucher, Campinas, 1979.
JEFFERY, G. H. et al. Vogel química analítica quantitativa. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992. 712p. (Tradução de: Vogel's textbook of quantative chemical analysis).