TÍTULO: CONCEPÇÕES DE ALUNOS DO 3° ANO DO ENSINO MÉDIO A RESPEITO DA CONTRIBUIÇÃO DO ENSINO DE QUÍMICA PARA FORMAÇÃO DA CIDADANIA.

AUTORES: Viana Lima, P.C. (IFPI) ; Batista da Costa, F. (IFPI)

RESUMO: Com o objetivo de analisar as concepções de alunos do Ensino Médio a respeito da contribuição do ensino de química para a formação da cidadania, foi feita uma pesquisa junto a dez turmas do 3° ano do Ensino Médio. Em cada turma foram escolhidos aleatoriamente dez alunos para responderem a um questionário de cinco questões a respeito do tema. A escola foi apontada como responsável pela formação completa do cidadão e a Química, parte importante desta formação. Já as concepções dos alunos sobre a cidadania se mostraram limitadas ao cumprimento de leis e regras de convívio, mas percebem que o ensino da química tem um potencial a ser explorado. Afirmaram ainda que a Química contribui pouco para a formação do cidadão, pois ainda carece de uma abordagem que vá além da memorização.

PALAVRAS CHAVES: Cidadania; Ensino Médio; Ensino de Química

INTRODUÇÃO: O ensino de Química nas escolas ainda se encontra muito direcionado para vestibulares ou outras formas de admissão no ensino superior, ficando em segundo plano a formação do estudante para a vida. Predomina o modelo transmissão-recepção e é dada ênfase à memorização de fórmulas e nomes de substâncias, resultados de reações químicas, técnicas e procedimentos que provavelmente nunca serão aproveitados em pelos alunos, a não ser que resolvam seguir na profissão de química ou áreas afins. Os PCN’s preconizam que o ensino das ciências naturais e da matemática deve desenvolver “competências e habilidades que servem para o exercício de intervenções e julgamentos práticos (...), por exemplo, o entendimento de equipamentos e de procedimentos técnicos, a obtenção e análise de informações, avaliação de riscos e benefícios em processos tecnológicos, de um significado amplo de cidadania e também para vida profissional” (BRASIL, 1999, p.208) Com estas orientações, o foco do aprendizado deve ser a construção de uma visão mais ampla, tanto do mundo natural como do mundo social e aponta para uma educação centrada na formação de cidadãos capazes de compreender os avanços tecnológicos e suas conseqüências para a sociedade. Esta formação para a cidadania não é tarefa exclusiva de uma única disciplina. Ela necessita que no ambiente da sala de aula sejam organizadas ações buscando o desenvolvimento da capacidade crítica dos alunos, tais como debates sobre dados problemas nos quais diferentes tipos de soluções sejam analisadas evitando as respostas estereotipadas (SANTOS E SCHNETZLER, 2003). O objetivo deste trabalho é analisar as concepções de alunos do Ensino Médio a respeito da contribuição do ensino de química para a formação da cidadania.

MATERIAL E MÉTODOS: O presente trabalho foi desenvolvido como uma pesquisa de campo do tipo quantitativo-descritivo a qual “consiste em investigações de pesquisa empírica cuja finalidade é o delineamento ou análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas, ou o isolamento de variáveis principais ou chave” (LAKATOS E MARCONI, 2008). Foi escolhida como amostra estudantes do 3° ano do Ensino Médio, por acreditar-se que estes possuam uma vivência maior a respeito do ensino de química e do ambiente escolar. Os questionários foram aplicados em dez turmas, sendo cinco de escolas públicas e cinco de escolas particulares. De cada turma foram colhidas respostas de dez alunos. Os professores ds turmas foram orientados a escolherem aleatoriamente os alunos para responderem ao questionário. As questões buscavam sondar o entendimento dos alunos a respeito do que é ser cidadão, como as escola contribui para a conquista dessa cidadania e como o ensino de química pode ser desenvolvido objetivando essa conquista.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nas perguntas constantes no questionário, que versavam sobre cidadania e a associação desta com a química, as respostas apresentadas pelos alunos dão conta de que a concepção de cidadão é a de cumprir leis, exercer o voto e respeitar o próximo. Isto revela uma noção de cidadania muita restrita. Apesar de reconhecerem a escola como o instrumento para conquista da cidadania, os alunos não demonstraram entender claramente como ela o faz. Com relação à química, especificamente, a maioria dos alunos declarou afinidade pela disciplina. Mesmo entre os que disseram não gostar, a disciplina foi reconhecida como importante para entendermos o mundo a nossa volta. A postura do professor e a elaboração de uma metodologia mais clara foram apontados como fatores decisivos para o interesse pelas aulas. Contrariando o consenso de que o modelo transmissão-recepção e o direcionamento para o vestibular ainda predominam no ensino de química, a maioria dos alunos consultados afirmou que a disciplina de química contribui para a conquista da cidadania. Entre os alunos que afirmaram o contrário, os argumentos foram veementes contra o material didático utilizado nas aulas, a ênfase nos cálculos, a ausência de experimentos e o distanciamento entre o conteúdo e o cotidiano. Quando confrontados com afirmação de Santos e Schnetzler (2003) de que “A presença da Química no dia a dia das pessoas é mais do que suficiente para justificar a necessidade de o cidadão ser informado sobre a Química”, a maioria dos alunos concordou e argumentou com fatos cotidianos relacionados com a química.

CONCLUSÕES: A escola foi identificada pelos estudantes consultados como o espaço responsável pela formação completa do cidadão e a Química foi reconhecida como componente importante para tal fim. Já as concepções dos alunos sobre a cidadania se mostraram muito superficiais e limitadas ao cumprimento de leis e regras de convívio, mas percebem que o ensino da química tem um potencial a ser explorado. Afirmaram ainda que o ensino de Química contribui pouco para a formação do cidadão, pois ainda carece de uma abordagem que vá além da memorização de fórmulas, nomes e conceitos vagos distantes da realidade.

AGRADECIMENTOS: Ao IFPI e a todos que direta e indiretamente contribuiram para a realização deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da educação, 1999 SANTOS, W. L. P.; SCHNETZLER, R. P. Educação em Química: Compromisso com a Cidadania. 3. ed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2003.