TÍTULO: QUESTÕES AMBIENTAIS PERMEANDO O ENSINO DE QUÍMICA: RECICLANDO RESÍDUO DE GRANITO NA CANFECÇÃO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS

AUTORES: MOTA, J.D (UEPB) ; TRAJANO, M.F (UEPB) ; OLIVEIRA, D.F (UEPB) ; CARNEIRO, K.A.A (UEPB) ; MELLO, V.S (UFRN)

RESUMO: A necessidade de preservação ambiental e a tendência de escassez dos recursos naturais fazem com que a construção civil adquira novas soluções técnicas visando à sustentabilidade de suas atividades. A reciclagem dos resíduos derivados do beneficiamento de rochas ornamentais se destacam como alternativas alinhadas a esses novos conceitos. Aliado à educação ambiental, pode-se conscientizar toda a sociedade com o ensino de química, tendo um papel importante tanto na formação dos estudantes como num meio social. Este trabalho desenvolve no ensino de química a reciclagem do resíduo de granito, na confecção de tijolos ecológicos de solo-cimento, trabalhando em sala de aula a relação do conhecimento químico no ensino com essa tecnologia visando principalmente a redução do impacto ambiental.

PALAVRAS CHAVES: resíduo de granito, reciclagem, tijolos ecológicos.

INTRODUÇÃO: Atualmente com o aquecimento global comprovado, tem ocorrido um crescente interesse na prevenção ambiental e desenvolvimento sustentável. Assim sendo, atenção especial tem sido dada para o destino dos resíduos sólidos provenientes das atividades industriais. Isto decorre do fato de que a reciclagem de resíduos constitui numa importante metodologia para utilização de resíduos como matérias-primas alternativas nos diversos setores industriais, além de preservar o meio ambiente (LORA, 2002).
A questão ambiental no ensino de química tem um papel importante tanto na formação dos estudantes como num meio social, por isso que é necessário nas salas de aulas contextualizarem as questões ambientais com argumentos concisos, demonstrando um conhecimento razoável do assunto, favorecendo a participação dos alunos na sociedade em que vivem. Porém, é nesse contexto que a reciclagem da lama abrasiva proveniente do sistema de desdobramento de blocos de rochas para produção de chapa de granito surge no ensino de química como uma proposta tecnológica para auxiliar os estudantes a entenderem os processos químicos que ocorrem no cotidiano. Portanto o descarte da lama abrasiva (polpa abrasiva) é cada vez mais difícil e oneroso para as indústrias e motivo de preocupação para a sociedade civil e pelos ambientalistas é fonte de contaminação e/ou poluição do meio ambiente, causando assoreamento dos rios e lagoas, além de mudanças de pH, fluxo hídrico e grau de turbidez nas águas.
Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento das Questões Ambientais no ensino de Química, utilizando como tema a reciclagem da lama abrasiva para a fabricação de tijolos ecológicos de solo-cimento, conservando assim uma cultura milenar direcionado ao combate do déficit habitacional.



