TÍTULO: Avaliação diagnóstica como ferramenta de direcionamento da prática pedagógica no ensino de Química

AUTORES: Larizzatti, F.E. (COLÉGIO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (CSCJ) - SP)

RESUMO: Avaliações diagnósticas podem fornecer importantes informações para direcionar a atuação do professor no que se refere à sua prática pedagógica, tornando o planejamento mais dinâmico e possibilitando uma visão bastante pontual das necessidades dos alunos e mostrando caminhos para fortalecê-los. Dados obtidos mostraram que os alunos que iniciam a 1ª Série do Ensino Médio, apesar de terem tido aulas de Química no 9º Ano do E.F., não apresentaram uma construção adequada do conhecimento no que se refere às Propriedades da Matéria, Linguagem Científica e interpretação de situações do cotidiano, e sugeriu ações imediatas para que os problemas possam ser resolvidos, tais como uma revisão da metodologia utilizada no Ensino Fundamental e o cuidado na elaboração e orientação de atividades.

PALAVRAS CHAVES: Avaliação diagnóstica; competências e habilidade; planejamento

INTRODUÇÃO: A avaliação é um procedimento importante em qualquer área. Em uma empresa, quando uma ação é planejada e executada, os resultados devem ser avaliados a fim de se obter um feedback que norteará futuras ações. O mesmo pode ser feito pelo profissional da educação. No entanto, ao contrário de uma empresa, onde o resultado final depende da matéria-prima de origem regular e de qualidade fixa, o professor recebe, a cada início de período, uma matéria-prima com qualidades desconhecidas, por mais que os professores dos anos anteriores tenham se esmerado em “padronizá-la”. De acordo com PERRENOUD (1999), as aprendizagens não podem ser sincronizadas a ponto de, durante exatamente o mesmo número de horas ou semanas e, estritamente em paralelo, os alunos aprendam a mesma coisa. A avaliação diagnóstica, realizada no início do ano letivo, fornece dados para que o planejamento seja ajustado e contemple intervenções para a retomada de conteúdos, ou encaminhamento para reforço escolar, quando necessário (aqui cabe reforçar que o reforço escolar significa um esforço da escola em suprir as necessidades individuais dos alunos). Como qualquer avaliação, seu objetivo é coletar, analisar e sintetizar dados que configuram o objeto da avaliação, atribuindo a ela um valor ou qualidade, a qual conduz a uma tomada de posição a seu favor ou contra ele (SANTOS e VARELA, 2007). Entre as condições favoráveis para a construção do saber está o domínio da linguagem química. O aluno está sempre em situação de comunicação, assim, a cada momento ele é solicitado a tentar explicar e estruturar seu pensamento, receber ou fornecer uma informação, e para isso deve se apropriar do vocabulário apropriado, assim como dos códigos necessários para a estruturação do pensamento e para sua comunicação (SOUSSAN, 2003).

MATERIAL E MÉTODOS: Para a realização deste trabalho elaborou-se uma atividade abrangente onde o objetivo era trabalhar de modo concreto para se realizar a verificação de conhecimentos prévios dos alunos em relação aos seguintes itens: 1) Propriedades da matéria (propriedades extensivas e intensivas – densidade); 2) Vocabulário Químico; 3) Interpretação de um rótulo de água mineral. Explicou-se aos alunos que a atividade não visava uma nota, mas sim uma avaliação prévia dos conhecimentos adquiridos no 9º Ano do Ensino Fundamental. A atividade consistia de três partes, a saber: Parte 1 - Propriedades da Matéria (Objetivo: avaliar a noção adquirida pelos alunos no 9º ano a respeito das propriedades da matéria); Parte 2 - Vocabulário Químico (interpretação de texto - Objetivo: verificar o conhecimento dos alunos sobre fórmulas químicas); Parte 3 - Análise de rótulo de água mineral (Objetivo: avaliar o nível de alfabetização científica a partir da interpretação de rótulo de produto comercial). Essa atividade foi realizada em grupos, em 3 aulas no início do ano letivo, e as respostas dos alunos foram analisadas e os resultados são apresentados a seguir.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Atividade 1 – PROPRIEDADES DA MATÉRIA: Porcentagem de alunos que a) souberam diferenciar propriedades extensivas e intensivas: 19% b) sabiam como calcular o volume de um cubo e sua unidade: 20% c) classificaram a propriedade densidade: 5% - Atividade 2 – VOCABULÁRIO QUÍMICO: Porcentagem de alunos que: a) identificaram as substâncias: •Metano: 99% •Água: 88% •Hidrogênio: 94% •Gás carbônico: 97% b) escreveram corretamente as fórmulas das substâncias: •Metano: 99% •Água: 87% •Hidrogênio: 27% •Gás carbônico: 87% c) interpretaram corretamente as fórmulas: 80% d) sabiam a diferença entre substância e mistura: 14% e) sabiam que a diferenciação entre substância e mistura é feita pela constância de suas propriedades físicas: 21% - Atividade 3 – ANÁLISE DE RÓTULO DE ÁGUA MINERAL: Porcentagem de alunos que a) sabiam explicar se água mineral é ou não pura: 52% b) foram capazes de relacionar a palavra “natural” ao senso comum de que “tudo o que é natural é saudável”: 44% c) souberam contestar a afirmação: “se é natural, não contém Química”: 60% d) sabiam a diferença entre água potável e água pura: 24%. A partir dos dados levantados na avaliação diagnóstica, inferiram-se os resultados: a) Os alunos não fazem leitura atenta da atividade proposta; b) Não transferem conhecimento: c) Não possuem organização: muitas resoluções feitas fora do local determinado na área da folha. d) Não conhecem fórmulas de substâncias simples: e) Os alunos têm dificuldade para diferenciar substâncias e misturas; f) Apenas 52% dos alunos tiveram a percepção de que a inscrição “água mineral natural” presente nos rótulos analisados têm a intenção de associar o produto a algo saudável. g) Sete em cada dez alunos não souberam dizer o que é água potável ou não souberam diferenciar água potável de água pura.

CONCLUSÕES: Na concepção de Química como meio de interpretar o mundo e intervir na realidade, há um longo caminho a ser percorrido, o qual deve ser iniciado já no E.F. Sugere-se utilizar as aulas de Química do 9º ano do E.F. para discutir temas que não requeiram níveis de abstração mais elevados, como por exemplo, aprofundar a discussão sobre o que é natural e o que é artificial, além de uma indicação importante sobre o cuidado que se deve ter na diagramação dos materiais a serem utilizados como avaliação, e, por que não, nas orientações a serem fornecidas aos estudantes para a realização das atividades.

AGRADECIMENTOS: Agradeço à Direção e à Coordenação Pedagógica do CSCJ, à Coordenadora de Ciências da Natureza e Matemática e aos demais colegas professores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre. Artmed. 1999; SANTOS, M. R.; VARELA, S. A Avaliação Como um Instrumento Diagnóstico da Construção do Conhecimento nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Revista Eletrônica de Educação. Ano I, No. 01, ago. / dez. 2007. [online]. Disponível em http://web.unifil.br/docs/revista_eletronica/educacao/Artigo_04.pdf. Capturado em 13/04/20121; SOUSSAN, G. Como Ensinar as Ciências Experimentais – Didática e Formação. Edições Unesco Brasil. Brasília. 2003.