TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DO ESPAÇO CIÊNCIA EM RORAIMA

AUTORES: Pessoa, R.C. (UERR) ; Rizzatti, I.M. (UERR) ; Souza, J.M. (UERR) ; Castro, P.M. (UERR) ; Fioretti, E.C. (UERR)

RESUMO: O estado de Roraima apresenta baixos índices de qualidade no ensino, principalmente na área de química, sendo de extrema relevância a inserção de temas que relacionem conhecimento teórico e prático. Considerando a aprendizagem como uma atividade mediada pela interação social, os espaços não formais, como os museus, facilitam esta interação e contribuem espontaneamente para a construção do conhecimento. Neste sentido, este trabalho teve por objetivo avaliar o Museu Integrado de Roraima (MIRR) para implantação do Espaço Ciência, um ambiente que irá promover o diálogo entre educação em química e cultura, incentivando universidades, escolas e professores a utilizarem este espaço como recurso educativo na rotina de suas atividades e nos temas curriculares numa abordagem interdisciplinar.

PALAVRAS CHAVES: Espaços não formais; Educação em química; Espaço Ciência

INTRODUÇÃO: No momento que vivemos, as questões de ordem científica estão presentes nas mais variadas atividades rotineiras, os alunos podem saciar a curiosidade de várias formas, no entanto, nem sempre essas fontes são as mais confiáveis ou passam essas informações de forma a contribuir efetivamente para a construção do conhecimento (Bianconi, 2005). A contextualização se faz necessária, pois o mundo real não se encontra compartimentado em áreas do conhecimento, mas sim, em uma ampla interação (Moura, 2005). Neste sentido, os centros de divulgação da ciência surgem como um fio condutor, que norteiam educadores e aprendizes, permitindo o envolvimento de quem busca o conhecimento de vários campos das ideias em diferentes níveis (Gohn, 2008). Embora a escola seja tradicionalmente identificada como espaço para o aprender, as situações de aprendizagem não são restritas a este universo, devendo ir além das fronteiras escolares (Jacobucci, 2008). Partindo do pressuposto que os espaços formais e não formais de aprendizagem possuem um objetivo em comum, possibilitar a aquisição do conhecimento científico ao educando, este projeto pretende promover uma relação de parceria entre os referidos espaços e implantar o Espaço Ciência que servirá para a ampliação da educação em química, unindo teoria e prática. A capital do estado, Boa Vista, abriga o Museu Integrado de Roraima (MIRR), que tem a função de integrar ações de pesquisa, educação e museologia, conversando arte, cultura e ciência numa linguagem simples, encantadora e universal. A proposta é a criação de um espaço de encantamento, de descoberta e de vivências únicas e agradáveis, onde reside o ideal de quem acredita que a atividade de educação em ciências é um instrumento fundamental para a elevação cultural da população.

MATERIAL E MÉTODOS: Inicialmente foi realizado levantamento bibliográfico sobre o uso de museus como espaços não formais no ensino de química, sendo em seguida realizada entrevista com alguns pesquisadores que atuam no MIRR e com a ex-diretora, que entre os anos de 2003 e 2008 promoveu várias atividades e visitas guiadas ao MIRR para que estudantes, professores da rede estadual de ensino e comunidade enxergasse o MIRR como um Espaço alternativo de conhecimento, educação, cultura e lazer. Após este levantamento histórico do museu, fez-se uma visita ao local para conhecer o acervo, investigar o espaço disponível para posterior implantação do Espaço Ciência, além de traçar as estratégias para inauguração deste espaço na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia que será realizada em outubro de 2012. A proposta conta com a participação de escolas da rede pública estadual de Roraima, estando proposto para ocorrer em etapas. A primeira etapa implica em visitas diagnósticas nas escolas com o intuito de promover informações e levantar idéias e reflexões sobre os projetos a serem abordados no Espaço Ciência. Paralelamente, os alunos participantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), dos cursos de Licenciatura em Química, Física e Ciências Biológicas e os mestrandos do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da UERR estão preparando experimentos, material pedagógico e ações temáticas relacionadas com a divulgação científica em espaços não formais, por meio da cultura e arte, com a geração de produtos facilitadores da aprendizagem, contribuindo para o fortalecimento entre educação em espaços formais e não formais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A conversa com pesquisadores, atual e ex-diretora mostraram que o MIRR, o único museu do Estado, não é mais visitado por alunos e nem pela comunidade, e este espaço nos últimos dois anos está completamente abandonado. O MIRR apresenta um riquíssimo acervo, entre eles, o de Botânica, com exemplares entre exsicatas e coleções didáticas que formam o Herbário. O acervo de Zoologia é formado por invertebrados e vertebrados coletados por pesquisadores, apresentado a rica diversidade da fauna no Estado. Além disso, conta com um riquíssimo acervo sobre a história de Roraima, tendo em sua coleção material arqueológico, cultura material indígena, com exemplares das principais etnias que habitam Roraima, entre elas, Macuxi, Wapixana, Wai-Wai, Ingarikó, Waimiri-Atroari, Taurepang, Yanomami e Yekuana. Ao final foi possível verificar que o MIRR apresenta estrutura e condições para funcionar como espaço não formal, contribuindo para a produção de conhecimentos que venham a se traduzir em mudança de atitude e valores. Segundo Gohn (2006), metodologias aplicadas à educação em espaços não formais ainda são incipientes em comparação com as outras modalidades educativas. Neste contexto, as metodologias operadas no processo de aprendizagem partem da cultura dos indivíduos e dos grupos, o método nasce a partir da problematização da vida cotidiana. Neste sentido, os alunos do PIBID já elaboraram e apresentaram alguns experimentos que irão compor o Espaço Ciência, levando em consideração a inserção qualificada de temas que emergem de situações geradas no cotidiano. Os experimentos em química têm a função de facilitar a compreensão dos conteúdos, contribuindo de forma significativa para a produção de conhecimentos.

CONCLUSÕES: O estado possui baixos índices de ensino, conforme apontados pelo IDEB 2011, onde a média alcançada foi 3,8, bem distante da meta que era 5,3. Constatou-se, também, a pouca oferta de espaços não formais que possam potencializar os processos de aprendizagem, ou então, quando existentes não bem aproveitados. A expectativa é que a criação do Espaço Ciência, cuja finalidade é promover o interesse da sociedade pela química como ciência, mostrando a importância da manutenção da vida a partir dos conhecimentos adquiridos, contribua significativamente na melhora da qualidade do ensino em química.

AGRADECIMENTOS: Os autores deste trabalho gostariam de agradecer ao Museu Integrado de Roraima, MIRR e ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência, PIBID.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BIANCONI, M. L.; CARUSO, F. Apresentação - Educação não-formal. Cienc. Cult. vol.57 nº.4 São Paulo Oct./Dec. 2005. GOHN, M. G. M. Educação Não-Formal e o Educador Social. Revista de Ciências da Educação (Aparecida), v. 19, p. 121-140, 2008. GOHN, M. G. M Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.14, n.50, p. 27-38, jan./mar. 2006. JACOBUCCI, D. F. C. Contribuições dos espaços não-formais de educação para a formação da cultura científica. Em extensão, Uberlândia, V. 7, 2008. MOURA, Maria Teresa Jaguaribe Alencar de. Escola e Museu de Arte: uma parceria possível para a formação artística e cultural das crianças. Rio de Janeiro: Anais da 28ª Reunião Anual da ANPED, 1-18, 2005.