TÍTULO: Baralho ácido-base: estudo comparativo da força de ácidos e bases inorgânicos

AUTORES: OLIVEIRA, J. C. (UNEB) ; MOREIRA, B. C. T. (UNEB) ; CARVALHO, M. F. A. (UNEB)

RESUMO: Propõe-se a construção de um material didático lúdico, portátil, de baixo custo, que incentiva o professor a promover uma discussão interativa com estudantes sobre a força de ácidos e bases inorgânicas. O Baralho ácido–base objetiva contribuir para desenvolver no estudante a capacidade de articular os conceitos relacionados a este conteúdo. Na aplicação foi possível observar que no decorrer das rodadas os estudantes iam resgatando conhecimentos prévios, ou se apropriando de novos conceitos, essenciais para analisar as forças dos ácido e das bases a partir das estruturas. O material didático proposto auxilia na compreensão dos conteúdos de ácido – base através da análise da força de diversas substâncias avaliando suas estruturas e a constantes de equilíbrio (em água).

PALAVRAS CHAVES: jogo didático; força de ácidos e bases; atividade lúdica

INTRODUÇÃO: Nos vários níveis de ensino, estudantes têm dificuldades em aprender química por diversas razões, inclundo a falta de percepção acerca do significado sobre o que estudam e de contextualização. Diversas reformulações governamentais propostas para o ensino de química apresentada nos PCNEM tentam corrigir a velha ênfase da memorização de informações, nomes, fórmulas e conhecimentos como fragmentos desligados da realidade dos discentes. As novas Diretrizes Curriculares estabelecem a exigência de formar uma série de habilidades e competências, dentre elas a interpretação de diversos símbolos e signos comuns na ciência Química, que podem tornar-se obstáculos na construção do conhecimento. Um recurso didático de longo alcance quando se considera as mudanças políticas que o ensino médio atual vem passando é a utilização de jogos e atividades lúdicas que enriquem o grau de percepção dos estudantes, auxiliando no desenvolvimento da inteligência e do espírito cientifico dos mesmos. (SOARES, 2008). Por questões psicológicas, para Vigotsky (1995), os estudantes constroem o seu intelecto estabelecendo relações e conexões entre um conhecimento prévio e aquilo que identificam como um vazio de conhecimento que precisa ser preenchido. Assim, o processo de aprendizagem está correlacionado com um forte desejo de se completar e de preencher aquilo que é identificado como uma deficiência que precisa ser superada na busca por novos conhecimentos. Para um estudante, não é possível apreender sem motivação e vontade. O Baralho ácido-base viabiliza de maneira alternativa e motivadora a abordagem da força de ácidos e bases inorgânicos, associada à análise das estruturas e aos valores das constantes de equilíbrio, visando uma compreensão e discussão mais completa.

