TÍTULO: PESQUISA DO TIPO ETNOGRÁFICO EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DE SOBRAL-CE SOBRE O OLHAR DO PIBID

AUTORES: Sousa, S.M.F. (UVA) ; Monteiro, S.H.L. (UVA)

RESUMO: A etnografia remete ao significado de descrição cultural (André, 2007). Diz respeito a um conjunto de técnicas para coleta de dados sobre crenças, valores, práticas de determinado grupo social. A pesquisa etnográfica visualiza o processo e não o produto, e pode ser utilizada em estudos de processos educativos.Elementos que estruturam a escola como aspecto institucional, pedagógico e das interações socioculturais são possíveis de serem analisados através dessa pesquisa.Uma vez que o Programa Institucional PIBID, entre outros objetivos, pretende conhecer novos elementos de análise da realidade e do cotidiano da escola básica optamos pela pesquisa de tipo etnográfico que nos pareceu desafiador e possível de construção. Três dimensões são analisadas: organizacional, pedagógica e sociocultural.

PALAVRAS CHAVES: etnografia; crenças; PIBID

INTRODUÇÃO: A escola de educação básica Monsenhor José Ferreira foi uma das escolas participante do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID no período de 2010 e 2011. É uma escola situada no município de Sobral- CE e foi objeto de pesquisa nesse estudo de caso etnográfico onde foram observados a organização do trabalho ṕedagógico, as relações professor-aluno, concepções e crendices trazidos pelos alunos. Uma das propostas do subprojeto de química era construir junto com os alunos receitas e manual sobre medicamentos caseiros e pigmentos vegetais. Essa comunicação com a escola possibilitou o conhecimento nos permitindo visualizar a realidade desse espaço social em que ocorreram diversas situações e dinâmicas de aprendizagem. Quais características os alunos se atribuem para terem um bom desempenho na escola? Como veem a infraestrutura escolar? Como se dá o processo de aprendizagem professor-aluno? Que valores e crenças são trazidos pelos alunos para o processo de aprendizagem? Que elementos do currículo escolar possibilita a interação entre o conhecimento popular e o conhecimento científico? Olhar, portanto, a escola em múltiplas dimensões nos parece um dos caminhos a trilhar para se compreender a dinâmica social dessa escola para que se possam propor ações inovadoras. Três são as dimensões do processo educacional que geralmente se credita a necessidade de se pesquisar: a) A dimensão organizacional que engloba formas de organização do trabalho pedagógico e infraestrutura escolar; b) A dimensão pedagógica e as relações professor-aluno, conteúdos de ensino e as dinâmicas de aplicação. c) A terceira é a dimensão sociocultural onde se observa valores e crendices trazidos pelos alunos na dinâmica escolar.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram cinco as etapas perseguidas: 1) Observação das relações dos sujeitos sociais professores, alunos e mães. Utilização de questionários semiestruturados, entrevistas, gravações e anotações das observações realizadas. 2) Organização de grupo de estudos entre professores, coordenadores pedagógicos, alunos do PIBID e professores da Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA. 3) Reorganização e elaboração de novos materiais e atividades. 4) Desenvolvimento de práticas colaborativas construídas coletivamente pelos alunos PIBID, professores da UVA, professores da escola, gestão escolar. 5) Coleta e análise final de todos os dados e divulgação de resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foi observado que o aspecto físico da escola e da sala de aula era precário, não existindo espaço favorável ao aprendizado e à diversidade de atividades. As salas não tinham ventilação adequada, carteiras desconfortáveis, muito ruído interno e distribuição inadequada de alunos por m². Observa-se a falta de padronização nas estruturas físicas que demonstra a construção fundada num passado com situação social e histórica (Ruskin apud Choay,2006) diferente do padrão de qualidade de educação dentro do que preconiza a legislação vigente em seu artigo 3º da LDB.Essa apreciação está desvinculada da representação simbólica dos marcos inovadores atuais. Foi desenvolvido grupos de estudos incluindo os diversos atores sociais: professores da educação da escola, gestão, alunos PIBID e professores da UVA. Esse grupo permitiu discutir as dificuldades enfrentadas no âmbito escolar, tanto no que diz respeito à complexidade da disciplina de química, já que a professora não possuía graduação na área como também nas relações entre professora e alunos e condições de trabalho. Vimos que para a professora da disciplina só há problemas de aprendizagem e não de ensino e portanto não vê razão ou necessidade para pesquisa nesse campo. O grupo serviu para mudança dessa atitude. Os conteúdos aplicados eram descontextualizados utilizava-se o quadro como único recurso de exposição mostrando uma postura totalmente tradicional. Na preparação de novas atividades e materiais optou-se por introduzir o conhecimento sobre plantas medicinais uma vez que o tema geral para o ano de 2010 nessa escola era a educação ambiental. Verificamos que os conhecimentos prévios trazido pelos alunos eram ricos em crenças que induziam a erros conceituais e permitiam vincular o conhecimento popular ao científico.

CONCLUSÕES: As práticas vivenciadas permitiram o desenvolvimento de aprendizagens colaborativas construídas coletivamente. A expansão da rede de escola para os diversos níveis de ensino deve ser fundamentada nas propostas pedagógicas atuais. Um ensino de qualidade está diretamente ligada ao currículo, esse por sua vez precisa ser bem organizado e construído em coletividade permitindo a diversidade, a interação entre os conteúdos e as trocas de experiências. As crenças sobre o uso das plantas medicinais e terapêutica em alguns casos são contraditórias,buscando a # do conhecimento popular X científico.

AGRADECIMENTOS: Ao Programa de Iniciação à Docência- PIBID À Universidade Estadual Vale do Acaraú UVA À EEFM Monsenhor José Ferreira Gomes

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da Prática Escolar. 13 Ed. Campinas, SP:Papirus, pag 7-21, 2007. BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996. CHOAY, F. A Alegoria do Patrimônio. Tradução de Luciano Vieira Machado. 3.Ed. São Paulo: Estação Liberdade: UNESP, 2006. ECHEVERRÍA, A. R.Mudanças curriculares e a formação docente.Anais do XXIV EDEQ, Rio Grande do Sul, 2004. GALIAZZI, Maria do carmo...et al. Construção curricular em rede de aducação em ciências: uma aposta de pesquisa na sala de aula. Ijuir: ED. Unijuir, 2007. Identificação dos pontos de vista elementares.Santa Catarina [s.n], 1998.Disponível em <http://www.eps.ufsc.br/dissserta98/valerio/cap4-3.html>. Acesso em:18 Dez.2010, 16:25:45.