MATERIAL E MÉTODOS: 3.1 Materiais
3.1.1 Solo
O tipo de solo utilizado foi o massame o qual atende as normas ABNT NBR 10832 e NBR 10833.
3.1.2 Cimento Portland
Utilizou-se o cimento CPII-F-32, que apresenta características compatíveis para elaboração de tijolos modulares de solo-cimento.
3.1.3 Lama abrasiva
Constituída de água, cal, granalha e pó de granito, a lama abrasiva é proveniente da serragem dos blocos de rochas, onde normalmente é lançada aos tanques de decantação no pátio das empresas. A lama abrasiva foi beneficiada em peneiras por via seca ABNT nº 80.
3.1.4 ÁGUA
Utilizou-se água potável, fornecida pela Companhia de Água e Esgoto da Paraíba (CAGEPA), isenta de impurezas.
3.2 Ensaios Tecnológicos
Na fabricação dos tijolos ecológicos, foram adotados 4 traços: 1:7:2, 1:6:3, 1:5:4 e 1:4,5:4,5 (Cimento, solo e resíduo granítico respectivamente). Os tijolos de solo-cimento em estudo possuem dimensões de 25 cm de comprimento 6,5 de altura e 12,5 de largura.
3.2.1 Relação água/cimento (a/c)
A variação da relação água/cimento adotada baseou-se dados da Oliveira (2004), onde as relações adotadas estão dentro destas faixas de variação.Para cada traço fez-se o estudo com três fatores água/cimento (1, 0,86 e 0,72).
3.2.2 Ensaios do teor de absorção de água
Este teor está diretamente ligado ao grau de porosidade do material. A determinação da absorção de água foi feita conforme a NBR 10836/94.as amostras foram colocadas por 24h em estufa a 110ºC e pesadas, em seguida foram imersas por 24h em água e pesados novamente.
3.2.3 Ensaios de Resistência à compressão simples
A resistência à compressão simples é um dos parâmetros mais importantes do solo-cimento. As normas vigentes determinam que a resistência média dos tijolos de solo cimento deve ser igual ou superior a 2,0 MPa aos 7 dias de cura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em experiências anteriores, Segantini (2000) e Ferraz (2004) notaram que a resistência do solo-cimento, confeccionado com o solo em estudo, aumentava de forma considerável ao longo do tempo, razão pela qual neste trabalho, além dos sete dias, foram também realizados ensaios aos 28 e 60 dias com os respectivos fatores a/c 1, 0,86 e 0,72 - T1, T2 e T3 respectivamente, verificando assim suas resistências dos grupos de ensaios para as idades tais idades de moldagem, para o processo de cura em meio úmido.
Pode-se observar de acordo com a Figura 1 que:
1. As maiores resistências à compressão simples ocorreu com a relação água/cimento 0,86 (T2);
2. Os ensaios mostram que o tijolo ecológico (Figura 2) tem um aumento em sua resistência com o tempo, principalmente com 40% de adição de resíduo (traço 1:5:4) de rocha ornamental, onde o valor foi de 7.6 MPa para uma cura de 60 dias. É visto ainda que praticamente todos os traços apresentaram resultados que atenderam as exigências da NBR 10836 de resistência mínima de 2MPa aos 28 dias;
3. As maiores resistências a compressão simples, aconteceu para o traço 1:5:4 pois, os valores individuais estão de acordo com a NBR 10836, onde observa-se que esse traço tem uma quantidade de resíduo maior que o traço 1:7:2;

4. Os valores de resistência à compressão simples, crescem com o diminuição da quantidade de solo e o aumento do teor de resíduo de granito, tanto para os 7 dias de cura, como pra os 28 dias de cura e 6ª dias de cura;
5. Portanto observa-se no traço 1:5:4 que obteve uma menor absorção, logo isto também explica a boa resistência que esse traço foi para a fabricação dos tijolos de solo-cimento.








CONCLUSÕES: A utilização da lama abrasiva na confecção de tijolos ecológicos é uma das formas de reciclá-la, possibilitando assim aplicação dos processos químicos dentro da construção de um conhecimento científico no ensino de química, relacionando as aplicações tecnológicas e suas questões ambientais. A adição dos resíduos de granito para a fabricação de tijolos ecológicos Trata-se, portanto, de uma excelente alternativa para o aproveitamento desses resíduos, sendo uma nova proposta para combater o déficit habitacional.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10832: fabricação de tijolo maciço de solo-cimento com utilização de prensa manual. Rio de Janeiro, 1992. 8 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 10833: Fabricação de tijolo maciço e bloco vazado de solo-cimento com utilização de prensa hidráulica. Procedimento. Rio de Janeiro, RJ, 1989. 3p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 10834:Bloco vazado de solo-cimento sem função estrutural. Especificação. Rio de Janeiro, RJ, 1994. 3p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 10836:Bloco vazado de solo-cimento sem função estrutural – Determinação da resistência à compressão e da absorção de água. Método de ensaio. Rio de Janeiro, RJ, 1994. 2p.
OLIVEIRA, Djane de Fátima. Contribuição ao Estudo da Durabilidade de Blocos de Concreto Produzidos com a Utilização de Entulho da Construção civil. Universidade Federal de Campina Grande. Tese de Doutorado, 2004.