TÍTULO: O CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA NO INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS: PENSANDO A FORMAÇÃO DOCENTE A PARTIR DE SEUS SUJEITOS

AUTORES: Costa, M.C.F.S. (IFAL) ; Lima, D.M. (IFAL) ; Costa, J.B. (UNEAL)

RESUMO: Este texto resulta de uma pesquisa inicial com o objetivo principal de analisar perfil, concepções, espaços e saberes do professor de Química no processo de formação inicial no Instituto Federal de Alagoas/IFAL. Pretende contribuir para abertura de novas perguntas e problemas aos pesquisadores preocupados com a formação de professores de Química. Como procedimento metodológico fez-se uso de pesquisas bibliográfica, documental e webgráfica e aplicou-se um questionário semiaberto com os licenciandos do Curso de Química. Os resultados mais expressivos demonstram as inquietações dos ingressantes e apontam elementos para que os envolvidos com a oferta das licenciaturas reflitam sobre como efetivamente atender a formação de professores em uma instituição secular com “vocação” profissionalizante.

PALAVRAS CHAVES: Licenciatura; Química; IFAL

INTRODUÇÃO: No Brasil, a formação de professores para a educação profissional e tecnológica, a depender dos diferentes momentos sociais, políticos e econômicos, vivenciados no decorrer da história educacional, assume traços específicos de oferta e de regulamentação. Este texto analisa perfil, concepções, espaços e saberes do professor de Química no seu processo de formação inicial no Instituto Federal de Alagoas/IFAL, considerando os IF como novo lócus de formação de professores, a partir de sua criação pela Lei nº 11892/2008. Assim, nos propusemos a uma investigação junto aos alunos ingressantes no curso de licenciatura em química, objetivando levantar dados tanto para construção de um perfil desses ingressantes quanto construir uma situação de pesquisa onde os próprios estudantes nos apontassem espaços de efetivo atendimento as suas demandas de formação. O texto está estruturado em duas partes, sendo que a primeira nos trará um panorama, a partir de uma retomada histórica situando nosso lócus de discussão – o IF/AL e, em segundo momento apresentando alguns dos resultados da investigação, que, dado o formato deste trabalho não será possível a apresentação dos resultados em sua totalidade. Data de 23 de setembro de 1909, a criação simultânea, pelo então presidente Nilo Peçanha, de 19 escolas de aprendizes e artífices em todo o país. O público para essas escolas eram crianças e adolescentes carentes, com idade entre 10 anos e 13 anos. Com preferência para a matrícula de ‘desfavorecidos da fortuna’ (Decreto 7566/1909, Art. 6º). É possível afirmar que iniciativas de formação de professores para a educação profissional foram escassas e de vida efêmera.

MATERIAL E MÉTODOS: Em 1917 foi criada a primeira Escola Normal de Artes e Ofícios Wenceslau Brás no Rio de Janeiro. Fechada em 1919, habilitou apenas 381 professores, sendo 309 mulheres que atuariam em atividades de trabalhos manuais em escolas primárias. O primeiro Curso de Aperfeiçoamento de Professores do Ensino Industrial aconteceu também no Rio de Janeiro e tinha duração de um ano e três meses (MACHADO, 2008). A LDB 4.024/1961 trouxe no Art. 59 a dualidade estabelecida para a formação de professores, pois aconteceria em Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras para aqueles que se destinassem ao magistério no ensino médio e em cursos especiais de educação técnica para os que se habilitassem às disciplinas do ensino técnico. A reforma universitária (Lei nº 5.540/68), determinou que a formação de todos os professores do ensino de 2º grau, tanto para disciplinas gerais quanto técnicas, deveria se dar em nível superior. A Lei nº 9.394/1996, Título VI, ao se referir aos Profissionais da Educação no Art. 62, versa, “(...) A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação (...)”. A redefinição dos níveis bem como dos espaços institucionais para a formação docente reflete uma mudança estrutural, organizacional e conceitual com desdobramentos nos Institutos Federais, inclusive no IFAL. Em 2008, por meio da Lei n° 11.892 é instituída a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e são criados os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Ao definir finalidades e características dos Institutos, determina a oferta de cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, com vistas à melhoria da educação básica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Sobre o perfil dos licenciandos em química, chama atenção a distância de tempo entre o término do 2ºgrau/ensino médio e o início desse curso superior. Dos discentes pesquisados, 54% tinham entre e 5 e 26 anos de término do 2º grau/ensino médio, antes do ingresso no curso. É importante perceber que este indicador revela a necessidade de olhar com mais atenção àqueles que durante décadas estiveram fora dos bancos escolares e voltam para cursar uma licenciatura no IFAL. O acesso a um curso superior depois de um tempo considerável, pode provocar um estranhamento inicial, tanto destes discentes quanto dos docentes. Do total pesquisado, 72% afirmaram residir na capital, local onde a licenciatura em química está instalada. Mesmo que esse indicador demonstre a possibilidade de maior acesso aos cursos de licenciatura pelos maceioenses, por outro lado nos alerta para a necessidade de alcançar um número maior de discentes do interior do estado. Dos pesquisados que afirmaram ter ocupação profissional, os indicadores revelam 38% em atividade docente. Em se tratando do local de trabalho, dos que se declararam trabalhadores, 83% exercem atividades profissionais em Maceió, se deduz que a proximidade entre local de trabalho e a instituição formadora pode contribuir positivamente para a frequência no curso. No entanto, chama atenção a dificuldade dos discentes em cumprir os horários das aulas. As alegações são unânimes em relação à incompatibilidade de horário do transporte coletivo e/ou intermunicipal, gerando a perda de parte significativa de aula e consequentemente prejudicando o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. Outro elemento que aparece é a questão da violência como um fator inibidor da saída do Instituto a partir das 22h.

CONCLUSÕES: Os elementos resultantes do perfil dos ingressantes no curso de licenciatura em química, nos leva a compreender que a formação inicial desses professores carece de uma ação interdisciplinar, desafiando o corpo docente a perceber a temporalidade de seu saber, como um “saber plural e também temporal” (TARDIF, 2012,p.19), a “diversidade do saber” o que permitirá um diálogo entre os saberes do professor e a realidade social, buscando assim um fio condutor entre os saberes acadêmicos e os tantos mundos que permeiam as salas de aula dos cursos de licenciatura do IFAL.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. LDB – Lei de Diretrizes e Bases. Lei nº. 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996. ______. Lei nº 11.892 de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 30 dez. 2008. ______. Decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909. Cria nas capitais dos Estados da República Escola de Aprendizes Artífices, para o ensino profissional primário e gratuito. Collecção das Leis da República dos Estados Unidos do Brazil - 1909. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1913. v. 2, p. 445-447. IFAL. Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Química. 2010. MACHADO, L R de S. Diferenciais Inovadores na Formação de Professores para a Educação Profissional. Contribuição apresentada ao Fórum de Diretores de Ensino da Rede Federal de Educação Tecnológica. Brasília, 2008. TARDIF, M. Saberes docente e formação profissional. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.