MATERIAL E MÉTODOS: A idéia da criação do material didático surgiu a partir da leitura do artigo: - Vamos Jogar uma SueQuímica? de Santos e Michel(2009) articulada à discussão e à abordagem sobre o conteúdo “funções inorgânicas” apresentadas por vários autores. (CAMPOS e SILVA, 1999; USBERCO, 2002 e CHANG, 2002). No SueQuímica o autor trabalha com ácidos orgânicos e inorgânicos e pretende que os estudantes avaliem a força dos mesmos através das informações contidas na carta e numa tabela auxiliar com os valores das constantes de equilíbrio e uma indicação da ordem de acidez das substâncias apresentadas. O baralho ácido–base desenvolvido trabalha apenas com substâncias inorgânicas, aprofundando aspectos que são mal explorados no ensino médio a exemplo da avaliação dos valores das constantes de equilíbrio de ácido e base a partir da análise das estruturas. Além disso, o jogo estabelece regras mais simples e claras, priorizando o conhecimento e a capacidade de correlação de conceitos fundamentais para a análise da força de um ácido (e de uma base). A pontuação procura contemplar todo o conhecimento e entendimento químico demonstrado pelo estudante ao longo da aplicação do material didático. Para que este objetivo seja atingido, o baralho ácido-base é composto por 40 cartas distribuídas em 02 naipes: 20 delas compõem o naipe das bases e as outras 20 compõem o naipe dos ácidos. As cartas do baralho ácido-base foram confeccionadas utilizando-se um jogo de cartas comercial, papel Vergé, cola e plástico adesivo. Como peças auxiliares foram confeccionadas tabelas com dados relativos às substâncias selecionadas para compor o baralho e um dado, denominado de cubo químico, contendo perguntas chaves. O cubo químico é utilizado em momentos específicos tais como o início do jogo e desempates.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O jogo começa com a distribuição de 5 cartas, exemplificadas na figura 1, por participante (máximo de 7). As que sobram compõem o cava. Inicia a jogada quem responder, corretamente, ao questionamento presente no cubo químico (Figura 2), cujas faces contêm perguntas relacionadas aos compostos inorgânicos. A cada jogada, vence o participante com a carta que contém a substância de maior força – ácido ou base – sendo que ele deve explicar o porquê de sua carta ser a vencedora. Caso o participante não tenha o naipe da jogada ele deve recorrer ao cava. A aplicação do jogo didático foi realizada numa turma do Programa Universidade para Todos. Foi gratificante perceber o crescimento dos estudantes ao longo do jogo, pois, inicialmente nenhum deles conceituava eletronegatividade, por exemplo. No entanto, aos poucos, utilizando a tabela periódica como ferramenta, foram chegando ao conceito deste e de outros conceitos; assim considerando também outros aspectos tais como o tamanho dos átomo ligados ao hidrogênio, a presença de pares isolados e a constante de ionização, conseguiam explicar a força das substâncias. Foi muito bom ver que, ao longo do jogo, geralmente são cinco a seis rodadas, eles iam se apropriando dos conceitos. É reproduzida aqui a fala de alguns estudantes: “ – Quanto mais eletronegativo este átomo, mais ele puxa o par eletrônico da ligação hidrogênio – ametal, deixando este hidrogênio mais livre para ir para a solução (....) e, quanto maior a concentração de íons H+ em solução mais forte o ácido. ”Isto foi muito interessante, pois os alunos puderam perceber que existem fatores que devem ser articulados para avaliação da força de um ácido e de uma base de maneira mais significativa, sem precisar gravar fórmulas e regras que se perderão com o tempo.





CONCLUSÕES: Este jogo auxilia na compreensão do conteúdo ácidos e bases através da análise da força de diversas substâncias relacionando A estrutura com a constante de equilíbrio. De maneira prática e lúdica explora o conteúdo, saindo das linhas reproducionistas e memorísticas. Este jogo didático sobre a força de ácidos e bases inorgânicos também se constitui em um jogo bastante completo, pois faz com que o estudante articule diversas informações que ele já possui aprofundando questões que não são bem trabalhadas no ensino médio de acordo com livros e outras literaturas consultadas.

AGRADECIMENTOS: Aos estudantes da disciplina Química Geral 1 – 2010.2 da UNEB-Campus 1 e do programa UPT do Colégio Estadual Professor Edgar Santos – Garcia/Salvador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CAMPOS, R.C.; SILVA, R. C. Funções da química inorgânica funcionam? Química Nova na Escola, Brasil, nº 9, p 18 a 22, Maio, 1999.
CHANG, R. Química. Vol Único. 7° edição. México. McGraw – Hill, 2002.
SANTOS, A.P.S; MICHEL, R.C. Vamos jogar uma suequímica?. Química Nova na Escola, n 3, p 179 – 183, agosto 2009.
SOARES, M. Jogos para o Ensino de Química: teorias, modelos e aplicações. São Paulo: Ex Libris, 2008.
USBERCO, J. Salvador, E. Química. Vol. Único. 7ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
VIGOTSKY, L. S. – Aprendizagem e Desenvolvimento Intelectual na Idade Escolar. Graduação. Ano 1, número 1. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Outubro de 1995.