TÍTULO: ENSINO FUNDAMENTAL DE QUALIDADE: ESPERANÇA DE UM ENSINO DE QUÍMICA MELHOR NO NÍVEL MÉDIO

AUTORES: Lima, J.O.G. (FAEC/UECE) ; Leite, L.R. (FAEC/UECE)

RESUMO: Este trabalho objetivou estudar a realidade de estudantes e professores do Ensino Médio diante do processo de ensino/aprendizagem da disciplina de Química, tentando identificar as causas do baixo nível de aprendizado. Para a coleta de dados, foram aplicados questionários a alunos e mestres do Ensino Médio da cidade de Crateús-CE. Dois fatores foram apontados como responsáveis pelo fracasso do processo ensino/aprendizagem. Um se refere ao Ensino Fundamental cursado por esses alunos que não possibilitou uma aprendizagem satisfatória dos conhecimentos básicos necessários à compreensão dos conteúdos abordados no Ensino Médio. O outro se refere à formação deficitária dos professores, que são obrigados a ministrar aulas de baixa qualidade, desvinculando a Química da realidade dos alunos.

PALAVRAS CHAVES: Ensino de Química; Ensino/aprendizagem; Formação docente

INTRODUÇÃO: A disciplina de Química é parte integrante do currículo escolar do Ensino Médio, sendo ministrada durante os três anos nos quais se desenvolve esse nível de escolaridade. No Ensino Fundamental, os conhecimentos Químicos são explorados de maneira mais específica como uma das duas partes que compõem a disciplina de Ciências do nono ano (GRILLO, 2001). O que se observa em ambos os níveis de ensino é uma completa falta de interesse dos estudantes pelos conteúdos explorados na Química. Além disso, eles adquirirem uma imagem completamente distorcida sobre a mesma, chagando ao ponto de considerá-la não fazer parte de seu cotidiano (BRASIL, 2006). Muitos estudiosos, debatedores e os próprios profissionais do Ensino têm discutido e apontado os inúmeros fatores que impedem a melhoria da prática educativa no Ensino de Química do Brasil. É consenso que os principais fatores são: os baixos salários dos professores, o pouco tempo disponível para preparar as aulas, a carência de material didático apropriado e as condições de trabalho (FRACALANZA et al., 1986). Dificilmente se ouve falar em fatores ligados à falta de uma contextualização dos conteúdos, ao fato de o desenvolvimento da disciplina se basear apenas em teorias, à inexistência de aulas experimentais, à falta de uma formação adequada dos professores e até mesmo à insegurança dos mesmos ao repassar os conteúdos aos alunos (KRASILCHIK, 1987). Considerando essas constatações, buscou-se estudar a realidade vivida por estudantes e professores do Ensino Básico do município de Crateús/CE diante do processo ensino/aprendizagem da disciplina de Química, tentando identificar as causas do baixo nível de aprendizado e o pouco interesse dos alunos pela Química.

MATERIAL E MÉTODOS: Para elaboração desse trabalho, organizamos 02 (dois) tipos de questionários: um foi aplicado aos alunos e outro aos professores. O questionário dos alunos foi organizado somente com questões objetivas e de múltipla escolha, enquanto o dos professores apresentava algumas questões abertas. Decidimos trabalhar com amostragens, optando por analisar turmas de primeiro e terceiro anos do Ensino Médio, dos turnos da manhã e da noite. Pedimos ao professor que, em cada turma, indicasse 05 (cinco) alunos com as seguintes características: 01 (um) aluno com bom rendimento escolar, 03 (três) alunos com rendimento mediano e 01 (um) com baixo rendimento. Nessa primeira fase da pesquisa, de caráter experimental, os questionários foram aplicados somente a alunos. O objetivo desta fase foi detectar possíveis modificações e ajustes necessários a serem realizados nas perguntas, por isso foram aplicados somente 20 (vinte) questionários. Ao analisarmos os resultados obtidos nas respostas aos questionários, percebemos que a maioria dos respondentes apresentou dificuldades em compreender os enunciados de algumas questões. Optamos então por fazer os ajustes necessários e reaplicá-los, tanto nas turmas já analisadas como em outras. Dessa forma, pudemos obter respostas mais claras e significativas. Na segunda fase da pesquisa, foram aplicados ao todo 60 (sessenta) questionários a alunos e 08 (oito) a professores de 03 (três) Escolas Públicas de Ensino Médio da cidade de Crateús-CE.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As respostas aos questionários foram analisadas, discutidas e sistematizadas em cinco categorias de análises: 1. Motivos para estudar: 09 alunos (15,0%) consideraram sua formação escolar essencial para sua cidadania e 51 (85,0%) acreditam que ela contribuirá para melhorar sua condição de vida. Apenas 10 alunos (16,7%) consideraram o estudo da Química importante no seu processo educativo. 2. Formação do professor: 12 alunos (20,0%) ignoravam a formação de seu professor. Esse mesmo percentual não conseguia compreender o conteúdo abordado em sala. Entre os professores, apenas 03 (37,5%) eram licenciados em Química. 3. Metodologias de ensino: 30 alunos (50,0%) afirmaram que seus mestres “comentavam” assuntos explorados pela mídia. Apenas 12 alunos (20,0%) disseram que seus professores, raras vezes, abordavam o conteúdo através de jogos, brincadeiras e experimentos. 4. Livro didático e exercícios: 57 alunos (95,0%) afirmaram a única fonte de textos era o livro adotado. Quanto aos exercícios, 27 (45,0%) argumentaram que os exercícios exigiam raciocínio, 09 (15,0%) citaram que o professor aplicava exercícios suplementares aos do livro didático e apenas 06 alunos (10,0%) responderam que os exercícios abordavam assuntos do seu cotidiano. 5. Problemáticas diversas: 21 alunos (35,0%) disseram não conseguir dominar o conteúdo, 24 (40,0%) não entendiam o enunciado dos exercícios, 06 (10,0%) consideraram os exercícios muito “difíceis”, outros 06 (10,0%) não encontravam estímulos para solucioná-los e somente 03 alunos (5,0%) conseguiam resolvê-los. Todos os estudantes disseram que as pesquisas na área de Química eram importantes. No entanto, os textos justificando suas respostas, continham graves erros de ortografia e de concordância, sem coerência com o solicitado na pergunta.

CONCLUSÕES: Dois fatores são apontados como responsáveis pelo fracasso da Química no Ensino Médio. Um diz respeito ao Ensino Fundamental cursado pelos alunos, que não proporcionou uma aprendizagem satisfatória dos conhecimentos básicos necessários à compreensão dos conteúdos abordados no Ensino Médio. O outro se refere à formação dos professores que não alcança a qualidade necessária para que possam desempenhar um bom trabalho. Com sua formação insatisfatória, os professores são obrigados a ministrar aulas de baixa qualidade, desvinculando a Química da realidade dos alunos.

AGRADECIMENTOS: À FUNCAP (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e aos alunos e professores que participaram da pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. 2006. Orientações Curriculares para Ensino Médio: Ciências Naturais, Matemática e suas Tecnologias, vol. 2. Brasília: MEC. FRACALANZA, H; AMARAL, I. A.; GOUVEIA, M. S. F. 1986. O ensino de Ciências no primeiro grau. São Paulo: Atual. GRILLO, M. 2001. O professor e a docência: o encontro com o aluno. In: ENRICONE, D. (Org.). Ser professor. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS. KRASILCHIK, M. 1987. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: EPU, 1987.