TÍTULO: DIAGNÓSTICO SÓCIO-EDUCATIVO DOS DISCENTES DO CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA DO INSTITUTO FEDERAL DE SERGIPE

AUTORES: SANTOS, M.F.C. (IFS) ; REZENDE, L. S. (IFS) ; LOPES, F.L.G. (IFS) ; ESTÁCIO, K. G. (IFS)

RESUMO: O trabalho propôs realizar um diagnóstico das dificuldades e necessidades sócio-
educativas dos discentes da licenciatura em química do IFS, campus Aracaju/SE. A
metodologia consistiu na aplicação de questionários semi-estruturados a 93% dos
discentes matriculados, desde o período de fundação do curso em 2009-1 até 2010-2. Foi
questionado se o atual processo de ensino-aprendizagem está de fato atendendo à
proposta de formação inicial de docentes da área de Química. O curso apresentou uma
evasão superior a 63% no período estudado. Mais de 20% não tiveram a Licenciatura como
primeira opção de profissão e 12% não pretendem lecionar. O curso é uma opção viável,
no entanto, a incerteza de querer ser docente, aliado à baixa remuneração e ao
desprestígio profissional contribui para a alta evasão.

PALAVRAS CHAVES: discentes da licenciatura em química; dificuldades e necessidades sócio-educativas.

INTRODUÇÃO: A educação é fundamental para o pleno desenvolvimento da sociedade, logo, ela deve
ser prioritária. Conforme dados de PINTO, et al. (2009), há um baixo percentual de
professores com formação inicial específica na disciplina que lecionam. A situação da
disciplina química é preocupante, pois o percentual é de apenas 13%. Diante do
problema da escassez de docentes da área das Ciências da Natureza, a rede Federal de
Educação Profissional e Tecnológica foi impelida pela Lei 11. 892/08 a ofertar cursos
de licenciaturas nas áreas prioritárias. Nesse contexto, o Instituto Federal de
Ciência, Educação e Tecnologia de Sergipe (IFS) implantou no primeiro semestre de
2009 o curso da licenciatura em química, que atualmente atende a cinco turmas no
turno vespertino. O projeto deste curso visa a formação docente para atender,
principalmente, o Ensino Médio e a Educação Profissional. O ingresso destes alunos no
referido curso se deu, inicialmente através do vestibular seriado e a partir de 2010
através do SiSU/ENEM. Desde a primeira turma que o índice de evasão é considerável e
passou a acelerar a partir de 2010. De 2009-1 até 2010-2, dos 160 alunos que
ingressaram no curso, apenas 58 permaneciam matriculados. Foram ofertadas mais de 100
vagas para transferência externa para o referido curso e apenas uma foi preenchida.
Assim, procurou-se traçar um perfil do aluno matriculado para o reconhecimento e
identificação da situação atual e das principais necessidades sócio-educativas destes
discentes.

MATERIAL E MÉTODOS: Os resultados apresentados neste trabalho foram coletados através de questionário
respondido pelos discentes matriculados no curso de Licenciatura em Química do IFS,
além de dados da Coordenadoria de Registro Escolar (CRE). Do total da população
discente regularmente matriculada até 2010-2, mais de 93% responderam ao questionário.
O questionário foi estruturado na forma de respostas diretas a perguntas relacionadas a
indicações sobre dados pessoais do aluno, vida acadêmica, infra-estrutura do curso,
motivação para o estudo da química e suas dificuldades e aspirações profissionais, além
de questões descritivas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O curso de licenciatura em química do IFS é representado por uma maioria do sexo
feminino (62,5%), com idade inferior a 24 anos (78,57%), ou seja, é um curso com alta
representatividade de jovens mulheres. Mais da metade dos discentes são naturais de
Aracaju (60,71%), não exercem atividade remunerada (55, 36%) e possuem renda familiar
maior que dois salários mínimos (66,07%). A percepção dos discentes em relação aos
aspectos curriculares do seu curso permitiu concluir que a maioria está satisfeita
com a sua matriz curricular e com os conteúdos estudados, no entanto, mais de 64%
desconhecem a existência de seu plano de curso, portanto, não tem a efetiva certeza
de que o que está sendo estudado, de fato encontra-se descrito em seu plano. Os
fatores que contribuíram para os discentes escolherem o referido curso destacam-se a
afinidade com a área (43%), a facilidade de emprego (21%) e a vocação para ser
professor (6%). Quando questionados sobre o que vem a ser o professor de química,
verificou-se que o professor é visto como transmissor de conhecimento (39%). Conforme
FREIRE (1996), ensinar é uma ação além da transmissão do conhecimento, é criar
possibilidades para sua própria produção ou sua construção. No tocante a pergunta “O
que vem a ser Licenciatura”, 43% consideram-na uma profissão relevante para o
desenvolvimento da sociedade e 11% a tem como uma missão, entretanto, 36% afirmam que
a licenciatura é uma profissão desvalorizada pela sociedade e/ou governo. Para GATTI
(2009), a idéia de que a profissão docente é um sacerdócio contribui para a má-
remuneração, principalmente na educação básica, na qual a demanda de professores de
química é elevada. Dos entrevistados, 61% pretendem lecionar no Ensino Médio, 27%
almejam o Ensino Superior e 12% não pretendem lecionar.

CONCLUSÕES: Inferiu-se que do total dos discentes que ainda permanecem matriculados, mais de 20%
não tiveram a Licenciatura como a primeira opção de profissão, 12% não pretendem
lecionar, o que pode evidenciar que a opção do IFS pelo ingresso do discente pelo
SiSU/ENEM pode está contribuindo para a elevada taxa de evasão, mais de 63%. Os
resultados apresentados aqui evidenciam que a Licenciatura em Química do IFS é uma
opção viável, no entanto a falta da certeza de querer ser docente, aliado à baixa
remuneração e ao desprestígio profissional são fatores contribuem para a alta taxa de
evasão.



AGRADECIMENTOS: Ao programa PIBIC/IFS pela concessão da bolsa de iniciação científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: GATTI, B. A. Professores do Brasil: Impasses e Desafios. Brasília: UNESCO, 2009. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. PINTO, A.C; ZUCCO, C; ANDRADE, J.B; VIEIRA, P. C. Recursos para Novos Cenários. Química Nova, v.32, Nº34, p.567-570, 2009.