TÍTULO: ENEM 2001 A 2010: ANÁLISE QUANTITATIVA E QUALITATIVA DAS QUESTÕES DE QUÍMICA

AUTORES: ARAÚJO, F. M. (UFRB) ; SILVA, C. S. (UFRB) ; WATANABE, Y. N. (UFRB) ; FADIGAS, J. C. (UFRB) ; SANTOS, G. L. G. (UFRB) ; SANTOS, C. E. S. (UFRB) ; SANTOS, N. O. (UFRB) ; VIRIATO, L. A. (UFRB)

RESUMO: O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é um dos instrumentos de avaliação mais importantes do país, pois além de avaliar o desempenho do estudante ao final da Educação Básica pode possibilitar o seu ingresso ao Ensino Superior. Este trabalho visa entender a influência do ENEM sobre o sistema de Ensino Médio (EM) podendo proporcionar aos alunos que estão estudando para o exame e aos professores, uma direção sobre os conteúdos que mais precisam focar sua atenção. Para isso, foi feita uma análise das questões relacionadas à disciplina Química nos exames da última década. Numa breve análise, percebeu-se que a quantidade de questões relativas ao conhecimento químico varia de ano para ano e que muitos conteúdos presentes no programa do Ensino Médio não são abordados em nenhuma questão do ENEM

PALAVRAS CHAVES: enem; ciências da natureza; química

INTRODUÇÃO: O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado em 1998, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), do Ministério da Educação (MEC), com a finalidade de avaliar o desempenho dos estudantes ao final da Educação Básica, como nos termos propostos pelo INEP, “avaliar o desempenho do aluno ao término da escolaridade básica, para aferir o desenvolvimento de competências fundamentais ao exercício pleno da cidadania” Para isso, tem buscado “democratizar as oportunidades de acesso às vagas federais de ensino superior, possibilitar a mobilidade acadêmica e induzir a reestruturação dos currículos do ensino médio.” Desde a sua criação, o ENEM tem sofrido algumas alterações buscando a aplicação mais efetiva dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), que em 1998, propôs a contextualização e a transversalidade como meio de motivar o aluno e dar significado ao que é ensinado em sala de aula. Subsidiando a reflexão e discussão de aspectos do cotidiano da prática pedagógica tendo como um dos enfoques a cidadania, o novo formato do exame busca adquirir uma maior capacidade de diferenciar as habilidades dos candidatos com questões de níveis de complexidade diferentes. Uma reformulação no exame em 2009 pelo MEC propõe a sua utilização como única forma de seleção para ingresso nas universidades públicas federais passando a ser composto por 180 questões divididas em 4 grupos, a saber: Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza ( Química, Biologia e Física) e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias (incluindo Redação) e Matemática e suas Tecnologias.

MATERIAL E MÉTODOS: Inicialmente foi feito um levantamento das provas do ENEM dos dez últimos anos, relativo ao período 2001 a 2010 que estão disponíveis no site do INEP. Nas provas selecionadas, buscou-se identificar questões referentes ao ensino de química. As questões foram classificadas por área da Química, ou seja, Química Geral e Inorgânica, Físico-Química e Química Orgânica. Para melhor análise fez-se também a separação de questões por temas transversais que necessitassem de conhecimento de conceitos químicos para a resolução. Esses dados foram tabulados e analisados pela quantidade encontrada em cada ano e por área de Química para posterior confronto averiguando limites e distanciamentos entre o conteúdo previsto no programa de Ensino Médio e aquele solicitado nestes exames.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As questões do ENEM tinham níveis distintos de dificuldade, questões extensas com respostas simples e outras mais trabalhosas, cuja leitura era essencial para respondê-las. Eram contextualizadas com temas transversais, como a Química Ambiental. No levantamento e identificação das questões buscou-se, classificar “questões de química” àquelas que em sua resolução necessitava-se apenas de conhecimentos químicos. Como mostra a Tabela 1, entre os anos de 2001 a 2008, o numero de questões relacionadas à química tinha proporção semelhante, variando de 4,7% a 9,5% destacando-se apenas o ano de 2003 que teve 19% no total de questões.
Analisando os anos de 2009 e 2010, período em que o ENEM assumiu um novo perfil, encontrou-se 4,4% e 8,3% respectivamente, considerando todas as áreas. Ainda averiguando o número de questões, observa-se que os anos de 2003 e 2010 foram os que apresentaram um maior número de itens referentes à área de química. E que, exceto 2003, há pré-disposição em manter o número de questões e neste novo modelo existe uma tendência destas estarem bem distribuídas entre as três disciplinas, Química, Biologia e Física, numa proporção de 1:1:1. Na analise dos conteúdos por áreas da Química e por Temas Transversais, observa-se uma distribuição assimétrica (Figura 01) dos mesmos. A área de Química Geral e Inorgânica estava presentes em todos os anos. Já as áreas de Físico-Química e Orgânica estavam presentes em seis e sete anos respectivamente, dos dez anos analisados. Os temas transversais que envolvem conteúdos de química, em especial a química ambiental, foram contemplados em sete desses dez anos.





CONCLUSÕES: Com a análise quantitativa e qualitativa das questões de química, constatou-se que o número de questões varia de ano para ano e que muitos conteúdos presentes no programa do Ensino Médio não são abordados em nenhuma das questões do ENEM. Nota-se também a presença constante da contextualização e interdisciplinaridade dos conteúdos com uso freqüente de textos, tabelas, gráficos e figuras, utilizando temas do cotidiano como a Química Ambiental. Esta pesquisa pode auxiliar o planejamento pedagógico da disciplina de química e servirá como subsídio estatístico, para futuras pesquisas.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL, MEC/SEMTEC, Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Vol. 3. Brasília, 1999.
INEP: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2005). Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): fundamentação teórico-metodológica / Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. – Brasília: O Instituto, 2005. 121p. Disponível em: < http://www.publicacoes.inep.gov.br >. Acesso em: 03 de mar. 2011.
INEP: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/enem/1999/docbas/docbas1999.doc>. Acesso em: 08 mar. 2011.
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