TÍTULO: TEORIAS ATÔMICAS DE DALTON E RUTHERFORD: UM RECURSO DIDÁTICO ALTERNATIVO CRIADO POR ALUNOS

AUTORES: MARTINS, T.V. A. (IFRJ ) ; MESSEDER, J.C. (IFRJ)

RESUMO: Atualmente tem-se procurado vários recursos para que o professor de Química torne sua aula mais atrativa para os alunos, facilitando o fluxo de informações e a compreensão dos conteúdos expostos em sala de aula. Existem muitas dificuldades para abordagem das teorias atômicas. Esse trabalho usou um recurso didático alternativo, criado por alunos, para ilustrar as teorias de Dalton e Rutherford. Foram usadas bolinhas de isopor, por serem materiais de baixo custo, e por reproduzirem em escala macro algumas particularidades do ensino de modelos atômicos, facilitando assim, a abordagem das teorias supracitadas. Foi possível mostrar a importância dos aspectos históricos dos modelos atômicos na práxis do futuro professor de Química, e como os alunos do Ensino Médio se equivocam com essas teorias.

PALAVRAS CHAVES: modelos atômicos, material didático, recurso alternativo.

INTRODUÇÃO: Existem muitas dificuldades para os alunos assimilarem os modelos atômicos. Alguns professores dão entender que os modelos são algo realmente existente, chegando a acreditarem que foi possível ver os átomos através de pesquisas químicas e tecnologias atuais. Não é do entendimento dos alunos que os modelos, servem para explicar um fato concreto visível (POZO e CRESPO, 2009). Além disso, existem outras dificuldades em se trabalhar com o átomo, como contá-lo, pesá-lo e medir o seu tamanho. Isso acontece quando saímos do mundo micro e partimos para o mundo macro. Assim é como se partíssemos para um problema de quase ficção científica (CHASSOT, 2006). Sendo o livro didático o recurso mais utilizado pelos professores, vale a pena mencionar alguns fatos que tornam a aprendizagem de modelos atômicos mais difícil do que deveria ser. Uma análise feita em livros didáticos dos anos 70 e 80 mostrou que os conteúdos desse livro no assunto de modelos atômicos eram meramente expositivos e abstratos, não sendo correlacionados com os fenômenos observados em relação à matéria macroscópica (EICHLER e PINO, 2000). Com referência a um livro amplamente usado, PERUZZO (1999), o conteúdo atômico de Dalton é associado com as propriedades da matéria. Mas no assunto de modelo atômico de Rutherford é abordado com o obstáculo realista (MELZER et al, 2007), que associa o núcleo do átomo a uma bola de futebol e a eletrosfera ao campo de futebol. Nesse caso há uma limitação exposta pelo livro do entendimento no assunto de pelo menos um dos modelos atômicos, o de Rutherford. O objetivo geral desse trabalho foi verificar os resultados da aplicação de um recurso didático alternativo de modelos atômicos, sob uma ótica dos aspectos históricos das teorias de Dalton e Rutherford.

