TÍTULO: A percepção do aluno acerca do ensino de Química aos olhos dos bolsistas do PIBID

AUTORES: ROCHA, J.G. (CEUNES-UFES) ; FONSECA, M.S. (CEUNES-UFES) ; OLIVEIRA, L.M. (CEUNES-UFES) ; BIANCO, G. (CEUNES-UFES) ; CHAVES, M.A.L. (SEDU-ES)

RESUMO: O presente trabalho aborda a percepção dos alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma escola da rede estadual de ensino do Estado do Espírito Santo sobre o reconhecimento de suas dificuldades e a identificação de facilitadores/mediadores para a sua aprendizagem na disciplina de Química. Utilizou-se de um questionário aplicado a uma parte representativa dos alunos assistidos pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência- PIBID. Utilizou-se também dados do desempenho dos alunos na prova da disciplina para posterior análise e comparação. Os resultados mostram que os alunos conseguem identificar suas dificuldades e ainda enxergar as necessidades de melhoria nos meios de ensino.

PALAVRAS CHAVES: ensino de química; mediadores da aprendizagem; pibid

INTRODUÇÃO: A resistência do aluno com a disciplina de Química no Ensino Médio, é observada desde os primeiros dias de aula no 1º ano e, em alguns é acentuada, em outros é diminuída/eliminada no decorrer dos dias letivos até a conclusão do Ensino Médio. O PIBID do curso de Licenciatura em Química do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (UFES) atua em uma escola da rede estadual de ensino no município de São Mateus-ES. A inserção dos bolsistas em sala se dá através de monitorias, nas quais cada bolsista interage com um grupo formado entre quatro a seis alunos, que expõem suas dúvidas em relação ao conteúdo. Através do contato bolsita-alunos pôde-se observar diversas dificuldades de absorção do conteúdo. Tais observações, quando amplamente analisadas, permitem aos bolsistas a visualização do real contexto das salas de aula. “O problema, pois, da aprendizagem em sala de aula está na utilização de recursos que facilitem a captação da estrutura conceitual do conteúdo [...]" (MOREIRA; MASINI, 2001, p.47). Essas dificuldades, quando não trabalhadas, remetem na desmotivação/resistência na disciplina de Química durante todo o Ensino Médio e quiçá superior, quando este for o caso. O menosprezo pela Química fica evidente quando, no mínimo uma vez por semana, os alunos questionam a pelo menos um dos 10 bolsistas atuantes o porquê de fazerem licenciatura, ainda mais em química e qual a utilidade desta, além de ler rótulos (em tom de reprovação/desdém). Este estudo objetiva verificar as raízes de tais dificuldades e fatores que facilitam/mediam sua aprendizagem sob a ótica discente a fim de estampar (e posteriormente viabilizar) melhorias que contribuam significativamente na aprendizagem desses alunos, gerando-lhes simultaneamente o desejo de conhecer o mundo pelos olhos da Química.


MATERIAL E MÉTODOS: O estudo foi realizado em todas as sete turmas de 1º ano do Ensino médio da escola em que atua o PIBID, que possui em média 40 alunos/turma, totalizando 280 alunos aproximadamente. Destes, foi solicitado a 10 alunos de cada turma que respondessem a um questionário de forma anônima (acreditando que, assim, pudessem contribuir sinceramente, sem o temor de serem identificados). O questionário era composto por seis perguntas, sendo três delas abertas (com uma direcionada), com a finalidade de encorajá-los a ser mais francos e espontâneos, e as três restantes de múltipla escolha. E, a partir das respostas, pôde-se observar a percepção do aluno em relação à disciplina de Química, a identificação de suas dificuldades, a avaliação do ensino e o interesse em alternativas de ensino protagonizadas pelos próprios bolsistas, além de instigar a reflexão crítica do aluno a respeito do seu processo de aprendizagem. Após a sua aplicação, passou-se à análise de dados tanto do questionário quanto dos resultados das provas de todas as turmas assistidas pelo PIBID, configurando-se em dois eixos de análise:
Eixo I - Comparou-se o resultado do questionário com o desempenho na prova e também a observação das dificuldades apresentadas;
Eixo II - Percepção dos alunos acerca do que há para melhorar no que identificam como facilitador/mediador de sua aprendizagem.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Eixos de análise
-Eixo I: Expectativa sobre a disciplina e dificuldades
Neste item, os resultados do questionário mostraram que 60% dos alunos acham que a Química não é fácil. Isso ficou evidenciado no resultado da prova, pois 80,66% dos alunos não obtiveram aproveitamento igual ou acima de 60% na prova. A análise do questionário aponta que 75,72% dos alunos têm dificuldade com gráficos, contas e interpretação. Os resultados da prova aplicada indicam que 52,39% dos alunos não obtiveram êxito nas questões que exigiam tais conhecimentos.
-Eixo II: Mediadores da aprendizagem
(Gráfico)
Nesta análise os resultados apontam que os alunos indicam a falta do uso dos equipamentos multimídias e a ineficiência do uso do laboratório, bem como a má conservação do estado físico da escola, condenada pela Defesa Civil há mais de dois anos. Os alunos sinalizam que precisam de monitoria em todas as aulas já que, por motivos não controlados pelos bolsistas, estas são realizadas apenas às vésperas das provas. Diante disso, os bolsistas do PIBID buscam junto aos responsáveis a possibilidade de um grupo de estudo paralelo à escola com os alunos. Apontaram ainda a necessidade de aulas mais dinâmicas, passar uma quantidade de exercícios que possam ser corrigidos em sala, melhor explicação da professora, mais paciência e ter professores qualificados. Alguns alunos indicaram que nada precisa ser mudado em relação à prática da professora.



CONCLUSÕES: Nota-se que os alunos sabem identificar suas dificuldades e falhas (produto de sua desmotivação com a disciplina). E não deixam de identificar os facilitadores/mediadores de sua aprendizagem, e os déficits neles apresentados, desde a estrutura física da escola à prática pedagógica. Cabe aos educadores e aos agentes responsáveis buscar um ensino dinâmico e acessível, pois os conteúdos “[...] devem incluir elementos da vivência prática dos alunos para torná-los mais significativos, mais vivos, mais vitais, de modo que eles possam assimilá-los ativa e conscientemente.” (LIBÂNEO, 1990, p. 128).

AGRADECIMENTOS: A todos os alunos e professores envolvidos que permitiram que este trabalho fosse realizado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: LIBÂNEO, J. C. Didática. Coleção Magistério: 2º Grau. São Paulo: Cortez, 1990.
MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausebel. São Paulo: Centauro, 2001.