TÍTULO: A experimentação de baixo custo como ferramenta didática nas aulas de química no Ensino de Jovens e Adultos – EJA na Escola Estadual Professor Jaceguai Reis Cunha, Boa Vista, Roraima

AUTORES: Sousa, J.S. (UERR) ; Pereira, G.A. (UERR) ; Rizzatti, I.M. (UERR)

RESUMO: Este projeto teve como objetivo analisar as opiniões dos alunos do 2º e 3º ano da EJA sobre o uso de experimentos durante as aulas de Química. Foram aplicados 32 questionários contendo questões sobre conceitos de química e aplicação de aulas experimentais, como forma de avaliar esta estratégia de ensino na assimilação dos conteúdos teóricos. A partir da análise das respostas, verificou-se que os conteúdos de química eram repassados apenas de forma expositiva, dificultando o processo ensino-aprendizagem dos alunos, e com a aplicação de experimentos elaborados por eles, a maioria demonstrou interesse pelos experimentos desenvolvidos em sala de aula, melhorando a contextualização da disciplina e o entendimento dos conceitos.

PALAVRAS CHAVES: Ensino de Química; Experimentos; EJA

INTRODUÇÃO: A importância da experimentação no ensino de ciências, especialmente no ensino de química é amplamente discutida. Visto que a experimentação, independente do nível de escolarização, estimula e orienta o aprendizado; melhora a relação ensino-aprendizagem; pode promover a correlação entre o conhecimento adquirido e os acontecimentos cotidianos. A experimentação não é apenas o meio para despertar o interesse pelo aprendizado de ciências, mas sim o conjunto de ferramentas que pode criar um verdadeiro ambiente de investigação científica (CASTILHO et al., 1999). Neste contexto, o trabalho experimental deve ser conduzido de forma a motivar os alunos para a execução de trabalhos experimentais, em qualquer nível de ensino, sendo necessário que a proposta seja apelativa e que se constitua como um desafio, um problema ou uma questão que o aluno veja interesse em resolver, que se sinta motivado para encontrar uma solução RIZZATTI et al., 2009; ALMEIDA et al., PERUZZO, 2003). A combinação da importância da experimentação com a busca da simplicidade e de soluções alternativas no ensino de química para Educação de Jovens e Adultos (EJA), tendo em vista as dificuldades encontradas pelos alunos nesta disciplina impulsionou a elaboração de experimentos de baixo custo para turmas de 3º ano do EJA, da Escola Estadual Professor Jaceguai Reis Cunha, como estratégia para assimilação do conteúdo despertando um interesse maior por esta ciência.

MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi realizado na Escola Estadual Professor Jaceguai Reis Cunha com as turmas do 2º e 3º ano da EJA, totalizando 32 alunos, através de um projeto de intervenção relacionado às dificuldades observadas nas aulas de química no semestre anterior pelos autores. Inicialmente, foi realizado levantamento bibliográfico para escolha dos experimentos de acordo com as séries e com o conteúdo de química que os alunos estavam estudando, e em seguida, apresentado aos mesmos os experimentos selecionados. A turma do segundo ano realizou experiências que envolveram teste de pH em produtos encontrados no cotidiano e identificação da presença de vitamina C em diversos sucos de frutas, envolvendo conceitos de eletroquímica. E a turma do terceiro ano, experimentos de extração de óleos essenciais em plantas e a construção de um fumômetro (SILVA, 2009; VALADARES, 2001). As turmas foram divididas em grupos e durante um mês os alunos elaboraram os experimentos, discutiram os conteúdos de química envolvidos e, após, apresentaram os experimentos. As aulas práticas foram montadas utilizando material de baixo custo, mostrando a viabilidade do uso da experimentação sem a necessidade de laboratórios bem equipados. Ao término foi aplicado um questionário contendo 8 questões, sendo seis fechadas e duas abertas, sendo estas referentes a opinião dos estudantes em relação ao ensino de Química e a experimentação. O questionário foi aplicado para conhecer a opinião dos alunos sobre a atividade desenvolvida, tendo em vista que as aulas de química até o momento se resumiam a aulas teóricas sem algum tipo de contextualização, conforme pode ser verificado durante a observação das aulas do professor regente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Durante a construção dos experimentos pelos alunos foi possível verificar uma melhora no processo ensino-aprendizagem, pois eles conseguiam guardar os conceitos por mais tempo, sem se submeter ao processo de “decoreba”, além de maior presença e participação dos alunos nas aulas de química. No entanto, no início deparou-se com alguns alunos que mostraram certa resistência a essa nova metodologia, pois estavam acostumados a apenas copiar o conteúdo do quadro sem se preocupar em entender e relacionar com o cotidiano. Mas, a situação foi contornada mostrando a estes alunos a importância desta ciência e como ela contribui na melhoria da qualidade de vida e no dia-a-dia deste cidadão. Analisando os questionários, 62% dos alunos responderam de maneira correta sobre o conceito de Química e 22% não souberam responder. Dos 32 alunos, 50% responderam que apresentam dificuldade em assimilar o conteúdo de química com o cotidiano e 69% citaram que são ministradas aulas experimentais. Contudo, durante a observação das aulas do professor regente durante dois semestres, não foi presenciado aulas experimentais, apenas o uso de quadro branco e pincel. Segundo 69% dos alunos para melhorar as aulas de química é imprescindível a utilização de aulas práticas, enquanto que para 19%, a realização de visitas técnicas. A grande maioria dos alunos respondeu o questionário de forma bastante clara e explicativa, não dando simplesmente respostas diretas, evidenciando suas opiniões a respeito da experimentação. Através das observações em sala de aula e analisando os resultados pode-se perceber que os alunos se sentem mais motivados para entender os conteúdos de química, quanto se tem uso de aulas práticas e mais dinâmicas, possibilitando aos alunos uma maior interação entre eles e com o professor.

CONCLUSÕES: Analisando os questionários, segundo os alunos, a experimentação pode melhorar a contextualização dos conteúdos de Química com o cotidiano, tornando a disciplina mais agradável e de fácil entendimento. Salientaram, também, que o interesse e a curiosidade aumentaram depois das aulas que envolveram experimentos e começaram a dar mais importância para esta ciência. Desta forma, é necessário preparar os professores de forma a perceberem a importância dessa “ferramenta pedagógica” na aprendizagem dos alunos.

AGRADECIMENTOS: Núcleo de Pesquisa e Estudo em Educação em Ciências e Matemática - NUPECEM/UERR. Escola Estadual Professor Jaceguai Reis Cunha, Boa Vista-RR.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CASTILHO, Dalva L.; SILVEIRA, Kátia P.; MACHADO, Andréa H. As aulas de Química como espaço de investigação e reflexão. Química Nova na Escola, n.9, p.14-17, mai. 1999. PERUZZO, Francisco Miragaia; CANTO, Eduardo Leite Da. Química: na abordagem do cotidiano. Vol. 2. 3 ª Ed. Moderna. São Paulo, 2003. RIZZATTI, Ivanise M.; ZANETTE, Dino; ZANETTE, Dilson R. Determinação potenciométrica da concentração micelar crítica de surfactantes: uma nova aplicação metodológica no ensino de Química. Química Nova, vol. 32, no. 2, 518-521, 2009. SILVA, André Luis Silva. Estudo químico de Óleos Essenciais de Lippia Alba: Metodologia alternativa. 2009. VALADARES, Eduardo de Campos. Propostas de Experimentos de Baixo custo Centradas no aluno e na comunidade. Belo Horizonte-MG. 2001.