MATERIAL E MÉTODOS: Essa pesquisa foi experimental e de natureza qualitativa. Teve como suporte bibliográfico livros, artigos científicos publicados na revista Química Nova na Escola, sobre aplicação de diversos recursos didáticos alternativos, na compreensão de conceito de átomos e histórico de modelos atômicos. A aplicação desse trabalho se deu em uma turma de segundo ano, no Ensino Médio-Técnico do IFRJ, localizado em Nilópolis, durante o estágio curricular supervisionado do curso de Licenciatura em Química do IFRJ. Os recursos alternativos utilizados para o procedimento foram bolinhas de isopor e palitos de dente. A metodologia seguiu as etapas: Foram formados 5 grupos com 5 alunos cada. Para a demonstração do modelo de Dalton: Cada grupo ficou com um conjunto de seis bolinhas e palitos de dentes. Os alunos montaram um esquema que serviu para “maximizar” a junção dos átomos e mostrar a utilidade do modelo. Para o modelo de Rutherford, os alunos do grupo juntaram três bolinhas brancas e uma colorida, unidas por palito de dente, para ilustrar o núcleo (3 prótons + 1 nêutron). No mesmo grupo, outros três alunos diferentes seguraram a uma distância considerável as outras três bolinhas, que ilustraram os elétrons. Estes mesmos alunos que seguravam as bolinhas (elétrons) puderam “arremessá-las” uns aos outros, por cima do núcleo para simular o movimento eletrônico. Para entender como se forma os íons negativos e positivos, acrescentaram ou retiraram as bolinhas que estavam nas mãos. Os alunos redigiram relatórios e desenharem esquemas para mostrar o que foi entendido, relacionando-os com as teorias atômicas. Todos os procedimentos da metodologia foram sugeridos pelos alunos da turma, sendo supervisionados pela professora estagiária. A final, os grupos debateram seus erros e acertos entre si.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dois grupos, aqui denominados grupo 1 e 2, mostraram equívocos no entendimento conceitual dos modelos, tanto no de Dalton como no de Rutherford. No grupo 1 houve as seguintes faltas de informações: a indivisibilidade do átomo, descrita no modelo de Dalton e o processo de formação do cátion e do ânion, usando o modelo de Rutherford. O equívoco encontrado foi a confusão do conceito da formação do íon, onde foi feita a seguinte observação: “-... já no íon, o número de próton dependerá do número de elétrons...” Esse foi o único grupo que esquematizou a partir de desenhos todos os modelos montados. No grupo 2 embora tenha havido a observação de que o átomo não é divisível segundo a teoria de Dalton, o grupo se confundiu ao fazer a comparação do modelo de Dalton com o de Rutherford. A metodologia empregando bolinhas de isopor foi aplicada após o conteúdo teórico ser abordado. Esse fato fez com que os relatos fossem bem mais detalhados, pois houve uma maior possibilidade de conexão com a teoria. O que foi observado em comum na maioria dos grupos foi a omissão da indivisibilidade do átomo, o que não era esperado nesse experimento, pois eles já haviam visto este conteúdo teórico. Na exposição do entendimento do modelo de Rutherford cada grupo fez suas próprias observações. Foi possível mostrar aos licenciandos a importância dos aspectos históricos no aprendizado da evolução dos modelos atômicos, e como os alunos do Ensino Médio se equivocam com esses conteúdos. Muitos alunos, e inclusive professores de química, cometem erros grosseiros ao se depararem com tal tema, ou simplesmente reproduzem os conteúdos que vem nos livros de Química. Isso se torna crucial para o aprimoramento de uma visão crítica por parte dos licenciandos, que formarão concepções mais fidedignas de ciência.

CONCLUSÕES: O trabalho possibilitou alternativas para o ensino de atomística, levando-se em consideração a criatividade dos alunos. Esses resultados mostram que algumas concepções inadequadas permanecem, não só entre alunos do Ensino Médio, mas também entre os professores. De um modo geral, a idéia de utilizar recursos alternativos para ilustrar conceitos microscópicos com o futuro professor de Química teve mérito e alcançou o objetivo proposto. Afinal, a imagem que os professores fazem da atividade científica influenciará sobre as idéias que seus alunos construirão a respeito da Química como ciência.

AGRADECIMENTOS: À turma 214, do Ensino Médio-Técnico em Química do IFRJ (campus Nilópolis/RJ) por participar da pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: EICHLER, M; PINO, J.C. Computadores em educação química: estrutura atômica e tabela periódica. Química Nova, n. 23, fev. 2000.
CHASSOT, A.I. Alfabetização científica. 4.ed. Ijuí: Unijuí, 2006.
MELZER, E.E; CASTRO, L; AIRES J.A et al. Modelos atômicos nos livros didáticos em química: obstáculos à aprendizagem? In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISAS EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 7, 2009. Florianópolis, Anais do VII ENPEC, 2009.
PERUZZO, T.M; CANTO, E.L. Química na abordagem do cotidiano. 2 ed, v.único. São Paulo: 1999.
POZO, J.I; CRESPO, M.A. A aprendizagem e o ensino de ciências do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Tradutora: Naila Freitas. 5 ed. São Paulo: Artmed, 2009. p.142.